{"title":"“OS CHAPÉUS TRANSEUNTES”","authors":"David Lopes da Silva","doi":"10.48075/rlhm.v18i31.28979","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"“Os chapéus transeuntes”, novela que possui características reconhecidamente diversas das demais obras do autor mineiro, é um de seus textos menos explorados pela crítica, apesar de ser o último conto mais longo que Guimarães Rosa publicou em vida, em 1964. A partir de um testemunho sobre a reunião que determinou a distribuição dos pecados capitais a sete escritores de renome na época, lê-se aqui a estória como uma autoficção, através da qual Rosa teria meditado sobre sua própria confessada soberbia, tentando, ao matar o arrogante protagonista Vovô Barão, e ao se identificar com o jovem narrador Leôncio Nestorzinho, refletir (no sentido de “desviar-se de”) esse traço indesejável de sua personalidade. A expressão “autoficção” foi escolhida para descrever o conto devido ao jogo que propicia entre autor e leitor, permitindo a ambos ensaiarem-se performaticamente no texto. Como suporte teórico, além do recurso, mesmo que por vezes somente en passant, a alguns dos principais estudiosos da autoficção e da crítica biográfica contemporânea, utiliza-se especialmente o artigo de Foucault sobre as “escritas de si” e comentários de outros leitores com respeito à vida e/ou à obra de Guimarães Rosa.","PeriodicalId":340500,"journal":{"name":"Revista de Literatura, História e Memória","volume":"26 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-07-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista de Literatura, História e Memória","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.48075/rlhm.v18i31.28979","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 1
Abstract
“Os chapéus transeuntes”, novela que possui características reconhecidamente diversas das demais obras do autor mineiro, é um de seus textos menos explorados pela crítica, apesar de ser o último conto mais longo que Guimarães Rosa publicou em vida, em 1964. A partir de um testemunho sobre a reunião que determinou a distribuição dos pecados capitais a sete escritores de renome na época, lê-se aqui a estória como uma autoficção, através da qual Rosa teria meditado sobre sua própria confessada soberbia, tentando, ao matar o arrogante protagonista Vovô Barão, e ao se identificar com o jovem narrador Leôncio Nestorzinho, refletir (no sentido de “desviar-se de”) esse traço indesejável de sua personalidade. A expressão “autoficção” foi escolhida para descrever o conto devido ao jogo que propicia entre autor e leitor, permitindo a ambos ensaiarem-se performaticamente no texto. Como suporte teórico, além do recurso, mesmo que por vezes somente en passant, a alguns dos principais estudiosos da autoficção e da crítica biográfica contemporânea, utiliza-se especialmente o artigo de Foucault sobre as “escritas de si” e comentários de outros leitores com respeito à vida e/ou à obra de Guimarães Rosa.