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“Le Passeur d’eau” de Émile Verhaeren: o apelo de uma nova poética
Tradução de Bruno Anselmi Matangrano
No itinerário poético de Émile Verhaeren (1855-1916), “Le Passeur d’eau” [O barqueiro] – assim como toda a série de Villages illusoires [Aldeias ilusórias] – aparece, sob vários aspectos, como um poema de transição, entre as primeiras obras do poeta – a célebre “Trilogia negra” impregnada pelo pessimismo schopenhauriano – e a poesia “social” de Campagnes hallucinées [Campos alucinados], nova etapa de uma obra doravante aberta a uma humanidade em plena “revolução”. Partindo de uma anotação do escritor, este artigo pretende destacar como a temática da água, fonte de vida, associada ao esforço cotidiano do barqueiro, à energia humana e à esperança sempre renovados, adquire uma dimensão fortemente simbólica. A água, reflexo da criação na qual o gesto do barqueiro ao leme de sua embarcação e o poeta tornam-se um só, articula de maneira evidente a poética e a ética, configurando uma obra “loucamente” voltada para o futuro, no momento-chave do primeiro grande crescimento da literatura e das artes na Bélgica francófona.