Relações raciais: o olhar dos professores sobre as crianças migrantes haitianas nas escolas de Sinop no Mato Grosso (Racial relations: a teacher’s perspective on Haitian migrant children enrolled in schools in Sinop, Mato Grosso)
{"title":"Relações raciais: o olhar dos professores sobre as crianças migrantes haitianas nas escolas de Sinop no Mato Grosso (Racial relations: a teacher’s perspective on Haitian migrant children enrolled in schools in Sinop, Mato Grosso)","authors":"I. Alexandre, Anete Abramowicz","doi":"10.22476/REVCTED.V5I1.433","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Esse artigo e parte de uma pesquisa de doutorado que pretendeu analisar o processo de interacao e socializacao de criancas haitianas nas escolas publicas de Sinop no Mato Grosso. O recorte temporal abrange criancas que migraram para Sinop no periodo entre 2015 e 2016. Os dados foram gerados a partir de observacoes, entrevistas, depoimentos e conversas informais com as criancas haitianas, professores/as, tecnicas e bolsistas. Constatamos que as criancas migrantes haitianas encontram dificuldades para se adaptarem coma lingua, com a aprendizagem e que sofrem um processo de racializacao inaudito vivido nas escolas que as recebem. Nesses espa-cos escolares ainda se concentra um curriculo de enfase eurocentrica mesmo que facam parte da sala de aula criancas de linguas europeias. O curriculo escolar nao contempla a diversidade e diferenca e a presenca de criancas estrangeiras e negras sofrem tambem um processo racializacao, que o artigo evidenciara. As diferencas que elas trazem inscritas em seus corpos sao percebidas pela escola no campo da racializacao. As criancas migrantes nao tem as mesmas oportunidades que as outras criancas, os/as professores/asavaliam-nas com maior rigor e mesmo elas se mostrando muito inteligentes recebem notas menores e apresentam menor desempenho que as criancas brancas e negras brasileiras. Essa realidade nos leva a afirmar que, na escola, os/as profes-sores/as acentuam o colorismo dessas criancas e acabam (re)criando uma hierarquia racial entre as criancas brancas e negras brasileiras e entre as criancas negras brasileiras e negras migrantes.","PeriodicalId":246505,"journal":{"name":"Critica Educativa","volume":"27 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-11-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Critica Educativa","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22476/REVCTED.V5I1.433","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Esse artigo e parte de uma pesquisa de doutorado que pretendeu analisar o processo de interacao e socializacao de criancas haitianas nas escolas publicas de Sinop no Mato Grosso. O recorte temporal abrange criancas que migraram para Sinop no periodo entre 2015 e 2016. Os dados foram gerados a partir de observacoes, entrevistas, depoimentos e conversas informais com as criancas haitianas, professores/as, tecnicas e bolsistas. Constatamos que as criancas migrantes haitianas encontram dificuldades para se adaptarem coma lingua, com a aprendizagem e que sofrem um processo de racializacao inaudito vivido nas escolas que as recebem. Nesses espa-cos escolares ainda se concentra um curriculo de enfase eurocentrica mesmo que facam parte da sala de aula criancas de linguas europeias. O curriculo escolar nao contempla a diversidade e diferenca e a presenca de criancas estrangeiras e negras sofrem tambem um processo racializacao, que o artigo evidenciara. As diferencas que elas trazem inscritas em seus corpos sao percebidas pela escola no campo da racializacao. As criancas migrantes nao tem as mesmas oportunidades que as outras criancas, os/as professores/asavaliam-nas com maior rigor e mesmo elas se mostrando muito inteligentes recebem notas menores e apresentam menor desempenho que as criancas brancas e negras brasileiras. Essa realidade nos leva a afirmar que, na escola, os/as profes-sores/as acentuam o colorismo dessas criancas e acabam (re)criando uma hierarquia racial entre as criancas brancas e negras brasileiras e entre as criancas negras brasileiras e negras migrantes.