Pub Date : 2023-12-20DOI: 10.5380/abequa.v14i2.89558
Alexandre Vilci Campos, J. Bonetti
Estuários são feições costeiras localizadas na interface continente-oceano, apresentando características de ambos os compartimentos. Por estarem estabelecidos em áreas predominantemente planas, propícias à instalação de infraestruturas, historicamente têm sido submetidos a um alto grau de antropização. Isso potencializa a exposição da população residente em seu entorno aos efeitos de inundação e erosão (marinha e fluvial), sobretudo em um cenário de aumento da intensidade e frequência dos eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas. Tendo-se isso em consideração, este artigo objetiva analisar a produção científica global relacionada à avaliação da vulnerabilidade de sistemas estuarinos à erosão e inundação, empregando indicadores bibliométricos. Foram avaliados, utilizando o pacote Bibliometrix para R e o software VOSviewer 63 documentos publicados entre os anos de 1992 e 2022 selecionados na base Scopus. Os resultados indicaram que a maior parte dos estudos foi publicada em revistas científicas revisadas por pares e que Reino Unido e Austrália foram os países com maior contribuição quantitativa na produção do conhecimento científico sobre o tema. Dos 249 autores identificados na amostra, apenas 17 publicaram dois ou mais artigos, sugerindo que há uma convergência da produção regular em poucos grupos de pesquisa. A análise também revelou que 40% das palavras-chave aplicadas pelos autores estão concentradas em cinco termos (Climate Change, Sea Level Rise, Vulnerability, Estuary e GIS). Por fim, pode-se afirmar que a revisão sistemática, através da aplicação de técnicas de análise bibliométrica, oferece uma abordagem eficaz para sintetizar a literatura qualificada disponível mundialmente A estratégia proposta apresenta grande potencial para a caracterização de um dado domínio temático, bem como para a identificação de tendências e lacunas para serem exploradas em pesquisas futuras.
{"title":"Vulnerabilidade de sistemas estuarinos aos efeitos das mudanças climáticas - uma análise bibliométrica","authors":"Alexandre Vilci Campos, J. Bonetti","doi":"10.5380/abequa.v14i2.89558","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/abequa.v14i2.89558","url":null,"abstract":"Estuários são feições costeiras localizadas na interface continente-oceano, apresentando características de ambos os compartimentos. Por estarem estabelecidos em áreas predominantemente planas, propícias à instalação de infraestruturas, historicamente têm sido submetidos a um alto grau de antropização. Isso potencializa a exposição da população residente em seu entorno aos efeitos de inundação e erosão (marinha e fluvial), sobretudo em um cenário de aumento da intensidade e frequência dos eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas. Tendo-se isso em consideração, este artigo objetiva analisar a produção científica global relacionada à avaliação da vulnerabilidade de sistemas estuarinos à erosão e inundação, empregando indicadores bibliométricos. Foram avaliados, utilizando o pacote Bibliometrix para R e o software VOSviewer 63 documentos publicados entre os anos de 1992 e 2022 selecionados na base Scopus. Os resultados indicaram que a maior parte dos estudos foi publicada em revistas científicas revisadas por pares e que Reino Unido e Austrália foram os países com maior contribuição quantitativa na produção do conhecimento científico sobre o tema. Dos 249 autores identificados na amostra, apenas 17 publicaram dois ou mais artigos, sugerindo que há uma convergência da produção regular em poucos grupos de pesquisa. A análise também revelou que 40% das palavras-chave aplicadas pelos autores estão concentradas em cinco termos (Climate Change, Sea Level Rise, Vulnerability, Estuary e GIS). Por fim, pode-se afirmar que a revisão sistemática, através da aplicação de técnicas de análise bibliométrica, oferece uma abordagem eficaz para sintetizar a literatura qualificada disponível mundialmente A estratégia proposta apresenta grande potencial para a caracterização de um dado domínio temático, bem como para a identificação de tendências e lacunas para serem exploradas em pesquisas futuras.","PeriodicalId":37504,"journal":{"name":"Quaternary and Environmental Geosciences","volume":"32 21","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"138956426","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-11-14DOI: 10.5380/abequa.v14i2.89283
Diogo Bittencourt Leite Tinoco Cruz, Helenice Vital, André Giskard Aquino da Silva, Karl Stattegger, Fernando Sergio Gois Smith, Yoe Alain Perez
{"title":"Assessing Holocene Evolution of the Parnaiba River Delta using Petrophysical, Radiocarbon Dating, and Sedimentological Analysis","authors":"Diogo Bittencourt Leite Tinoco Cruz, Helenice Vital, André Giskard Aquino da Silva, Karl Stattegger, Fernando Sergio Gois Smith, Yoe Alain Perez","doi":"10.5380/abequa.v14i2.89283","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/abequa.v14i2.89283","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":37504,"journal":{"name":"Quaternary and Environmental Geosciences","volume":"71 9","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-11-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134901017","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-31DOI: 10.5380/abequa.v14i2.87544
Marcia Mojica, Giorgio Anfuso, Federico Isla
{"title":"Evolución de la costa entre 1987-2020 para la zona sur de la ciudad de Mar del Plata, provincia de Buenos Aires (Argentina)","authors":"Marcia Mojica, Giorgio Anfuso, Federico Isla","doi":"10.5380/abequa.v14i2.87544","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/abequa.v14i2.87544","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":37504,"journal":{"name":"Quaternary and Environmental Geosciences","volume":"26 11","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135863184","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-31DOI: 10.5380/abequa.v14i2.92023
Luiz Fernando de Paula Barros, Fábio Soares de Oliveira, Antônio Pereira Magalhães Júnior, Guilherme Eduardo Macedo Cota
Estudos anteriores mostram a ocorrência regional de ferricretes associados a sedimentos aluviais quaternários no Quadrilátero Ferrífero. Esses estudos também apontam que os ferricretes podem ter retardado a dissecação fluvial em alguns vales e que elas não se formam nas condições atuais. Para testar essas hipóteses, este estudo realizou novas análises nos vales dos rios Conceição e Mango. Amostras indeformadas de ferricrete foram coletadas para caracterização micromorfológica e amostras de sedimentos foram datadas por Luminescência Opticamente Estimulada (LOE). Os resultados confirmam as hipóteses anteriores. No vale do Rio Conceição, verificou-se que houve um longo tempo de acumulação no nível deposicional com ferricretes ainda encontrado no fundo do vale, em contraste com uma planície de inundação muito jovem e sem ferricretes, situação análoga à do vale do Ribeirão do Mango. As diferenças em termos de preservação do ferricrete em relação ao nível da água do Rio Conceição e a identificação de uma nova microestrutura de ferricrete no vale do Ribeirão do Mango mostram que esses materiais estão em lenta transformação e degradação, e não em construção.
以往的研究表明,quadrilatero ferrifero地区存在与第四纪冲积沉积物相关的铁粒。这些研究还表明,铁晶石可能减缓了一些山谷的河流解剖,在目前的条件下它们不会形成。为了检验这些假设,本研究在conceicao和芒果河谷进行了新的分析。采集未扰动的铁晶石样品进行微形态表征,并用光致发光法测定沉积物样品的年代。结果证实了之前的假设。在conceicao河谷,发现在沉积水平上有很长一段时间的积累,在河谷底部仍然发现了铁晶石,与非常年轻的泛滥平原和没有铁晶石形成对比,这种情况类似于ribeirao do Mango河谷。与conceicao河水位相关的铁晶格保存的差异和ribeirao do Mango山谷中新的铁晶格微观结构的识别表明,这些材料正在缓慢转化和降解,而不是在施工中。
{"title":"Ferricretes em arquivos fluviais quaternários: desdobramentos para a dinâmica fluvial recente no Quadrilátero Ferrífero/MG","authors":"Luiz Fernando de Paula Barros, Fábio Soares de Oliveira, Antônio Pereira Magalhães Júnior, Guilherme Eduardo Macedo Cota","doi":"10.5380/abequa.v14i2.92023","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/abequa.v14i2.92023","url":null,"abstract":"Estudos anteriores mostram a ocorrência regional de ferricretes associados a sedimentos aluviais quaternários no Quadrilátero Ferrífero. Esses estudos também apontam que os ferricretes podem ter retardado a dissecação fluvial em alguns vales e que elas não se formam nas condições atuais. Para testar essas hipóteses, este estudo realizou novas análises nos vales dos rios Conceição e Mango. Amostras indeformadas de ferricrete foram coletadas para caracterização micromorfológica e amostras de sedimentos foram datadas por Luminescência Opticamente Estimulada (LOE). Os resultados confirmam as hipóteses anteriores. No vale do Rio Conceição, verificou-se que houve um longo tempo de acumulação no nível deposicional com ferricretes ainda encontrado no fundo do vale, em contraste com uma planície de inundação muito jovem e sem ferricretes, situação análoga à do vale do Ribeirão do Mango. As diferenças em termos de preservação do ferricrete em relação ao nível da água do Rio Conceição e a identificação de uma nova microestrutura de ferricrete no vale do Ribeirão do Mango mostram que esses materiais estão em lenta transformação e degradação, e não em construção.","PeriodicalId":37504,"journal":{"name":"Quaternary and Environmental Geosciences","volume":"218 ","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135870973","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-31DOI: 10.5380/abequa.v14i2.82786
Jader Onofre Morais, Brígida Miola, Antônio Rodrigues Ximenes Neto, Francisco Oricélio Da Silva Brindeiro, Lidriana De Souza Pinheiro, Georg Friedrich Irion
A zona costeira de Acaraú (Costa Oeste do Ceará) é caracterizada por extensos depósitos paludiais com manguezais, sistemas de barreiras costeiras, bancos arenosos e areno-lamosos, campos de dunas e depósitos praiais. O objetivo foi caracterizar os padrões sedimentológicos da planície flúvio-marinha do rio Acaraú. Foram coletadas 26 amostras no canal principal e margens do rio Acaraú (da foz à ponte de Cruz). Foram identificados três tipos deposicionais principais: fácies arenosa (39%), fácies areno-lamosa (17%) e fácies lamosa (44%), os quais estavam relacionados a quatro ambientes sedimentares: canal estuarino (50%); tidal flat (apicum/salgado – 23%), planícies lamosas com manguezal (19,2%) e bancos intermaré (7,8%). Estes sedimentos são eminentemente mal selecionados, o que deve estar relacionado à atuação de agentes hidrodinâmicos (maré e rio) e aerodinâmico (vento), além da contribuição bioclástica dos moluscos estuarinos. Em relação à mineralogia dos argilominerais, foi evidenciada a presença de caulinita (46%), ilita (31%) e esmectita (23%). Já em relação aos teores de matéria orgânica e carbonato de cálcio, foram verificados teores médios de 2,29% e 21%, respectivamente. Fica evidenciado que os padrões sedimentares da planície flúvio-marinha são principalmente influenciados pela interação entre os agentes hidrodinâmicos e a ação antrópica. O primeiro apresenta o fator maré e a baixa vazão fluvial como principais agentes, e o segundo possui diversas ações de uso e ocupação nas margens do Acaraú (e.g. carcinicultura, lançamentos de efluentes).
{"title":"Caracterização sedimentológica da planície flúvio-marinha do rio Acaraú, Ceará (NE-Brasil)","authors":"Jader Onofre Morais, Brígida Miola, Antônio Rodrigues Ximenes Neto, Francisco Oricélio Da Silva Brindeiro, Lidriana De Souza Pinheiro, Georg Friedrich Irion","doi":"10.5380/abequa.v14i2.82786","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/abequa.v14i2.82786","url":null,"abstract":"A zona costeira de Acaraú (Costa Oeste do Ceará) é caracterizada por extensos depósitos paludiais com manguezais, sistemas de barreiras costeiras, bancos arenosos e areno-lamosos, campos de dunas e depósitos praiais. O objetivo foi caracterizar os padrões sedimentológicos da planície flúvio-marinha do rio Acaraú. Foram coletadas 26 amostras no canal principal e margens do rio Acaraú (da foz à ponte de Cruz). Foram identificados três tipos deposicionais principais: fácies arenosa (39%), fácies areno-lamosa (17%) e fácies lamosa (44%), os quais estavam relacionados a quatro ambientes sedimentares: canal estuarino (50%); tidal flat (apicum/salgado – 23%), planícies lamosas com manguezal (19,2%) e bancos intermaré (7,8%). Estes sedimentos são eminentemente mal selecionados, o que deve estar relacionado à atuação de agentes hidrodinâmicos (maré e rio) e aerodinâmico (vento), além da contribuição bioclástica dos moluscos estuarinos. Em relação à mineralogia dos argilominerais, foi evidenciada a presença de caulinita (46%), ilita (31%) e esmectita (23%). Já em relação aos teores de matéria orgânica e carbonato de cálcio, foram verificados teores médios de 2,29% e 21%, respectivamente. Fica evidenciado que os padrões sedimentares da planície flúvio-marinha são principalmente influenciados pela interação entre os agentes hidrodinâmicos e a ação antrópica. O primeiro apresenta o fator maré e a baixa vazão fluvial como principais agentes, e o segundo possui diversas ações de uso e ocupação nas margens do Acaraú (e.g. carcinicultura, lançamentos de efluentes).","PeriodicalId":37504,"journal":{"name":"Quaternary and Environmental Geosciences","volume":" 40","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135869075","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Analysis of sediment quality in the Port of Rio de Janeiro channel: Considerations about collection methods indicated by Brazilian resolutions","authors":"Fabiane Bertoni, Thaise Senez-Mello, Silvio Roberto Oliveira Filho, Mirian Araújo Carlos Crapez, Estefan Monteiro Fonseca","doi":"10.5380/abequa.v14i1.73438","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/abequa.v14i1.73438","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":37504,"journal":{"name":"Quaternary and Environmental Geosciences","volume":"11 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135197884","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Este trabalho teve o objetivo de avaliar a influência da dinâmica das ondas e características locais nos processos erosivos na planície costeira do rio Itapicuru, no litoral norte do estado da Bahia. A modelagem da dinâmica costeira foi realizada com o programa Sistema de Modelagem Costeira do Brasil (SMC-Brasil) e envolveu o cálculo da refração de ondas e do transporte longitudinal de sedimentos ao longo do litoral. Os resultados da modelagem mostraram que as ondas de sudeste são determinantes na definição do transporte resultante, que é predominante para nordeste. Em apenas um trecho do litoral estudado, o transporte teve sentido sudoeste. Isso se deveu a influência de uma “cava” batimétrica presente na plataforma que foi responsável pela divergência de raios de ondas de sudeste. Também tiveram influência na refração das frentes de ondas a presença de altos batimétricos na desembocadura dos rios Itariri e Itapicuru, associadas às suas barras de desembocadura, que geraram a convergência e aumento da energia de ondas. O estudo da interação da dinâmica de ondas com as características da zona costeira permitiram identificar duas situações de maior probabilidade de ocorrência de erosão no trecho estudado: i) na região das desembocaduras dos rios Itariri e Itapicuru, que além de apresentarem alta variabilidade de posição, intrínseca a desembocaduras fluviais, têm uma maior energia de ondas incidentes, provocada pela refração causada por suas próprias barras de desembocadura; e ii) na região do povoado de Poças, onde se localiza a única divergência de deriva litorânea constatada no trabalho, que torna o balanço sedimentar negativo na costa, e ocorre em trecho estreito de uma península, que por esta razão, também é vulnerável à ocasional erosão fluvial provocada por um afluente do rio Itapicuru que corre na retaguarda da mesma. Os resultados desse trabalho mostram a importância da modelagem da dinâmica costeira em escala de detalhe, que permitiu, por exemplo, identificar a divergência de deriva litorânea presente no povoado de Poças. Conclui-se também pela importância de evitar a ocupação nos trechos costeiros vulneráveis, como aqueles próximos de desembocaduras fluviais e aqueles associados a penínsulas estreitas e outras formas de acumulação, como pontais.
{"title":"Dinâmica de ondas e erosão costeira na desembocadura do rio Itapicuru, litoral norte do Estado da Bahia","authors":"Iaggo Oliveira Correia, Junia Kacenelenbogen Guimarães, Iracema Reimão Silva","doi":"10.5380/abequa.v14i1.73254","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/abequa.v14i1.73254","url":null,"abstract":"Este trabalho teve o objetivo de avaliar a influência da dinâmica das ondas e características locais nos processos erosivos na planície costeira do rio Itapicuru, no litoral norte do estado da Bahia. A modelagem da dinâmica costeira foi realizada com o programa Sistema de Modelagem Costeira do Brasil (SMC-Brasil) e envolveu o cálculo da refração de ondas e do transporte longitudinal de sedimentos ao longo do litoral. Os resultados da modelagem mostraram que as ondas de sudeste são determinantes na definição do transporte resultante, que é predominante para nordeste. Em apenas um trecho do litoral estudado, o transporte teve sentido sudoeste. Isso se deveu a influência de uma “cava” batimétrica presente na plataforma que foi responsável pela divergência de raios de ondas de sudeste. Também tiveram influência na refração das frentes de ondas a presença de altos batimétricos na desembocadura dos rios Itariri e Itapicuru, associadas às suas barras de desembocadura, que geraram a convergência e aumento da energia de ondas. O estudo da interação da dinâmica de ondas com as características da zona costeira permitiram identificar duas situações de maior probabilidade de ocorrência de erosão no trecho estudado: i) na região das desembocaduras dos rios Itariri e Itapicuru, que além de apresentarem alta variabilidade de posição, intrínseca a desembocaduras fluviais, têm uma maior energia de ondas incidentes, provocada pela refração causada por suas próprias barras de desembocadura; e ii) na região do povoado de Poças, onde se localiza a única divergência de deriva litorânea constatada no trabalho, que torna o balanço sedimentar negativo na costa, e ocorre em trecho estreito de uma península, que por esta razão, também é vulnerável à ocasional erosão fluvial provocada por um afluente do rio Itapicuru que corre na retaguarda da mesma. Os resultados desse trabalho mostram a importância da modelagem da dinâmica costeira em escala de detalhe, que permitiu, por exemplo, identificar a divergência de deriva litorânea presente no povoado de Poças. Conclui-se também pela importância de evitar a ocupação nos trechos costeiros vulneráveis, como aqueles próximos de desembocaduras fluviais e aqueles associados a penínsulas estreitas e outras formas de acumulação, como pontais.","PeriodicalId":37504,"journal":{"name":"Quaternary and Environmental Geosciences","volume":"66 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135197897","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-08DOI: 10.5380/abequa.v14i1.83481
Lazaro Luiz Mattos Laut, Valdenira Ferreira Santos, João Graciano Mendoça Filho
O conteúdo microfossilífero (foraminíferos e palinofácies) de uma seção sedimentar de 803 cm da ilha de Maracá localizada no Cabo Norte - Amapá foi estudado objetivando a identificação dos ambientes de sedimentação responsáveis pela formação da ilha, e assim, contribuir com os modelos de reconstrução paleoambiental do Holoceno Tardio para a região ao norte da foz do rio Amazonas. O pacote sedimentar estudado representa uma sequência sedimentar regressiva composta predominantemente pela Assembleia C que é constituída majoritariamente por fitoclastos pouco retrabalhados e palinomorfos de água doce. Um momento de estabilização da planície de inundação com a formação de áreas pantanosa de água doce e fundo anóxico permitiu a formação de um depósito de turfa entre 477 – 446 cm (entre 2.000 e 1.000 cal yr BP) que é marcado pela Assembleia D. Duas pequenas incursões marinhas podem ser observadas ao longo da formação da Ilha de Maracá: fase Moleson (2.500 a 1.300 cal yr BP) entre 650-600 cm e fase Comowine (1.000 cal yr BP ao presente) entre 120-80. Esta influência de sedimentos costeiros é representada na seção pela Assembleia B que apresenta maior quantidade de palinomorfos marinhos e foraminíferos. A estabilização do canal do Varador que separa a ilha do continente é marcada pela Assembleia A (0-60 cm) composta predominantemente por foraminíferos indicando que a maior contribuição marinha na formação do pacote sedimentar é recente possivelmente nos últimos 500 cal yr BP como resultado dos processos erosivos atuais atuantes na costa do Amapá.
{"title":"Microfósseis como indicadores da Evolução Paleoambiental do Holoceno Tardio na Ilha de Maracá, Costa Amazônica, Amapá– Brasil","authors":"Lazaro Luiz Mattos Laut, Valdenira Ferreira Santos, João Graciano Mendoça Filho","doi":"10.5380/abequa.v14i1.83481","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/abequa.v14i1.83481","url":null,"abstract":"O conteúdo microfossilífero (foraminíferos e palinofácies) de uma seção sedimentar de 803 cm da ilha de Maracá localizada no Cabo Norte - Amapá foi estudado objetivando a identificação dos ambientes de sedimentação responsáveis pela formação da ilha, e assim, contribuir com os modelos de reconstrução paleoambiental do Holoceno Tardio para a região ao norte da foz do rio Amazonas. O pacote sedimentar estudado representa uma sequência sedimentar regressiva composta predominantemente pela Assembleia C que é constituída majoritariamente por fitoclastos pouco retrabalhados e palinomorfos de água doce. Um momento de estabilização da planície de inundação com a formação de áreas pantanosa de água doce e fundo anóxico permitiu a formação de um depósito de turfa entre 477 – 446 cm (entre 2.000 e 1.000 cal yr BP) que é marcado pela Assembleia D. Duas pequenas incursões marinhas podem ser observadas ao longo da formação da Ilha de Maracá: fase Moleson (2.500 a 1.300 cal yr BP) entre 650-600 cm e fase Comowine (1.000 cal yr BP ao presente) entre 120-80. Esta influência de sedimentos costeiros é representada na seção pela Assembleia B que apresenta maior quantidade de palinomorfos marinhos e foraminíferos. A estabilização do canal do Varador que separa a ilha do continente é marcada pela Assembleia A (0-60 cm) composta predominantemente por foraminíferos indicando que a maior contribuição marinha na formação do pacote sedimentar é recente possivelmente nos últimos 500 cal yr BP como resultado dos processos erosivos atuais atuantes na costa do Amapá.","PeriodicalId":37504,"journal":{"name":"Quaternary and Environmental Geosciences","volume":"11 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135197728","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O estuário do rio Oiapoque localizado na fronteira entre Brasil e a Guiana Francesa representa um ecossistema aquático ímpar, pois possui uma grande diversidade de subambientes, rica biodiversidade, alta hidrodinâmica e margeia importantes áreas de proteção ambiental do bioma amazônico, assim como diversas comunidades indígenas. Além da vulnerabilidade deste ecossistema às mudanças climáticas globais, o rio Oiapoque tem um longo histórico de poluição por mercúrio resultante da extração de ouro. Visando o reconhecimento dos subambientes estuarinos, e assim auxiliar a implementação de programas de monitoramento ambiental na região, vinte e sete estações amostrais foram estabelecidas em maio de 2018 ao longo da zona estuarina, destinadas às análises granulométricas, carbono orgânico total (COT), enxofre total (ST) e parâmetros físico-químicos. Os resultados mostram a dominância de subambientes fluviais até a região da foz na baía do Oiapoque, com predominância da sedimentação siltosa e uma pequena influência marinha restrita à região da foz. A análise estatística dos dados permitiu a identificação de sete regiões distintas no estuário do rio Oiapoque que representam diferentes condições hidrodinâmicas. Dentre estas, destaca-se a Região II, localizada na região mais interna do estuário, que apresentou impacto antropogênico indicado pelas altas porcentagens de COT e ST representando o depocentro dos efluentes provenientes da cidade Saint Georges l'Oyapock, Vila Vitória e Oiapoque.
{"title":"Caracterização ambiental do Estuário do Rio Oiapoque, Brasil-Guiana Francesa","authors":"Lazaro Laut, Kettollen Pereira, Pierre Belart, Thiago Gonçalves Carelli, Fernanda Souza, Valdenira Ferreira Santos","doi":"10.5380/abequa.v14i1.83939","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/abequa.v14i1.83939","url":null,"abstract":"O estuário do rio Oiapoque localizado na fronteira entre Brasil e a Guiana Francesa representa um ecossistema aquático ímpar, pois possui uma grande diversidade de subambientes, rica biodiversidade, alta hidrodinâmica e margeia importantes áreas de proteção ambiental do bioma amazônico, assim como diversas comunidades indígenas. Além da vulnerabilidade deste ecossistema às mudanças climáticas globais, o rio Oiapoque tem um longo histórico de poluição por mercúrio resultante da extração de ouro. Visando o reconhecimento dos subambientes estuarinos, e assim auxiliar a implementação de programas de monitoramento ambiental na região, vinte e sete estações amostrais foram estabelecidas em maio de 2018 ao longo da zona estuarina, destinadas às análises granulométricas, carbono orgânico total (COT), enxofre total (ST) e parâmetros físico-químicos. Os resultados mostram a dominância de subambientes fluviais até a região da foz na baía do Oiapoque, com predominância da sedimentação siltosa e uma pequena influência marinha restrita à região da foz. A análise estatística dos dados permitiu a identificação de sete regiões distintas no estuário do rio Oiapoque que representam diferentes condições hidrodinâmicas. Dentre estas, destaca-se a Região II, localizada na região mais interna do estuário, que apresentou impacto antropogênico indicado pelas altas porcentagens de COT e ST representando o depocentro dos efluentes provenientes da cidade Saint Georges l'Oyapock, Vila Vitória e Oiapoque.","PeriodicalId":37504,"journal":{"name":"Quaternary and Environmental Geosciences","volume":"42 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135197885","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-08DOI: 10.5380/abequa.v14i1.81671
Iaggo Oliveira Correia, Ana Cláudia da Silva Andrade, Paulo Sergio de Rezende Nascimento
A erosão costeira destruiu o povoado do Cabeço, no lado sergipano do delta do rio São Francisco. Para evitar danos similares no futuro, recomenda-se implementar as faixas de proteção costeira, que delimitam distâncias seguras para a ocupação humana entre a linha de costa e o continente. Este trabalho objetivou determinar tais faixas para o delta do rio São Francisco. Foram utilizados registros da vazão fluvial e imagens de satélites de 1986 a 2017 para compreender e quantificar as taxas de variação da linha de costa. As taxas mais extremas de recuo foram utilizadas para calcular as larguras das faixas de proteção costeira a partir da linha de costa de 2017 para o ano de 2037, junto ao critério de que toda faixa localizada sobre unidades de conservação ou ecossistêmicas fosse recuada aos limites internos das unidades. De 1986 a 2017, a vazão fluvial média diminuiu em 24% e contribuiu para o aumento de 32% de trechos em recuo na linha de costa. A taxa mais extrema de recuo do lado alagoano do delta foi de -55,23 ± 4,7 m/ano, enquanto no lado sergipano foi de -153,13 ± 0,11 m/ano. As faixas para 2037 utilizaram o cálculo numérico (largura de 3.062 m no lado sergipano) e o critério de recuo ao limite interno da APA de Piaçabuçu (lado alagoano), visando minimizar ou evitar riscos socioeconômicos ao recuo costeiro e incentivar a sustentabilidade ambiental.
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