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Abstract
Todas as interações que os sujeitos têm com a comida (onde comem, quando, com quem, o quê, em que contextos etc.) definem e são definidas pelos territórios e as sociabilidades neles inseridas. Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre a possibilidade de as paisagens alimentares urbanas, entendidas enquanto resultado do nexus entre sujeitos-comida-territórios, serem produtoras de espaço-tempo social, aproximando a prática e o sistema alimentar do estudo das urbanidades a partir de uma integração desta com as dimensões de espaço-tempo social propostas por Lefebvre. Os resultados são obtidos a partir de uma revisão de literatura, e ilustrada por exemplos em contextos multidisciplinares onde o nexus comida-pessoas-territórios desvenda possibilidades de ler espaço(s), tempo(s) e sociabilidade(s). Argumenta-se que todo o comer é, ultimamente, a experiência de habitar (e digerir) o mundo, e uma forma de urbanidade que reproduz, produz e é produzida pela interseção entre o espaço produzido, o espaço praticado e o espaço representacional. Sendo o único ato fisiológico e sensorial absolutamente condicionado culturalmente, compartilhado e espacializado em uma rede possivelmente infinita de relações, comer poderá constituir uma experiência radical de produção de espaço-tempo social.