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Tal distincao e visivel, inclusive, na gramatica, uma vez que a “lingua certa”, a norma-padrao, foi instituida a partir do modo de falar dos nobres. Tais falantes, tidos como letrados, possuem uma variante linguistica privilegiada, nao so pelo acesso a educacao, mas tambem por permanecerem nas classes dominantes. Significa dizer que a lingua e um instrumento de poder, capaz de promover a manutencao ou ruptura dos vinculos sociais, a preservacao ou extincao das individualidades, a inclusao ou exclusao social. Por isso, num reflexo da historia do Brasil, o falante que nao se expressa adequadamente ou que nao domina o “dialeto-padrao” e dominado, subjugado e estigmatizado. A Sociolinguistica se ocupa desses fatores e da pressao que eles exercem sobre a lingua, todavia o objetivo aqui nao e tao somente reproduzi-los, mas correlaciona-los ao artigo 5o, inciso VII, da Carta Magna Brasileira, no tocante a liberdade de expressao, a fim de expor as problematicas dessa analogia.","PeriodicalId":178768,"journal":{"name":"LINKSCIENCEPLACE - Interdisciplinary Scientific Journal","volume":"23 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2017-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"O SILÊNCIO DOS EXCLUÍDOS. UMA PERSPECTIVA DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO BRASIL\",\"authors\":\"D. D. S. D. Sá\",\"doi\":\"10.17115/2358-8411/v4n3a4\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"A exclusao social ocorre em varios niveis. Interessa a este trabalho, contudo, analisar e discutir a exclusao pela linguagem; suas causas e consequencias. 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O SILÊNCIO DOS EXCLUÍDOS. UMA PERSPECTIVA DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO BRASIL
A exclusao social ocorre em varios niveis. Interessa a este trabalho, contudo, analisar e discutir a exclusao pela linguagem; suas causas e consequencias. Nesse hipotetico olhar, o preconceito linguistico e uma forma paradoxal de censura, porque o excluido pode falar, mas nao ha, fora do seu convivio social, quem queria ouvi-lo. No Brasil, a exclusao social e reflexo da desigualdade gerada pela ma distribuicao de renda. O abismo existente entre os ricos e os pobres separa o pais em dois: de um lado a “Senzala” (pobres – descendentes dos escravos), de outro a “Casa Grande” (ricos – descendentes dos colonizadores). Essa separacao, como na metafora de Gilberto Freyre, tambem e vista no campo da linguagem, pois ha uma lingua falada e compreendida pelos da “Casa Grande” e outra, completamente diferente, oriunda da “Senzala”. Tal distincao e visivel, inclusive, na gramatica, uma vez que a “lingua certa”, a norma-padrao, foi instituida a partir do modo de falar dos nobres. Tais falantes, tidos como letrados, possuem uma variante linguistica privilegiada, nao so pelo acesso a educacao, mas tambem por permanecerem nas classes dominantes. Significa dizer que a lingua e um instrumento de poder, capaz de promover a manutencao ou ruptura dos vinculos sociais, a preservacao ou extincao das individualidades, a inclusao ou exclusao social. Por isso, num reflexo da historia do Brasil, o falante que nao se expressa adequadamente ou que nao domina o “dialeto-padrao” e dominado, subjugado e estigmatizado. A Sociolinguistica se ocupa desses fatores e da pressao que eles exercem sobre a lingua, todavia o objetivo aqui nao e tao somente reproduzi-los, mas correlaciona-los ao artigo 5o, inciso VII, da Carta Magna Brasileira, no tocante a liberdade de expressao, a fim de expor as problematicas dessa analogia.