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Partindo da etnografia de uma maternidade pública humanizada na cidade do Rio de Janeiro, pelo viés das enfermeiras obstetras e das mulheres por elas atendidas, enfocarei a tensão entre os riscos fisiológicos e os riscos emocionais.
Há uma hierarquia e por vezes uma contradição entre riscos fisiológicos e o que denominei como riscos emocionais, havendo o embate entre o que aquela mulher quer e o que a instituição, orientada pelos protocolos e taxas, indica que deve ser feito com base nos riscos fisiológicos. Nos discursos do ativismo, a autonomia aparece atrelada ao desejo por um parto mais natural. É um valor em relação ao saber médico que busca dominar o processo de parturição – acionando um outro conjunto de saberes, a MBE para classificar e atuar sobre os riscos fisiológicos - e não comportando, sem tensões, outros projetos e desejos.
Construo interpretações a respeito da institucionalização deste modelo, abarcando a permanente tensão entre o ideário promovido pelo movimento pela humanização do parto, os saberes-poderes biomédicos e as estruturas da instituição médico-hospitalar. Bem como o diálogo com o grupo majoritário de usuárias da maternidade, que não necessariamente desejam um parto que “respeita a fisiologia do parto” e seja completamente sem intervenções.
Palavras-chave: parto; maternidade; humanização; mulheres.