Pub Date : 2023-09-28DOI: 10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p129-147
Caio Lívio Sulpino Dantas
O presente artigo tem por objetivo analisar a influência do pensamento de René Descartes sobre o conceito de epoché de Edmund Husserl. Trataremos do conceito de epoché, portanto, realçando o papel do cogito em suas implicações fenomenológicas. Husserl condiciona a epoché à discussão sobre o caráter constituinte da consciência, portanto ao intuicionismo e às remessas intencionais, opondo-se à interpretação objetivista e físico-naturalista da consciência. Afirma, desta feita, a partir de Descartes, uma naturalidade operacional primeira à naturalidade das ciências modernas. Ao abster-se do ego afirmativo por meio da dúvida sistemática (o cogito), Husserl promoverá uma renovação da relação entre consciência e sentido, seguindo-se de uma renovação da noção de consciência a partir da defesa de uma existência correlata ao mundo. O que se fez possível graças à renovação da subjetividade alcançada na epoché fenomenológico-transcendental.
{"title":"Descartes, Husserl e a epoché como fundamento existencial","authors":"Caio Lívio Sulpino Dantas","doi":"10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p129-147","DOIUrl":"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p129-147","url":null,"abstract":"O presente artigo tem por objetivo analisar a influência do pensamento de René Descartes sobre o conceito de epoché de Edmund Husserl. Trataremos do conceito de epoché, portanto, realçando o papel do cogito em suas implicações fenomenológicas. Husserl condiciona a epoché à discussão sobre o caráter constituinte da consciência, portanto ao intuicionismo e às remessas intencionais, opondo-se à interpretação objetivista e físico-naturalista da consciência. Afirma, desta feita, a partir de Descartes, uma naturalidade operacional primeira à naturalidade das ciências modernas. Ao abster-se do ego afirmativo por meio da dúvida sistemática (o cogito), Husserl promoverá uma renovação da relação entre consciência e sentido, seguindo-se de uma renovação da noção de consciência a partir da defesa de uma existência correlata ao mundo. O que se fez possível graças à renovação da subjetividade alcançada na epoché fenomenológico-transcendental.","PeriodicalId":486517,"journal":{"name":"Ágora filosófica","volume":"5 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135428569","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-28DOI: 10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p114-128
Marcelo Fabri
A era digital está promovendo a ruína da vida teórica. O artigo investiga se é possível preservar uma tal vida, beneficiando-se das conquistas da fenomenologia da percepção. Mas isso nos conduz a um desafio que muitos consideram destinado ao fracasso. Trata-se de gestar (formar) sensibilidades em diálogo, subjetividades impactadas pelo acontecimento do aprender e do ensinar. Daí a pergunta: haveria ainda sentido em se falar em corpos grávidos de futuro, subjetividades capazes de reativar e reanimar o convívio intersubjetivo a partir do qual reencontramos nossa participação na cultura e na história? Aposta-se na resposta de que somos ainda capazes de afirmar a nossa liberdade, reivindicando uma responsabilidade pelo futuro. Responsabilidade que tem seu ponto de partida numa fenomenologia da percepção.
{"title":"Gestar sensibilidades em diálogo: tarefa para a fenomenologia da percepção na era digital","authors":"Marcelo Fabri","doi":"10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p114-128","DOIUrl":"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p114-128","url":null,"abstract":"A era digital está promovendo a ruína da vida teórica. O artigo investiga se é possível preservar uma tal vida, beneficiando-se das conquistas da fenomenologia da percepção. Mas isso nos conduz a um desafio que muitos consideram destinado ao fracasso. Trata-se de gestar (formar) sensibilidades em diálogo, subjetividades impactadas pelo acontecimento do aprender e do ensinar. Daí a pergunta: haveria ainda sentido em se falar em corpos grávidos de futuro, subjetividades capazes de reativar e reanimar o convívio intersubjetivo a partir do qual reencontramos nossa participação na cultura e na história? Aposta-se na resposta de que somos ainda capazes de afirmar a nossa liberdade, reivindicando uma responsabilidade pelo futuro. Responsabilidade que tem seu ponto de partida numa fenomenologia da percepção.","PeriodicalId":486517,"journal":{"name":"Ágora filosófica","volume":"50 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135428404","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-28DOI: 10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p05-35
Emmanuel de Saint Aubert
D’après ses propres termes, Merleau-Ponty appelle de ses vœux une « philosophie de la chair » et une « nouvelle ontologie ». Il ne s’agit pas là de projets différents, mais bien d’un seul et même geste. Ce qui ne signifie pas pour autant que les deux expressions se recouvrent parfaitement, encore moins que la chair et l’être forment un seul et même concept. L’objet de cet article est justement d’éclairer chez Merleau-Ponty les sens et enjeux de la chair, de l’être, ainsi que leurs rapports. Avant de rappeler la genèse critique de sa conception de la chair, il faut revenir au terme lui-même et à ses significations dans la langue française, puis dissiper certains contresens encore courants sur le sens merleau-pontien de la chair. Autant de préalables nécessaires avant d’interroger le statut de l’ontologie chez Merleau-Ponty, l’originalité de sa conception de l’être, puis d’aborder quelques traits saillants des relations que le philosophe esquisse entre être et chair.
{"title":"Être Et Chair Chez Merleau-Ponty","authors":"Emmanuel de Saint Aubert","doi":"10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p05-35","DOIUrl":"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p05-35","url":null,"abstract":"D’après ses propres termes, Merleau-Ponty appelle de ses vœux une « philosophie de la chair » et une « nouvelle ontologie ». Il ne s’agit pas là de projets différents, mais bien d’un seul et même geste. Ce qui ne signifie pas pour autant que les deux expressions se recouvrent parfaitement, encore moins que la chair et l’être forment un seul et même concept. L’objet de cet article est justement d’éclairer chez Merleau-Ponty les sens et enjeux de la chair, de l’être, ainsi que leurs rapports. Avant de rappeler la genèse critique de sa conception de la chair, il faut revenir au terme lui-même et à ses significations dans la langue française, puis dissiper certains contresens encore courants sur le sens merleau-pontien de la chair. Autant de préalables nécessaires avant d’interroger le statut de l’ontologie chez Merleau-Ponty, l’originalité de sa conception de l’être, puis d’aborder quelques traits saillants des relations que le philosophe esquisse entre être et chair.","PeriodicalId":486517,"journal":{"name":"Ágora filosófica","volume":"64 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135428406","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-28DOI: 10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p61-80
Cleiton Nery de Santana
Este artigo trata da noção de tempo presente nos pensamentos do poeta Paul Claudel e do filósofo Maurice Merleau-Ponty. Não buscamos simplesmente uma apresentação de ambas as concepções, mas compreender a noção de tempo em Claudel para identificar possíveis relações com a noção de tempo em Merleau-Ponty. Assim, no primeiro momento, exporemos o conceito claudeliano de tempo presente em Art Poétique a fim de, no segundo momento, apresentar as possíveis relações existentes entre o poeta e o filósofo acerca da temporalidade. Com isso, torna-se possível compreender o lugar e a importância de Claudel para o projeto filosófico de Merleau-Ponty.
{"title":"Paul Claudel, Maurice Merleau-Ponty e a temporalidade","authors":"Cleiton Nery de Santana","doi":"10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p61-80","DOIUrl":"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p61-80","url":null,"abstract":"Este artigo trata da noção de tempo presente nos pensamentos do poeta Paul Claudel e do filósofo Maurice Merleau-Ponty. Não buscamos simplesmente uma apresentação de ambas as concepções, mas compreender a noção de tempo em Claudel para identificar possíveis relações com a noção de tempo em Merleau-Ponty. Assim, no primeiro momento, exporemos o conceito claudeliano de tempo presente em Art Poétique a fim de, no segundo momento, apresentar as possíveis relações existentes entre o poeta e o filósofo acerca da temporalidade. Com isso, torna-se possível compreender o lugar e a importância de Claudel para o projeto filosófico de Merleau-Ponty.","PeriodicalId":486517,"journal":{"name":"Ágora filosófica","volume":"19 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135428564","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-28DOI: 10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p148-169
Stephan Malta Oliveira
O objetivo do presente artigo consiste em utilizar a noção de barbárie, encontrada em Michel Henry, aplicando-a à psiquiatria, mais especificamente aos efeitos dos diagnósticos psiquiátricos sobre os indivíduos categorizados. Busca-se ainda discutir as funções essencialista e pragmática do diagnóstico na psiquiatria e sua relação com os fenômenos da vida e da subjetividade. Utiliza-se como metodologia a revisão não-sistemática da literatura, por meio da qual foram selecionados textos da fenomenologia da vida, de Henry, com ênfase ao livro A barbárie, e textos voltados a uma análise crítica acerca dos diagnósticos psiquiátricos e de seus efeitos nos processos de subjetivação. Os resultados mostraram que o diagnóstico psiquiátrico, ao enfatizar os aspectos objetivos dos transtornos mentais - os quais remeteriam a supostas disfunções cerebrais que, numa visão essencialista, corresponderiam à própria essência do indivíduo categorizado – e negligenciar/aplacar a dimensão da afetividade/subjetividade, tal qual a ciência moderna, aniquila a própria vida, no que se poderia denominar barbárie psiquiátrica. Por outro lado, quando este é tomado apenas em sua função pragmática, enquanto dispositivo político e tendo o pathos como o legítimo objeto do campo psiquiátrico, se coloca a favor da vida, do sujeito em sua singularidade, do humano.
{"title":"Diagnóstico psiquiátrico, essencialismo e barbárie: considerações a partir da fenomenologia da vida","authors":"Stephan Malta Oliveira","doi":"10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p148-169","DOIUrl":"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p148-169","url":null,"abstract":"O objetivo do presente artigo consiste em utilizar a noção de barbárie, encontrada em Michel Henry, aplicando-a à psiquiatria, mais especificamente aos efeitos dos diagnósticos psiquiátricos sobre os indivíduos categorizados. Busca-se ainda discutir as funções essencialista e pragmática do diagnóstico na psiquiatria e sua relação com os fenômenos da vida e da subjetividade. Utiliza-se como metodologia a revisão não-sistemática da literatura, por meio da qual foram selecionados textos da fenomenologia da vida, de Henry, com ênfase ao livro A barbárie, e textos voltados a uma análise crítica acerca dos diagnósticos psiquiátricos e de seus efeitos nos processos de subjetivação. Os resultados mostraram que o diagnóstico psiquiátrico, ao enfatizar os aspectos objetivos dos transtornos mentais - os quais remeteriam a supostas disfunções cerebrais que, numa visão essencialista, corresponderiam à própria essência do indivíduo categorizado – e negligenciar/aplacar a dimensão da afetividade/subjetividade, tal qual a ciência moderna, aniquila a própria vida, no que se poderia denominar barbárie psiquiátrica. Por outro lado, quando este é tomado apenas em sua função pragmática, enquanto dispositivo político e tendo o pathos como o legítimo objeto do campo psiquiátrico, se coloca a favor da vida, do sujeito em sua singularidade, do humano.","PeriodicalId":486517,"journal":{"name":"Ágora filosófica","volume":"72 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135428567","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-28DOI: 10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p36-60
Nilo Ribeiro Júnior
Essa investigação visa apresentar em linhas gerais a gênese da filosofia da carne com base na obra do filósofo francês Merleau-Ponty. Não se pode negar o fato de que a filosofia de nosso autor esteja a receber um novo fôlego na contemporaneidade graças tanto à publicação como à recepção de seus escritos Inéditos referentes aos cursos ministrados na fase intermediária de seu pensamento (1950), lançados na França no início dessa década. Sem sombra de dúvida, esses escritos, em consonância com os que o antecedem como a Fenomenologia da Percepção (1945), bem como os posteriores, oferecem ao leitor elementos novos para a matização da compreensão da carnalidade em função de sua ontologia da negatividade desenvolvida na obra da maturidade O visível e o invisível (1960). Ao ater-se à questão da gênese da filosofia da carne pretende-se igualmente salientar que o pensamento do autor focado no mote de que a encarnação muda tudo, permite reinscrever as questões da linguagem, da cultura, da ética, da subjetividade, da alteridade etc., em um outro espaço existencial e ontológico a ponto de se poder evadir da tendência à abstração do Logos teorético ou até mesmo dos limites da fenomenologia transcendental de certa forma ainda latentes em algumas correntes filosóficas hodiernas.
{"title":"A encarnação muda tudo: a gênese da filosofia da carne no pensamento de Merleau-Ponty","authors":"Nilo Ribeiro Júnior","doi":"10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p36-60","DOIUrl":"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p36-60","url":null,"abstract":"Essa investigação visa apresentar em linhas gerais a gênese da filosofia da carne com base na obra do filósofo francês Merleau-Ponty. Não se pode negar o fato de que a filosofia de nosso autor esteja a receber um novo fôlego na contemporaneidade graças tanto à publicação como à recepção de seus escritos Inéditos referentes aos cursos ministrados na fase intermediária de seu pensamento (1950), lançados na França no início dessa década. Sem sombra de dúvida, esses escritos, em consonância com os que o antecedem como a Fenomenologia da Percepção (1945), bem como os posteriores, oferecem ao leitor elementos novos para a matização da compreensão da carnalidade em função de sua ontologia da negatividade desenvolvida na obra da maturidade O visível e o invisível (1960). Ao ater-se à questão da gênese da filosofia da carne pretende-se igualmente salientar que o pensamento do autor focado no mote de que a encarnação muda tudo, permite reinscrever as questões da linguagem, da cultura, da ética, da subjetividade, da alteridade etc., em um outro espaço existencial e ontológico a ponto de se poder evadir da tendência à abstração do Logos teorético ou até mesmo dos limites da fenomenologia transcendental de certa forma ainda latentes em algumas correntes filosóficas hodiernas.","PeriodicalId":486517,"journal":{"name":"Ágora filosófica","volume":"28 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135428568","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-28DOI: 10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p170-190
Lucas Ribeiro Vollet
Argumentamos que as vantagens técnicas da rigidez não são o fator mais importante na aceitação da tese de Kripke contra Frege-Russell (sense-wide-scope). A tese filosófica de Kripke está muito distante da de Frege-Russell no sentido de que o primeiro avalia a função da "identidade" de uma maneira diferente - metafísica - do que o último. Neste artigo, argumentamos que a discussão pode evoluir por um caminho diferente: avaliando e avaliando a divergência entre diferentes concepções de conhecimento contrafactual, e estudando os motivos e preços que pareciam razoáveis a Russell-Frege para lidar com o problema modal sem expandir o universo extensional da lógica clássica. Em particular, consideraremos os méritos da opção russelliana, entendida como uma teoria do conhecimento lógico das várias maneiras pelas quais uma proposição pode ser falsa, dependendo de como analisamos a anti-extensão da proposição usando funções proposicionais. Os predicados modais podem ser entendidos essencialmente dentro das estruturas de modelos de verdade falíveis, encontrando uma interpretação extensional para cenários contrafactuais e identidades complexas extensionalizantes. Isso fornece uma compreensão não metafísica do que acontece quando alguém aprende algo logicamente sobre modalidade e contrafactualidade.
{"title":"Modalidade, funções proposicionais e aprendizado lógico: um olhar histórico sobre o conflito entre Kripke e Frege-Russell no prefácio de Naming and Necessity","authors":"Lucas Ribeiro Vollet","doi":"10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p170-190","DOIUrl":"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p170-190","url":null,"abstract":"Argumentamos que as vantagens técnicas da rigidez não são o fator mais importante na aceitação da tese de Kripke contra Frege-Russell (sense-wide-scope). A tese filosófica de Kripke está muito distante da de Frege-Russell no sentido de que o primeiro avalia a função da \"identidade\" de uma maneira diferente - metafísica - do que o último. Neste artigo, argumentamos que a discussão pode evoluir por um caminho diferente: avaliando e avaliando a divergência entre diferentes concepções de conhecimento contrafactual, e estudando os motivos e preços que pareciam razoáveis a Russell-Frege para lidar com o problema modal sem expandir o universo extensional da lógica clássica. Em particular, consideraremos os méritos da opção russelliana, entendida como uma teoria do conhecimento lógico das várias maneiras pelas quais uma proposição pode ser falsa, dependendo de como analisamos a anti-extensão da proposição usando funções proposicionais. Os predicados modais podem ser entendidos essencialmente dentro das estruturas de modelos de verdade falíveis, encontrando uma interpretação extensional para cenários contrafactuais e identidades complexas extensionalizantes. Isso fornece uma compreensão não metafísica do que acontece quando alguém aprende algo logicamente sobre modalidade e contrafactualidade.","PeriodicalId":486517,"journal":{"name":"Ágora filosófica","volume":"64 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135428563","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-28DOI: 10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p191-207
Anderson de Alencar Menezes, Emerson Silva de Oliveira
O Brasil tem passado nos últimos anos por diversos momentos de tensão social. Isto tem levado a sociedade brasileira a promover algumas mudanças, em segmentos diversos de sua organização, embora reconheçamos que nem sempre são modificações para o seu melhor. Nesse cenário, em 2016, o Governo Federal promoveu, por meio de medida provisória, posteriormente transformada em lei, um conjunto de mudanças na área de educação. Fundamentada nas ideias de Theodor Adorno, este artigo traz algumas ideias adornianas do campo da educação, por meio de uma pesquisa qualitativa de cunho documental e uma natural revisão de literatura, tomando-as como ponto de referências para em algum outro momento, que não agora neste artigo, possamos identificar a qual papel tais reformas se prestam e que tipo de cidadão se propõem a formar. Por hora, pensamos em, tão somente, apresentarmos este intelectual e alguns de seus principais conceitos no campo educacional.
{"title":"Theodor Adorno e a Educação Contra a Tarbárie: faces e interfaces","authors":"Anderson de Alencar Menezes, Emerson Silva de Oliveira","doi":"10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p191-207","DOIUrl":"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p191-207","url":null,"abstract":"O Brasil tem passado nos últimos anos por diversos momentos de tensão social. Isto tem levado a sociedade brasileira a promover algumas mudanças, em segmentos diversos de sua organização, embora reconheçamos que nem sempre são modificações para o seu melhor. Nesse cenário, em 2016, o Governo Federal promoveu, por meio de medida provisória, posteriormente transformada em lei, um conjunto de mudanças na área de educação. Fundamentada nas ideias de Theodor Adorno, este artigo traz algumas ideias adornianas do campo da educação, por meio de uma pesquisa qualitativa de cunho documental e uma natural revisão de literatura, tomando-as como ponto de referências para em algum outro momento, que não agora neste artigo, possamos identificar a qual papel tais reformas se prestam e que tipo de cidadão se propõem a formar. Por hora, pensamos em, tão somente, apresentarmos este intelectual e alguns de seus principais conceitos no campo educacional.","PeriodicalId":486517,"journal":{"name":"Ágora filosófica","volume":"38 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135428566","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-28DOI: 10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p81-96
Patricia Mara Rodrigues Silva
O objetivo do presente artigo é apresentar o modo particular com que Merleau-Ponty trabalha o primado da percepção para a fenomenologia, tomando por base as reflexões levantadas por ele no texto A dúvida de Cézanne. Nosso texto se faz em três tópicos; no primeiro discorre-se rapidamente acerca das concepções de corpo e espírito; e em seguida parte-se para a análise de como a pintura de Paul Cézanne nos é apresentada pelo autor como um modo particular de pesquisa fenomenológica; para que, então, no terceiro tópico, seja esclarecida a importância da percepção para se pensar uma nova concepção de racionalidade humana que funcione fora dos impasses das dicotomias, corpo e espírito, sensibilidade e inteligência, e que, para tanto, será preciso reaprender a vincular-se ao mundo sensível e reconhecer definitivamente a percepção como um modo de conhecimento. Só assim será possível viver nossa animalidade humana em toda sua identidade relacional.
{"title":"A percepção e o artista: uma perspectiva antropológica da fenomenologia de Merleau-Ponty","authors":"Patricia Mara Rodrigues Silva","doi":"10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p81-96","DOIUrl":"https://doi.org/10.25247/p1982-999x.2023.v23n3.p81-96","url":null,"abstract":"O objetivo do presente artigo é apresentar o modo particular com que Merleau-Ponty trabalha o primado da percepção para a fenomenologia, tomando por base as reflexões levantadas por ele no texto A dúvida de Cézanne. Nosso texto se faz em três tópicos; no primeiro discorre-se rapidamente acerca das concepções de corpo e espírito; e em seguida parte-se para a análise de como a pintura de Paul Cézanne nos é apresentada pelo autor como um modo particular de pesquisa fenomenológica; para que, então, no terceiro tópico, seja esclarecida a importância da percepção para se pensar uma nova concepção de racionalidade humana que funcione fora dos impasses das dicotomias, corpo e espírito, sensibilidade e inteligência, e que, para tanto, será preciso reaprender a vincular-se ao mundo sensível e reconhecer definitivamente a percepção como um modo de conhecimento. Só assim será possível viver nossa animalidade humana em toda sua identidade relacional.","PeriodicalId":486517,"journal":{"name":"Ágora filosófica","volume":"19 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135428405","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
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