Pub Date : 2019-06-29DOI: 10.32887/issn.2527-2551v16n1p.50-73
J. P. Campos
Neste artigo analisamos a emergência do Parque Minhocão, em São Paulo, a partir das interações e engajamentos que os habitantes da cidade realizam com esse famoso viaduto da capital. Observamos que o espaço não é algo de significado fixo, mas que emerge continuamente e de forma espontânea das ações não planejadas das pessoas que recebem o espaço historicamente constituído e continuam a moldá-lo através das demandas da sociabilidade de suas vidas. Apontamos que no caso do Parque Minhocão a dimensão criativa e lúdica é elemento central para se entender como se dá o processo de democratização de áreas privadas ou restritas da cidade e que são incorporadas pelas pessoas como espaço público, sem necessariamente haver a mediação do Estado. O Minhocão representa no imaginário paulistano um projeto urbanístico de insucesso que degradou a cidade, notamos, porém, que em seu dia a dia as pessoas não olham apenas para as imperfeições desse viaduto, integrando-o às suas vidas e atribuindo-lhe qualidades.
{"title":"Emergência urbana: criação de espaço público e o nascimento do \"Parque Minhocão\" na cidade de São Paulo","authors":"J. P. Campos","doi":"10.32887/issn.2527-2551v16n1p.50-73","DOIUrl":"https://doi.org/10.32887/issn.2527-2551v16n1p.50-73","url":null,"abstract":"Neste artigo analisamos a emergência do Parque Minhocão, em São Paulo, a partir das interações e engajamentos que os habitantes da cidade realizam com esse famoso viaduto da capital. Observamos que o espaço não é algo de significado fixo, mas que emerge continuamente e de forma espontânea das ações não planejadas das pessoas que recebem o espaço historicamente constituído e continuam a moldá-lo através das demandas da sociabilidade de suas vidas. Apontamos que no caso do Parque Minhocão a dimensão criativa e lúdica é elemento central para se entender como se dá o processo de democratização de áreas privadas ou restritas da cidade e que são incorporadas pelas pessoas como espaço público, sem necessariamente haver a mediação do Estado. O Minhocão representa no imaginário paulistano um projeto urbanístico de insucesso que degradou a cidade, notamos, porém, que em seu dia a dia as pessoas não olham apenas para as imperfeições desse viaduto, integrando-o às suas vidas e atribuindo-lhe qualidades.","PeriodicalId":30176,"journal":{"name":"OPSIS Revista do Departamento de Historia e Ciencias Sociais","volume":"30 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"87949115","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-29DOI: 10.32887/issn.2527-2551v16n1p.4-29
Este trabalho tem como objetivo apresentar os artigos selecionados para compor o presente dossie. Com isso, realizamos uma revisao bibliografica e historica das principais vertentes teoricas do estudo do urbano nas Ciencias Sociais, bem como seu desdobramento e producao no Brasil. A partir da consideracao de alguns contextos academicos, o texto conflui para introduzir de modo geral como a urbanidade ou a vida urbana se torna objeto de estudo independente e proprio da respectiva area.
{"title":"Contextos urbanos na perspectiva das Ciências Sociais","authors":"","doi":"10.32887/issn.2527-2551v16n1p.4-29","DOIUrl":"https://doi.org/10.32887/issn.2527-2551v16n1p.4-29","url":null,"abstract":"Este trabalho tem como objetivo apresentar os artigos selecionados para compor o presente dossie. Com isso, realizamos uma revisao bibliografica e historica das principais vertentes teoricas do estudo do urbano nas Ciencias Sociais, bem como seu desdobramento e producao no Brasil. A partir da consideracao de alguns contextos academicos, o texto conflui para introduzir de modo geral como a urbanidade ou a vida urbana se torna objeto de estudo independente e proprio da respectiva area.","PeriodicalId":30176,"journal":{"name":"OPSIS Revista do Departamento de Historia e Ciencias Sociais","volume":"29 1","pages":"4-29"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"85999996","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-01-01DOI: 10.32887/issn.2527-2551v16n1p.74-100
Detectamos uma carência de pesquisas específicas sobre o funcionamento dos hotéis do programa De Braços Abertos (DBA). Iniciativa do município de São Paulo, entre os anos de 2014 e 2016, que previa o acolhimento dos beneficiários nestes novos equipamentos. Assim, propomos uma pesquisa que descrevesse as principais características deste novo tipo de convivência criada no ambiente proporcionado pelos hotéis, alguns localizados nas franjas da região conhecida como Cracolândia. Através de uma etnografia, com a construção de relações próximas com técnicos da equipe gestora dos hotéis, pudemos verificar: (1) a busca constante da construção de vínculos com os beneficiários por parte dos técnicos, (2) a escuta qualificada e interessada das demandas e dramas cotidianos, e (3) a resolução de problemas em um ambiente contratual e participativo. O novo contexto proporcionado pelos hotéis do DBA, diverso ao da rua, juntamente com a intervenção dos profissionais abriu, em muitos casos, caminho para que a relação com o consumo do crack fosse alterada para um padrão mais controlado.
{"title":"Os hotéis do Programa de Braços Abertos: um novo contexto para o trabalho social e de saúde com pessoas vulneráveis","authors":"","doi":"10.32887/issn.2527-2551v16n1p.74-100","DOIUrl":"https://doi.org/10.32887/issn.2527-2551v16n1p.74-100","url":null,"abstract":"Detectamos uma carência de pesquisas específicas sobre o funcionamento dos hotéis do programa De Braços Abertos (DBA). Iniciativa do município de São Paulo, entre os anos de 2014 e 2016, que previa o acolhimento dos beneficiários nestes novos equipamentos. Assim, propomos uma pesquisa que descrevesse as principais características deste novo tipo de convivência criada no ambiente proporcionado pelos hotéis, alguns localizados nas franjas da região conhecida como Cracolândia. Através de uma etnografia, com a construção de relações próximas com técnicos da equipe gestora dos hotéis, pudemos verificar: (1) a busca constante da construção de vínculos com os beneficiários por parte dos técnicos, (2) a escuta qualificada e interessada das demandas e dramas cotidianos, e (3) a resolução de problemas em um ambiente contratual e participativo. O novo contexto proporcionado pelos hotéis do DBA, diverso ao da rua, juntamente com a intervenção dos profissionais abriu, em muitos casos, caminho para que a relação com o consumo do crack fosse alterada para um padrão mais controlado.","PeriodicalId":30176,"journal":{"name":"OPSIS Revista do Departamento de Historia e Ciencias Sociais","volume":"47 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73820063","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-01-01DOI: 10.32887/issn.2527-2551v16n1p.101-132
O artigo analisa a constituição do lugar social do bairro Frei Damião, na cidade de Juazeiro do Norte-CE, isto é, sua integração e inscrição na cidade. Para tanto, reconstituímos o movimento social que organizou a ocupação que contribuiu com a formação do bairro. A reflexão também abrange a classificação do bairro como “área de vulnerabilidade social”, os sentidos de suas diferentes nomeações, a segmentação do seu espaço e sua desqualificação como periferia. Beneficiamo-nos de entrevistas com moradores do bairro e lideranças do movimento social; analisamos leis municipais, documentos do movimento social e estudos acadêmicos que tratam do local. Seja a partir da posse inicialmente ilegal da propriedade ou dos discursos que classificam o bairro Frei Damião como de “risco social” e periferia, seu lugar de inscrição na cidade são suas margens físicas e simbólicas.
{"title":"O bairro como projeto e processo: a inscrição do bairro Frei Damião na cidade de Juazeiro do Norte-CE","authors":"","doi":"10.32887/issn.2527-2551v16n1p.101-132","DOIUrl":"https://doi.org/10.32887/issn.2527-2551v16n1p.101-132","url":null,"abstract":"O artigo analisa a constituição do lugar social do bairro Frei Damião, na cidade de Juazeiro do Norte-CE, isto é, sua integração e inscrição na cidade. Para tanto, reconstituímos o movimento social que organizou a ocupação que contribuiu com a formação do bairro. A reflexão também abrange a classificação do bairro como “área de vulnerabilidade social”, os sentidos de suas diferentes nomeações, a segmentação do seu espaço e sua desqualificação como periferia. Beneficiamo-nos de entrevistas com moradores do bairro e lideranças do movimento social; analisamos leis municipais, documentos do movimento social e estudos acadêmicos que tratam do local. Seja a partir da posse inicialmente ilegal da propriedade ou dos discursos que classificam o bairro Frei Damião como de “risco social” e periferia, seu lugar de inscrição na cidade são suas margens físicas e simbólicas.","PeriodicalId":30176,"journal":{"name":"OPSIS Revista do Departamento de Historia e Ciencias Sociais","volume":"40 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"79185741","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-01-01DOI: 10.32887/issn.2527-2551v16n1p.232-248
O artigo discute o tema da segurança, desenvolvido por Michel Foucault em Segurança, Território, População, com o intuito de mostrar algumas variáveis da própria noção de segurança e o modo como esse dispositivo está diretamente ligado ao processo de precarização da vida. Nossa aposta é que o aproveitamento das tecnologias de segurança no contexto da biopolítica contemporânea cumpre uma função indispensável no interesse das grandes corporações econômicas, a função de precarizar a vida das populações flutuantes no interesse da lógica neoliberal.
{"title":"Precariedade e biopolítica: uma leitura do dispositivo de segurança em Michel Foucault","authors":"","doi":"10.32887/issn.2527-2551v16n1p.232-248","DOIUrl":"https://doi.org/10.32887/issn.2527-2551v16n1p.232-248","url":null,"abstract":"O artigo discute o tema da segurança, desenvolvido por Michel Foucault em Segurança, Território, População, com o intuito de mostrar algumas variáveis da própria noção de segurança e o modo como esse dispositivo está diretamente ligado ao processo de precarização da vida. Nossa aposta é que o aproveitamento das tecnologias de segurança no contexto da biopolítica contemporânea cumpre uma função indispensável no interesse das grandes corporações econômicas, a função de precarizar a vida das populações flutuantes no interesse da lógica neoliberal.","PeriodicalId":30176,"journal":{"name":"OPSIS Revista do Departamento de Historia e Ciencias Sociais","volume":"32 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"86454807","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-01-01DOI: 10.32887/issn.2527-2551v16n1p.249-255
O debate sociológico em torno da eugenia, suas implicações e consequências é um tema polêmico, pois revela valores morais firmemente arraigados e díspares na sociedade. Posicionamentos favoráveis e contrários fazem uso de instrumentos tecnocientíficos para embasar suas argumentações, e assim defender quais características físicas são consideradas positivas, quais são negativas, quais vidas merecem ser vividas, entre outros posicionamentos. Longe de encerrar este debate com um posicionamento final, Híbridos e mutantes enriquece o entendimento deste tema ao trazer para a discussão o aconselhamento genético e tecer comparações com as práticas eugenistas.
{"title":"Resenha - Dilemas éticos e morais no discurso tecnocientífico do aconselhamento genético","authors":"","doi":"10.32887/issn.2527-2551v16n1p.249-255","DOIUrl":"https://doi.org/10.32887/issn.2527-2551v16n1p.249-255","url":null,"abstract":"O debate sociológico em torno da eugenia, suas implicações e consequências é um tema polêmico, pois revela valores morais firmemente arraigados e díspares na sociedade. Posicionamentos favoráveis e contrários fazem uso de instrumentos tecnocientíficos para embasar suas argumentações, e assim defender quais características físicas são consideradas positivas, quais são negativas, quais vidas merecem ser vividas, entre outros posicionamentos. Longe de encerrar este debate com um posicionamento final, Híbridos e mutantes enriquece o entendimento deste tema ao trazer para a discussão o aconselhamento genético e tecer comparações com as práticas eugenistas.","PeriodicalId":30176,"journal":{"name":"OPSIS Revista do Departamento de Historia e Ciencias Sociais","volume":"11 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"87627666","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-01-01DOI: 10.32887/issn.2527-2551v16n1p.30-49
A partir do século XVIII, os assim considerados “efeitos perversos da civilização urbana” passam a ser foco de investimentos curativos e tratamentos de várias espécies; com freqüência, a cura para tais males está na natureza, seja este termo ligado ao meio ambiente, seja ligado a um contato mais íntimo com uma suposta “natureza humana”, um “estilo de vida saudável”. A partir do livro “Doenças da civilização – você pode curá-las”, do Dr. Boris Sokoloff, publicado em 1952, no qual o médico lança mão de argumentos que mostravam a importância de um certo retorno à natureza e de uma higiene cotidiana para que se atinja uma “saúde positiva”, buscamos refletir sobre como a idéia de “males” ou “doenças da civilização” é atualizada nas produções discursivas a respeito de doenças, tomando como exemplo etnográfico o material publicitário de laboratórios farmacêuticos a respeito da depressão. “Estilo de vida”, “qualidade de vida” e “saúde” são categorias das quais se lança mão com freqüência em um contexto no qual o cotidiano vem sendo amplamente medicalizado.
{"title":"“Doenças da civilização: você pode curá-las?”: representações sobre cidade, natureza e saúde entre classes médias urbana","authors":"","doi":"10.32887/issn.2527-2551v16n1p.30-49","DOIUrl":"https://doi.org/10.32887/issn.2527-2551v16n1p.30-49","url":null,"abstract":"A partir do século XVIII, os assim considerados “efeitos perversos da civilização urbana” passam a ser foco de investimentos curativos e tratamentos de várias espécies; com freqüência, a cura para tais males está na natureza, seja este termo ligado ao meio ambiente, seja ligado a um contato mais íntimo com uma suposta “natureza humana”, um “estilo de vida saudável”. A partir do livro “Doenças da civilização – você pode curá-las”, do Dr. Boris Sokoloff, publicado em 1952, no qual o médico lança mão de argumentos que mostravam a importância de um certo retorno à natureza e de uma higiene cotidiana para que se atinja uma “saúde positiva”, buscamos refletir sobre como a idéia de “males” ou “doenças da civilização” é atualizada nas produções discursivas a respeito de doenças, tomando como exemplo etnográfico o material publicitário de laboratórios farmacêuticos a respeito da depressão. “Estilo de vida”, “qualidade de vida” e “saúde” são categorias das quais se lança mão com freqüência em um contexto no qual o cotidiano vem sendo amplamente medicalizado.","PeriodicalId":30176,"journal":{"name":"OPSIS Revista do Departamento de Historia e Ciencias Sociais","volume":"51 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73002414","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-01-01DOI: 10.32887/issn.2527-2551v16n1p.207-231
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a produção de subjetividades dissidentes coletivas como ferramenta de resistência à violência como uma nova epistemologia. Ao levar em consideração as contribuições de Valencia (2016) diante do capitalismo como construção biointegrada e as noções de Mbembe (2011) sobre a necropolítica, pretende-se esboçar o fenômeno da performatose como rebate a gestão da violência e a atividade predatória dos corpos, condicionados em uma perspectiva entendida por Bento (2018) de necrobiopoder. Nesse sentido, o fenômeno se debruça sobre a necessidade fagocitária de reconstituir o tecido social necrosado através do planejamento de alianças que produzam outras formas de resistência e que desenvolvam uma agência legítima do ponto de vista geopolítico, ou seja, capazes de buscar espaços fora da asfixia gore.
{"title":"Performatoses do tecido social necrosado: endodissidências no eixo da necrobiopolítica e resistência à violência como uma nova epistemologia","authors":"","doi":"10.32887/issn.2527-2551v16n1p.207-231","DOIUrl":"https://doi.org/10.32887/issn.2527-2551v16n1p.207-231","url":null,"abstract":"O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a produção de subjetividades dissidentes coletivas como ferramenta de resistência à violência como uma nova epistemologia. Ao levar em consideração as contribuições de Valencia (2016) diante do capitalismo como construção biointegrada e as noções de Mbembe (2011) sobre a necropolítica, pretende-se esboçar o fenômeno da performatose como rebate a gestão da violência e a atividade predatória dos corpos, condicionados em uma perspectiva entendida por Bento (2018) de necrobiopoder. Nesse sentido, o fenômeno se debruça sobre a necessidade fagocitária de reconstituir o tecido social necrosado através do planejamento de alianças que produzam outras formas de resistência e que desenvolvam uma agência legítima do ponto de vista geopolítico, ou seja, capazes de buscar espaços fora da asfixia gore.","PeriodicalId":30176,"journal":{"name":"OPSIS Revista do Departamento de Historia e Ciencias Sociais","volume":"116 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"82491911","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O presente trabalho versa sobre a história da maçonaria no Ceará, a partir das publicações da Grande Loja Maçônica do Estado do Ceará sobre sua história como história da Maçonaria. A análise centrou-se nas cinco narrativas de autores vinculados à maçonaria local publicadas nos anos de 1973, 1977, 1987, 1998 e 2008. Discutiu-se, numa perspectiva historiográfica, o fato de que tais narrativas se inseriam naquilo que Maurice Halbwachs chama de memória coletiva, ou memória de grupo, à medida que os trabalhos denotam um esvaziamento da reprodução da memória coletiva entre seus membros e sua transplantação para narrativas históricas, ou memória histórica da instituição, na qual dominam interpretações que produzem e reforçam a hegemonia dessa corrente maçônica em detrimento da outra vinculava ao Grande Oriente do Brasil.
{"title":"HISTÓRIA DA MAÇONARIA: MEMÓRIA COLETIVA, ESCRITA HISTÓRICA E LEGITIMAÇÃO DE UMA POTÊNCIA NO CEARÁ","authors":"M. Silva","doi":"10.5216/o.v18i2.50924","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/o.v18i2.50924","url":null,"abstract":"O presente trabalho versa sobre a história da maçonaria no Ceará, a partir das publicações da Grande Loja Maçônica do Estado do Ceará sobre sua história como história da Maçonaria. A análise centrou-se nas cinco narrativas de autores vinculados à maçonaria local publicadas nos anos de 1973, 1977, 1987, 1998 e 2008. Discutiu-se, numa perspectiva historiográfica, o fato de que tais narrativas se inseriam naquilo que Maurice Halbwachs chama de memória coletiva, ou memória de grupo, à medida que os trabalhos denotam um esvaziamento da reprodução da memória coletiva entre seus membros e sua transplantação para narrativas históricas, ou memória histórica da instituição, na qual dominam interpretações que produzem e reforçam a hegemonia dessa corrente maçônica em detrimento da outra vinculava ao Grande Oriente do Brasil. ","PeriodicalId":30176,"journal":{"name":"OPSIS Revista do Departamento de Historia e Ciencias Sociais","volume":"4 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-11-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"76351043","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O trabalho mostra o surgimento das cidades na província de Goyaz e a forma como elas aparecem nas narrativas dos viajantes do século XIX. Os pioneiros viajantes, normalmente europeus, foram os interessados em retratar as paisagens e cidades brasileiras no século XIX, período em que elas passavam por grandes transformações. Transformações que não atingiu todas as cidades da ex-colônia e principalmente as da província de Goyaz o que levou quase a totalidade dos viajantes que a visitou fazerem uma descrição apontando para o atraso material a que estava submetida toda a região e apontassem seus habitantes como “preguiçosos” e assim responsáveis pelo atraso. O viajante Oscar Leal, um dos últimos a passar por Goiás já em 1882, não mais fala de decadência, mas sim de progresso. Quando de sua passagem por Jataí o que anota sobre a cidade do sudoeste goiano são suas modernidades.
{"title":"Goyaz urbano na primeira metade do século XIX: imagens dos viajantes","authors":"Marco Antônio de Menezes","doi":"10.5216/O.V18I2.50301","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/O.V18I2.50301","url":null,"abstract":"O trabalho mostra o surgimento das cidades na província de Goyaz e a forma como elas aparecem nas narrativas dos viajantes do século XIX. Os pioneiros viajantes, normalmente europeus, foram os interessados em retratar as paisagens e cidades brasileiras no século XIX, período em que elas passavam por grandes transformações. Transformações que não atingiu todas as cidades da ex-colônia e principalmente as da província de Goyaz o que levou quase a totalidade dos viajantes que a visitou fazerem uma descrição apontando para o atraso material a que estava submetida toda a região e apontassem seus habitantes como “preguiçosos” e assim responsáveis pelo atraso. O viajante Oscar Leal, um dos últimos a passar por Goiás já em 1882, não mais fala de decadência, mas sim de progresso. Quando de sua passagem por Jataí o que anota sobre a cidade do sudoeste goiano são suas modernidades.","PeriodicalId":30176,"journal":{"name":"OPSIS Revista do Departamento de Historia e Ciencias Sociais","volume":"24 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-11-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"89192440","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}