Amanda Saldanha de Cerqueira, Paula Lutterbach Machado, Natalia Vigna Massambane, Giselle Leite Bastos Pereira
{"title":"宫颈癌筛查:与年龄的差异和在适当年龄筛查的重要性","authors":"Amanda Saldanha de Cerqueira, Paula Lutterbach Machado, Natalia Vigna Massambane, Giselle Leite Bastos Pereira","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1039","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: O rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil é realizado por meio do exame citopatológico, sendo recomendado para mulheres/qualquer pessoa com colo do útero entre 25 e 64 anos de idade e que sejam sexualmente ativas. Após dois resultados normais, o rastreamento pode ser interrompido aos 64 anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a incidência desse câncer aumenta nas mulheres entre 30 e 39 anos, atingindo o pico nas faixas etárias entre a quinta e sexta décadas de vida. Antes dos 25 anos, prevalecem as infecções por papilomavírus humano (HPV) e as lesões de baixo grau, que costumam regredir espontaneamente na maioria dos casos, podendo ser acompanhadas clinicamente sem a necessidade de tratamento. Objetivo: Avaliar as faixas etárias submetidas ao exame de colpocitologia, identificando a quantidade de rastreios desnecessários realizados em idades não preconizadas pela OMS. Método: Trata-se de estudo quantitativo que utilizou dados secundários relacionados ao rastreamento de câncer de colo de útero no estado do Rio de Janeiro, no período de 2018 a 2023. Os dados foram obtidos a partir das Informações de Saúde do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (TABNET/DATASUS) e do Sistema de Informações do Câncer (SISCAN). As variáveis analisadas foram faixa etária e motivo do exame. Resultados: Durante o período de 2018 a 2023, registraram-se 26.174 colposcopias no estado do Rio de Janeiro. Ao cruzar as variáveis faixa etária e motivo do exame, verificou-se que a maior incidência desse câncer ocorreu na faixa etária de 30 a 39 anos, representando 20,82% dos casos. Para a faixa etária abaixo de 25 anos, a incidência foi de 15,02%, correspondendo a 95,79% do rastreamento total. Na faixa etária de 45 a 64 anos, o rastreio correspondeu a 92,98%, e o pico de incidência foi observado na faixa etária de 45 a 64 anos, representando 35,13% dos casos. Conclusão: Observou-se alta incidência de rastreamento do câncer do colo do útero em idades inferiores a 25 anos. Considerando-se o baixo grau das lesões nesse grupo e a regressão espontânea na maioria dos casos, isso configura caso de sobrediagnóstico, levando ao tratamento de lesões clinicamente tratáveis. É importante destacar que há correlação entre o aumento da morbidade obstétrica e neonatal, como parto prematuro, em pacientes tratadas com menos de 25 anos. Além disso, o rastreamento desnecessário expõe excessivamente as pacientes e sobrecarrega o sistema público de saúde. Ao comparar a porcentagem de rastreamento entre faixas etárias mais propensas a lesões precursoras de câncer e o grupo não preconizado pela OMS, observa-se pouca diferença. Portanto, é justificado reduzir o seguimento dessa patologia em idades menos afetadas. 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Rastreio de câncer de colo de útero: divergências em relação à faixa etária e a importância do rastreamento na idade adequada
Introdução: O rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil é realizado por meio do exame citopatológico, sendo recomendado para mulheres/qualquer pessoa com colo do útero entre 25 e 64 anos de idade e que sejam sexualmente ativas. Após dois resultados normais, o rastreamento pode ser interrompido aos 64 anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a incidência desse câncer aumenta nas mulheres entre 30 e 39 anos, atingindo o pico nas faixas etárias entre a quinta e sexta décadas de vida. Antes dos 25 anos, prevalecem as infecções por papilomavírus humano (HPV) e as lesões de baixo grau, que costumam regredir espontaneamente na maioria dos casos, podendo ser acompanhadas clinicamente sem a necessidade de tratamento. Objetivo: Avaliar as faixas etárias submetidas ao exame de colpocitologia, identificando a quantidade de rastreios desnecessários realizados em idades não preconizadas pela OMS. Método: Trata-se de estudo quantitativo que utilizou dados secundários relacionados ao rastreamento de câncer de colo de útero no estado do Rio de Janeiro, no período de 2018 a 2023. Os dados foram obtidos a partir das Informações de Saúde do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (TABNET/DATASUS) e do Sistema de Informações do Câncer (SISCAN). As variáveis analisadas foram faixa etária e motivo do exame. Resultados: Durante o período de 2018 a 2023, registraram-se 26.174 colposcopias no estado do Rio de Janeiro. Ao cruzar as variáveis faixa etária e motivo do exame, verificou-se que a maior incidência desse câncer ocorreu na faixa etária de 30 a 39 anos, representando 20,82% dos casos. Para a faixa etária abaixo de 25 anos, a incidência foi de 15,02%, correspondendo a 95,79% do rastreamento total. Na faixa etária de 45 a 64 anos, o rastreio correspondeu a 92,98%, e o pico de incidência foi observado na faixa etária de 45 a 64 anos, representando 35,13% dos casos. Conclusão: Observou-se alta incidência de rastreamento do câncer do colo do útero em idades inferiores a 25 anos. Considerando-se o baixo grau das lesões nesse grupo e a regressão espontânea na maioria dos casos, isso configura caso de sobrediagnóstico, levando ao tratamento de lesões clinicamente tratáveis. É importante destacar que há correlação entre o aumento da morbidade obstétrica e neonatal, como parto prematuro, em pacientes tratadas com menos de 25 anos. Além disso, o rastreamento desnecessário expõe excessivamente as pacientes e sobrecarrega o sistema público de saúde. Ao comparar a porcentagem de rastreamento entre faixas etárias mais propensas a lesões precursoras de câncer e o grupo não preconizado pela OMS, observa-se pouca diferença. Portanto, é justificado reduzir o seguimento dessa patologia em idades menos afetadas. Destaca-se a importância de solicitar a colpocitologia no período adequado a cada três anos, após dois exames normais anuais consecutivos, com um intervalo de 1 ano, visando ao diagnóstico precoce e proporcionando uma melhor qualidade de vida para essas pacientes.