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Energia elétrica e diplomacia: relações Brasil-EUA no setor elétrico brasileiro, 1945-54
A compreensao do setor eletrico no Brasil em meados do seculo XX deve ser alcancada mediante a analise de suas relacoes diplomaticas. Em 1945, com o final da Segunda Guerra Mundial, a geracao e a distribuicao da energia eletrica no Brasil estavam nas maos de dois grupos privados internacionais, da empresa canadense Light e da norte-americana American & Foreign Company (Amforp), enquanto o governo ainda mantinha um papel muito limitado de atuacao direta no setor. Dependendo de financiamento para novos projetos, no intuito de atender a demanda crescente de energia numa economia em processo acelerado de industrializacao e urbanizacao, os governos de Eurico Gaspar Dutra (1946-50) e Getulio Vargas (1951-54) travaram importantes negociacoes, nao somente com as empresas eletricas, mas inclusive com instituicoes internacionais e o governo dos EUA. Eram negociacoes que exigiam definicao de qual seria o papel das empresas privadas estrangeiras na economia brasileira, qual o volume de financiamento necessario para a crescente demanda de energia e, finalmente, qual o grau de cooperacao tecnica entre paises para capacitar esses novos projetos. Num ambiente em que grupos nacionalistas questionavam a qualidade e os custos dos servicos dessas empresas estrangeiras, o governo brasileiro precisava estabelecer o dialogo entre empresas, sociedade e interesses estrangeiros. Em suma, o presente artigo pretende demostrar como a negociacao diplomatica tornou-se espaco decisivo tanto para a definicao da estrategia das empresas eletricas, como para a construcao do projeto de desenvolvimento do governo brasileiro.