Análise Socioeconômica de Programas de Manejo de Pesca em ambientes de várzea e terra firme na Amazônia Central

Manejos colaborativos de recursos naturais em áreas protegidas devem conciliar as particularidades do modo de vida das populações locais com a conservação ambiental. Estudos socioeconômicos são fundamentais ao disponibilizarem informações sobre a relação entre as populações tradicionais com os recursos naturais, garantindo que as atividades tradicionais desempenhadas por esses grupos sejam mantidas e integradas no processo de manejo de maneira efetiva, possibilitando a manutenção dos aspectos socioculturais, a geração de renda e a melhoria na qualidade de vida. Visando entender como diferentes ecossistemas amazônicos de várzea e terra firme influenciam no perfil socioeconômico de manejadores de pesca de áreas rurais do Amazonas, avaliamos 127 orçamentos domiciliares de pescadores manejadores membros de 10 Projetos de Manejo de Pesca situados nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã entre os anos de 2018-2019. Constatamos que os ambientes de moradia dos manejadores influenciaram diretamente no perfil orçamentário dos domicílios. Nossos resultados demonstram que os rendimentos monetários são obtidos e investidos de diferentes maneiras para a manutenção familiar nos dois ambientes, assim como as despesas. Moradores da várzea apresentaram rendimentos relacionados à pesca e despesas relacionadas à compra de farinha, materiais de pesca e equipamentos de trabalho, enquanto manejadores residentes em ambientes de terra firme ou mistos apresentaram rendimentos vinculados a atividades produtivas e despesas com alimentação e deslocamentos. Estes resultados evidenciam a importância de considerar as particularidades dos grupos de manejadores em diferentes ambientes ecológicos para o desenvolvimento de atividades efetivas de manejo de pesca e aprimoramento da gestão integrada das Áreas Protegidas.