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Resumo: Este artigo investiga a concepção de Hannah Arendt sobre Maquiavel a partir do conjunto dos textos da autora ao longo de sua maturidade intelectual, expressando prioritariamente as suas concepções em dois deles: um redigido originalmente em 1963, intitulado Sobre a revolução; e outro, Entre o passado e o futuro, por sua vez revisto e ampliado numa edição de 1968. Num pensamento de ciclo de reação em cadeia, a autora atribuiu ao Maquiavel uma compreensão insuficiente do mundo grego, causando uma vulgarização do mito de fundação. Como resultado, o campo de ação para Maquiavel se restringe à adaptação amoral da vida pública, lançando mão da violência na política por meio de ações cínicas, o que acaba por influenciar no estatuto revolucionário de todas as revoluções violentas posteriores. O problema desta análise de Arendt perpassa por uma abstração irrazoável e uma compreensão parca tanto da cena histórica e da obra de Maquiavel como do próprio mundo contemporâneo e das contingências históricas dos processos revolucionários.