{"title":"普鲁斯特与寻找失踪现场","authors":"Francisco Renato de Souza","doi":"10.20396/remate.v41i2.8660554","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo analisa a composição de dois volumes de Em busca do tempo perdido (À La recherche du temps perdu, 1913-1927), de Marcel Proust: A prisioneira (La Prisonnière, publicado postumamente em 1923) e A fugitiva (Albertine disparue, publicado postumamente em 1927), como uma derivação do desvio da escrita literária que, por sua vez, é decorrente do desvio do comportamento homossexual de determinados personagens da obra proustiana. O foco narrativo da obra se faz, assim, a partir da influência de duas cenas homossexuais com componentes de perversão sadomasoquista observadas pelo narrador na sua infância e juventude, as quais o levam à elaboração da cena imaginária que coloca sua companheira, Albertine, como protagonista de uma cena do desvio homossexual. Derivadas dessa cena, as narrativas de A prisioneira e A fugitiva originam uma escrita que se estrutura na ambivalência, uma vez que se desenvolvem por meio do imaginário ciumento do narrador e se constituem pela alternância entre as cenas reais de sua relação com Albertine e as cenas ficcionais elaboradas pelo ciúme, através das tentativas infrutíferas do narrador em compor a cena ausente, a cena que, nunca acontecendo efetivamente, finda por se concretizar em obra.","PeriodicalId":32941,"journal":{"name":"Remate de Males","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Proust e a busca da cena ausente\",\"authors\":\"Francisco Renato de Souza\",\"doi\":\"10.20396/remate.v41i2.8660554\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Este artigo analisa a composição de dois volumes de Em busca do tempo perdido (À La recherche du temps perdu, 1913-1927), de Marcel Proust: A prisioneira (La Prisonnière, publicado postumamente em 1923) e A fugitiva (Albertine disparue, publicado postumamente em 1927), como uma derivação do desvio da escrita literária que, por sua vez, é decorrente do desvio do comportamento homossexual de determinados personagens da obra proustiana. O foco narrativo da obra se faz, assim, a partir da influência de duas cenas homossexuais com componentes de perversão sadomasoquista observadas pelo narrador na sua infância e juventude, as quais o levam à elaboração da cena imaginária que coloca sua companheira, Albertine, como protagonista de uma cena do desvio homossexual. Derivadas dessa cena, as narrativas de A prisioneira e A fugitiva originam uma escrita que se estrutura na ambivalência, uma vez que se desenvolvem por meio do imaginário ciumento do narrador e se constituem pela alternância entre as cenas reais de sua relação com Albertine e as cenas ficcionais elaboradas pelo ciúme, através das tentativas infrutíferas do narrador em compor a cena ausente, a cena que, nunca acontecendo efetivamente, finda por se concretizar em obra.\",\"PeriodicalId\":32941,\"journal\":{\"name\":\"Remate de Males\",\"volume\":null,\"pages\":null},\"PeriodicalIF\":0.1000,\"publicationDate\":\"2021-12-30\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Remate de Males\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.20396/remate.v41i2.8660554\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"0\",\"JCRName\":\"LITERARY THEORY & CRITICISM\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Remate de Males","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.20396/remate.v41i2.8660554","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LITERARY THEORY & CRITICISM","Score":null,"Total":0}
Este artigo analisa a composição de dois volumes de Em busca do tempo perdido (À La recherche du temps perdu, 1913-1927), de Marcel Proust: A prisioneira (La Prisonnière, publicado postumamente em 1923) e A fugitiva (Albertine disparue, publicado postumamente em 1927), como uma derivação do desvio da escrita literária que, por sua vez, é decorrente do desvio do comportamento homossexual de determinados personagens da obra proustiana. O foco narrativo da obra se faz, assim, a partir da influência de duas cenas homossexuais com componentes de perversão sadomasoquista observadas pelo narrador na sua infância e juventude, as quais o levam à elaboração da cena imaginária que coloca sua companheira, Albertine, como protagonista de uma cena do desvio homossexual. Derivadas dessa cena, as narrativas de A prisioneira e A fugitiva originam uma escrita que se estrutura na ambivalência, uma vez que se desenvolvem por meio do imaginário ciumento do narrador e se constituem pela alternância entre as cenas reais de sua relação com Albertine e as cenas ficcionais elaboradas pelo ciúme, através das tentativas infrutíferas do narrador em compor a cena ausente, a cena que, nunca acontecendo efetivamente, finda por se concretizar em obra.