Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.34024/rbecotur.2023.v16.14796
Laura Bachi, Sónia Ribeiro
O ecoturismo evoluiu como uma estratégia de conservação da biodiversidade e melhoria dos modos de vida rurais em todo o mundo. No Antropoceno, a estrutura das paisagens rurais é modificada e simplificada para atender às demandas da sociedade pela produção de comida. Reverter esse cenário requer promover sinergias entre a produção de comida e recreação/ecoturismo. Uma lacuna crítica, entretanto, é explorar onde o ecoturismo pode aprimorar os valores materiais e imateriais do uso da biodiversidade, como o extrativismo de produtos florestais não-madeireiros (PFNMs). No Brasil, paisagens rurais são transformadas para atender à demanda global por commodities agrícolas, como única estratégia de desenvolvimento territorial. A sociobiodiversidade corresponde aos conhecimentos e práticas de comunidades tradicionais e agricultores no uso da biodiversidade, como os PFNMs. Mas esses produtos, em grande parte, são valorizados economicamente pelo mercado com base na quantidade produzida (toneladas). O ecoturismo, sob condições específicas, pode agregar valor à sociobiodiversidade. Por sua vez, a sociobiodiversidade pode aumentar a qualidade do ecoturismo, que tem sido parcialmente inserido nas leis e programas federais de desenvolvimento territorial. Se associados, o ecoturismo e a sociobiodiversidade podem promover usos multifuncionais da terra (recreação e produção de comida) associados a vegetação nativa em pé em áreas protegidas e enclaves rurais no Brasil. Este estudo adota uma abordagem multiescala para avaliar onde o uso da biodiversidade associado aos conhecimentos e práticas de comunidades tradicionais e agricultores pode ser aprimorado pelo ecoturismo nos biomas brasileiros. A análise multicritério e modelagem espacialmente explícita foram usadas para identificar áreas potenciais na escala nacional. Em seguida, uma lista de iniciativas locais de ecoturismo foi avaliada para validar as inter-relações, explorar possíveis limitações e condições-chave para que o ecoturismo e a sociobiodiversidade sejam alternativas ao uso intensivo da terra. Os resultados mostram grandes áreas na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica onde o ecoturismo poderia aprimorar os valores materiais e imateriais da sociobiodiversidade. Entretanto, há um desencontro entre a localização dessas áreas e a presença de estradas federais e aeroportos internacionais, bem como associações e cooperativas, fundações e institutos para financiamento e parcerias. De modo geral, as iniciativas locais de ecoturismo reforçam os valores no uso da biodiversidade pelas comunidades tradicionais através de modelos de gestão baseados na comunidade, investimentos em capital social e parcerias, contudo, poucas promovem os saberes tradicionais no uso dos PFNMs como produto turístico. Este estudo apresenta uma metodologia para a análise espacialmente explícita das sinergias entre ecoturismo e sociobiodiversidade e informa formuladores de políticas sobre áreas potenciais onde promover usos multifuncionais
{"title":"Onde o ecoturismo melhora a sociobiodiversidade? Mapeamento de oportunidades e limitações para a gestão de usos multifuncionais da terra no Brasil","authors":"Laura Bachi, Sónia Ribeiro","doi":"10.34024/rbecotur.2023.v16.14796","DOIUrl":"https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.14796","url":null,"abstract":"O ecoturismo evoluiu como uma estratégia de conservação da biodiversidade e melhoria dos modos de vida rurais em todo o mundo. No Antropoceno, a estrutura das paisagens rurais é modificada e simplificada para atender às demandas da sociedade pela produção de comida. Reverter esse cenário requer promover sinergias entre a produção de comida e recreação/ecoturismo. Uma lacuna crítica, entretanto, é explorar onde o ecoturismo pode aprimorar os valores materiais e imateriais do uso da biodiversidade, como o extrativismo de produtos florestais não-madeireiros (PFNMs). No Brasil, paisagens rurais são transformadas para atender à demanda global por commodities agrícolas, como única estratégia de desenvolvimento territorial. A sociobiodiversidade corresponde aos conhecimentos e práticas de comunidades tradicionais e agricultores no uso da biodiversidade, como os PFNMs. Mas esses produtos, em grande parte, são valorizados economicamente pelo mercado com base na quantidade produzida (toneladas). O ecoturismo, sob condições específicas, pode agregar valor à sociobiodiversidade. Por sua vez, a sociobiodiversidade pode aumentar a qualidade do ecoturismo, que tem sido parcialmente inserido nas leis e programas federais de desenvolvimento territorial. Se associados, o ecoturismo e a sociobiodiversidade podem promover usos multifuncionais da terra (recreação e produção de comida) associados a vegetação nativa em pé em áreas protegidas e enclaves rurais no Brasil. Este estudo adota uma abordagem multiescala para avaliar onde o uso da biodiversidade associado aos conhecimentos e práticas de comunidades tradicionais e agricultores pode ser aprimorado pelo ecoturismo nos biomas brasileiros. A análise multicritério e modelagem espacialmente explícita foram usadas para identificar áreas potenciais na escala nacional. Em seguida, uma lista de iniciativas locais de ecoturismo foi avaliada para validar as inter-relações, explorar possíveis limitações e condições-chave para que o ecoturismo e a sociobiodiversidade sejam alternativas ao uso intensivo da terra. Os resultados mostram grandes áreas na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica onde o ecoturismo poderia aprimorar os valores materiais e imateriais da sociobiodiversidade. Entretanto, há um desencontro entre a localização dessas áreas e a presença de estradas federais e aeroportos internacionais, bem como associações e cooperativas, fundações e institutos para financiamento e parcerias. De modo geral, as iniciativas locais de ecoturismo reforçam os valores no uso da biodiversidade pelas comunidades tradicionais através de modelos de gestão baseados na comunidade, investimentos em capital social e parcerias, contudo, poucas promovem os saberes tradicionais no uso dos PFNMs como produto turístico. Este estudo apresenta uma metodologia para a análise espacialmente explícita das sinergias entre ecoturismo e sociobiodiversidade e informa formuladores de políticas sobre áreas potenciais onde promover usos multifuncionais","PeriodicalId":348198,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur)","volume":"20 8 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126225748","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.34024/rbecotur.2023.v16.14814
C. Costa, M. Moreau, Marcial Cotes
Entre os vários problemas ambientais da contemporaneidade, a falta do reconhecimento da importância da botânica no nosso cotidiano, a ausência de sensibilização e a interação com a natureza são assuntos que a sociedade deve discutir. O presente trabalho, a fim de buscar e implantar possibilidades dentro da Educação Ambiental (EA), traz a proposta de formatação de uma trilha interpretativa conduzida e/ou autoconduzida de uma forma didático-pedagógica no campus da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). A metodologia propõe uma dupla análise ao utilizar os métodos de Indicadores de Atratividades de Pontos Interpretativos (IAPI) e o Valor Turístico (Vtur). Foram realizadas visitas ao Horto Florestal da UESC e, com o auxílio do GPS Garmin etrex 10x e do aplicativo de celular TCpGPS, propomos um novo trajeto da trilha de 1.047 metros, com design circular e 10 pontos interpretativos. Diante disso, é possível afirmar que as metodologias utilizadas na proposta atingiram seu escopo ao possibilitar o conhecimento da flora local, das relações ecológicas, da acessibilidade, bem como do desenvolvimento de atitudes e valores diante do meio ambiente, de forma prática e sistematizada.
{"title":"No meio do caminho tinha um Pau-ferro, tinha um Pau-ferro no meio da Trilha Interpretativa do Horto da UESC","authors":"C. Costa, M. Moreau, Marcial Cotes","doi":"10.34024/rbecotur.2023.v16.14814","DOIUrl":"https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.14814","url":null,"abstract":"Entre os vários problemas ambientais da contemporaneidade, a falta do reconhecimento da importância da botânica no nosso cotidiano, a ausência de sensibilização e a interação com a natureza são assuntos que a sociedade deve discutir. O presente trabalho, a fim de buscar e implantar possibilidades dentro da Educação Ambiental (EA), traz a proposta de formatação de uma trilha interpretativa conduzida e/ou autoconduzida de uma forma didático-pedagógica no campus da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). A metodologia propõe uma dupla análise ao utilizar os métodos de Indicadores de Atratividades de Pontos Interpretativos (IAPI) e o Valor Turístico (Vtur). Foram realizadas visitas ao Horto Florestal da UESC e, com o auxílio do GPS Garmin etrex 10x e do aplicativo de celular TCpGPS, propomos um novo trajeto da trilha de 1.047 metros, com design circular e 10 pontos interpretativos. Diante disso, é possível afirmar que as metodologias utilizadas na proposta atingiram seu escopo ao possibilitar o conhecimento da flora local, das relações ecológicas, da acessibilidade, bem como do desenvolvimento de atitudes e valores diante do meio ambiente, de forma prática e sistematizada.","PeriodicalId":348198,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur)","volume":"15 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"133660422","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.34024/rbecotur.2023.v16.14108
Flavio Henrique Souza Lobato, Juliana Azevedo Hamoy, M. C. Bahia, Thiliane Regina Barbosa Meguis, F. L. S. Mendes
The Urban Public Green Areas (UPGA) in the Amazon represents a small environmental and cultural sample of different spaces and ways of traditional populations life’s and cities in the region. Although, such areas have been under pressure from urban expansion, and in some cases, they do not meet the citizens needs and use of these spaces for leisure. Thus, this research aimed to analyze the distribution, access and reduction of urban public green areas for leisure in Belém. The qualitative-quantitative methodology uses bibliographic and documental research, based on official data on demography and geolocation. The data were submitted to three indicators calculation, namely: Territorial Proportion of Vegetation Coverage Indicator, Vegetation Coverage per Inhabitant Indicator and, within UPGA scope, the Territorial Distribution of Leisure Spaces Indicator. As a result, it was possible to verify that Belém has been progressively losing green areas. In the reduction in UPGA, a significant difference in distribution was also identified, either due to the absence of quality spaces or due to inadequate infrastructure and access. In this way, the leisure practices and sociability in these spaces have been made impracticable, and the population has started to resort to other leisure experiences, which are often nature disconnected.
{"title":"“From the city of mango trees to the city of concrete”: study on urban public green leisure areas in Belém (Pará, Brazil)","authors":"Flavio Henrique Souza Lobato, Juliana Azevedo Hamoy, M. C. Bahia, Thiliane Regina Barbosa Meguis, F. L. S. Mendes","doi":"10.34024/rbecotur.2023.v16.14108","DOIUrl":"https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.14108","url":null,"abstract":"The Urban Public Green Areas (UPGA) in the Amazon represents a small environmental and cultural sample of different spaces and ways of traditional populations life’s and cities in the region. Although, such areas have been under pressure from urban expansion, and in some cases, they do not meet the citizens needs and use of these spaces for leisure. Thus, this research aimed to analyze the distribution, access and reduction of urban public green areas for leisure in Belém. The qualitative-quantitative methodology uses bibliographic and documental research, based on official data on demography and geolocation. The data were submitted to three indicators calculation, namely: Territorial Proportion of Vegetation Coverage Indicator, Vegetation Coverage per Inhabitant Indicator and, within UPGA scope, the Territorial Distribution of Leisure Spaces Indicator. As a result, it was possible to verify that Belém has been progressively losing green areas. In the reduction in UPGA, a significant difference in distribution was also identified, either due to the absence of quality spaces or due to inadequate infrastructure and access. In this way, the leisure practices and sociability in these spaces have been made impracticable, and the population has started to resort to other leisure experiences, which are often nature disconnected.","PeriodicalId":348198,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur)","volume":"12 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125206407","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-11DOI: 10.34024/rbecotur.2023.v16.15183
C. Rodrigues, C. Lemos, E. Botelho, Paula Normandia Moreira Brumatti
{"title":"Editorial Dossiê: Desafios e perspectivas das parcerias para o lazer e o turismo em áreas protegidas","authors":"C. Rodrigues, C. Lemos, E. Botelho, Paula Normandia Moreira Brumatti","doi":"10.34024/rbecotur.2023.v16.15183","DOIUrl":"https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.15183","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":348198,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur)","volume":"29 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116441273","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-11DOI: 10.34024/rbecotur.2023.v16.15151
Igor Carneiro de Almeida, Grislayne Guedes Lopes da Silva, Sidnei Raimundo
A concessão de serviços de apoio à visitação em áreas de uso público em parques nacionais está sendo incentivada pelo poder público como uma forma de melhorar a qualidade dos serviços prestados e contribuir com a ampliação da experiência dos visitantes nos parques, além de permitir uma melhor relação entre interesses públicos e privados. Diante desse panorama, o objetivo deste artigo é analisar o contexto atual das concessões em parques nacionais, a partir da perspectiva da qualidade na prestação de serviços, observando o caso da concessão de serviços de apoio à visitação na área de uso público do Parque Nacional do Itatiaia (PNI), localizado na serra da Mantiqueira, na divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório e descritivo, com a presença de um referencial teórico-conceitual sobre o contexto das concessões em parques nacionais e sobre a prestação de serviços de apoio à visitação em parques, a partir de um levantamento bibliográfico e documental, e entrevistas semiestruturadas realizadas com atores públicos que atuam no PNI. O artigo destaca que os processos de concessão foram incentivados para que as empresas parceiras pudessem atuar de forma a ampliar a qualidade da prestação de serviços, porém não foi a realidade apresentada na opinião dos entrevistados no PNI. Esperava-se nesse período inicial de concessão, maior agilidade nos investimentos e maior gama de serviços com melhoria na qualidade da prestação, ampliando a experiência dos visitantes no parque. Apesar do grande avanço no site, com a melhoria de explicações sobre os atrativos, disponibilidade de mapas, a possibilidade de comprar ingressos online e a facilidade de pagamento via cartão de débito/crédito, no entanto, os aspectos negativos prevalecem sobre os positivos. Sugere-se como conclusão para novas concessões que os processos sejam participativos, com envolvimento de atores locais, e que os objetivos das parcerias considerem as demandas locais.
{"title":"Qualidade na prestação de serviços de apoio à visitação em parques nacionais: caso da concessão no Parque Nacional do Itatiaia","authors":"Igor Carneiro de Almeida, Grislayne Guedes Lopes da Silva, Sidnei Raimundo","doi":"10.34024/rbecotur.2023.v16.15151","DOIUrl":"https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.15151","url":null,"abstract":"A concessão de serviços de apoio à visitação em áreas de uso público em parques nacionais está sendo incentivada pelo poder público como uma forma de melhorar a qualidade dos serviços prestados e contribuir com a ampliação da experiência dos visitantes nos parques, além de permitir uma melhor relação entre interesses públicos e privados. Diante desse panorama, o objetivo deste artigo é analisar o contexto atual das concessões em parques nacionais, a partir da perspectiva da qualidade na prestação de serviços, observando o caso da concessão de serviços de apoio à visitação na área de uso público do Parque Nacional do Itatiaia (PNI), localizado na serra da Mantiqueira, na divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório e descritivo, com a presença de um referencial teórico-conceitual sobre o contexto das concessões em parques nacionais e sobre a prestação de serviços de apoio à visitação em parques, a partir de um levantamento bibliográfico e documental, e entrevistas semiestruturadas realizadas com atores públicos que atuam no PNI. O artigo destaca que os processos de concessão foram incentivados para que as empresas parceiras pudessem atuar de forma a ampliar a qualidade da prestação de serviços, porém não foi a realidade apresentada na opinião dos entrevistados no PNI. Esperava-se nesse período inicial de concessão, maior agilidade nos investimentos e maior gama de serviços com melhoria na qualidade da prestação, ampliando a experiência dos visitantes no parque. Apesar do grande avanço no site, com a melhoria de explicações sobre os atrativos, disponibilidade de mapas, a possibilidade de comprar ingressos online e a facilidade de pagamento via cartão de débito/crédito, no entanto, os aspectos negativos prevalecem sobre os positivos. Sugere-se como conclusão para novas concessões que os processos sejam participativos, com envolvimento de atores locais, e que os objetivos das parcerias considerem as demandas locais.","PeriodicalId":348198,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur)","volume":"66 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123478707","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-11DOI: 10.34024/rbecotur.2023.v16.15146
V. Fonseca, R. Scalco
A temática das parcerias para o uso público em área protegidas, mais precisamente a modalidade de concessão, tem adquirido significativa visibilidade diante da proposição de programas de governos Federal e Estaduais, como estratégia a ser priorizada para o aumento da visitação e da lucratividade que tais áreas podem gerar. Neste sentido, a universidade, enquanto entidade que tem como função a construção de novos conhecimentos, a formação crítica e cidadã de seus estudantes e a contribuição para uma sociedade mais justa e igualitária, deve se debruçar sobre esta temática a fim de refletir e difundir conhecimentos sobre formas de parcerias mais benéficas para as comunidades localizadas no entorno dessas áreas protegidas. Este artigo tem por objetivo fazer um relato das experiências desenvolvidas no âmbito do curso de turismo da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri sobre as parcerias para o uso público em áreas protegidas, e para tanto foram elencadas e descritas as atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas sobre o tema, ressaltando a necessidade de atendimento ao princípio da indissociabilidade e os desafios e contradições que demandam novas formas de atuação das universidades. Como resultados, entendemos que as ações e iniciativas de ensino, pesquisa e extensão já realizadas sobre o tema no âmbito do curso de turismo da UFVJM não são suficientes, e há ainda muito a ser feito, principalmente para superar os desafios impostos atualmente à prática docente que dificultam o pleno atendimento do princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Ademais, é preciso colocar em evidência a necessidade de difusão de conhecimentos e iniciativas de parcerias pautadas pelo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, por se tratar de uma importante contribuição que pode reforçar a função social das universidades, destacando a sua atuação para o desenvolvimento científico, socioeconômico e cultural da sociedade na qual está inserida.
{"title":"Indissociabilidade universitária na UFVJM como práxis no contexto das parcerias para o uso público em áreas protegidas","authors":"V. Fonseca, R. Scalco","doi":"10.34024/rbecotur.2023.v16.15146","DOIUrl":"https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.15146","url":null,"abstract":"A temática das parcerias para o uso público em área protegidas, mais precisamente a modalidade de concessão, tem adquirido significativa visibilidade diante da proposição de programas de governos Federal e Estaduais, como estratégia a ser priorizada para o aumento da visitação e da lucratividade que tais áreas podem gerar. Neste sentido, a universidade, enquanto entidade que tem como função a construção de novos conhecimentos, a formação crítica e cidadã de seus estudantes e a contribuição para uma sociedade mais justa e igualitária, deve se debruçar sobre esta temática a fim de refletir e difundir conhecimentos sobre formas de parcerias mais benéficas para as comunidades localizadas no entorno dessas áreas protegidas. Este artigo tem por objetivo fazer um relato das experiências desenvolvidas no âmbito do curso de turismo da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri sobre as parcerias para o uso público em áreas protegidas, e para tanto foram elencadas e descritas as atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas sobre o tema, ressaltando a necessidade de atendimento ao princípio da indissociabilidade e os desafios e contradições que demandam novas formas de atuação das universidades. Como resultados, entendemos que as ações e iniciativas de ensino, pesquisa e extensão já realizadas sobre o tema no âmbito do curso de turismo da UFVJM não são suficientes, e há ainda muito a ser feito, principalmente para superar os desafios impostos atualmente à prática docente que dificultam o pleno atendimento do princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Ademais, é preciso colocar em evidência a necessidade de difusão de conhecimentos e iniciativas de parcerias pautadas pelo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, por se tratar de uma importante contribuição que pode reforçar a função social das universidades, destacando a sua atuação para o desenvolvimento científico, socioeconômico e cultural da sociedade na qual está inserida.","PeriodicalId":348198,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur)","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"133374149","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-11DOI: 10.34024/rbecotur.2023.v16.15171
E. Botelho, Sidnei Raimundo
O bem comum, ou comum, tem ganhado espaço no debate sobre o uso de recursos e a necessidade de outras formas de pensar a gestão e governança de áreas protegidas. Este artigo apresenta uma leitura teórico-conceitual sobre a teoria do “comum” de Dardot e Laval (2017) como aporte para interpretar as parcerias “público-comunitárias” para viabilizar o lazer e o turismo em áreas protegidas. Por meio de revisão bibliográfica sobre parcerias e turismo de base comunitária em áreas protegidas, a pesquisa, de cunho exploratório, busca caracterizar as parcerias “público-comunitárias” como arranjos estabelecidos entre a esfera pública e iniciativas e coletivos protagonizados por povos e comunidades tradicionais e locais. Reconhece que essas parcerias são múltiplas e diversas, mas identificam-se por serem promovidas por coletivos, redes, e formas de organização social formalizadas que conduzem ações guiadas por princípios políticos em busca da construção de autogestão de territórios e de formas contra-hegemônicas de turismo. Porém a teoria do “comum” ainda precisa avançar no que se refere às pautas específicas dos povos originários e comunidades tradicionais e locais, sobretudo enraizadas no Sul global. Este trabalho pode contribuir como aporte teórico para evidenciar a composição de parcerias para o lazer e turismo em unidades de conservação que valorizam a diversidade sociocultural e econômica de territórios e sua contribuição para a conservação da natureza, apoiada em formas de organização social locais e comunitárias.
{"title":"Aporte teórico-conceitual sobre as parcerias público-comunitárias para o lazer e o turismo em áreas protegidas","authors":"E. Botelho, Sidnei Raimundo","doi":"10.34024/rbecotur.2023.v16.15171","DOIUrl":"https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.15171","url":null,"abstract":"O bem comum, ou comum, tem ganhado espaço no debate sobre o uso de recursos e a necessidade de outras formas de pensar a gestão e governança de áreas protegidas. Este artigo apresenta uma leitura teórico-conceitual sobre a teoria do “comum” de Dardot e Laval (2017) como aporte para interpretar as parcerias “público-comunitárias” para viabilizar o lazer e o turismo em áreas protegidas. Por meio de revisão bibliográfica sobre parcerias e turismo de base comunitária em áreas protegidas, a pesquisa, de cunho exploratório, busca caracterizar as parcerias “público-comunitárias” como arranjos estabelecidos entre a esfera pública e iniciativas e coletivos protagonizados por povos e comunidades tradicionais e locais. Reconhece que essas parcerias são múltiplas e diversas, mas identificam-se por serem promovidas por coletivos, redes, e formas de organização social formalizadas que conduzem ações guiadas por princípios políticos em busca da construção de autogestão de territórios e de formas contra-hegemônicas de turismo. Porém a teoria do “comum” ainda precisa avançar no que se refere às pautas específicas dos povos originários e comunidades tradicionais e locais, sobretudo enraizadas no Sul global. Este trabalho pode contribuir como aporte teórico para evidenciar a composição de parcerias para o lazer e turismo em unidades de conservação que valorizam a diversidade sociocultural e econômica de territórios e sua contribuição para a conservação da natureza, apoiada em formas de organização social locais e comunitárias.","PeriodicalId":348198,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur)","volume":"86 6","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"113954311","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-11DOI: 10.34024/rbecotur.2023.v16.15159
Júlio Cesar Spindola Itacaramby, A. Cunha, J. L. D. A. Franco
O presente estudo é uma reflexão sobre as potenciais relações dos grupos de amigos com os princípios do ecoturismo relacionadas à uma ética ambiental ecocêntrica, e a melhoria da governança em áreas protegidas. A pesquisa foi baseada em estudos sobre ecoturismo, ética ambiental, a atuação de grupos de amigos em outros países e um levantamento sobre os grupos de amigos existentes no Brasil. As origens do ecoturismo estão relacionadas com uma busca de conciliar a demanda pelo turismo em áreas naturais com princípios filosóficos e éticos da conservação da natureza. Dentre os diversos princípios propostos, há um consenso para que a prática do ecoturismo traga um estímulo à consciência ambiental e uma contribuição direta para a conservação da natureza. Uma reflexão sobre esses princípios no âmbito da ética ambiental, pode nos trazer um entendimento de que se tratam de princípios mais alinhados ao campo ecocêntrico do espectro da ética ambiental. O presente artigo traz alguns casos e reflexões sobre a atuação dos grupos de amigos em outros países e os principais exemplos nacionais. A partir do referencial teórico e destas reflexões, conclui-se que há um grande potencial dos grupos de amigos contribuírem para reforçar o estímulo da consciência ambiental e para trazer contribuições diretas para conservação da natureza. Destaca-se também o potencial para contribuírem com a melhoria da governança das áreas protegidas. Ademais, a modalidade dos grupos de amigos, já consolidada em diversos países, e ainda incipiente no Brasil, apresenta um promissor potencial de contribuição à gestão e conservação de áreas protegidas nacionais a partir de uma premissa mais ecocêntrica, a qual poderia ser fomentada e devidamente investigada por estudos futuros.
{"title":"A contribuição dos grupos de amigos nas parcerias para o ecoturismo em áreas protegidas","authors":"Júlio Cesar Spindola Itacaramby, A. Cunha, J. L. D. A. Franco","doi":"10.34024/rbecotur.2023.v16.15159","DOIUrl":"https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.15159","url":null,"abstract":"O presente estudo é uma reflexão sobre as potenciais relações dos grupos de amigos com os princípios do ecoturismo relacionadas à uma ética ambiental ecocêntrica, e a melhoria da governança em áreas protegidas. A pesquisa foi baseada em estudos sobre ecoturismo, ética ambiental, a atuação de grupos de amigos em outros países e um levantamento sobre os grupos de amigos existentes no Brasil. As origens do ecoturismo estão relacionadas com uma busca de conciliar a demanda pelo turismo em áreas naturais com princípios filosóficos e éticos da conservação da natureza. Dentre os diversos princípios propostos, há um consenso para que a prática do ecoturismo traga um estímulo à consciência ambiental e uma contribuição direta para a conservação da natureza. Uma reflexão sobre esses princípios no âmbito da ética ambiental, pode nos trazer um entendimento de que se tratam de princípios mais alinhados ao campo ecocêntrico do espectro da ética ambiental. O presente artigo traz alguns casos e reflexões sobre a atuação dos grupos de amigos em outros países e os principais exemplos nacionais. A partir do referencial teórico e destas reflexões, conclui-se que há um grande potencial dos grupos de amigos contribuírem para reforçar o estímulo da consciência ambiental e para trazer contribuições diretas para conservação da natureza. Destaca-se também o potencial para contribuírem com a melhoria da governança das áreas protegidas. Ademais, a modalidade dos grupos de amigos, já consolidada em diversos países, e ainda incipiente no Brasil, apresenta um promissor potencial de contribuição à gestão e conservação de áreas protegidas nacionais a partir de uma premissa mais ecocêntrica, a qual poderia ser fomentada e devidamente investigada por estudos futuros.","PeriodicalId":348198,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur)","volume":"13 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"132185748","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-11DOI: 10.34024/rbecotur.2023.v16.15148
M. Septanil, Lucas Milani Rodrigues, V. Ranieri
As concessões dos serviços de apoio à visitação em Parques Nacionais são implementadas como estratégia para suprir as deficiências de recursos humanos e financeiros que afetam diretamente na estruturação da visitação dessas Unidades de Conservação. Esse tipo de parceria vem ganhando espaço no cenário internacional e nacional, com um crescente aumento observado no país nas diversas esferas de gestão. Na esfera federal, a Instrução Normativa nº 9, de 13 de julho de 2018, do ICMBio, disciplina regras para a implementação das concessões, sendo uma delas quanto aos estudos prévios que necessitam ser realizados antes que estas sejam implementadas. Dentre eles, destaca-se a necessidade de serem feitos estudos que assegurem a viabilidade socioambiental das atividades e serviços propostos nos projetos de concessão. Dado que a instrução normativa que orienta a construção desses contratos menciona a preocupação com a viabilidade ambiental dos mesmos, o objetivo deste artigo foi analisar se há inclusão dos critérios socioambientais, e como ela é conduzida, nos documentos que compõem os Estudos de Viabilidade das concessões dos serviços de apoio à visitação nos Parques Nacionais brasileiros. Este estudo analisou 22 documentos, referentes ao planejamento de concessões de 14 Parques Nacionais, e identificou uma lacuna na presença de análises de viabilidade socioambiental no planejamento das concessões. Não foi encontrada nenhuma informação a respeito de estudos de viabilidade socioambiental das atividades, e foram identificadas apenas menções parciais a possíveis impactos sociais das concessões em Estudos de Viabilidade Econômico-Financeira, referente à previsão dos empregos que serão gerados com a concessão, e em publicações para contratação de equipe para elaboração de Estudos de Viabilidade Econômico-Financeira, onde há a solicitação de que os estudos que incluam as estimativas dos benefícios sociais e econômicos para a sociedade da concessão ou forneça informações sobre possíveis formas de turismo envolvendo a comunidade local. Este estudo permitiu identificar uma falta de alinhamento do processo de planejamento das concessões nos Parques Nacionais brasileiros com as diretrizes dadas pela IN nº 9 de 13 de julho de 2018, e uma lacuna nos estudos prévios realizados quanto à obtenção de informações que assegurem a viabilidade socioambiental dos projetos de concessão.
{"title":"Análise prévia de viabilidade socioambiental no planejamento das concessões dos serviços de apoio à visitação em Parques Nacionais brasileiros","authors":"M. Septanil, Lucas Milani Rodrigues, V. Ranieri","doi":"10.34024/rbecotur.2023.v16.15148","DOIUrl":"https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.15148","url":null,"abstract":"As concessões dos serviços de apoio à visitação em Parques Nacionais são implementadas como estratégia para suprir as deficiências de recursos humanos e financeiros que afetam diretamente na estruturação da visitação dessas Unidades de Conservação. Esse tipo de parceria vem ganhando espaço no cenário internacional e nacional, com um crescente aumento observado no país nas diversas esferas de gestão. Na esfera federal, a Instrução Normativa nº 9, de 13 de julho de 2018, do ICMBio, disciplina regras para a implementação das concessões, sendo uma delas quanto aos estudos prévios que necessitam ser realizados antes que estas sejam implementadas. Dentre eles, destaca-se a necessidade de serem feitos estudos que assegurem a viabilidade socioambiental das atividades e serviços propostos nos projetos de concessão. Dado que a instrução normativa que orienta a construção desses contratos menciona a preocupação com a viabilidade ambiental dos mesmos, o objetivo deste artigo foi analisar se há inclusão dos critérios socioambientais, e como ela é conduzida, nos documentos que compõem os Estudos de Viabilidade das concessões dos serviços de apoio à visitação nos Parques Nacionais brasileiros. Este estudo analisou 22 documentos, referentes ao planejamento de concessões de 14 Parques Nacionais, e identificou uma lacuna na presença de análises de viabilidade socioambiental no planejamento das concessões. Não foi encontrada nenhuma informação a respeito de estudos de viabilidade socioambiental das atividades, e foram identificadas apenas menções parciais a possíveis impactos sociais das concessões em Estudos de Viabilidade Econômico-Financeira, referente à previsão dos empregos que serão gerados com a concessão, e em publicações para contratação de equipe para elaboração de Estudos de Viabilidade Econômico-Financeira, onde há a solicitação de que os estudos que incluam as estimativas dos benefícios sociais e econômicos para a sociedade da concessão ou forneça informações sobre possíveis formas de turismo envolvendo a comunidade local. Este estudo permitiu identificar uma falta de alinhamento do processo de planejamento das concessões nos Parques Nacionais brasileiros com as diretrizes dadas pela IN nº 9 de 13 de julho de 2018, e uma lacuna nos estudos prévios realizados quanto à obtenção de informações que assegurem a viabilidade socioambiental dos projetos de concessão.","PeriodicalId":348198,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur)","volume":"20 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124551472","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-11DOI: 10.34024/rbecotur.2023.v16.15164
Yasmin Xavier Guimarães Nasri, M. Irving, Beatriz Beatriz Ferreira Cabral, Marcelo Augusto Ribeiro de Lima, Renata Amorim Almeida Fonseca
A leitura de natureza que fundamenta a elaboração e implementação de políticas públicas na América Latina reflete, em grande medida, a visão de mundo ocidental de cisão entre humanos e não humanos, decorrente de um longo processo de colonização que, historicamente, vem regulamentando as práticas de conservação da biodiversidade, inclusive no Brasil. Nesse contexto, para se pensar em caminhos inclusivos, democráticos e colaborativos para a conservação da biodiversidade e dos valores culturais a ela associados, o presente artigo tem como objetivo analisar as potencialidades e os obstáculos para a construção de parcerias entre a gestão pública e as comunidades locais nas áreas protegidas, no sentido de fortalecimento do Lazer de Base Comunitária (LBC), nas Regiões Turísticas da Costa do Sol (RJ) e Litoral do Paraná (PR). A pesquisa qualitativa se baseou em levantamento bibliográfico e documental e observação direta nas regiões estudadas entre 2019 e 2022, complementadas por conversas informais com lideranças comunitárias e atores da gestão pública regional, registradas em caderno de campo. A análise dos resultados obtidos foi efetivada por meio da construção de uma matriz-síntese sobre os arranjos associados às iniciativas comunitárias de lazer nessas regiões. A imersão no material obtido permitiu identificar que os principais arranjos locais para o LBC estão direcionados à visitação ao patrimônio natural e cultural; à organização de festividades culturais e sacras; à produção gastronômica e de artesanatos; e a promoção de práticas desportivas e de aventura. Os desafios para a incorporação dessas ações à gestão das UCs envolvem a decodificação das diferentes visões de mundo e os significados de natureza e cultura, além da necessidade de reconhecimento dos processos históricos de organização comunitária nas regiões estudadas. As potencialidades envolvem a construção de parcerias locais vinculadas ao fortalecimento dos laços entre os diferentes atores sociais e ao reconhecimento das iniciativas já existentes no território, sem que sejam silenciados os conflitos sociais, as disputas de poder, e os modos locais de organização do trabalho e do tempo.
{"title":"Arranjos locais para o lazer de base comunitária: regiões litorâneas do Rio de Janeiro e do Paraná como laboratórios vivos de análise","authors":"Yasmin Xavier Guimarães Nasri, M. Irving, Beatriz Beatriz Ferreira Cabral, Marcelo Augusto Ribeiro de Lima, Renata Amorim Almeida Fonseca","doi":"10.34024/rbecotur.2023.v16.15164","DOIUrl":"https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.15164","url":null,"abstract":"A leitura de natureza que fundamenta a elaboração e implementação de políticas públicas na América Latina reflete, em grande medida, a visão de mundo ocidental de cisão entre humanos e não humanos, decorrente de um longo processo de colonização que, historicamente, vem regulamentando as práticas de conservação da biodiversidade, inclusive no Brasil. Nesse contexto, para se pensar em caminhos inclusivos, democráticos e colaborativos para a conservação da biodiversidade e dos valores culturais a ela associados, o presente artigo tem como objetivo analisar as potencialidades e os obstáculos para a construção de parcerias entre a gestão pública e as comunidades locais nas áreas protegidas, no sentido de fortalecimento do Lazer de Base Comunitária (LBC), nas Regiões Turísticas da Costa do Sol (RJ) e Litoral do Paraná (PR). A pesquisa qualitativa se baseou em levantamento bibliográfico e documental e observação direta nas regiões estudadas entre 2019 e 2022, complementadas por conversas informais com lideranças comunitárias e atores da gestão pública regional, registradas em caderno de campo. A análise dos resultados obtidos foi efetivada por meio da construção de uma matriz-síntese sobre os arranjos associados às iniciativas comunitárias de lazer nessas regiões. A imersão no material obtido permitiu identificar que os principais arranjos locais para o LBC estão direcionados à visitação ao patrimônio natural e cultural; à organização de festividades culturais e sacras; à produção gastronômica e de artesanatos; e a promoção de práticas desportivas e de aventura. Os desafios para a incorporação dessas ações à gestão das UCs envolvem a decodificação das diferentes visões de mundo e os significados de natureza e cultura, além da necessidade de reconhecimento dos processos históricos de organização comunitária nas regiões estudadas. As potencialidades envolvem a construção de parcerias locais vinculadas ao fortalecimento dos laços entre os diferentes atores sociais e ao reconhecimento das iniciativas já existentes no território, sem que sejam silenciados os conflitos sociais, as disputas de poder, e os modos locais de organização do trabalho e do tempo.","PeriodicalId":348198,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur)","volume":"2012 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"133430641","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}