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Esse trabalho busca verificar como a rebeldia da juventude é assimilada enquanto dispositivo de segurança pelas tecnologias de poder que dão forma às sociedades representadas na ficção científica distópica. Para tanto, são discutidos os conceitos de juventude e rebeldia, destacando-se suas implicações simbólicas (ABRAMO, 1994; GROPPO, 2000; PASSERINI, 1996); em seguida, são exploradas as noções de governamentalidade e dispositivo de segurança, a fim de compreender o exercício do poder na utopia (FOUCAULT, 2008; 2014; 2019); e, por fim, os argumentos desenvolvidos nas seções teóricas são recuperados por meio de uma leitura crítica de Fahrenheit 451, obra selecionada em função da maneira como expressa a relação entre a cultura de consumo que define as sociedades industriais avançadas e os discursos que modelam sua juventude. Os resultados dessa leitura indicam que a escola e as mídias de massa colaboram para a produção de uma juventude politicamente neutra, cuja rebeldia é administrada de modo a se tornar útil ao próprio exercício do poder.