Pub Date : 2020-11-24DOI: 10.11606/issn.2447-9748.v4i1p163-171
Carolina de Pontes Rubira
O conto El Perseguidor, de Julio Cortázar, publicado em 1959, no livro Las armas secretas, pode ser compreendido como um divisor de águas na produção do autor argentino, como ele mesmo observou em uma de suas aulas de literatura ministrada em Berkeley (1980). O conto narra alguns episódios da vida de Johnny Carter, numa narrativa repleta de balbucios e monólogos, inspirada no saxofonista de jazz Charlie Parker. O conto não apenas tematiza a vida de um dos maiores representantes do jazz bebop como também apresenta questões essenciais sobre vida e arte, além de trazer uma nova forma ao conto cortazariano, que parece dialogar com a mesma busca por novas estruturas que se vê nas composições dos músicos do bebop. Neste trabalho, proponho demonstrar algo dessas relações entre a criação jazzística e literária enquanto forma e tema no referido conto de Julio Cortázar.
{"title":"O jazz em \"El Perseguidor\" de Julio Cortázar: balbucios e monólogos","authors":"Carolina de Pontes Rubira","doi":"10.11606/issn.2447-9748.v4i1p163-171","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9748.v4i1p163-171","url":null,"abstract":"\u0000\u0000\u0000O conto El Perseguidor, de Julio Cortázar, publicado em 1959, no livro Las armas secretas, pode ser compreendido como um divisor de águas na produção do autor argentino, como ele mesmo observou em uma de suas aulas de literatura ministrada em Berkeley (1980). O conto narra alguns episódios da vida de Johnny Carter, numa narrativa repleta de balbucios e monólogos, inspirada no saxofonista de jazz Charlie Parker. O conto não apenas tematiza a vida de um dos maiores representantes do jazz bebop como também apresenta questões essenciais sobre vida e arte, além de trazer uma nova forma ao conto cortazariano, que parece dialogar com a mesma busca por novas estruturas que se vê nas composições dos músicos do bebop. Neste trabalho, proponho demonstrar algo dessas relações entre a criação jazzística e literária enquanto forma e tema no referido conto de Julio Cortázar.\u0000\u0000\u0000","PeriodicalId":267085,"journal":{"name":"Revista Entrecaminos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-11-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115168569","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-09-30DOI: 10.11606/issn.2447-9748.v3i1p20-31
Ana Carolina Macena Francini
O romance contemporâneo Fruta podrida (2008), da escritora chilena Lina Meruane, narra a história de duas irmãs que vivem no campo: María- a mais velha-, especialista em pesticidas, e Zoila – irmã mais nova-, diagnosticada com diabete. Chama a atenção o fato de a narrativa girar em torno do corpo doente de Zoila o qual, sem estar sob o controle do “sujeito da consciência” da personagem, acaba por ser subjugado pela medicina que, legitimada pelo saber científico, detém o monopólio sobre o corpo enfermo. Tendo isso em vista, o objetivo deste trabalho é analisar de que modo o romance, ao pôr em foco o corpo doente- seus sofrimentos e suas potencialidades-, problematiza a categoria de ‘pessoa’ ou de ‘sujeito da consciência/de direito’, como única forma possível/reconhecível do ser. A categoria de pessoa pensada para este trabalho é a que está presente em discursos jurídicos, filosóficos e políticos e que sustenta as reivindicações dos direitos humanos, contraditoriamente, tão em voga na contemporaneidade, conforme teorizou o filósofo italiano Roberto Esposito, em seus livros Tercera persona (2009) e Dispositivo de la persona (2011). Dessa forma, será pertinente investigar também como a dissolução da hierarquia binária mente/corpo, no romance de Meruane, pode – como ato político- permear o sensível (RANCIÈRE, 1995), desestabilizar os dispositivos de controle da biopolítica (FOUCAULT, 2004, 2011 ) e instigar por novas formas de liberar e pensar a vida para além da -exclusiva e excludente- categoria de pessoa.
{"title":"A doença e a dissolução do sujeito, em Fruta Podrida, de Lina Meruane. O que pode o corpo escrito?","authors":"Ana Carolina Macena Francini","doi":"10.11606/issn.2447-9748.v3i1p20-31","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9748.v3i1p20-31","url":null,"abstract":"O romance contemporâneo Fruta podrida (2008), da escritora chilena Lina Meruane, narra a história de duas irmãs que vivem no campo: María- a mais velha-, especialista em pesticidas, e Zoila – irmã mais nova-, diagnosticada com diabete. Chama a atenção o fato de a narrativa girar em torno do corpo doente de Zoila o qual, sem estar sob o controle do “sujeito da consciência” da personagem, acaba por ser subjugado pela medicina que, legitimada pelo saber científico, detém o monopólio sobre o corpo enfermo. Tendo isso em vista, o objetivo deste trabalho é analisar de que modo o romance, ao pôr em foco o corpo doente- seus sofrimentos e suas potencialidades-, problematiza a categoria de ‘pessoa’ ou de ‘sujeito da consciência/de direito’, como única forma possível/reconhecível do ser. A categoria de pessoa pensada para este trabalho é a que está presente em discursos jurídicos, filosóficos e políticos e que sustenta as reivindicações dos direitos humanos, contraditoriamente, tão em voga na contemporaneidade, conforme teorizou o filósofo italiano Roberto Esposito, em seus livros Tercera persona (2009) e Dispositivo de la persona (2011). Dessa forma, será pertinente investigar também como a dissolução da hierarquia binária mente/corpo, no romance de Meruane, pode – como ato político- permear o sensível (RANCIÈRE, 1995), desestabilizar os dispositivos de controle da biopolítica (FOUCAULT, 2004, 2011 ) e instigar por novas formas de liberar e pensar a vida para além da -exclusiva e excludente- categoria de pessoa. ","PeriodicalId":267085,"journal":{"name":"Revista Entrecaminos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114827545","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-09-30DOI: 10.11606/issn.2447-9748.v3i1p88-94
Renata Cristina Pereira Raulino
Nesta comunicação, apresentarei o meu projeto de pesquisa de doutorado, em que analisarei como o esquecimento mobiliza a escritura de textos literários latino-americanos contemporâneos, nos quais personagens com doença de Alzheimer são centrais para a escrita. O corpus inicial é o seguinte: Desarticulaciones (2010), de Sylvia Molloy; El eco de mi madre (2010), de Tamara Kamenzsain; En la laguna más profunda (2011), de Óscar Collazos; Diário da queda (2011), de Michel Laub; O lugar escuro: uma história de senilidade e loucura (2007), de Heloísa Seixas; e “H”, poema do livro Monodrama (2009), de Carlito Azevedo. Pretendo contribuir para as reflexões sobre a abordagem dos sintomas de uma enfermidade como material literário, elaboração tão em voga atualmente na literatura contemporânea e latino-americana.
{"title":"Formas do esquecimento","authors":"Renata Cristina Pereira Raulino","doi":"10.11606/issn.2447-9748.v3i1p88-94","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9748.v3i1p88-94","url":null,"abstract":"Nesta comunicação, apresentarei o meu projeto de pesquisa de doutorado, em que analisarei como o esquecimento mobiliza a escritura de textos literários latino-americanos contemporâneos, nos quais personagens com doença de Alzheimer são centrais para a escrita. O corpus inicial é o seguinte: Desarticulaciones (2010), de Sylvia Molloy; El eco de mi madre (2010), de Tamara Kamenzsain; En la laguna más profunda (2011), de Óscar Collazos; Diário da queda (2011), de Michel Laub; O lugar escuro: uma história de senilidade e loucura (2007), de Heloísa Seixas; e “H”, poema do livro Monodrama (2009), de Carlito Azevedo. Pretendo contribuir para as reflexões sobre a abordagem dos sintomas de uma enfermidade como material literário, elaboração tão em voga atualmente na literatura contemporânea e latino-americana.","PeriodicalId":267085,"journal":{"name":"Revista Entrecaminos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126762170","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-09-30DOI: 10.11606/issn.2447-9748.v3i1p79-87
Mariana Pires Santos
Procuramos analisar o livro de relatos autobiográficos Varia imaginación (2003), da escritora argentina Sylvia Molloy, à luz de suas próprias reflexões sobre a autobiografia, desenvolvidas principalmente em seu livro de ensaios At Face Value/Acto de presencia (1991/1996), mas também em seu primeiro romance, En breve cárcel (1981). Entendemos que Varia imaginación recupera, em outro registro, muitas das reflexões apresentadas no volume de ensaios críticos sobre a autobiografia hispano-americana, assim como questões já abordadas naquele romance. Entre a publicação de En breve cárcel e a de Varia imaginación passam-se mais de vinte anos. No meio do caminho, como se unisse duas pontas, está Acto de presencia. O que era dúvida, inquietação, perturbação para a narradora do primeiro romance de Sylvia Molloy converte-se em prazer, melancolia e ironia para a narradora do seu primeiro relato autobiográfico. Leitora atenta de si mesma, se em Acto de presencia a escritora-crítica busca, nas autobiografias que analisa, desconstruir formas estabelecidas de concepção da escrita autobiográfica, em Varia imaginación ela apresenta um relato que, além de narrar episódios e anedotas que forjam um eu fragmentado, a todo momento volta-se a si mesmo para refletir sobre a própria escrita.
我们分析报告使用imaginación自传的书(2003年),西尔维亚•莫雷阿根廷作家在自己的自传反思的光,特别是在他的书看到了测试在票面价值/法案》(1991/1996),但也在他的第一部小说,短cárcel(1981)。我们知道,在另一个记录中,Varia imaginacao恢复了关于西班牙裔美国人自传的评论文章卷中提出的许多思考,以及小说中已经解决的问题。从《En breve carcardo》的出版到《Varia imaginacao》的出版,已经过去了20多年。在中间,就像两个点连接在一起一样,是存在的行为。西尔维娅·莫洛伊(Sylvia Molloy)第一部小说的叙述者曾经的怀疑、不安和不安,对她第一部自传体小说的叙述者来说,变成了快乐、忧郁和讽刺。读者注意自己的行为,如果各位作者搜索特定的自传,自传写作的分析,解构形式建立的设计,在使用imaginación她介绍一份叙述事件和轶事之外假借总会想到一个破碎的回自己思考自己的写作。
{"title":"Ensaiar a escrita, escrever a vida","authors":"Mariana Pires Santos","doi":"10.11606/issn.2447-9748.v3i1p79-87","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9748.v3i1p79-87","url":null,"abstract":"Procuramos analisar o livro de relatos autobiográficos Varia imaginación (2003), da escritora argentina Sylvia Molloy, à luz de suas próprias reflexões sobre a autobiografia, desenvolvidas principalmente em seu livro de ensaios At Face Value/Acto de presencia (1991/1996), mas também em seu primeiro romance, En breve cárcel (1981). Entendemos que Varia imaginación recupera, em outro registro, muitas das reflexões apresentadas no volume de ensaios críticos sobre a autobiografia hispano-americana, assim como questões já abordadas naquele romance. Entre a publicação de En breve cárcel e a de Varia imaginación passam-se mais de vinte anos. No meio do caminho, como se unisse duas pontas, está Acto de presencia. O que era dúvida, inquietação, perturbação para a narradora do primeiro romance de Sylvia Molloy converte-se em prazer, melancolia e ironia para a narradora do seu primeiro relato autobiográfico. Leitora atenta de si mesma, se em Acto de presencia a escritora-crítica busca, nas autobiografias que analisa, desconstruir formas estabelecidas de concepção da escrita autobiográfica, em Varia imaginación ela apresenta um relato que, além de narrar episódios e anedotas que forjam um eu fragmentado, a todo momento volta-se a si mesmo para refletir sobre a própria escrita.","PeriodicalId":267085,"journal":{"name":"Revista Entrecaminos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"117322224","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-09-30DOI: 10.11606/issn.2447-9748.v3i1p95-104
A. B. Santos
Nas próximas linhas nos propomos a analisar no livro de crônicas de Roberto Arlt Aguafuertes Cariocas, escritas em 1929 na ocasião de sua visita ao Brasil, a aparição do português, seja em sua forma escrita, seja em forma de escuta. Para tanto, pretendemos verificar nas crônicas como Arlt se apropria e escuta a língua do outro, com o objetivo de averigar de que forma o português se insere na já questionada linguagem arltiana. Buscaremos identificar como e quando o português é a opção do cronista, afim de explicitar o uso territorial que ele faz do idioma além de ponderar sobre a forma como ele se apropria da língua do outro. Também será nosso interesse analisar a forma como Arlt escuta o português: a quem lhe interessava escutar e de que forma. Dessa maneira tentaremos descobrir que tipo de atenção o cronista dá a voz do outro.
在接下来的几行中,我们建议分析罗伯托·阿尔特(Roberto Arlt) 1929年访问巴西时写的《Cariocas Aguafuertes编年史》(chronicles of Cariocas Aguafuertes)中葡萄牙语的出现,无论是书面形式还是听力形式。因此,我们打算在编年史中验证阿尔特是如何挪用和倾听他人的语言的,目的是找出葡萄牙语是如何插入已经受到质疑的阿尔特语言的。我们将试图确定葡萄牙语是如何以及何时成为编年史者的选择,以明确他对语言的领土使用,并思考他如何挪用他人的语言。我们也有兴趣分析Arlt是如何听葡萄牙语的:谁有兴趣听以及如何听。通过这种方式,我们将试图找出编年史者对另一个人的声音给予了什么样的关注。
{"title":"Linguagem e escuta nas Aguafuertes Cariocas","authors":"A. B. Santos","doi":"10.11606/issn.2447-9748.v3i1p95-104","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9748.v3i1p95-104","url":null,"abstract":"Nas próximas linhas nos propomos a analisar no livro de crônicas de Roberto Arlt Aguafuertes Cariocas, escritas em 1929 na ocasião de sua visita ao Brasil, a aparição do português, seja em sua forma escrita, seja em forma de escuta. Para tanto, pretendemos verificar nas crônicas como Arlt se apropria e escuta a língua do outro, com o objetivo de averigar de que forma o português se insere na já questionada linguagem arltiana. Buscaremos identificar como e quando o português é a opção do cronista, afim de explicitar o uso territorial que ele faz do idioma além de ponderar sobre a forma como ele se apropria da língua do outro. Também será nosso interesse analisar a forma como Arlt escuta o português: a quem lhe interessava escutar e de que forma. Dessa maneira tentaremos descobrir que tipo de atenção o cronista dá a voz do outro.","PeriodicalId":267085,"journal":{"name":"Revista Entrecaminos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123087280","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-09-30DOI: 10.11606/issn.2447-9748.v3i1p112-119
F. Costa
A presente pesquisa tem como foco a realização de um estudo sobre uma Leyenda do escritor espanhol Gustavo Adolfo Bécquer, intitulada “A rosa da paixão” (1864). Para além dos aspectos sobrenaturais e místicos tão presentes no autor será possível ainda perceber nesta investigação as acepções do universo religioso em um enredo em que a simbologia da rosa deflagra diferentes oposições entre os signos de vida e morte. A fortuna crítica aplicada neste levantamento visa salientar pontos importantes sobre o autor em relação ao período artístico e literário observado na Espanha do século XIX, sendo utilizada a leitura e análise crítica de autores como Jean Canavaggio, Maria Alcalá, Pascual Izquierdo e Manuel Montecinos Caro. A Leyenda “A rosa da paixão” foi publicada primeiramente em Madrid no periódico “El contemporáneo” durante o ano de 1864. Este período é emblemático para muitas das transformações ocorridas na carreira do escritor. Quando chega à capital espanhola em 1854, Gustavo Adolfo Bécquer conta com apenas dezoito anos de idade, muda-se de sua cidade natal (Sevilha) tendo a intenção de desenvolver, trabalhar e publicar os seus escritos, algo que de fato consegue consumar. Entretanto, a ação da narrativa se passa na cidade de Toledo, local que recebe um foco especial em suas composições, sendo que o autor havia realizado anteriormente o projeto intitulado “História de los templos de España (1857-1858)”, obra onde fez um estudo das principais cidades, construções e espaços religiosos de seu país. Outro aspecto relevante para esta análise é o profícuo jogo de narradores que ocorre nesta e em outras Leyendas becquerianas. De maneira geral há sempre a figura da personagem que abre as histórias e pretende contar algo que lhe foi previamente transmitido, reforçando assim tanto o caráter da oralidade quanto o da verossimilhança dentro das narrativas. Desse modo, nota-se um ponto que atualiza e conduz para certos traços da modernidade introduzida por Bécquer, muitas vezes considerado um “romântico tardio” justamente por salientar características anteriores do período em que viveu ao mesmo tempo em que incorporava e utilizava-se de novos preceitos.
{"title":"Uma análise dos aspectos religiosos e das simbologias presentes na Leyenda “A rosa da paixão”, de Gustavo Adolfo Bécquer","authors":"F. Costa","doi":"10.11606/issn.2447-9748.v3i1p112-119","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9748.v3i1p112-119","url":null,"abstract":"A presente pesquisa tem como foco a realização de um estudo sobre uma Leyenda do escritor espanhol Gustavo Adolfo Bécquer, intitulada “A rosa da paixão” (1864). Para além dos aspectos sobrenaturais e místicos tão presentes no autor será possível ainda perceber nesta investigação as acepções do universo religioso em um enredo em que a simbologia da rosa deflagra diferentes oposições entre os signos de vida e morte. A fortuna crítica aplicada neste levantamento visa salientar pontos importantes sobre o autor em relação ao período artístico e literário observado na Espanha do século XIX, sendo utilizada a leitura e análise crítica de autores como Jean Canavaggio, Maria Alcalá, Pascual Izquierdo e Manuel Montecinos Caro. A Leyenda “A rosa da paixão” foi publicada primeiramente em Madrid no periódico “El contemporáneo” durante o ano de 1864. Este período é emblemático para muitas das transformações ocorridas na carreira do escritor. Quando chega à capital espanhola em 1854, Gustavo Adolfo Bécquer conta com apenas dezoito anos de idade, muda-se de sua cidade natal (Sevilha) tendo a intenção de desenvolver, trabalhar e publicar os seus escritos, algo que de fato consegue consumar. Entretanto, a ação da narrativa se passa na cidade de Toledo, local que recebe um foco especial em suas composições, sendo que o autor havia realizado anteriormente o projeto intitulado “História de los templos de España (1857-1858)”, obra onde fez um estudo das principais cidades, construções e espaços religiosos de seu país. Outro aspecto relevante para esta análise é o profícuo jogo de narradores que ocorre nesta e em outras Leyendas becquerianas. De maneira geral há sempre a figura da personagem que abre as histórias e pretende contar algo que lhe foi previamente transmitido, reforçando assim tanto o caráter da oralidade quanto o da verossimilhança dentro das narrativas. Desse modo, nota-se um ponto que atualiza e conduz para certos traços da modernidade introduzida por Bécquer, muitas vezes considerado um “romântico tardio” justamente por salientar características anteriores do período em que viveu ao mesmo tempo em que incorporava e utilizava-se de novos preceitos.","PeriodicalId":267085,"journal":{"name":"Revista Entrecaminos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116812823","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-09-30DOI: 10.11606/issn.2447-9748.v3i1p62-78
H. R. Miranda, C. Reis
A história, em seu estatuto de ciência, compõe-se como um gênero narrativo. A literatura, expressão artística, está naturalmente implicada na história, que a constitui como gênero produzido pelo homem, imerso na temporalidade. O “ponto-zero”, que marca o antes e o depois entre a história e a literatura, está no fato de ambas se constituírem como linguagem. Sendo assim, pretendemos nesse texto demonstrar como o discurso histórico pode fazer uso da linguagem literária na composição da narrativa historiográfica. Para tanto, analisaremos o texto “Palabras perdidas”, do uruguaio Eduardo Galeano, retirado da obra Espejos: una historia casi universal (2008), observando que, embora Galeano não cumpra as exigências do método da historiografia estrutural (demarcação temporal, relato dos fatos, informação das fontes etc), seu texto oferece outra configuração, possível ao discurso histórico.
{"title":"Eduardo Galeano e os jogos de linguagem","authors":"H. R. Miranda, C. Reis","doi":"10.11606/issn.2447-9748.v3i1p62-78","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9748.v3i1p62-78","url":null,"abstract":"A história, em seu estatuto de ciência, compõe-se como um gênero narrativo. A literatura, expressão artística, está naturalmente implicada na história, que a constitui como gênero produzido pelo homem, imerso na temporalidade. O “ponto-zero”, que marca o antes e o depois entre a história e a literatura, está no fato de ambas se constituírem como linguagem. Sendo assim, pretendemos nesse texto demonstrar como o discurso histórico pode fazer uso da linguagem literária na composição da narrativa historiográfica. Para tanto, analisaremos o texto “Palabras perdidas”, do uruguaio Eduardo Galeano, retirado da obra Espejos: una historia casi universal (2008), observando que, embora Galeano não cumpra as exigências do método da historiografia estrutural (demarcação temporal, relato dos fatos, informação das fontes etc), seu texto oferece outra configuração, possível ao discurso histórico.","PeriodicalId":267085,"journal":{"name":"Revista Entrecaminos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129744661","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-09-30DOI: 10.11606/issn.2447-9748.v3i1p41-51
L. Ferreira
O artigo busca mostrar a relação entre rosto, máscara e monstruosidade no romance argentino El desierto y su semilla, de Jorge Baron Biza. Para tal, encararemos a obra com um olhar antropofágico, pensando no Movimento que leva esse nome e sua relação com a carne, a destruição e a reconstrução. A partir da análise da professora e pesquisadora María Soledad Boero sobre a obra em questão e da análise do quadro “O Jurista”, de 1566, do pintor Giuseppe Arcimboldo (imagem marcante e fundamentalmente presente na obra), pensaremos na relação do romance de Baron Biza com a figura do monstro, o valor da máscara para a construção da identidade e sua correspondência com a língua através da experimentação.
本文旨在揭示豪尔赫·巴伦·比扎的阿根廷小说《El desierto y su semilla》中面孔、面具和怪物之间的关系。为此,我们将以食人的视角来看待这部作品,思考以这个名字命名的运动及其与肉体、破坏和重建的关系。从老师和研究者分析玛丽亚州立达喀尔拉力赛的工作问题,分析框架“律师”,1566年,画家的朱塞佩Arcimboldo(图片中从根本上这在男爵Biza小说的关系上),会与图的怪物,面具身份构建的价值及其与语言通过实验。
{"title":"A máscara e o monstro","authors":"L. Ferreira","doi":"10.11606/issn.2447-9748.v3i1p41-51","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9748.v3i1p41-51","url":null,"abstract":"O artigo busca mostrar a relação entre rosto, máscara e monstruosidade no romance argentino El desierto y su semilla, de Jorge Baron Biza. Para tal, encararemos a obra com um olhar antropofágico, pensando no Movimento que leva esse nome e sua relação com a carne, a destruição e a reconstrução. A partir da análise da professora e pesquisadora María Soledad Boero sobre a obra em questão e da análise do quadro “O Jurista”, de 1566, do pintor Giuseppe Arcimboldo (imagem marcante e fundamentalmente presente na obra), pensaremos na relação do romance de Baron Biza com a figura do monstro, o valor da máscara para a construção da identidade e sua correspondência com a língua através da experimentação.","PeriodicalId":267085,"journal":{"name":"Revista Entrecaminos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115198122","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-09-24DOI: 10.11606/issn.2447-9748.v3i1p105-111
Pacelli Dias Alves de Sousa
Mariel Revista de Literatura y Arte fue una publicación editada por exiliados cubanos entre 1983 y 1985, con edición conmemorativa en 2003, entre Miami y Nueva York, por Reinaldo Arenas, Juan Abreu y García Ramos. La revista fue el principal portavoz de la Generación Mariel, grupo de escritores que salieron de Cuba por el puerto de Mariel, en 1980. Una de las secciones de la revista, titulada "Confluencias", se dedicó a la publicación de textos considerados (o pertenecientes a escritores) ignorados por la política cultural cubana que, a su vez, aparecian acompañados de ensayos críticos escritos por los marielitos para colaborar a una "correcta apreciación". El objetivo del trabajo es analizar algunos textos escritos por Reinaldo Arenas en la dicha sección, archivo crítico de un momento crítico de la cultura cubana en el siglo XX.
《马里埃尔文学与艺术杂志》(Mariel Revista de Literatura y Arte)是古巴流亡者在1983年至1985年间出版的一份出版物,2003年由雷纳尔多·阿里纳斯(Reinaldo Arenas)、胡安·阿布瑞尤(Juan Abreu)和garcia拉莫斯(garcia Ramos)在迈阿密和纽约出版纪念版。该杂志是1980年通过马里埃尔港离开古巴的作家团体“马里埃尔一代”(generation Mariel)的主要发言人。该杂志的一个版块名为“Confluencias”,专门出版被认为(或属于作家)被古巴文化政策忽视的文本,这些文本与los marielitos撰写的批评文章一起出现,以帮助“正确欣赏”。本文的目的是分析雷纳尔多·阿雷纳斯在20世纪古巴文化关键时刻的关键档案部分所写的一些文本。
{"title":"Reinaldo Arenas, crítico literario","authors":"Pacelli Dias Alves de Sousa","doi":"10.11606/issn.2447-9748.v3i1p105-111","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9748.v3i1p105-111","url":null,"abstract":"Mariel Revista de Literatura y Arte fue una publicación editada por exiliados cubanos entre 1983 y 1985, con edición conmemorativa en 2003, entre Miami y Nueva York, por Reinaldo Arenas, Juan Abreu y García Ramos. La revista fue el principal portavoz de la Generación Mariel, grupo de escritores que salieron de Cuba por el puerto de Mariel, en 1980. Una de las secciones de la revista, titulada \"Confluencias\", se dedicó a la publicación de textos considerados (o pertenecientes a escritores) ignorados por la política cultural cubana que, a su vez, aparecian acompañados de ensayos críticos escritos por los marielitos para colaborar a una \"correcta apreciación\". El objetivo del trabajo es analizar algunos textos escritos por Reinaldo Arenas en la dicha sección, archivo crítico de un momento crítico de la cultura cubana en el siglo XX.","PeriodicalId":267085,"journal":{"name":"Revista Entrecaminos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"122245438","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-09-24DOI: 10.11606/issn.2447-9748.v3i1p32-40
Mayra Martins Guanaes
O objetivo deste trabalho é registrar o que foi apresentado na VII Jornada do Programa de Pós-Graduação em Língua e Literaturas Espanhola e Hispano-americana da USP acerca das primeiras questões implicadas na tradução do romance Algún amor que no mate, que compõe o projeto de mestrado “Tradução e estudo do romance Algún amor que no mate de Dulce Chacón”, em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de São Paulo, sob a orientação das Profªs Dras. Paloma Vidal e Ana Cláudia Romano Ribeiro.
{"title":"Algún amor que no mate, de Dulce Chacón","authors":"Mayra Martins Guanaes","doi":"10.11606/issn.2447-9748.v3i1p32-40","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9748.v3i1p32-40","url":null,"abstract":"O objetivo deste trabalho é registrar o que foi apresentado na VII Jornada do Programa de Pós-Graduação em Língua e Literaturas Espanhola e Hispano-americana da USP acerca das primeiras questões implicadas na tradução do romance Algún amor que no mate, que compõe o projeto de mestrado “Tradução e estudo do romance Algún amor que no mate de Dulce Chacón”, em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de São Paulo, sob a orientação das Profªs Dras. Paloma Vidal e Ana Cláudia Romano Ribeiro.","PeriodicalId":267085,"journal":{"name":"Revista Entrecaminos","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114619249","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}