Francisco Arrais Nascimento, Larissa de Mello Lima, Daniel Martínez-Ávila
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Abstract
Objetivou-se compreender como a partir do desemaranhar das linhas componentes do dispositivo de controle social, sob o viés da patologização, componente da tríade pecado-crime-doença foi constituído o universo discursivo acerca das homossexualidades, tomando por alicerce as representações das homossexualidades masculinas a partir dos relatos (prontuários) produzidos por profissionais da saúde vinculados ao sanatório Pinel no período compreendido entre os anos de 1920-1940. Ressalta-se que o comportamento e as percepções do corpo de tais pacientes foram identificados e classificados com o intuito de controlar e justificar a retirada de tais sujeitos do convívio social, sob uma égide discursivamente patologizante. Metodologicamente propôs-se a construção de uma cartografia de documentos com o intuito de identificar segundo Rolnik (1989) paisagens psicossociais, políticas e afetivas. Diante disso, propôs-se adentrar a esfera das discussões de gênero, situando-se teórico-metodologicamente em perspectiva discursivo-desconstrucionista, recorrendo aos estudos pós-estruturalistas de base foucaultiana e também à análise do discurso de orientação Francesa além da relação com as teorizações queer. Logo, se pode compreender que o dispositivo que se transforma e ressignifica de maneira a sobreviver e melhor servir aos desejos dos grupos hegemônicos, se alastrando de forma a tornar impossível que o ser não seja tido como sujeito em sua natureza, criando um sistema excludente e coercitivo que ainda vigora onde os discursos das instituições (Igreja, Estado, entre outras) ecoam e certificam a atuação e manutenção dos dispositivos históricos de controle social, fazendo com que os mesmos sejam introjetados pela sociedade gerando assim sujeitos dóceis e produtivos.