{"title":"参与性鲸目动物监测的前景和局限性:Anhatomirim APA 旅游部门对机会平台的利用","authors":"Eduardo Maciel Osorio Freitas, Heitor Schulz Macedo","doi":"10.5380/dma.v62i0.83306","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O crescente avanço das populações humanas sobre as áreas costeiras coloca em risco a biodiversidade associada aos ecossistemas locais. Dentre as atividades antrópicas exercidas nessas regiões, o ecoturismo, com destaque aquele associado à observação de cetáceos (dolphin watching), tem apresentado crescimento expressivo ao longo das últimas décadas. Visando mitigar os impactos oriundos dessa prática, uma série de medidas tem sido adotadas, entre elas a criação de áreas protegidas. Em 1992 foi criada a Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim (APAA), em Santa Catarina, sul do Brasil, com o objetivo central de proteger a população residente de boto-cinza (Sotalia guianensis). Após a publicação de seu plano de manejo (2013), deu-se início um programa de monitoramento participativo do turismo embarcado associado à observação de cetáceos. O monitoramento é realizado por plataforma de oportunidades, pelas embarcações turísticas cadastradas para atuar no interior da APAA. Os responsáveis devem registrar a espécie avistada, as coordenadas geográficas, o tamanho do grupo e o horário das avistagens realizadas dentro da unidade e áreas adjacentes. Este artigo teve como objetivo sistematizar e analisar criticamente os dados coletados em cinco anos (de 2014 a 2018) pelo programa de monitoramento participativo. As embarcações realizaram nesse período 11.136 saídas e registraram 2022 avistagens de cetáceos, com predominância de boto-cinza (Sotalia guianensis, n=1459) e golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus, n=546). 39% do total das avistagens de boto-cinza e 8% das avistagens de golfinho-nariz-de-garrafa foram dentro dos limites da unidade. Os resultados obtidos corroboram pesquisas da “ciência tradicional” anteriores realizados na região, mas ficaram evidentes fragilidades na execução do monitoramento participativo, afetando a confiabilidade dos dados, quando observados individualmente. Foram verificados erros nas coordenadas, bem como fortes indícios de erros na identificação das espécies. Há também marcante sazonalidade, com concentração de 61% das saídas e 71% das avistagens nos meses de verão. Em contrapartida, o monitoramento participativo aproximou os operadores de turismo à gestão da unidade e vem possibilitando elevado número de registros, contribuindo para o melhor conhecimento das espécies na região.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"11 2","pages":""},"PeriodicalIF":0.4000,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Perspectivas e limitações do monitoramento participativo de cetáceos: utilização de plataforma de oportunidades pelo setor turístico na APA do Anhatomirim\",\"authors\":\"Eduardo Maciel Osorio Freitas, Heitor Schulz Macedo\",\"doi\":\"10.5380/dma.v62i0.83306\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O crescente avanço das populações humanas sobre as áreas costeiras coloca em risco a biodiversidade associada aos ecossistemas locais. Dentre as atividades antrópicas exercidas nessas regiões, o ecoturismo, com destaque aquele associado à observação de cetáceos (dolphin watching), tem apresentado crescimento expressivo ao longo das últimas décadas. Visando mitigar os impactos oriundos dessa prática, uma série de medidas tem sido adotadas, entre elas a criação de áreas protegidas. Em 1992 foi criada a Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim (APAA), em Santa Catarina, sul do Brasil, com o objetivo central de proteger a população residente de boto-cinza (Sotalia guianensis). Após a publicação de seu plano de manejo (2013), deu-se início um programa de monitoramento participativo do turismo embarcado associado à observação de cetáceos. O monitoramento é realizado por plataforma de oportunidades, pelas embarcações turísticas cadastradas para atuar no interior da APAA. Os responsáveis devem registrar a espécie avistada, as coordenadas geográficas, o tamanho do grupo e o horário das avistagens realizadas dentro da unidade e áreas adjacentes. Este artigo teve como objetivo sistematizar e analisar criticamente os dados coletados em cinco anos (de 2014 a 2018) pelo programa de monitoramento participativo. As embarcações realizaram nesse período 11.136 saídas e registraram 2022 avistagens de cetáceos, com predominância de boto-cinza (Sotalia guianensis, n=1459) e golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus, n=546). 39% do total das avistagens de boto-cinza e 8% das avistagens de golfinho-nariz-de-garrafa foram dentro dos limites da unidade. Os resultados obtidos corroboram pesquisas da “ciência tradicional” anteriores realizados na região, mas ficaram evidentes fragilidades na execução do monitoramento participativo, afetando a confiabilidade dos dados, quando observados individualmente. Foram verificados erros nas coordenadas, bem como fortes indícios de erros na identificação das espécies. Há também marcante sazonalidade, com concentração de 61% das saídas e 71% das avistagens nos meses de verão. Em contrapartida, o monitoramento participativo aproximou os operadores de turismo à gestão da unidade e vem possibilitando elevado número de registros, contribuindo para o melhor conhecimento das espécies na região.\",\"PeriodicalId\":55619,\"journal\":{\"name\":\"Desenvolvimento e Meio Ambiente\",\"volume\":\"11 2\",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.4000,\"publicationDate\":\"2023-12-21\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Desenvolvimento e Meio Ambiente\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.83306\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"Q4\",\"JCRName\":\"ENVIRONMENTAL STUDIES\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.83306","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q4","JCRName":"ENVIRONMENTAL STUDIES","Score":null,"Total":0}
Perspectivas e limitações do monitoramento participativo de cetáceos: utilização de plataforma de oportunidades pelo setor turístico na APA do Anhatomirim
O crescente avanço das populações humanas sobre as áreas costeiras coloca em risco a biodiversidade associada aos ecossistemas locais. Dentre as atividades antrópicas exercidas nessas regiões, o ecoturismo, com destaque aquele associado à observação de cetáceos (dolphin watching), tem apresentado crescimento expressivo ao longo das últimas décadas. Visando mitigar os impactos oriundos dessa prática, uma série de medidas tem sido adotadas, entre elas a criação de áreas protegidas. Em 1992 foi criada a Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim (APAA), em Santa Catarina, sul do Brasil, com o objetivo central de proteger a população residente de boto-cinza (Sotalia guianensis). Após a publicação de seu plano de manejo (2013), deu-se início um programa de monitoramento participativo do turismo embarcado associado à observação de cetáceos. O monitoramento é realizado por plataforma de oportunidades, pelas embarcações turísticas cadastradas para atuar no interior da APAA. Os responsáveis devem registrar a espécie avistada, as coordenadas geográficas, o tamanho do grupo e o horário das avistagens realizadas dentro da unidade e áreas adjacentes. Este artigo teve como objetivo sistematizar e analisar criticamente os dados coletados em cinco anos (de 2014 a 2018) pelo programa de monitoramento participativo. As embarcações realizaram nesse período 11.136 saídas e registraram 2022 avistagens de cetáceos, com predominância de boto-cinza (Sotalia guianensis, n=1459) e golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus, n=546). 39% do total das avistagens de boto-cinza e 8% das avistagens de golfinho-nariz-de-garrafa foram dentro dos limites da unidade. Os resultados obtidos corroboram pesquisas da “ciência tradicional” anteriores realizados na região, mas ficaram evidentes fragilidades na execução do monitoramento participativo, afetando a confiabilidade dos dados, quando observados individualmente. Foram verificados erros nas coordenadas, bem como fortes indícios de erros na identificação das espécies. Há também marcante sazonalidade, com concentração de 61% das saídas e 71% das avistagens nos meses de verão. Em contrapartida, o monitoramento participativo aproximou os operadores de turismo à gestão da unidade e vem possibilitando elevado número de registros, contribuindo para o melhor conhecimento das espécies na região.