{"title":"A figura do Cristo Sofredor entre mendicantes e leigos carmelitas no Rio de Janeiro (séculos XVII-XIX)","authors":"Lia Sipaúba Proença Brusadin","doi":"10.4013/HIST.2021.252.08","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"As ordens mendicantes compostas por frades vocacionados à penitência revolucionaram a espiritualidade dos núcleos urbanos no século XIII no ocidente europeu. Isso permitiu aos leigos uma maior participação na esfera religiosa, os quais deveriam seguir o mais fielmente possível os atos e sofrimentos de Jesus em uma busca pela redenção individual. O Concílio de Trento valorizou a multiplicação de associações para a difusão dos exercícios piedosos, destacando-se a devoção à Paixão de Cristo, na Europa e no ultramar. No Império Português, grande parte das igrejas da Ordem Terceira do Carmo apresentavam o programa iconográfico com representações da Via Sacra. Tal qual as congêneres portuguesas, os terceiros do Rio de Janeiro se configuraram como um eixo laico de práticas e culto aos Passos nos séculos XVII-XIX. Para a percepção daquele cotidiano secular no religioso e sua interface com a figura do Cristo Sofredor foram analisados a Regra Carmelita e os Livros de Estatutos e de Inventário da Ordem Terceira carioca, associando seu conteúdo às visões de viajantes estrangeiros a respeito dos rituais realizados, além da pesquisa e registro fotográfico in loco das esculturas de Jesus e sua Paixão. Dessa maneira, para o leigo o contato com Cristo e seus sofrimentos, por meio de acervos sacros, exercícios, cerimônias litúrgicas e festivas, conduzia a uma intimidade divina e à pretensão de uma existência edificada diante da realidade antagônica e transitória da vida.","PeriodicalId":42877,"journal":{"name":"Historia Unisinos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2021-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Historia Unisinos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.4013/HIST.2021.252.08","RegionNum":4,"RegionCategory":"历史学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q3","JCRName":"HISTORY","Score":null,"Total":0}
A figura do Cristo Sofredor entre mendicantes e leigos carmelitas no Rio de Janeiro (séculos XVII-XIX)
As ordens mendicantes compostas por frades vocacionados à penitência revolucionaram a espiritualidade dos núcleos urbanos no século XIII no ocidente europeu. Isso permitiu aos leigos uma maior participação na esfera religiosa, os quais deveriam seguir o mais fielmente possível os atos e sofrimentos de Jesus em uma busca pela redenção individual. O Concílio de Trento valorizou a multiplicação de associações para a difusão dos exercícios piedosos, destacando-se a devoção à Paixão de Cristo, na Europa e no ultramar. No Império Português, grande parte das igrejas da Ordem Terceira do Carmo apresentavam o programa iconográfico com representações da Via Sacra. Tal qual as congêneres portuguesas, os terceiros do Rio de Janeiro se configuraram como um eixo laico de práticas e culto aos Passos nos séculos XVII-XIX. Para a percepção daquele cotidiano secular no religioso e sua interface com a figura do Cristo Sofredor foram analisados a Regra Carmelita e os Livros de Estatutos e de Inventário da Ordem Terceira carioca, associando seu conteúdo às visões de viajantes estrangeiros a respeito dos rituais realizados, além da pesquisa e registro fotográfico in loco das esculturas de Jesus e sua Paixão. Dessa maneira, para o leigo o contato com Cristo e seus sofrimentos, por meio de acervos sacros, exercícios, cerimônias litúrgicas e festivas, conduzia a uma intimidade divina e à pretensão de uma existência edificada diante da realidade antagônica e transitória da vida.