Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.020
Paciente feminina, 52 anos, apresentando carcinoma infiltrativo de endométrio com manifestações clínicas de sangramento vaginal e hematúria persistente. História de múltiplas internações prévias e uso de crack, além de anemia crônica. Procurou atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento devido a sintomas de fraqueza, sendo constatado valor de hemoglobina de 4,1 g/dL, evadindo-se da unidade antes que fosse realizada transfusão sanguínea com concentrado de hemácias. No mesmo dia, foi encontrada desmaiada na rua e levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) até o Hospital Universitário da cidade, onde já apresentava histórico de internações e atendimentos. Foi admitida na enfermaria, em que o valor de hemoglobina já havia diminuído para 1,9 g/dL, recebendo duas bolsas de concentrado logo em seguida. Não houve queixas espontâneas relevantes, mantendo sangramento vaginal leve com coágulos e hematúria persistente sem volume diário significativo. Boa aceitação de dieta oral, sem náuseas, vômitos ou febre. Devido ao histórico hospitalar da paciente, possui resultado anatomopatológico prévio com indicação de carcinoma pouco diferenciado infiltrativo em tecidos fibroconjuntivo e muscular liso, sugestivo de adenocarcinoma endometrioide de alto grau, com evidências de invasão na bexiga, manifestando-se clinicamente com hematúria persistente, requerendo irrigação vesical contínua. Além de anemia crônica tratada com transfusões recentes e lesão renal aguda (KDIGO III) provavelmente de origem pós-renal, com múltiplas sessões de hemodiálise sem intercorrências. Na internação atual, a paciente evadiu-se, impossibilitando a nova dosagem de hemoglobina e acompanhamento do seu quadro clínico atual. Em todos os internamentos anteriores foram solicitados encaminhamentos para o atendimento ambulatorial para controle anêmico e do carcinoma de endométrio, porém, devido a mesma viver em situação de rua e hábitos de adicção, não foi realizado nenhum retorno. Este relato destaca a complexidade de um manejo de difícil resolução devido ao quadro psíquico e adicto da paciente, ressaltando a importância da abordagem multidisciplinar e da vigilância constante para otimizar os desfechos clínicos e terapêuticos.
{"title":"DESAFIOS NO MANEJO DE ANEMIA EM PACIENTE COM ADENOCARCINOMA ENDOMETRIOIDE E SITUAÇÃO DE RUA: RELATO DE CASO","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.020","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.020","url":null,"abstract":"<div><div>Paciente feminina, 52 anos, apresentando carcinoma infiltrativo de endométrio com manifestações clínicas de sangramento vaginal e hematúria persistente. História de múltiplas internações prévias e uso de crack, além de anemia crônica. Procurou atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento devido a sintomas de fraqueza, sendo constatado valor de hemoglobina de 4,1 g/dL, evadindo-se da unidade antes que fosse realizada transfusão sanguínea com concentrado de hemácias. No mesmo dia, foi encontrada desmaiada na rua e levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) até o Hospital Universitário da cidade, onde já apresentava histórico de internações e atendimentos. Foi admitida na enfermaria, em que o valor de hemoglobina já havia diminuído para 1,9 g/dL, recebendo duas bolsas de concentrado logo em seguida. Não houve queixas espontâneas relevantes, mantendo sangramento vaginal leve com coágulos e hematúria persistente sem volume diário significativo. Boa aceitação de dieta oral, sem náuseas, vômitos ou febre. Devido ao histórico hospitalar da paciente, possui resultado anatomopatológico prévio com indicação de carcinoma pouco diferenciado infiltrativo em tecidos fibroconjuntivo e muscular liso, sugestivo de adenocarcinoma endometrioide de alto grau, com evidências de invasão na bexiga, manifestando-se clinicamente com hematúria persistente, requerendo irrigação vesical contínua. Além de anemia crônica tratada com transfusões recentes e lesão renal aguda (KDIGO III) provavelmente de origem pós-renal, com múltiplas sessões de hemodiálise sem intercorrências. Na internação atual, a paciente evadiu-se, impossibilitando a nova dosagem de hemoglobina e acompanhamento do seu quadro clínico atual. Em todos os internamentos anteriores foram solicitados encaminhamentos para o atendimento ambulatorial para controle anêmico e do carcinoma de endométrio, porém, devido a mesma viver em situação de rua e hábitos de adicção, não foi realizado nenhum retorno. Este relato destaca a complexidade de um manejo de difícil resolução devido ao quadro psíquico e adicto da paciente, ressaltando a importância da abordagem multidisciplinar e da vigilância constante para otimizar os desfechos clínicos e terapêuticos.</div></div>","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527215","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.027
<div><h3>Introduction</h3><div>Anemia is a notable public health issue, particularly affecting vulnerable groups such as children, pregnant women, adolescents, and menstruating women. In the elderly, it is linked to an increased risk of death, more frequent hospitalizations, susceptibility to falls, reduced muscle strength, and dementia. Anemia is characterized by a reduction in hemoglobin levels and is considered pathological when the indices fall to < 12.0 g/dL in women and < 13.0 g/dL in men. These clinical conditions require appropriate medical attention and an accurate diagnosis.</div></div><div><h3>Objective</h3><div>To identify the prevalence of the causes of anemia in elderly patients seen at the hematology outpatient clinic of a tertiary hospital in the state of Ceará.</div></div><div><h3>Methodology</h3><div>We conducted a retrospective observational study based on outpatient records of patients over 60 with anemia. We used an investigation protocol to identify and differentiate the various causes of anemia.</div></div><div><h3>Results</h3><div>We identified 246 elderly patients with anemia seen at the hematology outpatient clinic, of whom 160 were female and 86 male, with an average age of 74.38 years, with the age group most affected by anemia being 70 to 79 years (n = 100). The main cause of anemia in the elderly at this outpatient clinic was myelodysplastic neoplasm (MDS), accounting for 32.1% of cases (n = 79), mainly affecting the 60-69 age group, and the second leading cause of anemia at this outpatient clinic was Chronic disease anemia (CDA) (n = 78). Nutritional anemia accounted for 21.5% (n = 53), represented by iron deficiency anemia (n = 42) and megaloblastic anemia (n = 11). Anemia due to chronic renal failure (CRF) accounted for 3.3% (n = 8). Other causes of anemia such as hypersplenism, alcoholic liver disease, thalassemia, and hemolytic anemia, among others, accounted for 9.3% (n = 23) of the cases, and other hematological neoplasms other than myelodysplastic neoplasia accounted for 2% (n = 5) of the cases.</div></div><div><h3>Discussion</h3><div>The findings of this study highlight that MDS are the main cause of anemia in the elderly, corroborating previous studies that have identified this etiology as prevalent in the geriatric population. In addition, CDA also proved to be a significant cause, underlining the need for careful assessment of comorbidities. Nutritional anemia, especially iron deficiency, indicates that iron deficiency is still a significant problem in this population, in line with previous studies highlighting this deficiency in the elderly even in well-developed regions, and suggesting the need for more effective nutritional interventions. The low prevalence of anemia due to CRF, despite the high incidence of kidney disease in the elderly, may reflect adequate management of this condition or a differential focus in diagnosis.</div></div><div><h3>Conclusion</h3><div>Myelodysplastic neoplasm and ane
{"title":"PREVALENCE OF ANEMIA IN THE ELDERLY ATTENDED BY THE HEMATOLOGY OUTPATIENT CLINIC OF A TERTIARY HOSPITAL IN THE STATE OF CEARÁ","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.027","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.027","url":null,"abstract":"<div><h3>Introduction</h3><div>Anemia is a notable public health issue, particularly affecting vulnerable groups such as children, pregnant women, adolescents, and menstruating women. In the elderly, it is linked to an increased risk of death, more frequent hospitalizations, susceptibility to falls, reduced muscle strength, and dementia. Anemia is characterized by a reduction in hemoglobin levels and is considered pathological when the indices fall to < 12.0 g/dL in women and < 13.0 g/dL in men. These clinical conditions require appropriate medical attention and an accurate diagnosis.</div></div><div><h3>Objective</h3><div>To identify the prevalence of the causes of anemia in elderly patients seen at the hematology outpatient clinic of a tertiary hospital in the state of Ceará.</div></div><div><h3>Methodology</h3><div>We conducted a retrospective observational study based on outpatient records of patients over 60 with anemia. We used an investigation protocol to identify and differentiate the various causes of anemia.</div></div><div><h3>Results</h3><div>We identified 246 elderly patients with anemia seen at the hematology outpatient clinic, of whom 160 were female and 86 male, with an average age of 74.38 years, with the age group most affected by anemia being 70 to 79 years (n = 100). The main cause of anemia in the elderly at this outpatient clinic was myelodysplastic neoplasm (MDS), accounting for 32.1% of cases (n = 79), mainly affecting the 60-69 age group, and the second leading cause of anemia at this outpatient clinic was Chronic disease anemia (CDA) (n = 78). Nutritional anemia accounted for 21.5% (n = 53), represented by iron deficiency anemia (n = 42) and megaloblastic anemia (n = 11). Anemia due to chronic renal failure (CRF) accounted for 3.3% (n = 8). Other causes of anemia such as hypersplenism, alcoholic liver disease, thalassemia, and hemolytic anemia, among others, accounted for 9.3% (n = 23) of the cases, and other hematological neoplasms other than myelodysplastic neoplasia accounted for 2% (n = 5) of the cases.</div></div><div><h3>Discussion</h3><div>The findings of this study highlight that MDS are the main cause of anemia in the elderly, corroborating previous studies that have identified this etiology as prevalent in the geriatric population. In addition, CDA also proved to be a significant cause, underlining the need for careful assessment of comorbidities. Nutritional anemia, especially iron deficiency, indicates that iron deficiency is still a significant problem in this population, in line with previous studies highlighting this deficiency in the elderly even in well-developed regions, and suggesting the need for more effective nutritional interventions. The low prevalence of anemia due to CRF, despite the high incidence of kidney disease in the elderly, may reflect adequate management of this condition or a differential focus in diagnosis.</div></div><div><h3>Conclusion</h3><div>Myelodysplastic neoplasm and ane","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142526989","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.087
<div><h3>Objetivo</h3><div>Este estudo teve como objetivo descrever o perfil dos pacientes com doença falciforme (DF) do Estado do Acre, com enfoque nos aspectos socioepidemiológicos.</div></div><div><h3>Material e métodos</h3><div>Estudo observacional retrospectivo com dados obtidos do Datasus/Hemoglobinopatiasweb, com os registros do Estado do Acre, no período de 01/01/1993 a 30/06/2024. Foram analisadas as variáveis: sexo, raça, tipo de doença, idade no diagnóstico da doença, ano do diagnóstico e residência do paciente diagnosticado.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>No período do estudo houve 113 registros de DF no Acre, sendo desses, 8 pacientes com dados duplicados, resultando, assim, em 105 diagnósticos no estado. Destes, 48 eram do sexo masculino (45,71%) e 57 do feminino (54,29%); 59 eram pardos (32,38%), 8 amarelos (7,62%), 3 brancos (2,86%), 1 preto (0,95%) e 34 não tinham registro da cor (56,19%). A média de idade na data do diagnóstico foi de 12 anos. Houve um total de 68 (64,76%) casos em Rio Branco-AC, 34 casos em outros municípios do estado do Acre (32,38%) e 3 casos de pacientes de outros estados que faziam acompanhamento de saúde no Acre (2,86%). A análise da prevalência de diagnóstico de DF por ano em relação ao total evidencia: 1 (0,95%) em 1993, 2 (1,9%) em 2001, 1 (0,95%) em 2002, 1 (0,95%) em 2003, 0 (0%) em 2004, 2 (1,9%) em 2005, 4 (3,81%) em 2006, 3 (2,86%) em 2007, 3 (2,86%) em 2008, 2 (1,9%) em 2009, 4 (3,81%) em 2010, 9 (8,57%) em 2011, 8 (7,62%) em 2012, 5 (4,76%) em 2013, 5 (4,76%) em 2014, 3 (2,86%) em 2015, 5 (4,76%) em 2016, 6 (5,71%) em 2017, 5 (4,76%) em 2018, 11 (10,48%) em 2019, 6 (5,71%) em 2020, 6 (5,71%) em 2021, 5 (4,76%) em 2022, 6 (5,71%) em 2023 e 2 (1,9%) em 2024. Dos pacientes cadastrados, 78 pacientes (74,29%) foram diagnosticados com anemia falciforme (HbSS), 18 pacientes (17,14%) com HbSC, 4 pacientes (3,81%) com talassemia Sβ0, 3 pacientes (2,86%) com HbSD e 2 pacientes (1,90%) com talassemia beta intermediária.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Estima-se que atualmente existem entre 60 e 100 mil pacientes com DF no Brasil. Em muitas regiões, como o Acre, há escassez de dados sobre o diagnóstico e complicações da doença, com muitos casos subnotificados. Talvez uma cobertura inadequada dos serviços de triagem neonatal, além de diversas características geográficas que dificultem o acesso aos serviços de saúde, possam justificar esta subnotificação. Dados recentes de um Hemocentro do Norte mostram uma maior prevalência de DF no gênero feminino (56,9%) e na raça parda (78%), que corroboram com os dados encontrados no Acre. Esse dado é importante, pois estudos recentes na população brasileira associam as cores preta e parda a maiores taxas de mortalidade em todas as regiões do Brasil, possivelmente, pela maior prevalência da doença nessa população ou, ainda, por disparidades étnico-raciais nas condições de saúde. A detecção precoce tem um impacto significativo na morbidade e mortalidade. No
{"title":"ESTUDO SOCIOEPIDEMIOLÓGICO DOS PORTADORES DE DOENÇA FALCIFORME NO ESTADO DO ACRE","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.087","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.087","url":null,"abstract":"<div><h3>Objetivo</h3><div>Este estudo teve como objetivo descrever o perfil dos pacientes com doença falciforme (DF) do Estado do Acre, com enfoque nos aspectos socioepidemiológicos.</div></div><div><h3>Material e métodos</h3><div>Estudo observacional retrospectivo com dados obtidos do Datasus/Hemoglobinopatiasweb, com os registros do Estado do Acre, no período de 01/01/1993 a 30/06/2024. Foram analisadas as variáveis: sexo, raça, tipo de doença, idade no diagnóstico da doença, ano do diagnóstico e residência do paciente diagnosticado.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>No período do estudo houve 113 registros de DF no Acre, sendo desses, 8 pacientes com dados duplicados, resultando, assim, em 105 diagnósticos no estado. Destes, 48 eram do sexo masculino (45,71%) e 57 do feminino (54,29%); 59 eram pardos (32,38%), 8 amarelos (7,62%), 3 brancos (2,86%), 1 preto (0,95%) e 34 não tinham registro da cor (56,19%). A média de idade na data do diagnóstico foi de 12 anos. Houve um total de 68 (64,76%) casos em Rio Branco-AC, 34 casos em outros municípios do estado do Acre (32,38%) e 3 casos de pacientes de outros estados que faziam acompanhamento de saúde no Acre (2,86%). A análise da prevalência de diagnóstico de DF por ano em relação ao total evidencia: 1 (0,95%) em 1993, 2 (1,9%) em 2001, 1 (0,95%) em 2002, 1 (0,95%) em 2003, 0 (0%) em 2004, 2 (1,9%) em 2005, 4 (3,81%) em 2006, 3 (2,86%) em 2007, 3 (2,86%) em 2008, 2 (1,9%) em 2009, 4 (3,81%) em 2010, 9 (8,57%) em 2011, 8 (7,62%) em 2012, 5 (4,76%) em 2013, 5 (4,76%) em 2014, 3 (2,86%) em 2015, 5 (4,76%) em 2016, 6 (5,71%) em 2017, 5 (4,76%) em 2018, 11 (10,48%) em 2019, 6 (5,71%) em 2020, 6 (5,71%) em 2021, 5 (4,76%) em 2022, 6 (5,71%) em 2023 e 2 (1,9%) em 2024. Dos pacientes cadastrados, 78 pacientes (74,29%) foram diagnosticados com anemia falciforme (HbSS), 18 pacientes (17,14%) com HbSC, 4 pacientes (3,81%) com talassemia Sβ0, 3 pacientes (2,86%) com HbSD e 2 pacientes (1,90%) com talassemia beta intermediária.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Estima-se que atualmente existem entre 60 e 100 mil pacientes com DF no Brasil. Em muitas regiões, como o Acre, há escassez de dados sobre o diagnóstico e complicações da doença, com muitos casos subnotificados. Talvez uma cobertura inadequada dos serviços de triagem neonatal, além de diversas características geográficas que dificultem o acesso aos serviços de saúde, possam justificar esta subnotificação. Dados recentes de um Hemocentro do Norte mostram uma maior prevalência de DF no gênero feminino (56,9%) e na raça parda (78%), que corroboram com os dados encontrados no Acre. Esse dado é importante, pois estudos recentes na população brasileira associam as cores preta e parda a maiores taxas de mortalidade em todas as regiões do Brasil, possivelmente, pela maior prevalência da doença nessa população ou, ainda, por disparidades étnico-raciais nas condições de saúde. A detecção precoce tem um impacto significativo na morbidade e mortalidade. No","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142526996","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.009
<div><h3>Objetivos</h3><div>O ferro participa na formação da hemoglobina, proteína transportadora de oxigênio, e no metabolismo energético. Sua deficiência acomete de 20 a 30% da população e é a principal causa de anemia no mundo. Em crianças provoca atraso no desenvolvimento físico e cognitivo e nos adultos diminui a capacidade laborativa. A ferritina é uma proteína que representa as reservas de ferro no organismo e sua diminuição é critério diagnóstico para esse déficit. O estudo busca analisar a incidência de deficiência de ferro com ou sem anemia em pacientes atendidos em um ambulatório de Hematologia na cidade de São Carlos no período de 6 meses e descrever suas características demográficas.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Pesquisa de caráter exploratório, descritivo e retrospectivo, com enfoque no levantamento de dados quantitativos através da revisão de 248 prontuários de pacientes novos atendidos em um ambulatório de Hematologia no interior de São Paulo, entre abril e setembro de 2023. O critério para anemia foi ter hemoglobina inferior a 13 g/dL, 12 g/dL e 11 g/dL em homens, mulheres e crianças, respectivamente. Níveis de ferritina < 30 ng/mL foi usado como parâmetro diagnóstico para deficiência de ferro. Analisou-se a incidência da deficiência de ferro sem e com anemia, o sexo e a idade desses pacientes.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Dos 248 prontuários, 137 tinham dosagem de ferritina. Níveis inferiores a 30 ng/mL foram encontrados em 69 pacientes. Até 13 anos foram encontrados 10 indivíduos, sendo detectada anemia em 60%, com maior frequência em crianças de 1 ano. Entre os 59 adultos, 54 eram mulheres de 14 a 72 anos e, destas, 29,6% apresentaram hemoglobina abaixo de 12 g/dL. A idade mais prevalente foi de 15 a 43 anos. Apenas 5 homens possuíam deficiência de ferro e 60% apresentaram também anemia. O intervalo encontrado foi de 16 a 90 anos, com maior prevalência entre os homens acima de 70. Como queixa principal foram encontrados sintomas de déficit de ferro como: cansaço, indisposição, tontura e queda de cabelo em pacientes com e sem anemia.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Foi observada elevada incidência de deficiência de ferro no ambulatório de Hematologia, independente da anemia. Estudos demonstram que a falta desse mineral, ainda sem diminuição dos níveis de hemoglobina, é suficiente para acarretar déficit físico/cognitivo em crianças e nos adultos, provoca sintomas de fadiga, indisposição, susceptibilidade a infecções, alterações no humor, dificuldade de raciocínio, diminuição da capacidade laborativa e da qualidade de vida. Observou-se maior prevalência no sexo feminino, sobretudo em idade reprodutiva, provavelmente associado a fatores fisiológicos, como a gestação e menstruação. Mais de 70% das mulheres não apresentaram redução da hemoglobina, mas tinham deficiência de ferro, mostrando a importância da dosagem da ferritina para diagnóstico.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>A deficiê
{"title":"RELAÇÃO ENTRE A DEFICIÊNCIA DE FERRO E A INCIDÊNCIA DE ANEMIA FERROPRIVA: REVISÃO DE CASOS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE HEMATOLOGIA","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.009","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.009","url":null,"abstract":"<div><h3>Objetivos</h3><div>O ferro participa na formação da hemoglobina, proteína transportadora de oxigênio, e no metabolismo energético. Sua deficiência acomete de 20 a 30% da população e é a principal causa de anemia no mundo. Em crianças provoca atraso no desenvolvimento físico e cognitivo e nos adultos diminui a capacidade laborativa. A ferritina é uma proteína que representa as reservas de ferro no organismo e sua diminuição é critério diagnóstico para esse déficit. O estudo busca analisar a incidência de deficiência de ferro com ou sem anemia em pacientes atendidos em um ambulatório de Hematologia na cidade de São Carlos no período de 6 meses e descrever suas características demográficas.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Pesquisa de caráter exploratório, descritivo e retrospectivo, com enfoque no levantamento de dados quantitativos através da revisão de 248 prontuários de pacientes novos atendidos em um ambulatório de Hematologia no interior de São Paulo, entre abril e setembro de 2023. O critério para anemia foi ter hemoglobina inferior a 13 g/dL, 12 g/dL e 11 g/dL em homens, mulheres e crianças, respectivamente. Níveis de ferritina < 30 ng/mL foi usado como parâmetro diagnóstico para deficiência de ferro. Analisou-se a incidência da deficiência de ferro sem e com anemia, o sexo e a idade desses pacientes.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Dos 248 prontuários, 137 tinham dosagem de ferritina. Níveis inferiores a 30 ng/mL foram encontrados em 69 pacientes. Até 13 anos foram encontrados 10 indivíduos, sendo detectada anemia em 60%, com maior frequência em crianças de 1 ano. Entre os 59 adultos, 54 eram mulheres de 14 a 72 anos e, destas, 29,6% apresentaram hemoglobina abaixo de 12 g/dL. A idade mais prevalente foi de 15 a 43 anos. Apenas 5 homens possuíam deficiência de ferro e 60% apresentaram também anemia. O intervalo encontrado foi de 16 a 90 anos, com maior prevalência entre os homens acima de 70. Como queixa principal foram encontrados sintomas de déficit de ferro como: cansaço, indisposição, tontura e queda de cabelo em pacientes com e sem anemia.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Foi observada elevada incidência de deficiência de ferro no ambulatório de Hematologia, independente da anemia. Estudos demonstram que a falta desse mineral, ainda sem diminuição dos níveis de hemoglobina, é suficiente para acarretar déficit físico/cognitivo em crianças e nos adultos, provoca sintomas de fadiga, indisposição, susceptibilidade a infecções, alterações no humor, dificuldade de raciocínio, diminuição da capacidade laborativa e da qualidade de vida. Observou-se maior prevalência no sexo feminino, sobretudo em idade reprodutiva, provavelmente associado a fatores fisiológicos, como a gestação e menstruação. Mais de 70% das mulheres não apresentaram redução da hemoglobina, mas tinham deficiência de ferro, mostrando a importância da dosagem da ferritina para diagnóstico.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>A deficiê","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527031","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.075
<div><h3>Introdução</h3><div>Segundo o Ministério da Saúde, presume-se que de 2017 a 2022 houve 4.798 óbitos por Anemia Hemolítica, a qual manteve-se com pequenas variações de aumento e diminuição durante os 6 anos analisados. Consiste em uma hemólise prematura das hemácias, essa destruição ocorre mais rápido que a produção pela medula óssea.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Avaliar o perfil epidemiológico da mortalidade por anemia hemolítica no Brasil no intervalo de 2017 a 2022.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Trata-se de um estudo transversal baseado em dados coletados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Para a busca dos dados foram selecionados os seguintes filtros: anemia hemolítica, seguindo o CID-10; óbitos por região; período de 2017 a 2022; escolaridade, cor/raça e sexo do paciente. As informações foram devidamente coletadas, tabuladas e analisadas.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Segundo os dados do DATASUS, durante o período entre 2017 e 2022, foram registrados 4.798 óbitos atribuídos à anemia hemolítica, com uma tendência crescente de 746 casos em 2017 para 897 casos em 2022. Quando se considera a população das regiões, a proporção de casos é a seguinte: o Sudeste, registrou 1.940 óbitos, resultando em aproximadamente 0,0023% da população atual; o Nordeste, registrou 1.490 óbitos, resultando em aproximadamente 0,0030%; o Norte, registrou 420 óbitos, resultando em aproximadamente 0,0024%; o Centro-Oeste registrou 427 óbitos, resultando em aproximadamente 0,0026%; e o Sul, registrou 346 óbitos, resultando em aproximadamente 0,0011%. Um estudo mencionado encontrou que indivíduos com até 3 anos de estudo apresentaram as maiores taxas de mortalidade, totalizando 3.418 óbitos, enquanto aqueles com 12 anos ou mais de estudo registraram 319 óbitos. Em termos de cor/raça, a maioria dos óbitos ocorreu entre a população preta (1.300) e parda (1.192). A educação desempenha um papel fundamental na melhoria da saúde e no acesso aos tratamentos médicos, sendo o Sul a região com maior taxa de alfabetização com 96,55% da população, seguido da região Sudeste, com 96,08%, o Centro-Oeste com 94,94%, o Norte com 91,84%, e, com a menor taxa o Nordeste, com 85,79%.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Entre 2017 e 2022, houve um aumento nos casos de anemia hemolítica no Brasil, destacando a necessidade de investigação e implementação de medidas preventivas e tratamentos mais eficazes. A distribuição desigual dos casos ressalta a urgência de estratégias adaptadas a cada região, levando em conta suas características socioeconômicas e de saúde. Além disso, a educação desempenha papel crucial, influenciando diretamente a saúde e a adesão aos tratamentos médicos, conforme evidenciado por estudos como os de Cutler e Lleras-Muney, que mostram que a baixa escolaridade está associada a piores condições de saúde e menor acesso a cuidados adequados.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>O estudo evidenci
{"title":"MORTALIDADE POR ANEMIA HEMOLÍTICA NO BRASIL (2017-2022): UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.075","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.075","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>Segundo o Ministério da Saúde, presume-se que de 2017 a 2022 houve 4.798 óbitos por Anemia Hemolítica, a qual manteve-se com pequenas variações de aumento e diminuição durante os 6 anos analisados. Consiste em uma hemólise prematura das hemácias, essa destruição ocorre mais rápido que a produção pela medula óssea.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Avaliar o perfil epidemiológico da mortalidade por anemia hemolítica no Brasil no intervalo de 2017 a 2022.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Trata-se de um estudo transversal baseado em dados coletados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Para a busca dos dados foram selecionados os seguintes filtros: anemia hemolítica, seguindo o CID-10; óbitos por região; período de 2017 a 2022; escolaridade, cor/raça e sexo do paciente. As informações foram devidamente coletadas, tabuladas e analisadas.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Segundo os dados do DATASUS, durante o período entre 2017 e 2022, foram registrados 4.798 óbitos atribuídos à anemia hemolítica, com uma tendência crescente de 746 casos em 2017 para 897 casos em 2022. Quando se considera a população das regiões, a proporção de casos é a seguinte: o Sudeste, registrou 1.940 óbitos, resultando em aproximadamente 0,0023% da população atual; o Nordeste, registrou 1.490 óbitos, resultando em aproximadamente 0,0030%; o Norte, registrou 420 óbitos, resultando em aproximadamente 0,0024%; o Centro-Oeste registrou 427 óbitos, resultando em aproximadamente 0,0026%; e o Sul, registrou 346 óbitos, resultando em aproximadamente 0,0011%. Um estudo mencionado encontrou que indivíduos com até 3 anos de estudo apresentaram as maiores taxas de mortalidade, totalizando 3.418 óbitos, enquanto aqueles com 12 anos ou mais de estudo registraram 319 óbitos. Em termos de cor/raça, a maioria dos óbitos ocorreu entre a população preta (1.300) e parda (1.192). A educação desempenha um papel fundamental na melhoria da saúde e no acesso aos tratamentos médicos, sendo o Sul a região com maior taxa de alfabetização com 96,55% da população, seguido da região Sudeste, com 96,08%, o Centro-Oeste com 94,94%, o Norte com 91,84%, e, com a menor taxa o Nordeste, com 85,79%.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Entre 2017 e 2022, houve um aumento nos casos de anemia hemolítica no Brasil, destacando a necessidade de investigação e implementação de medidas preventivas e tratamentos mais eficazes. A distribuição desigual dos casos ressalta a urgência de estratégias adaptadas a cada região, levando em conta suas características socioeconômicas e de saúde. Além disso, a educação desempenha papel crucial, influenciando diretamente a saúde e a adesão aos tratamentos médicos, conforme evidenciado por estudos como os de Cutler e Lleras-Muney, que mostram que a baixa escolaridade está associada a piores condições de saúde e menor acesso a cuidados adequados.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>O estudo evidenci","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527152","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.035
<div><h3>Introdução</h3><div>a Síndrome de Blue Rubber Bleb Nevus é rara, com aproximadamente 200 casos relatados na literatura, e cursa com anomalias vasculares que consistem em má formações venosas multifocais envolvendo pele, sistema nervoso central, fígado, músculos e/ou trato gastrointestinal (TGI). Isto gera, especialmente quando acomete o TGI, sangramentos crônicos e intermitentes com anemia ferropriva de intensidades variáveis. O diagnóstico envolve exames de imagem como endoscopia digestiva alta (EDA), colonoscopia e, quando acomete intestino delgado, cápsula endoscópica, como no caso a seguir.</div></div><div><h3>Relato de caso</h3><div>Homem, 65 anos, procurou o ambulatório de Hematologia da UNIFAL após dez anos de episódios de anemia ferropriva recorrentes com cinco EDAs e quatro colonoscopias normais ao longo dos anos anteriores. Paciente não adepto à terapia transfusional por questões religiosas, teve pelo menos três internações graves em UTI para controle do sangramento intestinal com ácido tranexâmico e terapia de suplementação de suporte com ferro, cobalamina, eritropoetina e ácido fólico. Paciente funcional, hipertenso e com Hashimoto compensados, em uso de levotiroxina e losartana. Ao exame físico, tinha palidez cutâneo-mucosa e nevus em lábio inferior com 0,6 cm. Na ocasião, a hemoglobina estava 8,9 g/dL com VCM 80,5 sem outras citopenias; ferritina sérica de 4,8 ng/mL, sangue oculto nas fezes positivo. Diante de tantas EDAs e colonoscopias normais, solicitamos, então, cápsula endoscópica para identificação do local de sangramento intestinal. O paciente realizou o exame sem intercorrências com identificação de diversas lesões venosas de jejuno, azuladas e arroxeadas, algumas elevadas, sugestivas da síndrome em questão. Segue em tratamento de suporte para controle da anemia e aguarda liberação judicial de sirolimus e talidomida para tentativa de redução de angiogênese.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Nosso paciente tem somente um foco identificado de nevus em lábio inferior, sem lesões aparentes nas imagens tomográficas de crânio e tórax, sem manifestações clínicas hemorrágicas em outros locais. Na presença de hemorragia digestiva com EDA e colonoscopia sem alterações, segundo guideline recente publicado no NEJM, o exame de escolha é a cápsula endoscópica. Justamente por este exame conseguimos fechar o diagnóstico definitivo do paciente em questão. As opções terapêuticas para esta síndrome vascular descritas na literatura são escassas, até pelo número reduzido de casos descritos. Artigos de revisão e relatos de caso trazem sirolimus, talidomida, ressecção cirúrgica ou fotocoagulação quando as lesões são mais limitadas. Como nosso paciente tem múltiplas lesões jejunais, solicitamos os medicamentos sistêmicos e aguardamos liberação judicial.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Investigar a fundo a etiologia da anemia ferropriva nos permite ampliar as possibilidades diagnósticas e ofertar a terapêutica correta e efetiva
{"title":"ANEMIA FERROPRIVA POR SÍNDROME DE BLUE RUBBER BLEB NEVUS - RELATO DE CASO","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.035","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.035","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>a Síndrome de Blue Rubber Bleb Nevus é rara, com aproximadamente 200 casos relatados na literatura, e cursa com anomalias vasculares que consistem em má formações venosas multifocais envolvendo pele, sistema nervoso central, fígado, músculos e/ou trato gastrointestinal (TGI). Isto gera, especialmente quando acomete o TGI, sangramentos crônicos e intermitentes com anemia ferropriva de intensidades variáveis. O diagnóstico envolve exames de imagem como endoscopia digestiva alta (EDA), colonoscopia e, quando acomete intestino delgado, cápsula endoscópica, como no caso a seguir.</div></div><div><h3>Relato de caso</h3><div>Homem, 65 anos, procurou o ambulatório de Hematologia da UNIFAL após dez anos de episódios de anemia ferropriva recorrentes com cinco EDAs e quatro colonoscopias normais ao longo dos anos anteriores. Paciente não adepto à terapia transfusional por questões religiosas, teve pelo menos três internações graves em UTI para controle do sangramento intestinal com ácido tranexâmico e terapia de suplementação de suporte com ferro, cobalamina, eritropoetina e ácido fólico. Paciente funcional, hipertenso e com Hashimoto compensados, em uso de levotiroxina e losartana. Ao exame físico, tinha palidez cutâneo-mucosa e nevus em lábio inferior com 0,6 cm. Na ocasião, a hemoglobina estava 8,9 g/dL com VCM 80,5 sem outras citopenias; ferritina sérica de 4,8 ng/mL, sangue oculto nas fezes positivo. Diante de tantas EDAs e colonoscopias normais, solicitamos, então, cápsula endoscópica para identificação do local de sangramento intestinal. O paciente realizou o exame sem intercorrências com identificação de diversas lesões venosas de jejuno, azuladas e arroxeadas, algumas elevadas, sugestivas da síndrome em questão. Segue em tratamento de suporte para controle da anemia e aguarda liberação judicial de sirolimus e talidomida para tentativa de redução de angiogênese.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Nosso paciente tem somente um foco identificado de nevus em lábio inferior, sem lesões aparentes nas imagens tomográficas de crânio e tórax, sem manifestações clínicas hemorrágicas em outros locais. Na presença de hemorragia digestiva com EDA e colonoscopia sem alterações, segundo guideline recente publicado no NEJM, o exame de escolha é a cápsula endoscópica. Justamente por este exame conseguimos fechar o diagnóstico definitivo do paciente em questão. As opções terapêuticas para esta síndrome vascular descritas na literatura são escassas, até pelo número reduzido de casos descritos. Artigos de revisão e relatos de caso trazem sirolimus, talidomida, ressecção cirúrgica ou fotocoagulação quando as lesões são mais limitadas. Como nosso paciente tem múltiplas lesões jejunais, solicitamos os medicamentos sistêmicos e aguardamos liberação judicial.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Investigar a fundo a etiologia da anemia ferropriva nos permite ampliar as possibilidades diagnósticas e ofertar a terapêutica correta e efetiva ","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142526916","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.052
<div><h3>Introdução</h3><div>A aloimunização é a produção de anticorpos contra antígenos considerados não próprios, reação observada principalmente em pacientes politransfundidos e em gestantes. Quando relacionada à gravidez, as consequências da isoimunização dependem de diversos fatores, tendo como o principal a incompatibilidade antigênica, devido à presença de diferentes substâncias existentes nas superfícies das hemácias do feto e da mãe. A DHFRN, também chamada de Eritroblastose fetal, é uma patologia de origem imunológica, que resulta na hemólise das células do feto e/ou recém-nascido, decorrente da presença de anticorpos irregulares existentes na circulação da mãe Rh negativos, anticorpos esses pertencentes às imunoglobulinas da classe IgG.</div></div><div><h3>Objetivos</h3><div>O objetivo da perquirição é realizar a caracterização da Doença Hemolítica do Feto e do Recém-nascido em decorrência da aloimunização por incompatibilidade Rh.</div></div><div><h3>Metodologia</h3><div>Trata-se de uma revisão integrativa, na qual foram realizados levantamento de artigos científicos, revistas virtuais, em bases de dados, tais como Scielo e Google acadêmico, no período de 2015 a 2023, em plataformas nacionais e internacionais, tendo na questão norteadora: Ocorrência da Doença Hemolítica do feto e do recém-nascido provocada por aloimunização Rh.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Casos da Doença Hemolítica Perinatal ocorrem em sua maioria em mães que apresentam Rh negativo, quando as células destas entram em contato com células fetais, que contêm em sua superfície antígenos exclusivamente paternos, resulta em uma reação imunológica iniciando a formação de aloanticorpos contra esses agentes estranhos em seu organismo, pois a presença de antígenos D e anticorpos anti-D em uma mesma pessoa pode levar a quadros hemolíticos, devido à incompatibilidade do sistema Rh. No diagnóstico laboratorial, é tido como primeira escolha a execução do teste de Coombs Indireto, também conhecido como Teste de Antiglobulina Indireto (TAI). Método realizado em gestantes que apresentam fator Rh negativo, este tem como objetivo a detecção de anticorpos irregulares presentes na corrente sanguínea materna). Considera-se uma reação positiva, quando é observada a hemaglutinação ou hemólise em qualquer uma das etapas, indicando a presença de anticorpos que podem ser de origem natural, aloanticorpos ou autoanticorpos.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Essa revisão identificou uma homogeneidade de evidências sobre a importância da caracterização da Aloimunização Rh na DHFRN, como resultado da sensibilização materna por eritrócitos fetais. Apresentando uma grande relevância clínica por provocarem casos hemolíticos e fatores de risco para o feto ou recém-nascido.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Diante do exposto, conclui-se este trabalho enfatizando a importância do conhecimento sobre a Doença Hemolítica do Feto e do Recém-nascido, levando em consideração a sua baixa re
导言同种免疫是指针对被认为是非自身的抗原产生抗体,这种反应主要见于多输血患者和孕妇。当与妊娠有关时,同种免疫的后果取决于各种因素,其中最主要的是抗原不相容,这是由于胎儿和母亲的红细胞表面存在不同的物质。胎儿溶血病又称胎儿红细胞增多症,是一种免疫性疾病,由于在 Rh 阴性母亲的血液循环中存在不规则抗体(属于免疫球蛋白 IgG 类的抗体),导致胎儿和/或新生儿细胞溶血。方法这是一篇综合综述,以 "Rh 同种异体免疫引起的胎儿和新生儿溶血病的发生 "为指导问题,对 2015 年至 2023 年国内外平台上的科学文章、虚拟期刊、Scielo 和 Google Scholar 等数据库进行了调查。结果 围产期溶血病主要发生在Rh阴性的母亲身上,当她们的细胞与胎儿细胞接触时,胎儿细胞表面只含有父亲的抗原,从而引起免疫反应,在体内形成针对这些外来物的异体抗体,因为由于Rh系统的不相容性,D抗原和抗D抗体在同一个人身上存在会导致溶血病。在实验室诊断中,首选是间接库姆斯试验,也称为间接抗球蛋白试验(IAT)。这种方法适用于 Rh 因子阴性的孕妇,目的是检测母亲血液中的不规则抗体(unregular antibodies in the mother's bloodstream)。如果在任何阶段观察到血凝或溶血,则认为是阳性反应,表明存在可能是天然来源的抗体、异体抗体或自身抗体。鉴于以上所述,本文最后强调了了解胎儿和新生儿溶血病的重要性,同时考虑到该病在社会上的反响较小,因此不可能对其进行早期诊断和充分预后。
{"title":"DOENÇA HEMOLÍTICA DO FETO E DO RECÉM-NASCIDO POR ALOIMUNIZAÇÃO RH - INQUIRIÇÃO NARRATIVA","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.052","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.052","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A aloimunização é a produção de anticorpos contra antígenos considerados não próprios, reação observada principalmente em pacientes politransfundidos e em gestantes. Quando relacionada à gravidez, as consequências da isoimunização dependem de diversos fatores, tendo como o principal a incompatibilidade antigênica, devido à presença de diferentes substâncias existentes nas superfícies das hemácias do feto e da mãe. A DHFRN, também chamada de Eritroblastose fetal, é uma patologia de origem imunológica, que resulta na hemólise das células do feto e/ou recém-nascido, decorrente da presença de anticorpos irregulares existentes na circulação da mãe Rh negativos, anticorpos esses pertencentes às imunoglobulinas da classe IgG.</div></div><div><h3>Objetivos</h3><div>O objetivo da perquirição é realizar a caracterização da Doença Hemolítica do Feto e do Recém-nascido em decorrência da aloimunização por incompatibilidade Rh.</div></div><div><h3>Metodologia</h3><div>Trata-se de uma revisão integrativa, na qual foram realizados levantamento de artigos científicos, revistas virtuais, em bases de dados, tais como Scielo e Google acadêmico, no período de 2015 a 2023, em plataformas nacionais e internacionais, tendo na questão norteadora: Ocorrência da Doença Hemolítica do feto e do recém-nascido provocada por aloimunização Rh.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Casos da Doença Hemolítica Perinatal ocorrem em sua maioria em mães que apresentam Rh negativo, quando as células destas entram em contato com células fetais, que contêm em sua superfície antígenos exclusivamente paternos, resulta em uma reação imunológica iniciando a formação de aloanticorpos contra esses agentes estranhos em seu organismo, pois a presença de antígenos D e anticorpos anti-D em uma mesma pessoa pode levar a quadros hemolíticos, devido à incompatibilidade do sistema Rh. No diagnóstico laboratorial, é tido como primeira escolha a execução do teste de Coombs Indireto, também conhecido como Teste de Antiglobulina Indireto (TAI). Método realizado em gestantes que apresentam fator Rh negativo, este tem como objetivo a detecção de anticorpos irregulares presentes na corrente sanguínea materna). Considera-se uma reação positiva, quando é observada a hemaglutinação ou hemólise em qualquer uma das etapas, indicando a presença de anticorpos que podem ser de origem natural, aloanticorpos ou autoanticorpos.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Essa revisão identificou uma homogeneidade de evidências sobre a importância da caracterização da Aloimunização Rh na DHFRN, como resultado da sensibilização materna por eritrócitos fetais. Apresentando uma grande relevância clínica por provocarem casos hemolíticos e fatores de risco para o feto ou recém-nascido.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Diante do exposto, conclui-se este trabalho enfatizando a importância do conhecimento sobre a Doença Hemolítica do Feto e do Recém-nascido, levando em consideração a sua baixa re","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142526761","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.099
<div><h3>Objetivo</h3><div>Relatar caso de paciente em seguimento ambulatorial em investigação de anemia hemolítica desde a infância, com diagnóstico de deficiência de glicose fosfato isomerase.</div></div><div><h3>Material e métodos</h3><div>As informações contidas neste relato de caso foram obtidas por meio de revisão de prontuário do paciente e revisão de literatura.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Paciente sexo masculino, 48 anos, com início de seguimento com hematologia do HCFMRP-USP em 2007, para investigação de anemia hemolítica desde a infância. Em primeira consulta, exames laboratoriais demonstravam anemia discreta (Hb 10,5), com exames para avaliação de hemólise positivos, sem padrão autoimune (coombs direto negativo). Além de provas de hemólise positivas, paciente apresentava esplenomegalia discreta (confirmada em exame ultrassonográfico de abdome). Iniciada investigação para anemias hemolíticas hereditárias e adquiridas, sendo realizada eletroforese de hemoglobinas, teste para deficiência de G6PD, curva de fragilidade osmótica e pesquisa de clone HPN, com resultados negativos. Paciente manteve acompanhamento ambulatorial ao longo dos anos, com persistência de anemia leve com positividade para provas de hemólise, sem necessidade de suporte transfusional. Em 2024, realizado teste genético para painel de anemias hereditárias, com achado de homozigose no gene GPI <em>(glucose-6-phosphate isomerase)</em>, denotando anemia hemolítica não-esferocítica por deficiência de glicose fosfato isomerase.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>A glicose-fosfato isomerase (GPI) é uma enzima sintetizada em diversas células do corpo; e nos eritrócitos, catalisa a conversão de glucose-6-fosfato em frutose-6-fosfato na via glicolítica. A deficiência desta enzima resulta em comprometimento na produção de adenosina trifosfato (ATP), prejudicando a homeostase das hemácias, implicando em sua destruição precoce. A deficiência de GPI é causada por mutações em homozigose ou heterozigose composta no gene GPI (localizado no cromossomo 19), e possui padrão de herança autossômico recessivo. A principal expressão clínica dessa doença são graus variados de hemólise, com períodos de exacerbação após episódios infecciosos ou crise aplástica. Hiperbilirrubinemia (à custa de bilirrubina indireta) também caracteriza o perfil hemolítico da doença, causando icterícia e predisposição à formação de cálculos biliares. Em alguns casos, também foi observado comprometimento neuromuscular, com hipotonia, ataxia e deficiência intelectual. O diagnóstico é estabelecido pela pesquisa de atividade da enzima GPI nos glóbulos vermelhos, através de ensaios enzimáticos ou testes genéticos. O manejo terapêutico é heterogêneo, e depende das manifestações clínicas e grau de hemólise apresentado pelo paciente, podendo ser realizadas transfusões de hemácias e esplenectomia.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>O relato de caso demonstra uma doença cujo diagnóstico é raro e complexo atr
{"title":"ANEMIA HEMOLÍTICA POR DEFICIÊNCIA DE FOSFATO ISOMERASE: UM RELATO DE CASO","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.099","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.099","url":null,"abstract":"<div><h3>Objetivo</h3><div>Relatar caso de paciente em seguimento ambulatorial em investigação de anemia hemolítica desde a infância, com diagnóstico de deficiência de glicose fosfato isomerase.</div></div><div><h3>Material e métodos</h3><div>As informações contidas neste relato de caso foram obtidas por meio de revisão de prontuário do paciente e revisão de literatura.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Paciente sexo masculino, 48 anos, com início de seguimento com hematologia do HCFMRP-USP em 2007, para investigação de anemia hemolítica desde a infância. Em primeira consulta, exames laboratoriais demonstravam anemia discreta (Hb 10,5), com exames para avaliação de hemólise positivos, sem padrão autoimune (coombs direto negativo). Além de provas de hemólise positivas, paciente apresentava esplenomegalia discreta (confirmada em exame ultrassonográfico de abdome). Iniciada investigação para anemias hemolíticas hereditárias e adquiridas, sendo realizada eletroforese de hemoglobinas, teste para deficiência de G6PD, curva de fragilidade osmótica e pesquisa de clone HPN, com resultados negativos. Paciente manteve acompanhamento ambulatorial ao longo dos anos, com persistência de anemia leve com positividade para provas de hemólise, sem necessidade de suporte transfusional. Em 2024, realizado teste genético para painel de anemias hereditárias, com achado de homozigose no gene GPI <em>(glucose-6-phosphate isomerase)</em>, denotando anemia hemolítica não-esferocítica por deficiência de glicose fosfato isomerase.</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>A glicose-fosfato isomerase (GPI) é uma enzima sintetizada em diversas células do corpo; e nos eritrócitos, catalisa a conversão de glucose-6-fosfato em frutose-6-fosfato na via glicolítica. A deficiência desta enzima resulta em comprometimento na produção de adenosina trifosfato (ATP), prejudicando a homeostase das hemácias, implicando em sua destruição precoce. A deficiência de GPI é causada por mutações em homozigose ou heterozigose composta no gene GPI (localizado no cromossomo 19), e possui padrão de herança autossômico recessivo. A principal expressão clínica dessa doença são graus variados de hemólise, com períodos de exacerbação após episódios infecciosos ou crise aplástica. Hiperbilirrubinemia (à custa de bilirrubina indireta) também caracteriza o perfil hemolítico da doença, causando icterícia e predisposição à formação de cálculos biliares. Em alguns casos, também foi observado comprometimento neuromuscular, com hipotonia, ataxia e deficiência intelectual. O diagnóstico é estabelecido pela pesquisa de atividade da enzima GPI nos glóbulos vermelhos, através de ensaios enzimáticos ou testes genéticos. O manejo terapêutico é heterogêneo, e depende das manifestações clínicas e grau de hemólise apresentado pelo paciente, podendo ser realizadas transfusões de hemácias e esplenectomia.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>O relato de caso demonstra uma doença cujo diagnóstico é raro e complexo atr","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527089","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.071
<div><h3>Objetivo</h3><div>Avaliação de dados de encaminhamento de adolescentes portadores de doença falciforme (DF) para o ambulatório de adultos em um serviço único da cidade de São Paulo.</div></div><div><h3>Métodos</h3><div>Foi realizada avaliação do prontuário eletrônico para coleta de dados de pacientes que completaram 18 anos entre os anos de 2021 a 2024. Em 2023, foi implementado o grupo de WhatsApp para informações sobre encaminhamentos de pacientes entre as equipes da Hematologia Pediátrica e de Adulto. Os dados agrupados em 2 grupos: Grupo 1 (G1): anos de 2021 e 2022 e Grupo 2 (G2): anos de 2023 e 2024. Dados coletados: ano de nascimento, genótipos, data da última consulta na pediatria e data da consulta no ambulatório de adultos.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Foram avaliados prontuários de 97 pacientes, 56 (58%) do G1 e 41 (42%) do G2, correspondendo a 2,3 pacientes/mês para ambos os grupos; destes 62 (64%) tinham anemia falciforme, 26 (27%) doença SC e 9 (9%) S-beta talassemia. No grupo total foram incluídos pacientes de outros serviços pediátricos (PCTE) (encaminhados via CROSS-Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde). No G1, observou-se 10 PCTE, com relação PCTE /internos (PCTI) de 1:5 e no G2 foram 4 PCTE com relação de 1:9. O tempo médio entre encaminhamento e consulta no ambulatório de adultos foi de 3 meses no G1 e no G2. Para PCTE, a mediana de tempo foi de 18 meses (IQ: 6;24) no G1 e 9 meses (IQ: 5;9,5) no G2. Houve diferença significante no tempo de encaminhamento (PCTI x PCTE) apenas no G1 (p < 0,0001). Sete pacientes do G1 abandonaram o tratamento (5 PCTI e 2 PCTE) e um do G2 (PCTI).</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Segundo o Ministério da Saúde, o maior número óbitos em doentes com DF ocorreu na faixa etária de 20-29 anos. Estudos demonstram que o ambulatório de transição previne o abandono de tratamento desses adolescentes. A implementação do grupo de WhatsApp visou uma melhor comunicação entre hematologistas pediátricos e de adultos, mas não houve diferença no tempo de encaminhamento quando comparados G1 e G2, embora no G1 só tenham sido contabilizados pacientes que efetivamente chegaram ao ambulatório de adultos. Por isso, o abandono de tratamento observado no G1 pode ser ainda maior. No G2, devido à implantação do WhatsApp, foi possível busca ativa dos pacientes, diminuindo o abandono. Nos PCTE observou-se maior intervalo entre encaminhamento e consulta, e a pandemia de COVID pode ter contribuído nos achados do G1. Ressalta-se a diferença no número de PCTI e de PCTE: G1: 46 e 10; G2: 37 e 4, respectivamente. Na cidade de São Paulo existem 3 serviços pediátricos que não têm retaguarda para encaminhamento de seus pacientes e é sabido que a oferta de vagas pelos serviços que atendem adultos é restrita, o que nos leva a supor que muitos pacientes se encontram desassistidos.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>A implantação de um serviço de transição adequado para cada instituição é impre
{"title":"ENCAMINHAMENTO DE ADOLESCENTES COM DOENÇA FALCIFORME PARA O AMBULATÓRIO DE ADULTOS","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.071","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.071","url":null,"abstract":"<div><h3>Objetivo</h3><div>Avaliação de dados de encaminhamento de adolescentes portadores de doença falciforme (DF) para o ambulatório de adultos em um serviço único da cidade de São Paulo.</div></div><div><h3>Métodos</h3><div>Foi realizada avaliação do prontuário eletrônico para coleta de dados de pacientes que completaram 18 anos entre os anos de 2021 a 2024. Em 2023, foi implementado o grupo de WhatsApp para informações sobre encaminhamentos de pacientes entre as equipes da Hematologia Pediátrica e de Adulto. Os dados agrupados em 2 grupos: Grupo 1 (G1): anos de 2021 e 2022 e Grupo 2 (G2): anos de 2023 e 2024. Dados coletados: ano de nascimento, genótipos, data da última consulta na pediatria e data da consulta no ambulatório de adultos.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Foram avaliados prontuários de 97 pacientes, 56 (58%) do G1 e 41 (42%) do G2, correspondendo a 2,3 pacientes/mês para ambos os grupos; destes 62 (64%) tinham anemia falciforme, 26 (27%) doença SC e 9 (9%) S-beta talassemia. No grupo total foram incluídos pacientes de outros serviços pediátricos (PCTE) (encaminhados via CROSS-Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde). No G1, observou-se 10 PCTE, com relação PCTE /internos (PCTI) de 1:5 e no G2 foram 4 PCTE com relação de 1:9. O tempo médio entre encaminhamento e consulta no ambulatório de adultos foi de 3 meses no G1 e no G2. Para PCTE, a mediana de tempo foi de 18 meses (IQ: 6;24) no G1 e 9 meses (IQ: 5;9,5) no G2. Houve diferença significante no tempo de encaminhamento (PCTI x PCTE) apenas no G1 (p < 0,0001). Sete pacientes do G1 abandonaram o tratamento (5 PCTI e 2 PCTE) e um do G2 (PCTI).</div></div><div><h3>Discussão</h3><div>Segundo o Ministério da Saúde, o maior número óbitos em doentes com DF ocorreu na faixa etária de 20-29 anos. Estudos demonstram que o ambulatório de transição previne o abandono de tratamento desses adolescentes. A implementação do grupo de WhatsApp visou uma melhor comunicação entre hematologistas pediátricos e de adultos, mas não houve diferença no tempo de encaminhamento quando comparados G1 e G2, embora no G1 só tenham sido contabilizados pacientes que efetivamente chegaram ao ambulatório de adultos. Por isso, o abandono de tratamento observado no G1 pode ser ainda maior. No G2, devido à implantação do WhatsApp, foi possível busca ativa dos pacientes, diminuindo o abandono. Nos PCTE observou-se maior intervalo entre encaminhamento e consulta, e a pandemia de COVID pode ter contribuído nos achados do G1. Ressalta-se a diferença no número de PCTI e de PCTE: G1: 46 e 10; G2: 37 e 4, respectivamente. Na cidade de São Paulo existem 3 serviços pediátricos que não têm retaguarda para encaminhamento de seus pacientes e é sabido que a oferta de vagas pelos serviços que atendem adultos é restrita, o que nos leva a supor que muitos pacientes se encontram desassistidos.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>A implantação de um serviço de transição adequado para cada instituição é impre","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527222","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.011
Purpose
Aspirin is largely used for primary and secondary prevention of cardiovascular disease. Although the adverse effect of acute bleeding has been thoroughly analyzed, the potential effect of aspirin on the prevalence of anemia is still unclear, especially in senior individuals. We aimed to investigate the effect of low-dose aspirin on anemia events, hemoglobin concentration, and other haematologic parameters in the elderly by conducting a meta-analysis of randomized and observational trials.
Methods
We systematically searched PubMed, Embase, and Cochrane Central databases for studies comparing the hematological parameters and the prevalence of anemia between low-dose aspirin (≤ 325 mg) and non-aspirin users in individuals aged 60 years or older. We pooled mean differences (MD) for continuous outcomes and odds ratio (OR) for binary outcomes, with 95% confidence intervals (CI), under a random-effects model for both.
Results
We included seven studies, consisting of three randomized controlled trials (RCTs), two cross-sectional, and two retrospective cohorts. The pooled data provided a total of 19,792 participants, of whom 9,771 (49.3%) were treated with aspirin; 55.4% were women and 44% had a history of smoking. There was no significant difference in the prevalence of anemia between aspirin users and non-aspirin users (OR 0.85; 95% CI 0.52 to 1.38; p = 0.50). Additionally, there was no significant difference in Mean Corpuscular Haemoglobin (MD 0.06 pg; 95% CI -0.37 to 0.49; p = 0.79), Mean Corpuscular Volume (MD -0.31 fl; 95% CI -1.17 to 0.56; p = 0.49), and hemoglobin concentration (MD -0.02 g/dL; 95% CI -0.26 to 0.21; p = 0.85) between the two groups. However, the mean change in hemoglobin concentration between baseline and follow-up was higher in the aspirin group when compared to non-aspirin users (MD -0.11 g/dL; 95% CI -0.17 to -0.05; p = 0.0002; I2 = 0%).
Discussion
Our study, the first quantitative meta-analysis on this topic in a decade, utilizes rigorous methodology and a substantial patient cohort. Findings suggest that while low-dose aspirin does not increase anemia prevalence, it is associated with declining hemoglobin levels over time, likely due to minor or occult bleeding. Previous studies support this by showing increased fecal blood loss in aspirin users. Limitations include diverse study designs, short follow-up durations, gender-specific anemia criteria, and insufficient data on ferritin and iron levels.
Conclusion
In summary, low-dose aspirin was not associated with an increased prevalence of anemia. However, there was a meaningful correlation between aspirin intake and declining hemoglobin levels over time.
目的 阿司匹林主要用于心血管疾病的一级和二级预防。虽然急性出血的不良影响已得到深入分析,但阿司匹林对贫血患病率的潜在影响仍不清楚,尤其是在老年人中。我们的目的是通过对随机试验和观察性试验进行荟萃分析,研究低剂量阿司匹林对老年人贫血事件、血红蛋白浓度和其他血液学参数的影响。方法我们系统地检索了 PubMed、Embase 和 Cochrane Central 数据库中的研究,比较了低剂量阿司匹林(≤ 325 毫克)和非阿司匹林使用者对 60 岁或以上老年人的血液学参数和贫血患病率的影响。在随机效应模型下,我们汇总了连续结果的平均差(MD)和二元结果的几率比(OR),以及两者的 95% 置信区间(CI)。结果我们纳入了 7 项研究,包括 3 项随机对照试验(RCT)、2 项横断面研究和 2 项回顾性队列研究。汇总数据共提供了 19,792 名参与者,其中 9,771 人(49.3%)接受了阿司匹林治疗;55.4% 为女性,44% 有吸烟史。阿司匹林使用者和非阿司匹林使用者的贫血患病率无明显差异(OR 0.85;95% CI 0.52 至 1.38;P = 0.50)。此外,两组患者的平均肌体血红蛋白(MD 0.06 pg; 95% CI -0.37 to 0.49; p = 0.79)、平均肌体容积(MD -0.31 fl; 95% CI -1.17 to 0.56; p = 0.49)和血红蛋白浓度(MD -0.02 g/dL; 95% CI -0.26 to 0.21; p = 0.85)均无显著差异。然而,与非阿司匹林使用者相比,阿司匹林组在基线和随访之间的血红蛋白浓度平均变化更高(MD -0.11 g/dL; 95% CI -0.17 to -0.05; p = 0.0002; I2 = 0%)。讨论我们的研究是十年来首次对该主题进行的定量荟萃分析,采用了严格的方法和大量的患者群。研究结果表明,虽然低剂量阿司匹林不会增加贫血的发生率,但随着时间的推移,它与血红蛋白水平的下降有关,这可能是由于轻微或隐性出血造成的。之前的研究显示,阿司匹林使用者的粪便失血量增加,从而证实了这一点。局限性包括研究设计多样、随访时间短、针对不同性别的贫血标准以及有关铁蛋白和铁水平的数据不足。总之,低剂量阿司匹林与贫血患病率增加无关,但阿司匹林摄入量与血红蛋白水平随时间推移而下降之间存在有意义的相关性。
{"title":"IMPACT OF LOW-DOSE ASPIRIN ON THE PREVALENCE OF ANAEMIA IN ELDERLY PATIENTS: A SYSTEMATIC REVIEW AND META-ANALYSIS","authors":"","doi":"10.1016/j.htct.2024.09.011","DOIUrl":"10.1016/j.htct.2024.09.011","url":null,"abstract":"<div><h3>Purpose</h3><div>Aspirin is largely used for primary and secondary prevention of cardiovascular disease. Although the adverse effect of acute bleeding has been thoroughly analyzed, the potential effect of aspirin on the prevalence of anemia is still unclear, especially in senior individuals. We aimed to investigate the effect of low-dose aspirin on anemia events, hemoglobin concentration, and other haematologic parameters in the elderly by conducting a meta-analysis of randomized and observational trials.</div></div><div><h3>Methods</h3><div>We systematically searched PubMed, Embase, and Cochrane Central databases for studies comparing the hematological parameters and the prevalence of anemia between low-dose aspirin (≤ 325 mg) and non-aspirin users in individuals aged 60 years or older. We pooled mean differences (MD) for continuous outcomes and odds ratio (OR) for binary outcomes, with 95% confidence intervals (CI), under a random-effects model for both.</div></div><div><h3>Results</h3><div>We included seven studies, consisting of three randomized controlled trials (RCTs), two cross-sectional, and two retrospective cohorts. The pooled data provided a total of 19,792 participants, of whom 9,771 (49.3%) were treated with aspirin; 55.4% were women and 44% had a history of smoking. There was no significant difference in the prevalence of anemia between aspirin users and non-aspirin users (OR 0.85; 95% CI 0.52 to 1.38; p = 0.50). Additionally, there was no significant difference in Mean Corpuscular Haemoglobin (MD 0.06 pg; 95% CI -0.37 to 0.49; p = 0.79), Mean Corpuscular Volume (MD -0.31 fl; 95% CI -1.17 to 0.56; p = 0.49), and hemoglobin concentration (MD -0.02 g/dL; 95% CI -0.26 to 0.21; p = 0.85) between the two groups. However, the mean change in hemoglobin concentration between baseline and follow-up was higher in the aspirin group when compared to non-aspirin users (MD -0.11 g/dL; 95% CI -0.17 to -0.05; p = 0.0002; I<sup>2</sup> = 0%).</div></div><div><h3>Discussion</h3><div>Our study, the first quantitative meta-analysis on this topic in a decade, utilizes rigorous methodology and a substantial patient cohort. Findings suggest that while low-dose aspirin does not increase anemia prevalence, it is associated with declining hemoglobin levels over time, likely due to minor or occult bleeding. Previous studies support this by showing increased fecal blood loss in aspirin users. Limitations include diverse study designs, short follow-up durations, gender-specific anemia criteria, and insufficient data on ferritin and iron levels.</div></div><div><h3>Conclusion</h3><div>In summary, low-dose aspirin was not associated with an increased prevalence of anemia. However, there was a meaningful correlation between aspirin intake and declining hemoglobin levels over time.</div></div>","PeriodicalId":12958,"journal":{"name":"Hematology, Transfusion and Cell Therapy","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":1.8,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142527033","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}