Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.061
<div><h3>Introdução</h3><div>A anemia falciforme é uma hemoglobinopatia comum com manifestações sistêmicas. A colestase intrahepática falciforme é uma forma rara e grave de hepatopatia aguda, caracterizada pela falcização celular difusa com eventos vaso-oclusivos nos sinusóides hepáticos, levando à isquemia. Secundariamente, ocorre colestase intracanalicular devido à hipoxemia. Os critérios diagnósticos incluem parâmetros clínicos e laboratoriais, como febre, dor em hipocôndrio direito, icterícia, insuficiência renal, leucocitose, elevação de transaminases (podendo exceder 1000), aumento da bilirrubina total (principalmente direta) e coagulopatia. O tratamento é desafiador e frequentemente fatal, com abordagem principal de suporte. Opções terapêuticas incluem transfusões de troca ou exsanguineotransfusão e, em casos graves, transplante hepático.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Relatar um caso de colestase intrahepática falciforme diagnosticada por critérios clínicos e laboratoriais.</div></div><div><h3>Métodos</h3><div>Relato de caso de paciente atendida no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). Dados anonimizados.</div></div><div><h3>Relato de caso</h3><div>A.D.S.S., 45 anos, feminina, portadora de anemia falciforme em tratamento com hidroxiuréia e ácido fólico, foi encaminhada ao HSVP com dor torácica e abdominal difusa, dispneia, cefaleia e febre de 39,9ºC, além de náuseas e vômitos. Identificou-se queda significativa de Hb e sinais de hemólise, necessitando transfusão sanguínea e internação para hidratação, analgesia e oxigenoterapia. A paciente evoluiu com hepatite, hepatomegalia, icterícia (3+/4+), aumento da bilirrubina direta (9,6; BT 13,5 e BI 3,9), TGO (1838) e TGP (634), e redução das plaquetas (97.000), sugerindo colestase intrahepática falciforme. Apresentou disfunção neurológica, possivelmente devido a encefalopatia hepática, sendo tratada com medidas laxativas. Realizaram-se três flebotomias terapêuticas e três transfusões, resultando em melhora da disfunção hepática e recuperação neurológica, com alta para a enfermaria de clínica médica. A principal hipótese diagnóstica foi disfunção orgânica múltipla relacionada à anemia falciforme (colestase intrahepática falciforme). Considerou-se eritrocitaférese, mas optou-se por exsanguineotransfusão parcial devido à indisponibilidade do procedimento. A paciente recebeu alta, mas retornou com quadro semelhante, evoluindo para óbito.</div></div><div><h3>Discussão e conclusão</h3><div>O caso apresentou sinais e sintomas hepáticos e diagnóstico prévio de anemia falciforme, preenchendo os critérios diagnósticos de colestase intrahepática falciforme. Trata-se de um quadro raro e de difícil manejo, alinhado aos relatos da literatura. O tratamento instituído foi eficaz na melhora temporária da paciente, destacando a importância do conhecimento sobre complicações raras da anemia falciforme, seus critérios diagnósticos e formas terapêuticas para um manejo rápido e efetivo das crises de falcizaçã
{"title":"ANEMIA FALCIFORME: RELATO DE CASO SOBRE COLESTASE INTRAHEPÁTICA FALCIFORME","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.061","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.061","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A anemia falciforme é uma hemoglobinopatia comum com manifestações sistêmicas. A colestase intrahepática falciforme é uma forma rara e grave de hepatopatia aguda, caracterizada pela falcização celular difusa com eventos vaso-oclusivos nos sinusóides hepáticos, levando à isquemia. Secundariamente, ocorre colestase intracanalicular devido à hipoxemia. Os critérios diagnósticos incluem parâmetros clínicos e laboratoriais, como febre, dor em hipocôndrio direito, icterícia, insuficiência renal, leucocitose, elevação de transaminases (podendo exceder 1000), aumento da bilirrubina total (principalmente direta) e coagulopatia. O tratamento é desafiador e frequentemente fatal, com abordagem principal de suporte. Opções terapêuticas incluem transfusões de troca ou exsanguineotransfusão e, em casos graves, transplante hepático.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Relatar um caso de colestase intrahepática falciforme diagnosticada por critérios clínicos e laboratoriais.</div></div><div><h3>Métodos</h3><div>Relato de caso de paciente atendida no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). Dados anonimizados.</div></div><div><h3>Relato de caso</h3><div>A.D.S.S., 45 anos, feminina, portadora de anemia falciforme em tratamento com hidroxiuréia e ácido fólico, foi encaminhada ao HSVP com dor torácica e abdominal difusa, dispneia, cefaleia e febre de 39,9ºC, além de náuseas e vômitos. Identificou-se queda significativa de Hb e sinais de hemólise, necessitando transfusão sanguínea e internação para hidratação, analgesia e oxigenoterapia. A paciente evoluiu com hepatite, hepatomegalia, icterícia (3+/4+), aumento da bilirrubina direta (9,6; BT 13,5 e BI 3,9), TGO (1838) e TGP (634), e redução das plaquetas (97.000), sugerindo colestase intrahepática falciforme. Apresentou disfunção neurológica, possivelmente devido a encefalopatia hepática, sendo tratada com medidas laxativas. Realizaram-se três flebotomias terapêuticas e três transfusões, resultando em melhora da disfunção hepática e recuperação neurológica, com alta para a enfermaria de clínica médica. A principal hipótese diagnóstica foi disfunção orgânica múltipla relacionada à anemia falciforme (colestase intrahepática falciforme). Considerou-se eritrocitaférese, mas optou-se por exsanguineotransfusão parcial devido à indisponibilidade do procedimento. A paciente recebeu alta, mas retornou com quadro semelhante, evoluindo para óbito.</div></div><div><h3>Discussão e conclusão</h3><div>O caso apresentou sinais e sintomas hepáticos e diagnóstico prévio de anemia falciforme, preenchendo os critérios diagnósticos de colestase intrahepática falciforme. Trata-se de um quadro raro e de difícil manejo, alinhado aos relatos da literatura. O tratamento instituído foi eficaz na melhora temporária da paciente, destacando a importância do conhecimento sobre complicações raras da anemia falciforme, seus critérios diagnósticos e formas terapêuticas para um manejo rápido e efetivo das crises de falcizaçã","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527293","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.046
<div><h3>Objective</h3><div>Remittive therapies for sickle cell disease (SCD) have increased over the past 7 years highlighting the need for standardized and quantifiable markers to monitor SCD, progression and treatment response. The aim was to develop an SCD treatment-decision framework that is well-defined, quantifiable, adaptable, personalizable, and clinically relevant for every stage of the individual patient journey.</div></div><div><h3>Methods</h3><div>SCD experts worldwide, with extensive knowledge of organ systems commonly associated with SCD-related complications participated in an iterative series of advisory boards to identify and prioritize laboratory, clinical, and qualitative measures of SCD progression to see how these measures should be used for treatment decision making. The series were designed to 1) determine quantifiable goals for SCD treatment; 2) identify unmet needs and barriers to applying goal-oriented decision making in SCD clinical practice; and 3) introduce, refine, and validate an SCD treatment-decision framework and populate the framework with specific treatment targets. To aid implementation of a SCD treatment-decision framework in clinical practice, parameters identified were prioritized using a virtual survey and differentiated for pediatric or adult implementation.</div></div><div><h3>Results</h3><div>Advisors focused on the significance of shared decision making between patient and clinician, treatment goals including of biological, social, and psychological dimensions, and the uniqueness of individual patients and their experiences. Advisors recommended that an SCD treatment-decision framework should invoke regular assessment, re-assessment, and proposed the monitoring of three key areas: markers of disease activity, markers of organ damage, and measures of health-related quality of life (HRQoL). Advisors agreed on the manage, monitor, perform (MMR) framework: 1) <u>M</u>anage: Are key SCD parameters managed? 2) <u>M</u>onitor: Are key aspects of disease progression monitored to prevent further organ complications? 3) <u>R</u>ealize: Is the patient able to fulfill their potential? The MMR framework requires clinicians to consider and reassess the three pillars in parallel in the clinic to assess patient treatment. Advisors identified key assessment criteria: SCD parameters (hematological parameters, markers of hemolysis, presence of vaso-occlusive episodes, presence of acute chest syndrome, transfusion burden, risk of infection); presence and severity of organ complications (renal, cardiovascular, pulmonary, neurological, retinal, osteonecrosis, hepatobiliary, endocrine [growth and development], leg ulcers), and shared decision making (patient treatment goals, HRQoL, pain, fatigue, depression, anxiety, transition of care, reproduction and fertility, professional development).</div></div><div><h3>Discussion</h3><div>Unity on SCD treatment measures, outcomes, and goals could improve SCD management and patient o
{"title":"DEVELOPMENT OF A TREATMENT DECISION-MAKING TOOL FOR SICKLE CELL DISEASE MANAGEMENT: THE MANAGE, MONITOR, REALIZE FRAMEWORK","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.046","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.046","url":null,"abstract":"<div><h3>Objective</h3><div>Remittive therapies for sickle cell disease (SCD) have increased over the past 7 years highlighting the need for standardized and quantifiable markers to monitor SCD, progression and treatment response. The aim was to develop an SCD treatment-decision framework that is well-defined, quantifiable, adaptable, personalizable, and clinically relevant for every stage of the individual patient journey.</div></div><div><h3>Methods</h3><div>SCD experts worldwide, with extensive knowledge of organ systems commonly associated with SCD-related complications participated in an iterative series of advisory boards to identify and prioritize laboratory, clinical, and qualitative measures of SCD progression to see how these measures should be used for treatment decision making. The series were designed to 1) determine quantifiable goals for SCD treatment; 2) identify unmet needs and barriers to applying goal-oriented decision making in SCD clinical practice; and 3) introduce, refine, and validate an SCD treatment-decision framework and populate the framework with specific treatment targets. To aid implementation of a SCD treatment-decision framework in clinical practice, parameters identified were prioritized using a virtual survey and differentiated for pediatric or adult implementation.</div></div><div><h3>Results</h3><div>Advisors focused on the significance of shared decision making between patient and clinician, treatment goals including of biological, social, and psychological dimensions, and the uniqueness of individual patients and their experiences. Advisors recommended that an SCD treatment-decision framework should invoke regular assessment, re-assessment, and proposed the monitoring of three key areas: markers of disease activity, markers of organ damage, and measures of health-related quality of life (HRQoL). Advisors agreed on the manage, monitor, perform (MMR) framework: 1) <u>M</u>anage: Are key SCD parameters managed? 2) <u>M</u>onitor: Are key aspects of disease progression monitored to prevent further organ complications? 3) <u>R</u>ealize: Is the patient able to fulfill their potential? The MMR framework requires clinicians to consider and reassess the three pillars in parallel in the clinic to assess patient treatment. Advisors identified key assessment criteria: SCD parameters (hematological parameters, markers of hemolysis, presence of vaso-occlusive episodes, presence of acute chest syndrome, transfusion burden, risk of infection); presence and severity of organ complications (renal, cardiovascular, pulmonary, neurological, retinal, osteonecrosis, hepatobiliary, endocrine [growth and development], leg ulcers), and shared decision making (patient treatment goals, HRQoL, pain, fatigue, depression, anxiety, transition of care, reproduction and fertility, professional development).</div></div><div><h3>Discussion</h3><div>Unity on SCD treatment measures, outcomes, and goals could improve SCD management and patient o","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142526815","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.084
Introdução
a anemia é denominada redução da concentração de hemoglobina e glóbulos vermelhos graças a eritropoiese ineficiente e/ou perda de eritrócitos, que podem ser ocasionadas por diversos fatores, dentre eles, os distúrbios genéticos da hemoglobina. A talassemia é um distúrbio hematológico hereditário, onde ocorre a síntese deficiente ou ausente das cadeias de alfa ou beta globinas da hemoglobina. Alterações essas resultam em hemólise e prejudicam a eritropoiese. A gravidade dos sintomas está intimamente associada à subunidade afetada e à extensão da alteração.
Objetivo
Este trabalho teve por objetivo avaliar a mortalidade da talassemia no Brasil nos anos de 2012 a 2021.
Material e métodos
Foi realizada uma análise estatística de dados provenientes do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DATASUS, no período de 2012 a 2021.
Resultados
Foi observado no período de estudo, 158 óbitos relacionados a talassemia no Brasil. Nota-se uma tendencia crescente na porcentagem de óbitos por talassemia, sendo o ano de 2021 o correspondente ao ano com o maior percentual de óbitos com 13,29%. Dentre as regiões analisadas, o Sudeste destacou-se como a região com a maior taxa bruta de mortalidade, onde observou-se 9,82 óbitos a cada 10 milhões de habitantes. Dentre as faixas etárias analisadas, o seguimento etário de 80 anos ou mais correspondeu ao grupo com o maior percentual de óbitos pela doença com 30,38%.
Conclusão
Embora o estudo tenha evidenciado uma tendencia crescente nos óbitos por talassemia no Brasil, a doença possui baixa mortalidade. O diagnóstico precoce e tratamento eficaz estão associados ao aumento da sobrevida dos indivíduos portadores, assim, supostamente atribui-se o baixo índice de mortalidade da doença a programas de diagnóstico e tratamento ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
{"title":"ANÁLISE DA MORTALIDADE POR TALASSEMIA NO BRASIL DE 2012 A 2021","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.084","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.084","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>a anemia é denominada redução da concentração de hemoglobina e glóbulos vermelhos graças a eritropoiese ineficiente e/ou perda de eritrócitos, que podem ser ocasionadas por diversos fatores, dentre eles, os distúrbios genéticos da hemoglobina. A talassemia é um distúrbio hematológico hereditário, onde ocorre a síntese deficiente ou ausente das cadeias de alfa ou beta globinas da hemoglobina. Alterações essas resultam em hemólise e prejudicam a eritropoiese. A gravidade dos sintomas está intimamente associada à subunidade afetada e à extensão da alteração.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Este trabalho teve por objetivo avaliar a mortalidade da talassemia no Brasil nos anos de 2012 a 2021.</div></div><div><h3>Material e métodos</h3><div>Foi realizada uma análise estatística de dados provenientes do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DATASUS, no período de 2012 a 2021.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Foi observado no período de estudo, 158 óbitos relacionados a talassemia no Brasil. Nota-se uma tendencia crescente na porcentagem de óbitos por talassemia, sendo o ano de 2021 o correspondente ao ano com o maior percentual de óbitos com 13,29%. Dentre as regiões analisadas, o Sudeste destacou-se como a região com a maior taxa bruta de mortalidade, onde observou-se 9,82 óbitos a cada 10 milhões de habitantes. Dentre as faixas etárias analisadas, o seguimento etário de 80 anos ou mais correspondeu ao grupo com o maior percentual de óbitos pela doença com 30,38%.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Embora o estudo tenha evidenciado uma tendencia crescente nos óbitos por talassemia no Brasil, a doença possui baixa mortalidade. O diagnóstico precoce e tratamento eficaz estão associados ao aumento da sobrevida dos indivíduos portadores, assim, supostamente atribui-se o baixo índice de mortalidade da doença a programas de diagnóstico e tratamento ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).</div></div>","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527148","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.057
<div><h3>Background</h3><div>Thalassemia, a group of inherited disorders characterized by ineffective erythropoiesis and chronic hemolytic anemia, is associated with wide-ranging impacts on health-related quality of life (HRQoL), such as impaired physical functioning and fatigue. Anemia has been associated with increased symptom burden and poor HRQoL in patients (pts) with non–transfusion-dependent thalassemia (NTDT). There are no available oral disease-modifying therapies that have been shown to improve HRQoL in β-thalassemia and no agents are approved for α-thalassemia. In a phase 2 study of pts with NTDT, improvements in hemoglobin were observed with mitapivat, a first-in-class, oral, allosteric activator of pyruvate kinase, and it has the potential to improve HRQoL.</div></div><div><h3>Aims</h3><div>To evaluate the impact of mitapivat vs placebo on fatigue, physical function, and other thalassemia symptoms in adults with α- or β-NTDT in ENERGIZE, a phase 3, double-blind, randomized, placebo-controlled, global trial.</div></div><div><h3>Methods</h3><div>Adults (≥18 years) were randomized 2:1 to mitapivat 100 mg twice daily or placebo for 24 weeks (wks). NTDT was defined as ≤5 red blood cell (RBC) units transfused in the 24 wks before randomization and no RBC transfusions ≤8 wks before informed consent or during screening. The Functional Assessment of Chronic Illness Therapy–Fatigue Scale (FACIT-Fatigue), 6-Minute Walk Test (6MWT), and Patient Global Impression of Change (PGIC) of Fatigue, Thalassemia Symptoms, and Walking Capacity were among the outcomes assessed. Changes from baseline (BL) for FACIT-Fatigue (Wks 12–24) and 6MWT (Wk 24), and the results of PGIC-Fatigue, (Wks 12–24), PGIC-Thalassemia Symptoms, and PGIC-Walking Capacity (both Wk 24) were summarized. The clinically meaningful within-person change (MWPC) threshold for FACIT-Fatigue was estimated to be a ≥4.5-point change from BL in average score from Wks 12–24, using an anchor-based method.</div></div><div><h3>Results</h3><div>194 pts were randomized (mitapivat n = 130; placebo n = 64); BL characteristics were similar between treatment arms. Mitapivat demonstrated a statistically significant improvement compared with placebo in change from BL to Wk 12–24 average FACIT-Fatigue score; least-squares mean (LSM) change from BL was 4.85 for mitapivat vs 1.46 for placebo (LSM difference (95% CI): 3.40 (1.21, 5.59); 2-sided p < 0.0026), and 36.2% of pts in the mitapivat arm achieved the MWPC threshold of ≥4.5 vs 21.9% in the placebo arm. For the 6MWT, LSM change from BL to Wk 24 was 30.48 m for mitapivat and 7.11 m for placebo (LSM difference (95% CI): 23.36 m (6.90, 39.83)). The observed frequency of pts with improvements (reporting feeling much/a little better) in PGIC-Fatigue was higher for pts in the mitapivat arm than the placebo arm at Wk 12 (63.1% vs 23.4%), Wk 16 (69.2% vs 23.4%), Wk 20 (62.3% vs 28.1%), and Wk 24 (60.8% vs 31.3%). Improvements in PGIC-Thalassemia Symptoms and
背景地中海贫血是一组遗传性疾病,其特征是红细胞生成障碍和慢性溶血性贫血,对健康相关的生活质量(HRQoL)有广泛的影响,如身体功能受损和疲劳。贫血与非输血依赖型地中海贫血(NTDT)患者(pts)症状负担加重和 HRQoL 低下有关。目前还没有口服改变疾病疗法可改善β地中海贫血患者的 HRQoL,也没有药物获准用于α地中海贫血。在一项针对 NTDT 患者的 2 期研究中,观察到米他匹伐(一种首创的丙酮酸激酶异位激活剂口服药物)可改善血红蛋白,并有可能改善 HRQoL。目的在ENERGIZE(一项3期、双盲、随机、安慰剂对照的全球性试验)中评估米他匹伐与安慰剂相比对α-或β-NTDT成人患者的疲劳、身体功能和其他地中海贫血症状的影响。方法将成人(≥18岁)按2:1的比例随机分配到米他匹伐100毫克或安慰剂中,每天两次,为期24周(周)。NTDT的定义是:随机化前24周内输注的红细胞(RBC)单位少于5个,且在知情同意前或筛查期间输注RBC的时间少于8周。评估的结果包括慢性疾病治疗功能评估-疲劳量表(FACIT-Fatigue)、6 分钟步行测试(6MWT)以及疲劳、地中海贫血症状和步行能力的患者总体变化印象(PGIC)。总结了 FACIT-疲劳(第 12-24 周)和 6MWT(第 24 周)与基线(BL)相比的变化,以及 PGIC-疲劳(第 12-24 周)、PGIC-地中海贫血症状和 PGIC-行走能力(均为第 24 周)的结果。采用基于锚的方法估算,FACIT-疲劳的有临床意义的人内变化(MWPC)阈值为第12-24周平均得分与BL相比变化≥4.5分。与安慰剂相比,米他匹伐对第12-24周FACIT-Fatigue平均得分的变化有显著的统计学改善;米他匹伐的最小二乘平均值(LSM)为4.85,安慰剂为1.46(LSM差异(95% CI):3.40 (1.21, 5.59);双侧p< 0.0026),米他匹伐治疗组36.2%的患者达到了MWPC≥4.5的阈值,安慰剂治疗组为21.9%。就 6MWT 而言,从基础阶段到第 24 周,mitapivat 的 LSM 变化为 30.48 米,安慰剂为 7.11 米(LSM 差异 (95% CI):23.36 米 (6.90, 39.83))。在第12周(63.1% vs 23.4%)、第16周(69.2% vs 23.4%)、第20周(62.3% vs 28.1%)和第24周(60.8% vs 31.3%)时,观察到PGIC-疲劳有所改善(报告感觉好很多/好一点)的受试者频率,米他匹伐治疗组高于安慰剂治疗组。在第24周时,米他匹伐治疗组患者的PGIC-地中海贫血症状和PGIC-行走能力得到改善的比例也高于安慰剂治疗组(分别为67.7% vs 32.8%;55.4% vs 28.1%)。摘要/结论米他匹伐特是第一种口服、改变病情的试验性疗法,在同时纳入α-NTDT患者和β-NTDT患者的临床试验中,观察到患者的HRQoL(包括疲劳和行走能力)得到了显著改善。
{"title":"IMPROVEMENTS IN FATIGUE AND 6-MINUTE WALK TEST IN ADULTS WITH ALPHA- OR BETA-NON–TRANSFUSION-DEPENDENT THALASSEMIA: THE PHASE 3 ENERGIZE TRIAL OF MITAPIVAT","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.057","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.057","url":null,"abstract":"<div><h3>Background</h3><div>Thalassemia, a group of inherited disorders characterized by ineffective erythropoiesis and chronic hemolytic anemia, is associated with wide-ranging impacts on health-related quality of life (HRQoL), such as impaired physical functioning and fatigue. Anemia has been associated with increased symptom burden and poor HRQoL in patients (pts) with non–transfusion-dependent thalassemia (NTDT). There are no available oral disease-modifying therapies that have been shown to improve HRQoL in β-thalassemia and no agents are approved for α-thalassemia. In a phase 2 study of pts with NTDT, improvements in hemoglobin were observed with mitapivat, a first-in-class, oral, allosteric activator of pyruvate kinase, and it has the potential to improve HRQoL.</div></div><div><h3>Aims</h3><div>To evaluate the impact of mitapivat vs placebo on fatigue, physical function, and other thalassemia symptoms in adults with α- or β-NTDT in ENERGIZE, a phase 3, double-blind, randomized, placebo-controlled, global trial.</div></div><div><h3>Methods</h3><div>Adults (≥18 years) were randomized 2:1 to mitapivat 100 mg twice daily or placebo for 24 weeks (wks). NTDT was defined as ≤5 red blood cell (RBC) units transfused in the 24 wks before randomization and no RBC transfusions ≤8 wks before informed consent or during screening. The Functional Assessment of Chronic Illness Therapy–Fatigue Scale (FACIT-Fatigue), 6-Minute Walk Test (6MWT), and Patient Global Impression of Change (PGIC) of Fatigue, Thalassemia Symptoms, and Walking Capacity were among the outcomes assessed. Changes from baseline (BL) for FACIT-Fatigue (Wks 12–24) and 6MWT (Wk 24), and the results of PGIC-Fatigue, (Wks 12–24), PGIC-Thalassemia Symptoms, and PGIC-Walking Capacity (both Wk 24) were summarized. The clinically meaningful within-person change (MWPC) threshold for FACIT-Fatigue was estimated to be a ≥4.5-point change from BL in average score from Wks 12–24, using an anchor-based method.</div></div><div><h3>Results</h3><div>194 pts were randomized (mitapivat n = 130; placebo n = 64); BL characteristics were similar between treatment arms. Mitapivat demonstrated a statistically significant improvement compared with placebo in change from BL to Wk 12–24 average FACIT-Fatigue score; least-squares mean (LSM) change from BL was 4.85 for mitapivat vs 1.46 for placebo (LSM difference (95% CI): 3.40 (1.21, 5.59); 2-sided p < 0.0026), and 36.2% of pts in the mitapivat arm achieved the MWPC threshold of ≥4.5 vs 21.9% in the placebo arm. For the 6MWT, LSM change from BL to Wk 24 was 30.48 m for mitapivat and 7.11 m for placebo (LSM difference (95% CI): 23.36 m (6.90, 39.83)). The observed frequency of pts with improvements (reporting feeling much/a little better) in PGIC-Fatigue was higher for pts in the mitapivat arm than the placebo arm at Wk 12 (63.1% vs 23.4%), Wk 16 (69.2% vs 23.4%), Wk 20 (62.3% vs 28.1%), and Wk 24 (60.8% vs 31.3%). Improvements in PGIC-Thalassemia Symptoms and ","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527155","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.063
<div><h3>Objetivos</h3><div>Dor crônica é uma complicação frequente e debilitante das Doenças Falciformes (DF). O objetivo deste estudo foi avaliar seu impacto na saúde mental e qualidade de vida dos pacientes, além de buscar identificar moléculas associadas à sua ocorrência, na prospecção de novos alvos terapêuticos.</div></div><div><h3>Material e métodos</h3><div>Pacientes adultos com DF acompanhados no Hemocentro UNICAMP completaram questionários PROMIS (Patient-Reported Outcomes Measurement Information System) validados para língua portuguesa, nos domínios de depressão, ansiedade e interferência da dor na vida diária. Os resultados foram reportados na forma de T <em>scores</em> em relação a uma população referência, e usados na busca de correlações com dados clínicos e laboratoriais. Em paralelo, amostras plasmáticas dos mesmos pacientes e de controles saudáveis foram submetidas a análise de perfil metabolômico por Cromatografia Líquida de Ultra Performance acoplada à Espectrometria de Massa de Alta Resolução (UHPLC-HRMS) não direcionada (untargeted) na busca de possíveis marcadores moleculares diferenciando pacientes com ou sem dor crônica.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Foram incluídos 43 pacientes, com mediana de idade de 43 anos (15-78), sendo 27 (63%) do sexo feminino, 25 HbSS, 08 HbSC, 7 Sbeta-talassemia e 3 HbSD. Comparando-se os indivíduos de acordo com a presença ou não de dor crônica: indivíduos com dor crônica têm maior mediana de idade (39.3 x 48.7, p = 0.026), maiores níveis de Hb (9,9 x 8,7, p = 0.038), menores contagens leucocitárias totais (6.35 x 7.68, p = 0.04), mas sem diferenças significativas nos resultados dos testes PROMIS. Entretanto, a ocorrência de pelo menos uma crise vasooclusiva (CVO) nos últimos 6 meses ou o diagnóstico de necrose óssea avascular tiveram relação estatisticamente significativa com piores resultados nos 3 domínios PROMIS testados. Além disso, quanto menor a renda dos pacientes, pior o impacto da dor na vida diária (r = -0,46, p < 0,001). Em relação às análises por UHPLC-MS, foram identificadas 107 moléculas com significativa diferença de expressão entre controles saudáveis, pacientes com dor crônica ou sem dor crônica. Dentre elas, observou-se maior expressão de moléculas do sistema endocanabinóide (2-Arachidonoylglycerol e 2-Eicosapentaenoyl-glycerol) nos pacientes sem dor crônica, e a maior expressão de lisoplasmenilcolina e ácido adrênico no grupo acometido por dor crônica.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Nesta coorte de pacientes brasileiros, demonstrou-se que a ocorrência de CVOs, o diagnóstico de necrose óssea e baixa renda estão relacionados a piores índices de ansiedade, depressão e interferência da dor na vida diária. A maior expressão de moléculas do sistema endocanabinóide pode indicar um fator de proteção nos pacientes que não são acometidos por dor crônica. Já nos pacientes com dor crônica, o aumento de ácido adrênico pode estar associado a maior ocorrência de ferrop
{"title":"IMPACTO E AGRAVANTES DA DOR CRÔNICA NAS DOENÇAS FALCIFORMES: RESULTADOS DA ANÁLISE DE QUESTIONÁRIOS PROMIS E DO PERFIL METABOLÔMICO DE PACIENTES ADULTOS BRASILEIROS","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.063","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.063","url":null,"abstract":"<div><h3>Objetivos</h3><div>Dor crônica é uma complicação frequente e debilitante das Doenças Falciformes (DF). O objetivo deste estudo foi avaliar seu impacto na saúde mental e qualidade de vida dos pacientes, além de buscar identificar moléculas associadas à sua ocorrência, na prospecção de novos alvos terapêuticos.</div></div><div><h3>Material e métodos</h3><div>Pacientes adultos com DF acompanhados no Hemocentro UNICAMP completaram questionários PROMIS (Patient-Reported Outcomes Measurement Information System) validados para língua portuguesa, nos domínios de depressão, ansiedade e interferência da dor na vida diária. Os resultados foram reportados na forma de T <em>scores</em> em relação a uma população referência, e usados na busca de correlações com dados clínicos e laboratoriais. Em paralelo, amostras plasmáticas dos mesmos pacientes e de controles saudáveis foram submetidas a análise de perfil metabolômico por Cromatografia Líquida de Ultra Performance acoplada à Espectrometria de Massa de Alta Resolução (UHPLC-HRMS) não direcionada (untargeted) na busca de possíveis marcadores moleculares diferenciando pacientes com ou sem dor crônica.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Foram incluídos 43 pacientes, com mediana de idade de 43 anos (15-78), sendo 27 (63%) do sexo feminino, 25 HbSS, 08 HbSC, 7 Sbeta-talassemia e 3 HbSD. Comparando-se os indivíduos de acordo com a presença ou não de dor crônica: indivíduos com dor crônica têm maior mediana de idade (39.3 x 48.7, p = 0.026), maiores níveis de Hb (9,9 x 8,7, p = 0.038), menores contagens leucocitárias totais (6.35 x 7.68, p = 0.04), mas sem diferenças significativas nos resultados dos testes PROMIS. Entretanto, a ocorrência de pelo menos uma crise vasooclusiva (CVO) nos últimos 6 meses ou o diagnóstico de necrose óssea avascular tiveram relação estatisticamente significativa com piores resultados nos 3 domínios PROMIS testados. Além disso, quanto menor a renda dos pacientes, pior o impacto da dor na vida diária (r = -0,46, p < 0,001). Em relação às análises por UHPLC-MS, foram identificadas 107 moléculas com significativa diferença de expressão entre controles saudáveis, pacientes com dor crônica ou sem dor crônica. Dentre elas, observou-se maior expressão de moléculas do sistema endocanabinóide (2-Arachidonoylglycerol e 2-Eicosapentaenoyl-glycerol) nos pacientes sem dor crônica, e a maior expressão de lisoplasmenilcolina e ácido adrênico no grupo acometido por dor crônica.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Nesta coorte de pacientes brasileiros, demonstrou-se que a ocorrência de CVOs, o diagnóstico de necrose óssea e baixa renda estão relacionados a piores índices de ansiedade, depressão e interferência da dor na vida diária. A maior expressão de moléculas do sistema endocanabinóide pode indicar um fator de proteção nos pacientes que não são acometidos por dor crônica. Já nos pacientes com dor crônica, o aumento de ácido adrênico pode estar associado a maior ocorrência de ferrop","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527246","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.022
<div><h3>Objetivos</h3><div>Descrever o perfil de pacientes com hemocromatose em uma instituição privada de saúde de São Paulo.</div></div><div><h3>Material e métodos</h3><div>Estudo retrospectivo, observacional, descritivo, baseado em dados de prontuários eletrônicos com consentimento de coleta de pacientes diagnosticados com sobrecarga congênita de ferro e acompanhados em clínica privada de hematologia na cidade de São Paulo. Todos os pacientes apresentaram suspeita para investigação de etiologias genéticas de sobrecarga de ferro (saturação de transferrina superior a 45% com ferritina superior a 200 mu/L em mulheres ou 300 mu/L em homens), havendo sido descartado diagnósticos diferenciais metabólicos e diversos.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>85 pacientes preencheram critérios para investigação de causas genéticas de sobrecarga de ferro. Idade média ao diagnóstico de 52 anos (24 - 87), dentre os quais 62 (73%) do gênero masculino, com mediana de idade de 50 (masculino) e 58 (feminino). 66 pacientes apresentaram resultados alterados na pesquisa genética – 3 (4%) homozigose H63D; 4 (6%) heterozigose C282Y; 5 (7%) homozigose C282Y; 8 (12%) heterozigose C282Y/H63D; e 45 (66%) heterozigose H63D. Ainda, 1 (3%) apresentou heterozigose para o alelo S65C. 19 pacientes (28%) não apresentaram definição molecular detectável pelas metodologias disponíveis em nossa instituição. Valores de ferritina ao diagnóstico com média de 747 (57 – 2711 mu/L). Os níveis mais elevados (1000 – 2711 mu/L) foram observados na população com H63D em homozigose, seguida de S65C em heterozigose (993 – 1255 mu/L). Todos os pacientes recebem orientações dietéticas e realizam sangrias terapêuticas objetivando níveis de ferritina próximos a 50 mu/L. Apenas um paciente no momento da redação deste trabalho apresentou intolerância à flebotomia e realiza quelação medicamentosa (Desferasirox).</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Nosso perfil de pacientes corresponde ao descrito na literatura científica em relação ao perfil de acometimento ser predominante no gênero masculino, idade média do diagnóstico superior a 35 anos e prevalência de mutações HFE-relacionadas. Os subtipos de hemocromatose não-HFE / não-tipo 1 não foram detectados em nossa população e se relacionam a baixa frequência descrita na literatura especializada. Nossa amostragem demonstra idade de diagnóstico mais tardia (mediana de 50 anos). Os níveis de ferritina no diagnóstico observado na maioria dos pacientes com status mutacional em heterozigose foi mais elevado que o habitualmente relatado em outras séries de caso. Nosso perfil de pacientes corrobora com a recomendação terapêutica de flebotomias periódicas, com intolerância em apenas um paciente e boa tolerância e aderência nos demais.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Nosso perfil de pacientes é composto majoritariamente por pacientes masculinos, adultos, com mutações HFE-relacionadas e boa tolerância a flebotomias terapêuticas. Os níveis de ferritina
{"title":"SOBRECARGAS CONGÊNITAS DE FERRO: PERFIL DE PACIENTES DE UM CENTRO PRIVADO DE HEMATOLOGIA DA CIDADE DE SÃO PAULO","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.022","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.022","url":null,"abstract":"<div><h3>Objetivos</h3><div>Descrever o perfil de pacientes com hemocromatose em uma instituição privada de saúde de São Paulo.</div></div><div><h3>Material e métodos</h3><div>Estudo retrospectivo, observacional, descritivo, baseado em dados de prontuários eletrônicos com consentimento de coleta de pacientes diagnosticados com sobrecarga congênita de ferro e acompanhados em clínica privada de hematologia na cidade de São Paulo. Todos os pacientes apresentaram suspeita para investigação de etiologias genéticas de sobrecarga de ferro (saturação de transferrina superior a 45% com ferritina superior a 200 mu/L em mulheres ou 300 mu/L em homens), havendo sido descartado diagnósticos diferenciais metabólicos e diversos.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>85 pacientes preencheram critérios para investigação de causas genéticas de sobrecarga de ferro. Idade média ao diagnóstico de 52 anos (24 - 87), dentre os quais 62 (73%) do gênero masculino, com mediana de idade de 50 (masculino) e 58 (feminino). 66 pacientes apresentaram resultados alterados na pesquisa genética – 3 (4%) homozigose H63D; 4 (6%) heterozigose C282Y; 5 (7%) homozigose C282Y; 8 (12%) heterozigose C282Y/H63D; e 45 (66%) heterozigose H63D. Ainda, 1 (3%) apresentou heterozigose para o alelo S65C. 19 pacientes (28%) não apresentaram definição molecular detectável pelas metodologias disponíveis em nossa instituição. Valores de ferritina ao diagnóstico com média de 747 (57 – 2711 mu/L). Os níveis mais elevados (1000 – 2711 mu/L) foram observados na população com H63D em homozigose, seguida de S65C em heterozigose (993 – 1255 mu/L). Todos os pacientes recebem orientações dietéticas e realizam sangrias terapêuticas objetivando níveis de ferritina próximos a 50 mu/L. Apenas um paciente no momento da redação deste trabalho apresentou intolerância à flebotomia e realiza quelação medicamentosa (Desferasirox).</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Nosso perfil de pacientes corresponde ao descrito na literatura científica em relação ao perfil de acometimento ser predominante no gênero masculino, idade média do diagnóstico superior a 35 anos e prevalência de mutações HFE-relacionadas. Os subtipos de hemocromatose não-HFE / não-tipo 1 não foram detectados em nossa população e se relacionam a baixa frequência descrita na literatura especializada. Nossa amostragem demonstra idade de diagnóstico mais tardia (mediana de 50 anos). Os níveis de ferritina no diagnóstico observado na maioria dos pacientes com status mutacional em heterozigose foi mais elevado que o habitualmente relatado em outras séries de caso. Nosso perfil de pacientes corrobora com a recomendação terapêutica de flebotomias periódicas, com intolerância em apenas um paciente e boa tolerância e aderência nos demais.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Nosso perfil de pacientes é composto majoritariamente por pacientes masculinos, adultos, com mutações HFE-relacionadas e boa tolerância a flebotomias terapêuticas. Os níveis de ferritina","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527217","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.095
<div><h3>Introduction</h3><div>Patients with sickle cell anemia (SCA) often exhibit reduced levels of high-density lipoprotein (HDL), which may be attributed to factors such as chronic inflammation, hemolysis, and oxidative stress. The CD36 gene, particularly the SNP rs3211938, regulates fatty acid metabolism and has been shown in other conditions, such as diabetes mellitus, to affect HDL levels. Alterations in lipid profiles and HDL functionality may potentially increase cardiovascular risk in individuals with SCA.</div></div><div><h3>Objective</h3><div>This study aimed to investigate whether CD36 gene polymorphisms influence HDL levels in SCA patients.</div></div><div><h3>Material and methods</h3><div>A Brazilian cohort of 190 patients with SCA was included, comprising 92 men and 98 women, with a mean age of 25.5 years (ranging from 15 to 56 years). All participants were confirmed as HbSS through high-performance liquid chromatography and molecular analysis. DNA was extracted from leukocytes obtained from total blood using the phenol/chloroform method. Genotyping of the CD36 gene was performed using the TaqMan assay. The association between genotypes and HDL levels was assessed using analysis of variance (ANOVA) to identify significant differences in HDL levels among different genotypes. Tukey's multiple comparison test was subsequently applied to determine which genotype pairs showed significant differences in HDL levels. All statistical analyses were conducted using RStudio, with the significance level set at p < 0.05.</div></div><div><h3>Results</h3><div>Genotyping revealed that 171 individuals carried the wild-type allele TT, 4 carried the mutant allele GG, and 15 carried the TG allele. Hardy-Weinberg equilibrium analysis showed allele frequencies of 0.93 for TT and 0.07 for GG, with a Chi<sup>2</sup>value of 17.7. ANOVA demonstrated a significant difference in HDL levels among the genotypes (F(2, 105) = 4.163, p = 0.0182). Tukey's test revealed that the mean difference in HDL levels between the TG and GG genotypes was 300.75, with a 95% confidence interval (CI) ranging from 20.42 to 581.08, indicating a significant difference (p = 0.0324). However, no significant differences were observed in HDL levels between the TT and GG genotypes (mean difference of 173.78; 95% CI: -79.50 to 427.05; p = 0.2371) or between the TT and TG genotypes (mean difference of -126.97; 95% CI: -257.36 to 3.41; p = 0.0580).</div></div><div><h3>Discussion</h3><div>The observed increase in HDL levels in individuals with the TG genotype may indicate a positive modulation of HDL functionality, which is particularly relevant for the SCA population given their predisposition to an adverse lipid profile and increased cardiovascular risk. The lack of significant differences in HDL levels between the TT and GG genotypes or the TT and TG genotypes suggests that the presence of the G allele, even in heterozygosity, may be sufficient to positively influence HDL levels. Thes
{"title":"INFLUENCE OF CD36 RS3211938 POLYMORPHISM ON HDL LEVELS IN BRAZILIAN SICKLE CELL ANEMIA PATIENTS","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.095","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.095","url":null,"abstract":"<div><h3>Introduction</h3><div>Patients with sickle cell anemia (SCA) often exhibit reduced levels of high-density lipoprotein (HDL), which may be attributed to factors such as chronic inflammation, hemolysis, and oxidative stress. The CD36 gene, particularly the SNP rs3211938, regulates fatty acid metabolism and has been shown in other conditions, such as diabetes mellitus, to affect HDL levels. Alterations in lipid profiles and HDL functionality may potentially increase cardiovascular risk in individuals with SCA.</div></div><div><h3>Objective</h3><div>This study aimed to investigate whether CD36 gene polymorphisms influence HDL levels in SCA patients.</div></div><div><h3>Material and methods</h3><div>A Brazilian cohort of 190 patients with SCA was included, comprising 92 men and 98 women, with a mean age of 25.5 years (ranging from 15 to 56 years). All participants were confirmed as HbSS through high-performance liquid chromatography and molecular analysis. DNA was extracted from leukocytes obtained from total blood using the phenol/chloroform method. Genotyping of the CD36 gene was performed using the TaqMan assay. The association between genotypes and HDL levels was assessed using analysis of variance (ANOVA) to identify significant differences in HDL levels among different genotypes. Tukey's multiple comparison test was subsequently applied to determine which genotype pairs showed significant differences in HDL levels. All statistical analyses were conducted using RStudio, with the significance level set at p < 0.05.</div></div><div><h3>Results</h3><div>Genotyping revealed that 171 individuals carried the wild-type allele TT, 4 carried the mutant allele GG, and 15 carried the TG allele. Hardy-Weinberg equilibrium analysis showed allele frequencies of 0.93 for TT and 0.07 for GG, with a Chi<sup>2</sup>value of 17.7. ANOVA demonstrated a significant difference in HDL levels among the genotypes (F(2, 105) = 4.163, p = 0.0182). Tukey's test revealed that the mean difference in HDL levels between the TG and GG genotypes was 300.75, with a 95% confidence interval (CI) ranging from 20.42 to 581.08, indicating a significant difference (p = 0.0324). However, no significant differences were observed in HDL levels between the TT and GG genotypes (mean difference of 173.78; 95% CI: -79.50 to 427.05; p = 0.2371) or between the TT and TG genotypes (mean difference of -126.97; 95% CI: -257.36 to 3.41; p = 0.0580).</div></div><div><h3>Discussion</h3><div>The observed increase in HDL levels in individuals with the TG genotype may indicate a positive modulation of HDL functionality, which is particularly relevant for the SCA population given their predisposition to an adverse lipid profile and increased cardiovascular risk. The lack of significant differences in HDL levels between the TT and GG genotypes or the TT and TG genotypes suggests that the presence of the G allele, even in heterozygosity, may be sufficient to positively influence HDL levels. Thes","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527085","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.004
<div><h3>Introdução</h3><div>A sangria terapêutica é um procedimento ambulatorial semelhante a doação de sangue, porém o sangue é desprezado após a coleta. O procedimento reduz sinais e sintomas de diferentes doenças, sendo realizada regularmente ou esporadicamente. A indicação, o volume a ser retirado e a frequência são definidos pelo médico hematologista, considerando diagnóstico, testes laboratoriais e sintomas. Dentre as principais indicações estão portadores de policitemias, hemoglobinopatias, hemocromatose e hiperferritinemias.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Investigar o perfil epidemiológico de pacientes submetidos a sangria terapêutica realizado pela agência transfusional em um hospital privado em Joinville/SC de 2022 e 2023.</div></div><div><h3>Métodos</h3><div>Realizada uma análise retrospectiva e quantitativa de pacientes submetidos a sangria terapêutica entre 01 de janeiro de 2022 a 31 de dezembro de 2023. Dados obtidos através de formulário preenchido por atendimento, onde foram avaliados sexo, idade, volume retirado, frequência e indicação clínica.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>No período estudado foram realizadas 613 sangrias terapêuticas, sendo 121 pacientes, com predominância de pacientes do sexo masculino (92,66%). A faixa etária analisada variou entre 29 e 90 anos, com média de 52 anos. Observou-se maior incidência entre as idades de 51 a 60 anos (30,58%) e de 41 a 50 anos (24,79%). Média de 500 mL retirado por procedimento. Quanto à frequência, 27 pacientes submeteram-se ao procedimento de 8 a 26 vezes em dois anos. Todos realizaram o procedimento em intervalos de 15 ou 30 dias. Entre as indicações clínicas, a hemocromatose sem ou com mutação genética (HH) diagnosticada foi a mais comum, afetando 57,02%. Outros diagnósticos foram observados: hiperferritinemias (29,76%), hiperferritinemias com perfil genético negativo (4,13%), policitemia secundária (4,13%) e policitemia (2,48%). Casos de porfiria, síndrome metabólica e talassemia menor foram observados em 0,82% cada.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Ribeiro (2022) e Zilio (2018) observaram prevalência de pacientes do sexo masculino (83,5% e 84,1%), similar ao presente estudo (92,66%). Constatado média de 52 anos. De acordo com os autores, os pacientes apresentaram média de 46 e 53 anos, nesta ordem. O volume retirado segue guidelines (USP, 2024) que sugerem não ultrapassar de 500 mL por sessão. Dentre as indicações clínicas, Santos (2022) em SP relata que 45% dos pacientes apresentam HH, enquanto Ribeiro (2023) na BA traz 84,48%. Em SC (Zilio, 2018) demonstra que 56,8% apresentam HH. No presente estudo, foi encontrado 57,02% dos pacientes com hemocromatose concordando que tais dados variam de acordo com a região estudada.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>De 2022 a 2023 foram realizadas 613 sangrias terapêuticas, sendo predominante o sexo masculino, de 51 a 60 anos e hemocromatose a comorbidade com maior índice. A frequência indicada pelos hematolog
{"title":"ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES SUBMETIDOS A SANGRIA TERAPÊUTICA REALIZADO PELA AGÊNCIA TRANSFUSIONAL EM UM HOSPITAL PRIVADO NO NORTE DE SANTA CATARINA","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.004","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.004","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A sangria terapêutica é um procedimento ambulatorial semelhante a doação de sangue, porém o sangue é desprezado após a coleta. O procedimento reduz sinais e sintomas de diferentes doenças, sendo realizada regularmente ou esporadicamente. A indicação, o volume a ser retirado e a frequência são definidos pelo médico hematologista, considerando diagnóstico, testes laboratoriais e sintomas. Dentre as principais indicações estão portadores de policitemias, hemoglobinopatias, hemocromatose e hiperferritinemias.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Investigar o perfil epidemiológico de pacientes submetidos a sangria terapêutica realizado pela agência transfusional em um hospital privado em Joinville/SC de 2022 e 2023.</div></div><div><h3>Métodos</h3><div>Realizada uma análise retrospectiva e quantitativa de pacientes submetidos a sangria terapêutica entre 01 de janeiro de 2022 a 31 de dezembro de 2023. Dados obtidos através de formulário preenchido por atendimento, onde foram avaliados sexo, idade, volume retirado, frequência e indicação clínica.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>No período estudado foram realizadas 613 sangrias terapêuticas, sendo 121 pacientes, com predominância de pacientes do sexo masculino (92,66%). A faixa etária analisada variou entre 29 e 90 anos, com média de 52 anos. Observou-se maior incidência entre as idades de 51 a 60 anos (30,58%) e de 41 a 50 anos (24,79%). Média de 500 mL retirado por procedimento. Quanto à frequência, 27 pacientes submeteram-se ao procedimento de 8 a 26 vezes em dois anos. Todos realizaram o procedimento em intervalos de 15 ou 30 dias. Entre as indicações clínicas, a hemocromatose sem ou com mutação genética (HH) diagnosticada foi a mais comum, afetando 57,02%. Outros diagnósticos foram observados: hiperferritinemias (29,76%), hiperferritinemias com perfil genético negativo (4,13%), policitemia secundária (4,13%) e policitemia (2,48%). Casos de porfiria, síndrome metabólica e talassemia menor foram observados em 0,82% cada.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Ribeiro (2022) e Zilio (2018) observaram prevalência de pacientes do sexo masculino (83,5% e 84,1%), similar ao presente estudo (92,66%). Constatado média de 52 anos. De acordo com os autores, os pacientes apresentaram média de 46 e 53 anos, nesta ordem. O volume retirado segue guidelines (USP, 2024) que sugerem não ultrapassar de 500 mL por sessão. Dentre as indicações clínicas, Santos (2022) em SP relata que 45% dos pacientes apresentam HH, enquanto Ribeiro (2023) na BA traz 84,48%. Em SC (Zilio, 2018) demonstra que 56,8% apresentam HH. No presente estudo, foi encontrado 57,02% dos pacientes com hemocromatose concordando que tais dados variam de acordo com a região estudada.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>De 2022 a 2023 foram realizadas 613 sangrias terapêuticas, sendo predominante o sexo masculino, de 51 a 60 anos e hemocromatose a comorbidade com maior índice. A frequência indicada pelos hematolog","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527143","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.070
<div><h3>Objetivo</h3><div>avaliar características genotípicas e laboratoriais associadas à osteonecrose (ON) em um grupo de adultos com doença falciforme (DF).</div></div><div><h3>Métodos</h3><div>Foi realizada uma análise transversal em um grupo de 307 adultos portadores de DF de um único serviço. Para cada paciente foi coletado até 6 exames em períodos diferentes, totalizando 1723 exames que foram analisados retrospectivo e longitudinalmente. Além da prevalência de ON, foi realizada análise multivariada dos dados laboratoriais para identificar fatores de risco associados à condição. Também foi avaliado se o uso de hidroxiureia (HU) influenciou os níveis de hemoglobina (Hb) e a prevalência de ON.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>A prevalência de ON nesta coorte foi 35% e nos genótipos foi: SS-29%, SC-38%, Sβ<sup>0</sup>-11%, Sβ<sup>+</sup>-24%, p = 0,283 (X<sup>2</sup>). Os resultados laboratoriais significantes em relação à presença ou ausência de ON foram, respectivamente: Hb 9,6 g/dL e 9,3 g/dL (p = 0,003); relação Hb e hematócrito (Hb/Ht) 0,35 e 0,35 (p = 0,007); leucócitos 8.230/mm<sup>3</sup> e 8.683/mm<sup>3</sup> (p = 0,03); neutrófilos 4.366/mm<sup>3</sup> e 4.795/mm<sup>3</sup> (p = 0,002) e plaquetas 356.000/mm<sup>3</sup> e 374.500/mm<sup>3</sup> (p = 0,001). No grupo total de pacientes, o nível de Hb dos pacientes com HU foi 8,2 g/dL (AIQ:8,2-10,1) e sem HU 10,7 g/dL (AIQ:9,2-11,9) com p = 0,0001. Neste mesmo grupo, avaliando a presença de ON observou-se que indivíduos em uso de HU apresentaram Hb de 9,3 g/dL (AIQ:8,3-10,3) e sem HU a Hb foi 10,4 g/dL (AIQ:8,8-11,9) com p = 0,001.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>A ON é uma complicação comum e debilitante da DF, caracterizada pela morte do tecido ósseo devido à interrupção do suprimento sanguíneo. A prevalência de ON encontrada no grupo analisado é semelhante a dados de literatura, 30%. Não foi observada diferença de prevalência entre os genótipos, embora estudos mostrem que esta é maior nos indivíduos SS. Pacientes com níveis mais elevados de Hb apresentaram risco aumentado de ON. Dentre os exames laboratoriais avaliados a contagem de neutrófilos foi significativamente menor nos indivíduos com ON, achado semelhante aos da literatura que acredita que eles possam desempenhar importante papel na patogênese da ON. Por outro lado, o encontro de níveis plaquetários menores em indivíduos com ON em nosso estudo, não encontra descrição na literatura, até onde é do nosso conhecimento. No estudo de Worrall et al., foi identificada a relação Hb/Ht como preditor de ON em crianças com DF. Nossos achados não corroboraram essa relação em adultos. Quanto ao uso de HU, indivíduos sem HU apresentaram níveis mais elevados de Hb, resultado que não era esperado. Uma possível explicação para este fato é que indivíduos que utilizam HU tendem a ter pior manifestação clínica com maior anemia e, mesmo com o uso da medicação, não conseguem atingir níveis mais elevados de Hb. Por fim, a análise d
{"title":"OSTEONECROSE NA DOENÇA FALCIFORME","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.070","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.070","url":null,"abstract":"<div><h3>Objetivo</h3><div>avaliar características genotípicas e laboratoriais associadas à osteonecrose (ON) em um grupo de adultos com doença falciforme (DF).</div></div><div><h3>Métodos</h3><div>Foi realizada uma análise transversal em um grupo de 307 adultos portadores de DF de um único serviço. Para cada paciente foi coletado até 6 exames em períodos diferentes, totalizando 1723 exames que foram analisados retrospectivo e longitudinalmente. Além da prevalência de ON, foi realizada análise multivariada dos dados laboratoriais para identificar fatores de risco associados à condição. Também foi avaliado se o uso de hidroxiureia (HU) influenciou os níveis de hemoglobina (Hb) e a prevalência de ON.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>A prevalência de ON nesta coorte foi 35% e nos genótipos foi: SS-29%, SC-38%, Sβ<sup>0</sup>-11%, Sβ<sup>+</sup>-24%, p = 0,283 (X<sup>2</sup>). Os resultados laboratoriais significantes em relação à presença ou ausência de ON foram, respectivamente: Hb 9,6 g/dL e 9,3 g/dL (p = 0,003); relação Hb e hematócrito (Hb/Ht) 0,35 e 0,35 (p = 0,007); leucócitos 8.230/mm<sup>3</sup> e 8.683/mm<sup>3</sup> (p = 0,03); neutrófilos 4.366/mm<sup>3</sup> e 4.795/mm<sup>3</sup> (p = 0,002) e plaquetas 356.000/mm<sup>3</sup> e 374.500/mm<sup>3</sup> (p = 0,001). No grupo total de pacientes, o nível de Hb dos pacientes com HU foi 8,2 g/dL (AIQ:8,2-10,1) e sem HU 10,7 g/dL (AIQ:9,2-11,9) com p = 0,0001. Neste mesmo grupo, avaliando a presença de ON observou-se que indivíduos em uso de HU apresentaram Hb de 9,3 g/dL (AIQ:8,3-10,3) e sem HU a Hb foi 10,4 g/dL (AIQ:8,8-11,9) com p = 0,001.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>A ON é uma complicação comum e debilitante da DF, caracterizada pela morte do tecido ósseo devido à interrupção do suprimento sanguíneo. A prevalência de ON encontrada no grupo analisado é semelhante a dados de literatura, 30%. Não foi observada diferença de prevalência entre os genótipos, embora estudos mostrem que esta é maior nos indivíduos SS. Pacientes com níveis mais elevados de Hb apresentaram risco aumentado de ON. Dentre os exames laboratoriais avaliados a contagem de neutrófilos foi significativamente menor nos indivíduos com ON, achado semelhante aos da literatura que acredita que eles possam desempenhar importante papel na patogênese da ON. Por outro lado, o encontro de níveis plaquetários menores em indivíduos com ON em nosso estudo, não encontra descrição na literatura, até onde é do nosso conhecimento. No estudo de Worrall et al., foi identificada a relação Hb/Ht como preditor de ON em crianças com DF. Nossos achados não corroboraram essa relação em adultos. Quanto ao uso de HU, indivíduos sem HU apresentaram níveis mais elevados de Hb, resultado que não era esperado. Uma possível explicação para este fato é que indivíduos que utilizam HU tendem a ter pior manifestação clínica com maior anemia e, mesmo com o uso da medicação, não conseguem atingir níveis mais elevados de Hb. Por fim, a análise d","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527221","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.041
<div><h3>Objetivo</h3><div>Descrever um relato de caso sobre anemia perniciosa como provável etiologia para paraplegia em paciente adulto internado em hospital terciário para investigação de bicitopenia.</div></div><div><h3>Introdução</h3><div>Anemia perniciosa refere-se à deficiência de vitamina (Vit) B12 causada por autoanticorpos que interferem na absorção de Vit. B12 ao atingir o fator intrínseco, células parietais gástricas ou ambos. Achados neurológicos são comuns na deficiência crônica de Vit. B12, podendo se manifestar como parestesias, fraqueza progressiva e ataxia; se não tratado poderá progredir para paraplegia.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Trata-se de relato de caso elaborado através de revisão de prontuário e consulta à literatura específica.</div></div><div><h3>Relato de caso</h3><div>Homem, 30 anos, internado hospital terciário devido a quadro de bicitopenia. Relato de perda progressiva de força em membros inferiores (MMII) evoluindo com paraplegia, incontinência urinária e constipação. Também referiu perda ponderal de aproximadamente 7 kg em 2 meses. Negava febre, sangramentos ou perda de força em membros superiores. Possuía antecedente de transfusões anteriores de concentrados de hemácias e de plaquetas devido a episódios recorrentes de anemia. Ao exame físico apresentava-se com regular estado geral, emagrecido, descorado ++/4+, sem linfonodomegalias. Força grau 4 em membros superiores, força grau 0 e hipoestesia em MMII. Exames realizados ambulatorialmente em outra instituição evidenciavam: hemoglobina: 6,3 g/dL; hematócrito: 17,4%, volume corpuscular médio: 86 μm<sup>3</sup>; hemoglobina corpuscular média: 31 pg; leucócitos totais: 3.900 mm<sup>3</sup> (segmentados: 47%, linfócitos: 48%, eosinófilos: 4%); plaquetas: 72.000/mm<sup>3</sup>. Foram solicitados os seguintes exames: ressonância nuclear magnética (RNM) de coluna lombossacra com contraste, sorologias, eletrólitos e novo hemograma. Foi avaliado pela hematologia que solicitou adicionalmente: sorologia para HTLV e RK-39; cinética de ferro, LDH, vit. B12 e ácido fólico. Foi inicado empiricamente reposição de cianocobalamina com a suspeita de anemia por deficiência de vit. B12 e foram solicitados endoscopia digestiva alta, FAN e pesquisa de sangue oculto nas fezes, negativos. Nos dias que se sucederam evoluiu com melhora progressiva de pancitopenia e vit. B12 teve resultado < 50 pg/mL. Endoscopia realizada demonstrou gastrite atrófica moderada de corpo com pesquisa de H Pylorii +. Laudo de RNM de coluna lombossacra apresentou alteração difusa do sinal da medula óssea, podendo estar relacionado a desordens hematopoiéticas, sem lesões compressivas. Recebeu alta com recuperação de seus parâmetros hematimétricos e com recuperação parcial da força. Após alta repetiu exame de endoscopia, o qual confirmou erradicação de <em>H. pylori, após tratamento</em>. Também fez pesquisa de anticorpo anti-fator intrínseco, sendo resultado positivo.</div></div><div><h3>R
{"title":"ANEMIA PERNICIOSA COMO PROVÁVEL ETIOLOGIA PARA PARAPLEGIA EM PACIENTE ADULTO INTERNADO EM HOSPITAL TERCIÁRIO PARA INVESTIGAÇÃO DE BICITOPENIA","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.041","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.041","url":null,"abstract":"<div><h3>Objetivo</h3><div>Descrever um relato de caso sobre anemia perniciosa como provável etiologia para paraplegia em paciente adulto internado em hospital terciário para investigação de bicitopenia.</div></div><div><h3>Introdução</h3><div>Anemia perniciosa refere-se à deficiência de vitamina (Vit) B12 causada por autoanticorpos que interferem na absorção de Vit. B12 ao atingir o fator intrínseco, células parietais gástricas ou ambos. Achados neurológicos são comuns na deficiência crônica de Vit. B12, podendo se manifestar como parestesias, fraqueza progressiva e ataxia; se não tratado poderá progredir para paraplegia.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Trata-se de relato de caso elaborado através de revisão de prontuário e consulta à literatura específica.</div></div><div><h3>Relato de caso</h3><div>Homem, 30 anos, internado hospital terciário devido a quadro de bicitopenia. Relato de perda progressiva de força em membros inferiores (MMII) evoluindo com paraplegia, incontinência urinária e constipação. Também referiu perda ponderal de aproximadamente 7 kg em 2 meses. Negava febre, sangramentos ou perda de força em membros superiores. Possuía antecedente de transfusões anteriores de concentrados de hemácias e de plaquetas devido a episódios recorrentes de anemia. Ao exame físico apresentava-se com regular estado geral, emagrecido, descorado ++/4+, sem linfonodomegalias. Força grau 4 em membros superiores, força grau 0 e hipoestesia em MMII. Exames realizados ambulatorialmente em outra instituição evidenciavam: hemoglobina: 6,3 g/dL; hematócrito: 17,4%, volume corpuscular médio: 86 μm<sup>3</sup>; hemoglobina corpuscular média: 31 pg; leucócitos totais: 3.900 mm<sup>3</sup> (segmentados: 47%, linfócitos: 48%, eosinófilos: 4%); plaquetas: 72.000/mm<sup>3</sup>. Foram solicitados os seguintes exames: ressonância nuclear magnética (RNM) de coluna lombossacra com contraste, sorologias, eletrólitos e novo hemograma. Foi avaliado pela hematologia que solicitou adicionalmente: sorologia para HTLV e RK-39; cinética de ferro, LDH, vit. B12 e ácido fólico. Foi inicado empiricamente reposição de cianocobalamina com a suspeita de anemia por deficiência de vit. B12 e foram solicitados endoscopia digestiva alta, FAN e pesquisa de sangue oculto nas fezes, negativos. Nos dias que se sucederam evoluiu com melhora progressiva de pancitopenia e vit. B12 teve resultado < 50 pg/mL. Endoscopia realizada demonstrou gastrite atrófica moderada de corpo com pesquisa de H Pylorii +. Laudo de RNM de coluna lombossacra apresentou alteração difusa do sinal da medula óssea, podendo estar relacionado a desordens hematopoiéticas, sem lesões compressivas. Recebeu alta com recuperação de seus parâmetros hematimétricos e com recuperação parcial da força. Após alta repetiu exame de endoscopia, o qual confirmou erradicação de <em>H. pylori, após tratamento</em>. Também fez pesquisa de anticorpo anti-fator intrínseco, sendo resultado positivo.</div></div><div><h3>R","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142526885","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}