Merleau-Ponty e a Educação Física com crianças

Este artigo constitui um desdobramento da pesquisa Crianças, Educação Física e Metodologias de Ensino: Interfaces entre os campos de conhecimento da Educação Física e da Infância. A partir de algumas constatações empíricas, teve como objetivo fazer uma reflexão teórica e exploratória tomando como referência o pensamento do filósofo Merleau-Ponty. Com estas constatações e reflexões pretendeu-se conhecer e extrair princípios teórico-didático-metodológicos para a Educação Física com crianças. Paralelamente a esse caminho, convocamos a perspetiva fenomenológica do “se-movimentar”, desenvolvida por Elenor Kunz, como possibilidade de assegurar algo que é intrínseco às crianças, isto é, a “relação ingênua (que elas estabelecem) com o mundo”. Ambos os autores trazem uma importante noção fenomenológica: a expressão do ter e do ser corpo, como o princípio estruturante do ser-no-mundo; do ter e do ser corpo como forma de “ver a criança por ela mesma – uma dimensão ontológica”. Além destas noções fenomenológicas destacamos, também conclusivamente, a importante noção de criança comum a Merleau-Ponty: a de Manuel Sarmento (um olhar sociológico), quando faz um elogio à positivação da infância: “ver a criança por ela mesma”.