Pub Date : 2023-09-04DOI: 10.1590/2317-6369/39422pt2023v48edcinq4
C. Freitas, M. Porto, J. M. H. Machado, M. Faria, R. Puiatti
Resumo Os eventos definidos como acidentes ampliados surgem com o próprio processo de industrialização, assim como junto ao desenvolvimento de novas tecnologias de produção, tornando-se mais complexos neste início de século XXI. O objetivo deste ensaio foi apresentar e contextualizar a formulação de um conceito que buscou integrar os temas relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores com os de saúde ambiental, bem como as lutas que envolviam os trabalhadores e o processo de democratização no país, em um cenário de divisão internacional do trabalho, riscos e benefícios. Considerando os acidentes e desastres ocorridos nos anos 1980 do século XX e, também, os recentes, envolvendo barragens de mineração, derrames de petróleo e uma usina nuclear de Fukushima, são apontados cenários mais complexos e novos desafios para enfrentamento desta questão no século XXI. Para além das disfunções dos sistemas tecnológicos e organizacionais encontradas, a intensificação das vulnerabilidades institucionais, somada às vulnerabilidades produzidas pelas desigualdades sociais, potencializam ocorrências e agravam os efeitos dos acidentes, ampliados para além de suas fronteiras espaciais e temporais, afetando sobretudo países do Sul Global. Conclui-se que os eventos recentes constituem expressões sistêmicas, indo além das disfunções organizacionais e revelando camadas mais profundas de sistemas organizacionais e sociotécnicos, como as que forjam a economia global e suas profundas assimetrias.
{"title":"Acidentes ampliados - mais do que um conceito, uma história de luta que precisa ser atualizada","authors":"C. Freitas, M. Porto, J. M. H. Machado, M. Faria, R. Puiatti","doi":"10.1590/2317-6369/39422pt2023v48edcinq4","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2317-6369/39422pt2023v48edcinq4","url":null,"abstract":"Resumo Os eventos definidos como acidentes ampliados surgem com o próprio processo de industrialização, assim como junto ao desenvolvimento de novas tecnologias de produção, tornando-se mais complexos neste início de século XXI. O objetivo deste ensaio foi apresentar e contextualizar a formulação de um conceito que buscou integrar os temas relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores com os de saúde ambiental, bem como as lutas que envolviam os trabalhadores e o processo de democratização no país, em um cenário de divisão internacional do trabalho, riscos e benefícios. Considerando os acidentes e desastres ocorridos nos anos 1980 do século XX e, também, os recentes, envolvendo barragens de mineração, derrames de petróleo e uma usina nuclear de Fukushima, são apontados cenários mais complexos e novos desafios para enfrentamento desta questão no século XXI. Para além das disfunções dos sistemas tecnológicos e organizacionais encontradas, a intensificação das vulnerabilidades institucionais, somada às vulnerabilidades produzidas pelas desigualdades sociais, potencializam ocorrências e agravam os efeitos dos acidentes, ampliados para além de suas fronteiras espaciais e temporais, afetando sobretudo países do Sul Global. Conclui-se que os eventos recentes constituem expressões sistêmicas, indo além das disfunções organizacionais e revelando camadas mais profundas de sistemas organizacionais e sociotécnicos, como as que forjam a economia global e suas profundas assimetrias.","PeriodicalId":30075,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Saude Ocupacional","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67329281","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-04DOI: 10.1590/2317-6369/18822pt2023v48edepi5
Rose Elizabeth Cabral Barbosa, M. Alcantara, Giovanni Campos Fonseca, A. Assunção
Resumo Objetivo: investigar fatores associados ao afastamento do trabalho por distúrbios musculoesqueléticos entre professores e professoras da educação básica brasileira. Métodos: estudo transversal com amostra probabilística e representativa das grandes regiões do Brasil. Por meio de entrevistas realizadas por telefone, foi aplicado questionário para coleta de informações sociodemográficas, sobre estado de saúde, afastamentos do trabalho e características do trabalho docente. Empregou-se regressão de Poisson com variância robusta, para estimar razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: entre os 6.510 professores participantes (63,2% do sexo feminino), a prevalência de afastamento por distúrbios musculoesqueléticos foi de 14,7%, sendo 16,5% para o sexo feminino e 11,7% para o masculino. Os resultados indicaram associação entre afastamento e indisciplina em sala de aula (feminino = RP: 1,36; IC95%: 1,11;1,67; masculino = RP: 1,35; IC95%: 1,02;1,78), violência verbal praticada por estudantes (feminino = RP: 1,16; IC95%: 1,01;1,35; masculino = RP: 1,54; IC95%: 1,22;1,95) e alta exigência das tarefas profissionais (feminino = RP: 1,17; IC95%: 1,01;1,36; masculino = RP: 1,27; IC95%: 1,01;1,60). Conclusão: os fatores associados aos afastamentos do trabalho por distúrbios musculoesqueléticos estão relacionados à exposição dos professores, de ambos os sexos, à sobrecarga de trabalho e a ambientes escolares estressantes.
{"title":"Afastamento do trabalho por distúrbios musculoesqueléticos entre os professores da educação básica no Brasil","authors":"Rose Elizabeth Cabral Barbosa, M. Alcantara, Giovanni Campos Fonseca, A. Assunção","doi":"10.1590/2317-6369/18822pt2023v48edepi5","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2317-6369/18822pt2023v48edepi5","url":null,"abstract":"Resumo Objetivo: investigar fatores associados ao afastamento do trabalho por distúrbios musculoesqueléticos entre professores e professoras da educação básica brasileira. Métodos: estudo transversal com amostra probabilística e representativa das grandes regiões do Brasil. Por meio de entrevistas realizadas por telefone, foi aplicado questionário para coleta de informações sociodemográficas, sobre estado de saúde, afastamentos do trabalho e características do trabalho docente. Empregou-se regressão de Poisson com variância robusta, para estimar razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: entre os 6.510 professores participantes (63,2% do sexo feminino), a prevalência de afastamento por distúrbios musculoesqueléticos foi de 14,7%, sendo 16,5% para o sexo feminino e 11,7% para o masculino. Os resultados indicaram associação entre afastamento e indisciplina em sala de aula (feminino = RP: 1,36; IC95%: 1,11;1,67; masculino = RP: 1,35; IC95%: 1,02;1,78), violência verbal praticada por estudantes (feminino = RP: 1,16; IC95%: 1,01;1,35; masculino = RP: 1,54; IC95%: 1,22;1,95) e alta exigência das tarefas profissionais (feminino = RP: 1,17; IC95%: 1,01;1,36; masculino = RP: 1,27; IC95%: 1,01;1,60). Conclusão: os fatores associados aos afastamentos do trabalho por distúrbios musculoesqueléticos estão relacionados à exposição dos professores, de ambos os sexos, à sobrecarga de trabalho e a ambientes escolares estressantes.","PeriodicalId":30075,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Saude Ocupacional","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67328546","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-04DOI: 10.1590/2317-6369/18521pt2023v48e10
Guilherme Queiroz
Resumo Introdução: o termo pós-Fordismo refere-se a um modelo de organização laboral de acordo com a evolução dos meios de produção na segunda metade do século XX. Fruto das alterações substanciais dos mecanismos de regulação e contratação, este modelo prioriza a flexibilização e fragmentação da relação com o trabalhador. Com o advento informático, o pós-Fordismo ganha novos moldes e hiperboliza-se com as economias de plataforma em linha e a chamada uberização do trabalho. Objetivo: analisar criticamente as características do modelo pós-fordista e seus impactos à saúde ocupacional. Métodos: foi realizada uma revisão narrativa da literatura. Resultados: apontam-se para três aspectos do modelo pós-Fordista: 1) instabilidade laboral; 2) sobrecarga laboral; e 3) demanda psicossocial. Esses determinantes têm sido fortemente associados a maus resultados em saúde, sobretudo mental. Conclusões: as mudanças na conceptualização do trabalhador e do lugar do trabalho na vida do indivíduo exigem novas formas de pensar a saúde ocupacional. Para mitigar as consequências do pós-Fordismo, é necessária uma clara percepção das suas dinâmicas e uma mobilização de esforços multissetoriais.
{"title":"Saúde sem colarinhos: desafios da saúde ocupacional no advento do pós-Fordismo","authors":"Guilherme Queiroz","doi":"10.1590/2317-6369/18521pt2023v48e10","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2317-6369/18521pt2023v48e10","url":null,"abstract":"Resumo Introdução: o termo pós-Fordismo refere-se a um modelo de organização laboral de acordo com a evolução dos meios de produção na segunda metade do século XX. Fruto das alterações substanciais dos mecanismos de regulação e contratação, este modelo prioriza a flexibilização e fragmentação da relação com o trabalhador. Com o advento informático, o pós-Fordismo ganha novos moldes e hiperboliza-se com as economias de plataforma em linha e a chamada uberização do trabalho. Objetivo: analisar criticamente as características do modelo pós-fordista e seus impactos à saúde ocupacional. Métodos: foi realizada uma revisão narrativa da literatura. Resultados: apontam-se para três aspectos do modelo pós-Fordista: 1) instabilidade laboral; 2) sobrecarga laboral; e 3) demanda psicossocial. Esses determinantes têm sido fortemente associados a maus resultados em saúde, sobretudo mental. Conclusões: as mudanças na conceptualização do trabalhador e do lugar do trabalho na vida do indivíduo exigem novas formas de pensar a saúde ocupacional. Para mitigar as consequências do pós-Fordismo, é necessária uma clara percepção das suas dinâmicas e uma mobilização de esforços multissetoriais.","PeriodicalId":30075,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Saude Ocupacional","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67328848","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-04DOI: 10.1590/2317-6369/35922pt2023v48edcinq7
Neice Muller Xavier Faria, Rodrigo Dalke Meucci, A. G. Fassa
Resumo Introdução: a produção agrícola no Brasil tem crescido nas últimas décadas e os trabalhadores rurais estão expostos a vários riscos ocupacionais. Estudos epidemiológicos sobre o tema ainda são limitados, especialmente pela complexidade metodológica. Objetivos: apresentar os principais desafios metodológicos para a realização de estudos epidemiológicos ocupacionais rurais. Métodos: as considerações apresentadas neste artigo têm como base a literatura e a experiência dos autores como pesquisadores desta temática. Resultados: foram abordados conceitos sobre população alvo, local de moradia e trabalho, classificação dos trabalhadores e caracterização do contexto da produção agrícola. Foram exploradas as estratégias de amostragem; a caracterização dos indicadores econômicos, incluindo produção agrícola e nível de mecanização; a exposição aos agrotóxicos, como tipos químicos, formas e frequência de exposição; a intoxicação por agrotóxicos; e a disponibilidade e o uso de Equipamentos de Proteção Individual. Foram descritos os cuidados com amostras biológicas, bem como aspectos envolvendo entrevistadores, treinamentos, trabalho de campo, questões climáticas e logísticas. Conclusão: apesar dos desafios metodológicos e logísticos, com o planejamento adequado é possível realizar com êxito pesquisas de grande complexidade e de alto nível científico sobre a relação saúde-trabalho na atividade agropecuária.
{"title":"Estudos epidemiológicos ocupacionais em área rural: desafios metodológicos","authors":"Neice Muller Xavier Faria, Rodrigo Dalke Meucci, A. G. Fassa","doi":"10.1590/2317-6369/35922pt2023v48edcinq7","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2317-6369/35922pt2023v48edcinq7","url":null,"abstract":"Resumo Introdução: a produção agrícola no Brasil tem crescido nas últimas décadas e os trabalhadores rurais estão expostos a vários riscos ocupacionais. Estudos epidemiológicos sobre o tema ainda são limitados, especialmente pela complexidade metodológica. Objetivos: apresentar os principais desafios metodológicos para a realização de estudos epidemiológicos ocupacionais rurais. Métodos: as considerações apresentadas neste artigo têm como base a literatura e a experiência dos autores como pesquisadores desta temática. Resultados: foram abordados conceitos sobre população alvo, local de moradia e trabalho, classificação dos trabalhadores e caracterização do contexto da produção agrícola. Foram exploradas as estratégias de amostragem; a caracterização dos indicadores econômicos, incluindo produção agrícola e nível de mecanização; a exposição aos agrotóxicos, como tipos químicos, formas e frequência de exposição; a intoxicação por agrotóxicos; e a disponibilidade e o uso de Equipamentos de Proteção Individual. Foram descritos os cuidados com amostras biológicas, bem como aspectos envolvendo entrevistadores, treinamentos, trabalho de campo, questões climáticas e logísticas. Conclusão: apesar dos desafios metodológicos e logísticos, com o planejamento adequado é possível realizar com êxito pesquisas de grande complexidade e de alto nível científico sobre a relação saúde-trabalho na atividade agropecuária.","PeriodicalId":30075,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Saude Ocupacional","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67329069","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-01DOI: 10.1590/2317-6369/35422pt2023v48edcinq10
G. A. Fernandes, Victor Wünsch-Filho
Resumo Introdução: a incidência do câncer tem aumentado continuamente no mundo, especialmente em países de baixa e média renda. Objetivo: identificar e sintetizar o conhecimento sobre exposição ocupacional e câncer, com ênfase na produção científica brasileira. Métodos: ensaio elaborado com base em revisões realizadas nas bases SciELO e PubMed. Resultados: um estudo recente identificou 47 agentes ocupacionais entre os 120 agentes classificados como definitivamente cancerígenos para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer. Estudos realizados nas duas últimas décadas indicaram frações de câncer atribuíveis à ocupação, variando de 1,3% no Brasil a 8% na Finlândia, embora os critérios para aferir a exposição nesses estudos possam ser questionados. No Brasil, a produção científica sobre ocupação e câncer é limitada. A Revista Brasileira de Saúde Ocupacional publicou, entre janeiro de 2003 e julho de 2022, seis artigos sobre o tema. Na base PubMed, de 2012 a 2022, foram identificados 14 estudos realizados no Brasil. Conclusão: ampliar pesquisas nesta área realizadas no país é imperativo para obtenção de estimativas mais precisas de trabalhadores expostos a cancerígenos e tumores malignos relacionados, essencial para subsidiar ações de saúde pública e normas sobre limites de exposição ou banimento de agentes, reduzindo o fardo do câncer na sociedade brasileira.
{"title":"Ocupação e câncer no Brasil: um desafio perene","authors":"G. A. Fernandes, Victor Wünsch-Filho","doi":"10.1590/2317-6369/35422pt2023v48edcinq10","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2317-6369/35422pt2023v48edcinq10","url":null,"abstract":"Resumo Introdução: a incidência do câncer tem aumentado continuamente no mundo, especialmente em países de baixa e média renda. Objetivo: identificar e sintetizar o conhecimento sobre exposição ocupacional e câncer, com ênfase na produção científica brasileira. Métodos: ensaio elaborado com base em revisões realizadas nas bases SciELO e PubMed. Resultados: um estudo recente identificou 47 agentes ocupacionais entre os 120 agentes classificados como definitivamente cancerígenos para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer. Estudos realizados nas duas últimas décadas indicaram frações de câncer atribuíveis à ocupação, variando de 1,3% no Brasil a 8% na Finlândia, embora os critérios para aferir a exposição nesses estudos possam ser questionados. No Brasil, a produção científica sobre ocupação e câncer é limitada. A Revista Brasileira de Saúde Ocupacional publicou, entre janeiro de 2003 e julho de 2022, seis artigos sobre o tema. Na base PubMed, de 2012 a 2022, foram identificados 14 estudos realizados no Brasil. Conclusão: ampliar pesquisas nesta área realizadas no país é imperativo para obtenção de estimativas mais precisas de trabalhadores expostos a cancerígenos e tumores malignos relacionados, essencial para subsidiar ações de saúde pública e normas sobre limites de exposição ou banimento de agentes, reduzindo o fardo do câncer na sociedade brasileira.","PeriodicalId":30075,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Saude Ocupacional","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67328744","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-15DOI: 10.1590/2317-6369/24922pt2023v48edcinq2
C. E. Vieira
Resumo Introdução: a violência é um fenômeno histórico e sociocultural que acompanha a humanidade desde sua origem. Nos contextos de trabalho, a violência tem sido objeto de renovada atenção nas últimas décadas, em razão da incidência de sérios problemas que assolam os trabalhadores, tais como: os suicídios, a criminalidade e os transtornos mentais e comportamentais. Objetivo: discutir as dimensões estruturais e interseccionais da violência relacionada ao trabalho (VRT). Métodos: foi realizada reflexão teórica assentada na literatura científica. Resultados: os debates sobre a interseccionalidade permitem compreender os riscos psicossociais como resultados das interações dos trabalhadores com os imbricados processos sociais, que remetem às estruturas de poder, notadamente às relações transversais de classe, “raça” e gênero, sem prejuízo à incorporação de outros eixos de diferenciação social que importem para os sujeitos e para a análise do trabalho. Conclusão: conclui-se que a VRT não pode ser adequadamente compreendida e enfrentada sem o entendimento das suas distintas dimensões, bem como das articulações entre elas, das suas manifestações plurais e interseccionais, além de seu caráter sistêmico no modo de produção capitalista.
{"title":"Violência no trabalho: dimensões estruturais e interseccionais","authors":"C. E. Vieira","doi":"10.1590/2317-6369/24922pt2023v48edcinq2","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2317-6369/24922pt2023v48edcinq2","url":null,"abstract":"Resumo Introdução: a violência é um fenômeno histórico e sociocultural que acompanha a humanidade desde sua origem. Nos contextos de trabalho, a violência tem sido objeto de renovada atenção nas últimas décadas, em razão da incidência de sérios problemas que assolam os trabalhadores, tais como: os suicídios, a criminalidade e os transtornos mentais e comportamentais. Objetivo: discutir as dimensões estruturais e interseccionais da violência relacionada ao trabalho (VRT). Métodos: foi realizada reflexão teórica assentada na literatura científica. Resultados: os debates sobre a interseccionalidade permitem compreender os riscos psicossociais como resultados das interações dos trabalhadores com os imbricados processos sociais, que remetem às estruturas de poder, notadamente às relações transversais de classe, “raça” e gênero, sem prejuízo à incorporação de outros eixos de diferenciação social que importem para os sujeitos e para a análise do trabalho. Conclusão: conclui-se que a VRT não pode ser adequadamente compreendida e enfrentada sem o entendimento das suas distintas dimensões, bem como das articulações entre elas, das suas manifestações plurais e interseccionais, além de seu caráter sistêmico no modo de produção capitalista.","PeriodicalId":30075,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Saude Ocupacional","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67328783","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-28DOI: 10.1590/2317-6369/23021pt2023v48e17
T. Araújo, Fernanda de Oliveira Souza, Margarete Costa Heliotério, Kaio Vinícius Freitas de Andrade, Paloma de Sousa Pinho, G. Werneck
Resumo Objetivo: estimar soroprevalências de arboviroses, sífilis, HIV e Hepatite B (VHB) em trabalhadores de saúde (TS). Métodos: inquérito entre TS selecionados por amostragem aleatória, em uma cidade da Bahia - Brasil. Pesquisa realizada em 2019 por meio de questionário estruturado, que coletou informações sociodemográficas, ocupacionais e de saúde. Testes imunocromatográficos rápidos foram utilizados para rastrear as infecções; dessa forma, resultados positivos para arboviroses, sífilis, HIV e VHB indicaram soropositividade para a respectiva infecção. Além disso, detecção simultânea de anticorpos para zika (ZIKV) e dengue (DENV) indicou soropositividade para infecção por flavivírus. Resultados: 453 TS foram incluídos, sendo 82,8% do sexo feminino. A maioria (55,1%) relatou contato com material biológico; 5,2% referiram acidentes com material biológico. Encontrou-se soroprevalência de 34,7% (IC95%:30,1-39,4) para dengue, 1,7% (IC95%:0,7-3,4) para zika, 9,9% (IC95%:7,2-13,2) para chikungunya e 39,9% (95%CI:35,2-44,7) para flavivírus (ZIKV+DENV); 21,9% (IC95%:18,1-26,2) foram negativos para todos os arbovírus. Soropositividade para arbovírus aumentou com a idade e foi maior entre agentes de combate a endemias. Três TS testaram positivo para VHB (HBsAg); nenhum para HIV. Conclusão: elevado percentual de TS estava exposto a agentes infecciosos (contato com material biológico e/ou exposição a arbovírus). Entre as condições necessárias à prevenção de infecções no ambiente de trabalho, destacam-se: monitoramento de infecções entre TS, vigilância dos ambientes laborais e medidas de controle de exposições ocupacionais, como disponibilidade de repelentes.
{"title":"Elevada prevalência de doenças infecciosas entre trabalhadores da saúde indica a necessidade de melhorar a vigilância","authors":"T. Araújo, Fernanda de Oliveira Souza, Margarete Costa Heliotério, Kaio Vinícius Freitas de Andrade, Paloma de Sousa Pinho, G. Werneck","doi":"10.1590/2317-6369/23021pt2023v48e17","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2317-6369/23021pt2023v48e17","url":null,"abstract":"Resumo Objetivo: estimar soroprevalências de arboviroses, sífilis, HIV e Hepatite B (VHB) em trabalhadores de saúde (TS). Métodos: inquérito entre TS selecionados por amostragem aleatória, em uma cidade da Bahia - Brasil. Pesquisa realizada em 2019 por meio de questionário estruturado, que coletou informações sociodemográficas, ocupacionais e de saúde. Testes imunocromatográficos rápidos foram utilizados para rastrear as infecções; dessa forma, resultados positivos para arboviroses, sífilis, HIV e VHB indicaram soropositividade para a respectiva infecção. Além disso, detecção simultânea de anticorpos para zika (ZIKV) e dengue (DENV) indicou soropositividade para infecção por flavivírus. Resultados: 453 TS foram incluídos, sendo 82,8% do sexo feminino. A maioria (55,1%) relatou contato com material biológico; 5,2% referiram acidentes com material biológico. Encontrou-se soroprevalência de 34,7% (IC95%:30,1-39,4) para dengue, 1,7% (IC95%:0,7-3,4) para zika, 9,9% (IC95%:7,2-13,2) para chikungunya e 39,9% (95%CI:35,2-44,7) para flavivírus (ZIKV+DENV); 21,9% (IC95%:18,1-26,2) foram negativos para todos os arbovírus. Soropositividade para arbovírus aumentou com a idade e foi maior entre agentes de combate a endemias. Três TS testaram positivo para VHB (HBsAg); nenhum para HIV. Conclusão: elevado percentual de TS estava exposto a agentes infecciosos (contato com material biológico e/ou exposição a arbovírus). Entre as condições necessárias à prevenção de infecções no ambiente de trabalho, destacam-se: monitoramento de infecções entre TS, vigilância dos ambientes laborais e medidas de controle de exposições ocupacionais, como disponibilidade de repelentes.","PeriodicalId":30075,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Saude Ocupacional","volume":"21 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67328666","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-21DOI: 10.1590/2317-6369/42520pt2023v48e5
Desirée Sant’Ana Haikal, Thalita Emily Cezário Prates, M. Vieira, T. A. Magalhães, Marcelo Perin Baldo, Alfredo Maurício Batista de Paula, E. F. Ferreira
Resumo Objetivo: descrever as prevalências de fatores de risco e de proteção para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e testar associações desses fatores com sexo, idade e satisfação com o trabalho entre professores da educação básica. Métodos: estudo transversal analítico realizado em Montes Claros, MG, Brasil, em 2016. Amostra probabilística por conglomerados. Utilizou-se questionário autoaplicável e avaliações físicas. Estimaram-se razões de prevalências (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%) pela Regressão de Poisson. Resultados: dos 745 participantes, 83% eram mulheres, 81% tinham até 49 anos e 60% estavam insatisfeitos com o trabalho. Houve maior prevalência de fumantes entre homens (RP: 2,33; IC95%: 1,13;4,81), bem como consumo abusivo de álcool (RP: 7,24; IC95%: 2,19;23,91), excesso de peso (RP:1,48; IC95%: 1,04;2,13), menor prevalência de sintomas depressivos (RP:0,93; IC95%: 0,88;0,98) e de estresse (RP:0,88; IC95%: 0,82;0,95). Professores mais velhos apresentaram menor prevalência de Burnout (RP:0,87; IC95%: 0,81;0,94) e maior prevalência de comportamentos de proteção, apesar de terem maior comprometimento da saúde física. Professores insatisfeitos apresentaram maior prevalência de sintomas depressivos (RP:2,52; IC95%: 1,61;3,93), estresse (RP:1,76; IC95%: 1,33;2,32) e Burnout (RP:9,20; IC95%: 4,46;18,99). Conclusões: tabagismo, etilismo, excesso de peso e comprometimento da saúde mental foram fatores de risco frequentes para DCNT entre professores. Observaram-se diferenças nas prevalências de fatores de risco e de proteção para DCNT segundo sexo, idade e satisfação com o trabalho.
{"title":"Fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis entre professores da educação básica","authors":"Desirée Sant’Ana Haikal, Thalita Emily Cezário Prates, M. Vieira, T. A. Magalhães, Marcelo Perin Baldo, Alfredo Maurício Batista de Paula, E. F. Ferreira","doi":"10.1590/2317-6369/42520pt2023v48e5","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2317-6369/42520pt2023v48e5","url":null,"abstract":"Resumo Objetivo: descrever as prevalências de fatores de risco e de proteção para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e testar associações desses fatores com sexo, idade e satisfação com o trabalho entre professores da educação básica. Métodos: estudo transversal analítico realizado em Montes Claros, MG, Brasil, em 2016. Amostra probabilística por conglomerados. Utilizou-se questionário autoaplicável e avaliações físicas. Estimaram-se razões de prevalências (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%) pela Regressão de Poisson. Resultados: dos 745 participantes, 83% eram mulheres, 81% tinham até 49 anos e 60% estavam insatisfeitos com o trabalho. Houve maior prevalência de fumantes entre homens (RP: 2,33; IC95%: 1,13;4,81), bem como consumo abusivo de álcool (RP: 7,24; IC95%: 2,19;23,91), excesso de peso (RP:1,48; IC95%: 1,04;2,13), menor prevalência de sintomas depressivos (RP:0,93; IC95%: 0,88;0,98) e de estresse (RP:0,88; IC95%: 0,82;0,95). Professores mais velhos apresentaram menor prevalência de Burnout (RP:0,87; IC95%: 0,81;0,94) e maior prevalência de comportamentos de proteção, apesar de terem maior comprometimento da saúde física. Professores insatisfeitos apresentaram maior prevalência de sintomas depressivos (RP:2,52; IC95%: 1,61;3,93), estresse (RP:1,76; IC95%: 1,33;2,32) e Burnout (RP:9,20; IC95%: 4,46;18,99). Conclusões: tabagismo, etilismo, excesso de peso e comprometimento da saúde mental foram fatores de risco frequentes para DCNT entre professores. Observaram-se diferenças nas prevalências de fatores de risco e de proteção para DCNT segundo sexo, idade e satisfação com o trabalho.","PeriodicalId":30075,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Saude Ocupacional","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67328907","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-16DOI: 10.1590/2317-6369/10521pt2023v48e3
Nara Regina Fava, M. Soares, Amanda Cristina Andrade, Marta Gislene Pignatti, Márcia Leopoldina Montanari Corrêa, W. Pignati
Resumo Objetivo: analisar a distribuição espacial e temporal dos indicadores de acidentes de trabalho (AT) e de outros agravos à saúde relacionados à produção agropecuária de Mato Grosso, no período de 2008 a 2017. Métodos: trata-se de estudo ecológico, com análise de tendência e correlação entre indicadores de produção agropecuária, florestal, mineral e AT. Resultados: as atividades econômicas do agronegócio com maior contribuição aos AT foram: abate e fabricação de produtos de carnes (16,9%) e agricultura (12,3%). Taxas de AT mais elevadas foram observadas nos municípios considerados os maiores produtores agropecuários (Paranatinga, Barra do Garças, Alta Floresta e Sorriso). Evidenciou-se que 58,4% dos AT no estado foram relacionados ao agronegócio. Foi encontrada correlação positiva e significativa entre o valor adicionado bruto e a taxa de incidência (r = 0,303; p < 0,001), mortalidade (r = 0,368; p < 0,001) e letalidade (r = 0,390; p < 0,001) por AT. Identificou-se tendência crescente na variação percentual anual de 7,3% (IC95%: 6,1;8,6) do esforço produtivo (hectare/habitante), de 6,2% (IC95%: 5,2;7,3) do esforço produtivo (exposição agrotóxico/habitante) e de 6,2% (IC95%: 4,1;8,3) das internações por neoplasias, bem como do crescimento da produção agrícola, dos insumos agrícolas e dos agravos à saúde. Conclusão: a maioria dos AT foram relacionados ao agronegócio, predominantemente nas atividades de frigoríficos e agricultura. Houve correlação positiva entre indicadores de produção agropecuária e de ocorrências e mortes por AT.
摘要目的:分析马托格罗索州2008 - 2017年与农业生产有关的职业事故和其他健康问题指标的时空分布。方法:这是一项生态学研究,分析了农业、林业、矿产和ta生产指标之间的趋势和相关性。结果:对ta贡献最大的农业企业经济活动为:屠宰和肉制品制造(16.9%)和农业(12.3%)。在被认为是最大农业生产者的城市(Paranatinga, Barra do garcas, Alta Floresta和Sorriso)观察到较高的ta率。结果表明,该州58.4%的ta与农业企业有关。总增加值与发病率呈正相关且显著(r = 0.303; r = 0.303; r = 0.303)。p < 0.001),死亡率(r = 0.368;p < 0.001)和致死率(r = 0.390;p < 0.001)通过AT。查到了3%的年度百分比变化趋势(IC95%: 6 - 8; 6)人均的工作(公顷),2% (IC95%: 5、2;7、3)的工作(曝光agrotóxico人均)和2% (IC95%: 4 - 8; 3)住院治疗恶性肿瘤,以及农业生产的增长,农业投入和受健康。结论:大部分ta与农业企业有关,主要是在屠宰场和农业活动。农业生产指标与AT的发生和死亡之间存在正相关关系。
{"title":"Tendência dos acidentes de trabalho no agronegócio em Mato Grosso, Brasil, 2008 a 2017","authors":"Nara Regina Fava, M. Soares, Amanda Cristina Andrade, Marta Gislene Pignatti, Márcia Leopoldina Montanari Corrêa, W. Pignati","doi":"10.1590/2317-6369/10521pt2023v48e3","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2317-6369/10521pt2023v48e3","url":null,"abstract":"Resumo Objetivo: analisar a distribuição espacial e temporal dos indicadores de acidentes de trabalho (AT) e de outros agravos à saúde relacionados à produção agropecuária de Mato Grosso, no período de 2008 a 2017. Métodos: trata-se de estudo ecológico, com análise de tendência e correlação entre indicadores de produção agropecuária, florestal, mineral e AT. Resultados: as atividades econômicas do agronegócio com maior contribuição aos AT foram: abate e fabricação de produtos de carnes (16,9%) e agricultura (12,3%). Taxas de AT mais elevadas foram observadas nos municípios considerados os maiores produtores agropecuários (Paranatinga, Barra do Garças, Alta Floresta e Sorriso). Evidenciou-se que 58,4% dos AT no estado foram relacionados ao agronegócio. Foi encontrada correlação positiva e significativa entre o valor adicionado bruto e a taxa de incidência (r = 0,303; p < 0,001), mortalidade (r = 0,368; p < 0,001) e letalidade (r = 0,390; p < 0,001) por AT. Identificou-se tendência crescente na variação percentual anual de 7,3% (IC95%: 6,1;8,6) do esforço produtivo (hectare/habitante), de 6,2% (IC95%: 5,2;7,3) do esforço produtivo (exposição agrotóxico/habitante) e de 6,2% (IC95%: 4,1;8,3) das internações por neoplasias, bem como do crescimento da produção agrícola, dos insumos agrícolas e dos agravos à saúde. Conclusão: a maioria dos AT foram relacionados ao agronegócio, predominantemente nas atividades de frigoríficos e agricultura. Houve correlação positiva entre indicadores de produção agropecuária e de ocorrências e mortes por AT.","PeriodicalId":30075,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Saude Ocupacional","volume":"25 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67328597","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-05-12DOI: 10.1590/2317-6369/30520pt2023v48e6
Douglas Moraes Campos, T. Silva, A. D. Freitas
Resumo Objetivos: compreender as problemáticas decorrentes da estigmatização do HIV sobre a vida profissional de trabalhadores soropositivos. Métodos: estudo de abordagem qualitativa com realização de entrevistas semiestruturadas, cujos dados foram categorizados utilizando a técnica de análise de conteúdo na modalidade temática. Os sujeitos da pesquisa foram 15 participantes do grupo de adesão do Centro de Testagem e Aconselhamento de Imperatriz, Maranhão, Brasil. Os discursos foram tratados à luz da teoria do estigma proposta por Erving Goffman. Resultados: a partir da análise, emergiram três categorias: barreiras - “[…] porque nunca vão me querer”; perdas - “[…] umas me deram amizade, outros me deram preconceito”; e silêncio - “[…] ficar… em silêncio todo o tempo”. Discussão: as barreiras interpostas aos interlocutores contribuem para uma percepção negativa da possibilidade de reinserção no mercado de trabalho. A prática de demissões discriminatórias leva os trabalhadores a manterem silêncio constante sobre a situação soropositiva, para que o estigma do HIV não os torne alvo de discriminação no ambiente de trabalho.
{"title":"Estigmatização do HIV nas relações de trabalho em Imperatriz, Maranhão, Brasil: barreiras, perdas e silêncio","authors":"Douglas Moraes Campos, T. Silva, A. D. Freitas","doi":"10.1590/2317-6369/30520pt2023v48e6","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2317-6369/30520pt2023v48e6","url":null,"abstract":"Resumo Objetivos: compreender as problemáticas decorrentes da estigmatização do HIV sobre a vida profissional de trabalhadores soropositivos. Métodos: estudo de abordagem qualitativa com realização de entrevistas semiestruturadas, cujos dados foram categorizados utilizando a técnica de análise de conteúdo na modalidade temática. Os sujeitos da pesquisa foram 15 participantes do grupo de adesão do Centro de Testagem e Aconselhamento de Imperatriz, Maranhão, Brasil. Os discursos foram tratados à luz da teoria do estigma proposta por Erving Goffman. Resultados: a partir da análise, emergiram três categorias: barreiras - “[…] porque nunca vão me querer”; perdas - “[…] umas me deram amizade, outros me deram preconceito”; e silêncio - “[…] ficar… em silêncio todo o tempo”. Discussão: as barreiras interpostas aos interlocutores contribuem para uma percepção negativa da possibilidade de reinserção no mercado de trabalho. A prática de demissões discriminatórias leva os trabalhadores a manterem silêncio constante sobre a situação soropositiva, para que o estigma do HIV não os torne alvo de discriminação no ambiente de trabalho.","PeriodicalId":30075,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Saude Ocupacional","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67328448","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}