Pub Date : 2023-10-23DOI: 10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217533
Vinícius José Mira
Esse texto tem como objetivo estabelecer um diálogo entre Exu, orixá mensageiro das religiões afro-brasileiras, e a História do Tempo Presente, uma nova atitude metodológica no fazer historiográfico datada de meados da segunda metade do século XX, oriunda da França. Para tal, é feito uso de bibliografia atinente produzida por intelectuais de terreiro, tais como Luiz Rufino, Pai Rodnei de Oxóssi, Muniz Sodré e Ronilda Iyakemi Ribeiro, em diálogo com pensadores relevantes aos debates da Teoria da História, nomeadamente, Walter Benjamin, Chimamanda Ngozie Adichie, José D’Assunção Barros e Reinhart Koselleck. O texto está dividido em três partes. Na primeira delas, as possibilidades teórico-metodológicas da Exunêutica para a operação historiográfica são discutidas, almejando transformar a cruz cristã – sob(re) a qual a disciplina histórica foi erigida – na encruzilhada de Exu. Na sequência, Walter Benjamin e Chimamanda Ngozie Adichie encontram Exu e os combates contra os perigos de uma história única ganham um poderoso aliado. Na terceira e última parte, concluo o texto tecendo reflexões gerais sobre as diversas discussões apresentadas.
本文旨在建立非裔巴西人宗教的信使Exu orixa与当代历史之间的对话,当代历史是20世纪下半叶源自法国的史学的一种新的方法论态度。为此,它使用了知识分子的相关参考书目,如Luiz Rufino, padre Rodnei de oxossi, Muniz sodre和Ronilda Iyakemi Ribeiro,与历史理论辩论的相关思想家,即Walter Benjamin, Chimamanda Ngozie Adichie, jose D ' assuncao Barros和Reinhart Koselleck进行对话。正文分为三个部分。在第一篇文章中,讨论了诠释学对史学运作的理论和方法可能性,旨在将基督教十字架——在其之下建立了历史学科——转变为诠释学的十字路口。沃尔特·本杰明(Walter Benjamin)和奇曼达·恩戈齐·阿迪切(Chimamanda Ngozie Adichie)遇到了埃苏(Exu),他们与一个独特故事的危险作斗争,赢得了一个强大的盟友。在第三部分,也是最后一部分,我对所提出的各种讨论进行了一般性思考。
{"title":"Exu e a História do Tempo Presente: uma encruzilhada possível?","authors":"Vinícius José Mira","doi":"10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217533","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217533","url":null,"abstract":"Esse texto tem como objetivo estabelecer um diálogo entre Exu, orixá mensageiro das religiões afro-brasileiras, e a História do Tempo Presente, uma nova atitude metodológica no fazer historiográfico datada de meados da segunda metade do século XX, oriunda da França. Para tal, é feito uso de bibliografia atinente produzida por intelectuais de terreiro, tais como Luiz Rufino, Pai Rodnei de Oxóssi, Muniz Sodré e Ronilda Iyakemi Ribeiro, em diálogo com pensadores relevantes aos debates da Teoria da História, nomeadamente, Walter Benjamin, Chimamanda Ngozie Adichie, José D’Assunção Barros e Reinhart Koselleck. O texto está dividido em três partes. Na primeira delas, as possibilidades teórico-metodológicas da Exunêutica para a operação historiográfica são discutidas, almejando transformar a cruz cristã – sob(re) a qual a disciplina histórica foi erigida – na encruzilhada de Exu. Na sequência, Walter Benjamin e Chimamanda Ngozie Adichie encontram Exu e os combates contra os perigos de uma história única ganham um poderoso aliado. Na terceira e última parte, concluo o texto tecendo reflexões gerais sobre as diversas discussões apresentadas.","PeriodicalId":487004,"journal":{"name":"Sankofa","volume":"24 2","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135459839","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-23DOI: 10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217529
Márcia Rohr Welter, Anselmo Otavio
Durante muito tempo, quando se falava de África, pensava-se em um continente em que prevalecia a miséria e que estava fadado ao fracasso. Esse pensamento é fruto de uma história única desenvolvida, sobretudo, pelo ocidente que estereotipou o continente africano. A literatura, que estabelece diálogos com momentos históricos e representa sociedades, tem contribuído para desconstruir essa narrativa única, principalmente, com a relevância, cada vez maior, que autores e narrativas de origem africana alcançam. Nesse sentido, o presente trabalho analisa a interação entre os movimentos do Pan-africanismo e do Renascimento Africano, respectivamente, nas obras Meio Sol Amarelo e Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie. Para isso, é empregado um procedimento indutivo e a investigação bibliográfica, que apresenta pressupostos teóricos desses dois movimentos desenvolvidos em períodos distintos, o Pan-africanismo nos séculos XIX e XX e o Renascimento Africano a partir da última década do século XX até a contemporaneidade. No desenvolvimento desse percurso, percebeu-se que as obras de Adichie apresentam nuances dos dois movimentos supracitados e que a autora desconstrói o estereótipo de uma história única sobre a África ao representar a complexidade das situações vivenciadas pela população.
在很长一段时间里,当人们谈论非洲时,他们想到的是一个贫穷盛行、注定失败的大陆。这种想法是一种独特历史的结果,主要是由西方发展起来的,它对非洲大陆有刻板印象。文学,建立了与历史时刻的对话,代表了社会,有助于解构这种独特的叙事,特别是随着非洲作家和叙事的相关性越来越大。在这个意义上,本文分析了泛非主义运动与非洲文艺复兴运动之间的相互作用,分别在奇曼达·恩戈齐·阿迪切的作品《Meio Sol Amarelo》和《Americanah》中。为此,本文采用了归纳方法和文献研究,提出了这两个运动在不同时期发展的理论假设,19世纪和20世纪的泛非主义和20世纪最后十年到当代的非洲文艺复兴。在这条道路的发展过程中,人们注意到阿迪切的作品呈现了上述两个运动的细微差别,作者通过代表人们所经历的复杂情况,解构了关于非洲的单一故事的刻板印象。
{"title":"A África e sua representação: O Pan-africanismo e o Renascimento Africano na literatura de Chimamanda Ngozi Adichie","authors":"Márcia Rohr Welter, Anselmo Otavio","doi":"10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217529","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217529","url":null,"abstract":"Durante muito tempo, quando se falava de África, pensava-se em um continente em que prevalecia a miséria e que estava fadado ao fracasso. Esse pensamento é fruto de uma história única desenvolvida, sobretudo, pelo ocidente que estereotipou o continente africano. A literatura, que estabelece diálogos com momentos históricos e representa sociedades, tem contribuído para desconstruir essa narrativa única, principalmente, com a relevância, cada vez maior, que autores e narrativas de origem africana alcançam. Nesse sentido, o presente trabalho analisa a interação entre os movimentos do Pan-africanismo e do Renascimento Africano, respectivamente, nas obras Meio Sol Amarelo e Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie. Para isso, é empregado um procedimento indutivo e a investigação bibliográfica, que apresenta pressupostos teóricos desses dois movimentos desenvolvidos em períodos distintos, o Pan-africanismo nos séculos XIX e XX e o Renascimento Africano a partir da última década do século XX até a contemporaneidade. No desenvolvimento desse percurso, percebeu-se que as obras de Adichie apresentam nuances dos dois movimentos supracitados e que a autora desconstrói o estereótipo de uma história única sobre a África ao representar a complexidade das situações vivenciadas pela população.","PeriodicalId":487004,"journal":{"name":"Sankofa","volume":"59 3","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135459838","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-23DOI: 10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217534
Ibrahima Kankara Sani, Mariana Bracks Fonseca, Bruno R. Véras
Amina de Zazzau foi uma importante líder política e militar hauçá entre a virada do século XV e XVI. Este artigo tem como um de seus objetivos servir de subsídio e instrumento de apoio para debate sobre o filme Amina (2021), seja para leitura de estudantes de História e Humanidades em contexto universitário, ou professores de escola secundária utilizando o filme como instrumento didático. Para tanto este artigo se divide em três partes. Primeiramente discutiremos a produção audiovisual Amina (2021) no contexto regional e nacional da indústria cinematográfica nigeriana (Nollywood e Kannywood), como também a demanda proveniente de um nicho cosmopolita de consumo de audiovisual no mercado internacional de streaming para filmes africanos; segundo contextualizaremos a História de Amina, as fontes históricas sobre a personagem e contexto político e cultural do país Hauçá, notadamente o reino de Zazzau entre os séculos XV e XVI; por fim, discutiremos criticamente o filme em seus níveis narrativo e de produção, pensando as potencialidades didáticas do mesmo.
{"title":"Amina : Representação de uma África pré-colonial entre Kannywood e Nollywood","authors":"Ibrahima Kankara Sani, Mariana Bracks Fonseca, Bruno R. Véras","doi":"10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217534","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217534","url":null,"abstract":"Amina de Zazzau foi uma importante líder política e militar hauçá entre a virada do século XV e XVI. Este artigo tem como um de seus objetivos servir de subsídio e instrumento de apoio para debate sobre o filme Amina (2021), seja para leitura de estudantes de História e Humanidades em contexto universitário, ou professores de escola secundária utilizando o filme como instrumento didático. Para tanto este artigo se divide em três partes. Primeiramente discutiremos a produção audiovisual Amina (2021) no contexto regional e nacional da indústria cinematográfica nigeriana (Nollywood e Kannywood), como também a demanda proveniente de um nicho cosmopolita de consumo de audiovisual no mercado internacional de streaming para filmes africanos; segundo contextualizaremos a História de Amina, as fontes históricas sobre a personagem e contexto político e cultural do país Hauçá, notadamente o reino de Zazzau entre os séculos XV e XVI; por fim, discutiremos criticamente o filme em seus níveis narrativo e de produção, pensando as potencialidades didáticas do mesmo.","PeriodicalId":487004,"journal":{"name":"Sankofa","volume":"2 3","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135459997","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-23DOI: 10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217537
Viviane de Souza Lima
Este artigo se propõe a evidenciar como o movimento brasileiro em apoio às independências africanas, criado na década de 1960, conseguiu formatar uma rede de solidariedade aos movimentos nacionalistas africanos, principalmente, o MPLA, e dar maior visibilidade à luta de independência nas colônias portuguesas, principalmente em Angola. O Movimento Afro-Brasileiro Pró-Libertação de Angola (MABLA) reuniu brasileiros, africanos e portugueses antissalazaristas e atuou, principalmente, nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. O MABLA foi um movimento de configuração móvel que reuniu apoiadores de diversas tendências ideológicas em torno de um projeto comum: a defesa da independência dos povos africanos.
{"title":"Solidariedade atlântica: Movimento Afro-Brasileiro Pró-Libertação de Angola (MABLA), entre percursos e conexões","authors":"Viviane de Souza Lima","doi":"10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217537","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217537","url":null,"abstract":"Este artigo se propõe a evidenciar como o movimento brasileiro em apoio às independências africanas, criado na década de 1960, conseguiu formatar uma rede de solidariedade aos movimentos nacionalistas africanos, principalmente, o MPLA, e dar maior visibilidade à luta de independência nas colônias portuguesas, principalmente em Angola. O Movimento Afro-Brasileiro Pró-Libertação de Angola (MABLA) reuniu brasileiros, africanos e portugueses antissalazaristas e atuou, principalmente, nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. O MABLA foi um movimento de configuração móvel que reuniu apoiadores de diversas tendências ideológicas em torno de um projeto comum: a defesa da independência dos povos africanos.","PeriodicalId":487004,"journal":{"name":"Sankofa","volume":"284 2","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135459998","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-23DOI: 10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217538
Daiana M Damiani, Felipe Vilas Bôas
O presente artigo tem por objetivo pensar as possibilidades de construção narrativa sobre afro-paranaenses em instituições museais, especialmente o Museu Paranaense, a partir de referências da museologia e historiografia, com destaque para textos e ligados à Nova Museologia e historiografia do Pós-Abolição. Para tal, analisa-se ações museais promovidas pelo Museu Paranaense, em especial a exposição “Ante ecos e ocos”, concebida em 2022 a partir do processo de curadoria compartilhada. Uma vez que se avalia a capacidade da instituição em abordar temáticas relativas a trajetória de afro-paranaenses, também apresenta um leque de ações teóricas e práticas que fazem, ou deveriam fazer, um elo mais sólido entre instituição museal e sociedade, na busca por tornar a instituição pública não apenas mais ativa junto à comunidade ao qual pertence, mas aberta dessacralização cultural.
本文旨在从博物馆学和史学的参考文献,特别是与新博物馆学和废奴后史学相关的文本,思考非洲人在博物馆机构,特别是parana博物馆中叙事构建的可能性。为此,我们分析了parana博物馆推动的博物馆行动,特别是“Ante ecos e ocos”展览,该展览是在2022年通过共享策展过程构想的。一次评估机构的能力解决相关主题的轨迹的非裔-paranaenses也呈现出一系列的行动理论和实践,或者应该做什么,一个锚固体museal机构与社会之间,在追求成为最活跃的公共机构不仅在开放,但dessacralização所属文化群体。
{"title":"Ações museais e o Pós-Abolição: notas sobre a exposição “Ante ecos e ocos” no Museu Paranaense","authors":"Daiana M Damiani, Felipe Vilas Bôas","doi":"10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217538","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1983-6023.sank.2023.217538","url":null,"abstract":"O presente artigo tem por objetivo pensar as possibilidades de construção narrativa sobre afro-paranaenses em instituições museais, especialmente o Museu Paranaense, a partir de referências da museologia e historiografia, com destaque para textos e ligados à Nova Museologia e historiografia do Pós-Abolição. Para tal, analisa-se ações museais promovidas pelo Museu Paranaense, em especial a exposição “Ante ecos e ocos”, concebida em 2022 a partir do processo de curadoria compartilhada. Uma vez que se avalia a capacidade da instituição em abordar temáticas relativas a trajetória de afro-paranaenses, também apresenta um leque de ações teóricas e práticas que fazem, ou deveriam fazer, um elo mais sólido entre instituição museal e sociedade, na busca por tornar a instituição pública não apenas mais ativa junto à comunidade ao qual pertence, mas aberta dessacralização cultural.","PeriodicalId":487004,"journal":{"name":"Sankofa","volume":"46 3","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135459837","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}