Pub Date : 2022-04-06DOI: 10.20947/s0102-3098a0194
Mariana Marcos, Diva Marcela García, Juan A. Módenes
En América Latina tanto el problema de la falta de viviendas de calidad como la respuesta del allegamiento -o la corresidencia- de hogares y familias por necesidad son fenómenos de larga data y persistentes, aunque también de amplia dispersión en su forma de medición. El objetivo de este artículo es precisar conceptualmente el problema y desentrañar la matriz teórica que subyace a las distintas formas de medición del componente cuantitativo del déficit habitacional, en especial en lo referido a la contabilización -o no- de los núcleos familiares secundarios como unidades requirentes de vivienda. En segundo lugar, se aporta a la discusión a partir del análisis demográfico de las estructuras de corresidencia analizadas empíricamente en las regiones metropolitanas de Bogotá y de Buenos Aires. Como resultado, se identificó que el allegamiento de núcleos y hogares puede resultar una estrategia residencial funcional no exclusiva de los grupos más pobres, especialmente en el contexto bogotano, y que su existencia facilita el cuidado mutuo en el interior de la vivienda. Sin embargo, la corresidencia también esconde una demanda demográfica insatisfecha, oculta en arreglos residenciales complejos disfuncionales y numéricamente muy representativos en los dos contextos analizados. El tratamiento de estas situaciones plantea un debate sobre la focalización de la política pública para resolver el déficit habitacional y las situaciones que se deben priorizar para garantizar el derecho a la vivienda en perspectiva de necesidades habitacionales y no solo de mercado.
{"title":"¿Quiénes necesitan vivienda en América Latina? El allegamiento residencial en las estimaciones de déficit habitacional","authors":"Mariana Marcos, Diva Marcela García, Juan A. Módenes","doi":"10.20947/s0102-3098a0194","DOIUrl":"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0194","url":null,"abstract":"En América Latina tanto el problema de la falta de viviendas de calidad como la respuesta del allegamiento -o la corresidencia- de hogares y familias por necesidad son fenómenos de larga data y persistentes, aunque también de amplia dispersión en su forma de medición. El objetivo de este artículo es precisar conceptualmente el problema y desentrañar la matriz teórica que subyace a las distintas formas de medición del componente cuantitativo del déficit habitacional, en especial en lo referido a la contabilización -o no- de los núcleos familiares secundarios como unidades requirentes de vivienda. En segundo lugar, se aporta a la discusión a partir del análisis demográfico de las estructuras de corresidencia analizadas empíricamente en las regiones metropolitanas de Bogotá y de Buenos Aires. Como resultado, se identificó que el allegamiento de núcleos y hogares puede resultar una estrategia residencial funcional no exclusiva de los grupos más pobres, especialmente en el contexto bogotano, y que su existencia facilita el cuidado mutuo en el interior de la vivienda. Sin embargo, la corresidencia también esconde una demanda demográfica insatisfecha, oculta en arreglos residenciales complejos disfuncionales y numéricamente muy representativos en los dos contextos analizados. El tratamiento de estas situaciones plantea un debate sobre la focalización de la política pública para resolver el déficit habitacional y las situaciones que se deben priorizar para garantizar el derecho a la vivienda en perspectiva de necesidades habitacionales y no solo de mercado.","PeriodicalId":34910,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48890815","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-03-25DOI: 10.20947/s0102-3098a0192
Adriano Araújo, José Luis Da Silva Netto Junior, Liédje Bettizaide Oliveira de Siqueira
Objetivo. O presente estudo busca identificar o impacto da estrutura familiar (biparentais e uniparentais) sobre a dinâmica educacional intergeracional e a acumulação de capital humano. Método. Foram utilizados os microdados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) de 2014. A dinâmica educacional intergeracional foi analisada a partir de matrizes de transição e de processos de Markov. As diferenças de acumulação de capital humano entre as categorias de estruturas familiares foram investigadas a partir da decomposição de Blinder-Oaxaca. Resultados. Os resultados indicam que ser dependente, do sexo feminino e residir na zona urbana são características associadas a uma maior mobilidade intergeracional de educação. A região Nordeste se destaca como a região com menor mobilidade intergeracional educacional. A decomposição de Blinder-Oaxaca indica que, em média, as famílias uniparentais chefiadas por uma mulher possuem 0,5 anos de estudo a mais do que as famílias uniparentais chefiadas pelo pai. Cerca de 74,2% dessa diferença é explicada pelo modelo estimado e a parte não explicada não possui significância estatística. Principal resultado. Os resultados sugerem que a estrutura familiar afeta a dinâmica intergeracional de educação e a acumulação de capital humano dos indivíduos.
{"title":"Estrutura familiar e dinâmica educacional entre gerações","authors":"Adriano Araújo, José Luis Da Silva Netto Junior, Liédje Bettizaide Oliveira de Siqueira","doi":"10.20947/s0102-3098a0192","DOIUrl":"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0192","url":null,"abstract":"Objetivo. O presente estudo busca identificar o impacto da estrutura familiar (biparentais e uniparentais) sobre a dinâmica educacional intergeracional e a acumulação de capital humano. Método. Foram utilizados os microdados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) de 2014. A dinâmica educacional intergeracional foi analisada a partir de matrizes de transição e de processos de Markov. As diferenças de acumulação de capital humano entre as categorias de estruturas familiares foram investigadas a partir da decomposição de Blinder-Oaxaca. Resultados. Os resultados indicam que ser dependente, do sexo feminino e residir na zona urbana são características associadas a uma maior mobilidade intergeracional de educação. A região Nordeste se destaca como a região com menor mobilidade intergeracional educacional. A decomposição de Blinder-Oaxaca indica que, em média, as famílias uniparentais chefiadas por uma mulher possuem 0,5 anos de estudo a mais do que as famílias uniparentais chefiadas pelo pai. Cerca de 74,2% dessa diferença é explicada pelo modelo estimado e a parte não explicada não possui significância estatística. Principal resultado. Os resultados sugerem que a estrutura familiar afeta a dinâmica intergeracional de educação e a acumulação de capital humano dos indivíduos.","PeriodicalId":34910,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","volume":"17 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-03-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67679509","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-03-07DOI: 10.20947/s0102-3098a0189
G. Oliveira, Clélia de Oliveira Lyra, Ângelo Roncalli Feitosa de Oliveira, Maria Ângela Fernandes Ferreira
O objetivo do artigo é analisar o efeito da compra direta de alimentos da agricultura familiar para alimentação escolar sobre o déficit de estatura em crianças menores de cinco anos, entre 2013 e 2017, no Brasil. O método utilizado é o estudo ecológico e longitudinal, em que a coleta de dados ocorreu em diferentes bancos de dados. A análise foi realizada por meio do teste t para amostras independentes, a fim de comparar as médias entre as variáveis déficit de estatura e compras da agricultura familiar. Além disso, uma análise multivariável foi feita por meio da regressão linear múltipla. Verificou-se uma diferença de médias na prevalência do déficit de estatura significativa entre os municípios que compraram menos de 30% e aqueles que adquiriram 30% ou mais de alimentos da agricultura familiar para alimentação escolar, com 1,47 pontos de diferença. O modelo de regressão linear mostrou que a cada ponto percentual de aumento na compra de alimentos da agricultura familiar para a alimentação escolar pelo município, haverá, em média, uma diminuição 0,55 pontos na prevalência do déficit de estatura, independentemente das demais variáveis. Assim, conclui-se que a compra de alimentos da agricultura familiar para alimentação escolar no Brasil pode contribuir para a redução da prevalência do déficit de estatura em crianças menores de cinco anos.
{"title":"Redução do déficit de estatura e a compra de alimentos da agricultura familiar para alimentação escolar no Brasil","authors":"G. Oliveira, Clélia de Oliveira Lyra, Ângelo Roncalli Feitosa de Oliveira, Maria Ângela Fernandes Ferreira","doi":"10.20947/s0102-3098a0189","DOIUrl":"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0189","url":null,"abstract":"O objetivo do artigo é analisar o efeito da compra direta de alimentos da agricultura familiar para alimentação escolar sobre o déficit de estatura em crianças menores de cinco anos, entre 2013 e 2017, no Brasil. O método utilizado é o estudo ecológico e longitudinal, em que a coleta de dados ocorreu em diferentes bancos de dados. A análise foi realizada por meio do teste t para amostras independentes, a fim de comparar as médias entre as variáveis déficit de estatura e compras da agricultura familiar. Além disso, uma análise multivariável foi feita por meio da regressão linear múltipla. Verificou-se uma diferença de médias na prevalência do déficit de estatura significativa entre os municípios que compraram menos de 30% e aqueles que adquiriram 30% ou mais de alimentos da agricultura familiar para alimentação escolar, com 1,47 pontos de diferença. O modelo de regressão linear mostrou que a cada ponto percentual de aumento na compra de alimentos da agricultura familiar para a alimentação escolar pelo município, haverá, em média, uma diminuição 0,55 pontos na prevalência do déficit de estatura, independentemente das demais variáveis. Assim, conclui-se que a compra de alimentos da agricultura familiar para alimentação escolar no Brasil pode contribuir para a redução da prevalência do déficit de estatura em crianças menores de cinco anos.","PeriodicalId":34910,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-03-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67679332","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-03-07DOI: 10.20947/s0102-3098a0188
Tomás Cebola, A. Barbieri, Gisela Zapata
O objetivo deste artigo é analisar a dinâmica das migrações internacionais sul-sul a partir do estudo de caso da recente imigração de zimbabweanos para a província de Tete, Moçambique, historicamente uma região de emigração. Nesse sentido, examinamos as características sociodemográficas desses novos imigrantes, assim como as condições e motivações individuais, familiares e estruturais subjacentes ao fluxo migratório. Para tanto, combinamos dados quantitativos provenientes do Censo moçambicano de 2007 e dos registros de trabalhadores imigrantes da Direção Provincial de Trabalho, Emprego e Segurança Social, com entrevistas semiestruturadas junto aos imigrantes zimbabweanos em Tete. Os resultados indicam uma multiplicidade de fatores que contribuíram para a recente onda de imigração em Tete, com destaque, além das motivações econômicas e de subsistência familiares, para aspectos sociais e culturais relacionados à longa tradição da mobilidade intrarregional na África Austral, facilitada por fronteiras relativamente porosas e fortes laços culturais, linguísticos e de parentesco. Discutimos, também, como a instalação de megaprojetos de mineração com capital brasileiro, em Tete, contribuiu para torná-la atrativa como destino migratório, num contexto em que se assistiam violentas ondas de xenofobia contra imigrantes na África do Sul, principal destino das migrações na região.
{"title":"Migrações sul-sul: a recente onda de imigrantes zimbabweanos em Tete – Moçambique (2007-2016)","authors":"Tomás Cebola, A. Barbieri, Gisela Zapata","doi":"10.20947/s0102-3098a0188","DOIUrl":"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0188","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é analisar a dinâmica das migrações internacionais sul-sul a partir do estudo de caso da recente imigração de zimbabweanos para a província de Tete, Moçambique, historicamente uma região de emigração. Nesse sentido, examinamos as características sociodemográficas desses novos imigrantes, assim como as condições e motivações individuais, familiares e estruturais subjacentes ao fluxo migratório. Para tanto, combinamos dados quantitativos provenientes do Censo moçambicano de 2007 e dos registros de trabalhadores imigrantes da Direção Provincial de Trabalho, Emprego e Segurança Social, com entrevistas semiestruturadas junto aos imigrantes zimbabweanos em Tete. Os resultados indicam uma multiplicidade de fatores que contribuíram para a recente onda de imigração em Tete, com destaque, além das motivações econômicas e de subsistência familiares, para aspectos sociais e culturais relacionados à longa tradição da mobilidade intrarregional na África Austral, facilitada por fronteiras relativamente porosas e fortes laços culturais, linguísticos e de parentesco. Discutimos, também, como a instalação de megaprojetos de mineração com capital brasileiro, em Tete, contribuiu para torná-la atrativa como destino migratório, num contexto em que se assistiam violentas ondas de xenofobia contra imigrantes na África do Sul, principal destino das migrações na região.","PeriodicalId":34910,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-03-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48720096","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-03-07DOI: 10.20947/s0102-3098a0191
Pablo Sebastián Gómez, M. Iglesias
El objetivo de este artículo es analizar los patrones generales de incorporación laboral de los hijos de migrantes sur-sur en Argentina. En primer lugar, detallamos las características de la incorporación laboral de los migrantes y sus hijos en comparación con la población nativa y sus hijos. En segundo lugar, mediante la aplicación de técnicas de aprendizaje automático no supervisado analizamos las formas de la incorporación de los migrantes sur-sur y sus hijos en los diferentes segmentos laborales de la sociedad argentina. Los resultados obtenidos sugieren una incorporación estructurada por los vectores de género y generaciones en diferentes segmentos laborales. Las generaciones más jóvenes (hijas e hijos tanto de población nativa como migrante) se incorporan en los segmentos más precarios y esta incorporación interactúa con el género. Las mujeres hijas de hogares migrantes se insertan mayoritariamente en los segmentos más bajos de la estructura laboral en tanto que en el otro extremo los hombres nativos se incorporan en los segmentos más altos de la estructura laboral.
{"title":"Incorporación de hijos de migrantes sur-sur en Argentina: intersecciones de género, generaciones y trabajo","authors":"Pablo Sebastián Gómez, M. Iglesias","doi":"10.20947/s0102-3098a0191","DOIUrl":"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0191","url":null,"abstract":"El objetivo de este artículo es analizar los patrones generales de incorporación laboral de los hijos de migrantes sur-sur en Argentina. En primer lugar, detallamos las características de la incorporación laboral de los migrantes y sus hijos en comparación con la población nativa y sus hijos. En segundo lugar, mediante la aplicación de técnicas de aprendizaje automático no supervisado analizamos las formas de la incorporación de los migrantes sur-sur y sus hijos en los diferentes segmentos laborales de la sociedad argentina. Los resultados obtenidos sugieren una incorporación estructurada por los vectores de género y generaciones en diferentes segmentos laborales. Las generaciones más jóvenes (hijas e hijos tanto de población nativa como migrante) se incorporan en los segmentos más precarios y esta incorporación interactúa con el género. Las mujeres hijas de hogares migrantes se insertan mayoritariamente en los segmentos más bajos de la estructura laboral en tanto que en el otro extremo los hombres nativos se incorporan en los segmentos más altos de la estructura laboral.","PeriodicalId":34910,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-03-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67679451","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-27DOI: 10.20947/s0102-3098a0232
Raquel Proença, João Roberto Cavalcante, A. Trajman, Eduardo Faerstein
Estima-se que no mundo, atualmente, haja 89,3 milhões de pessoas em deslocamentos forçados, incluindo 27,1 milhões de refugiados. Entre as razões para essas migrações forçadas estão a tortura e outras formas de violência, embora a prevalência de violências antes e durante a migração ainda seja pouco conhecida. O objetivo deste estudo é analisar a prevalência e alguns fatores associados às violências relatadas por solicitantes de refúgio no Rio de Janeiro. Foram coletados dados preenchidos nos formulários de solicitação de refúgio do Comitê Nacional para Refugiados de 2010 a 2017 e em entrevistas adicionais conduzidas na Cáritas Arquiocesana-RJ. Foram incluídos 1.546 solicitantes de refúgio com idade mediana de 30 anos (faixa 15-72 anos), dos quais 65% eram homens. Um terço informou ter sofrido violência antes de chegar ao Brasil, com chances de violência relatada entre 20 e 40 vezes maiores entre migrantes oriundos de Paquistão, Congo, Colômbia, República Democrática do Congo e Guiné. Violência física/tortura, ameaça e violência psicológica foram as mais frequentes (relatadas por 10%, 7% e 6% da população estudada, respectivamente). Entre as mulheres, a violência sexual foi a modalidade mais frequente (9%). Conclui-se que a história de violência entre os solicitantes de refúgio no Brasil é frequente, em particular para alguns grupos nacionais, aspecto a ser considerado no acolhimento e na prestação de serviços a essa população em situação de extrema vulnerabilidade.
{"title":"Violências relatadas por solicitantes de refúgio atendidos na Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro de 2010 a 2017","authors":"Raquel Proença, João Roberto Cavalcante, A. Trajman, Eduardo Faerstein","doi":"10.20947/s0102-3098a0232","DOIUrl":"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0232","url":null,"abstract":"Estima-se que no mundo, atualmente, haja 89,3 milhões de pessoas em deslocamentos forçados, incluindo 27,1 milhões de refugiados. Entre as razões para essas migrações forçadas estão a tortura e outras formas de violência, embora a prevalência de violências antes e durante a migração ainda seja pouco conhecida. O objetivo deste estudo é analisar a prevalência e alguns fatores associados às violências relatadas por solicitantes de refúgio no Rio de Janeiro. Foram coletados dados preenchidos nos formulários de solicitação de refúgio do Comitê Nacional para Refugiados de 2010 a 2017 e em entrevistas adicionais conduzidas na Cáritas Arquiocesana-RJ. Foram incluídos 1.546 solicitantes de refúgio com idade mediana de 30 anos (faixa 15-72 anos), dos quais 65% eram homens. Um terço informou ter sofrido violência antes de chegar ao Brasil, com chances de violência relatada entre 20 e 40 vezes maiores entre migrantes oriundos de Paquistão, Congo, Colômbia, República Democrática do Congo e Guiné. Violência física/tortura, ameaça e violência psicológica foram as mais frequentes (relatadas por 10%, 7% e 6% da população estudada, respectivamente). Entre as mulheres, a violência sexual foi a modalidade mais frequente (9%). Conclui-se que a história de violência entre os solicitantes de refúgio no Brasil é frequente, em particular para alguns grupos nacionais, aspecto a ser considerado no acolhimento e na prestação de serviços a essa população em situação de extrema vulnerabilidade.","PeriodicalId":34910,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49018523","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-12DOI: 10.20947/s0102-3098a0187
Marina Silva da Cunha, Ana Maria Paula Rosa, Marcos Roberto Vasconcelos
Este trabalho tem como objetivo contribuir com a literatura sobre o fenômeno do adiamento da maternidade no Brasil, bem como analisar seus principais fatores associados. A pesquisa aborda o período de 1992 a 2015, considerando as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, e a análise de sobrevivência que possibilita caracterizar aquelas mulheres com nascimentos de primeira ordem. Os resultados constatam uma tendência crescente da postergação da maternidade no Brasil e que aquelas com mais chances de adiar a maternidade são brancas, solteiras, residentes em áreas urbanas, metropolitanas e na região Sudeste. Ademais, foi possível identificar que, entre os principais fatores que contribuem para essa tendência, estão o investimento em capital humano e a participação no mercado de trabalho, preponderantes para o adiamento da maternidade.
{"title":"Evidências e fatores associados ao fenômeno de adiamento da maternidade no Brasil","authors":"Marina Silva da Cunha, Ana Maria Paula Rosa, Marcos Roberto Vasconcelos","doi":"10.20947/s0102-3098a0187","DOIUrl":"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0187","url":null,"abstract":"Este trabalho tem como objetivo contribuir com a literatura sobre o fenômeno do adiamento da maternidade no Brasil, bem como analisar seus principais fatores associados. A pesquisa aborda o período de 1992 a 2015, considerando as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, e a análise de sobrevivência que possibilita caracterizar aquelas mulheres com nascimentos de primeira ordem. Os resultados constatam uma tendência crescente da postergação da maternidade no Brasil e que aquelas com mais chances de adiar a maternidade são brancas, solteiras, residentes em áreas urbanas, metropolitanas e na região Sudeste. Ademais, foi possível identificar que, entre os principais fatores que contribuem para essa tendência, estão o investimento em capital humano e a participação no mercado de trabalho, preponderantes para o adiamento da maternidade.","PeriodicalId":34910,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67679163","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-12DOI: 10.20947/s0102-3098a0182
Kléber Fernandes de Oliveira
A presente nota de pesquisa estima o impacto das mortes por Covid-19 sobre a esperança de vida no Brasil e regiões para os primeiros seis meses de 2020. Com base nos dados do Datasus e nas tábuas de vida com decremento simples, estimou-se que as mortes por Covid-19 ocorridas até 18 de agosto de 2020 tiveram impacto estatisticamente negativo na esperança de vida ao nascer, tanto masculina (-1,05 ano) quanto feminina (-0,85 ano). Em termos regionais, a maior perda em anos de vida é estimada no Norte (-1,65 ano para homens e -1,48 ano para mulheres), enquanto o Sul foi a região com menor impacto (-0,5 ano para homens e -0,36 para mulheres). Os resultados do modelo logístico para o país apontam que a mortalidade por Covid-19 tende a ser maior entre a população com mais de 65 anos, homens, pretos e de baixa instrução. As comorbidades aumentam a chance de desfecho morte, especialmente doença hepática e renal crônica. Tais análises foram ainda desagregadas por grandes regiões brasileiras.
{"title":"Perda potencial em anos de vida decorrente da Covid-19 nas regiões brasileiras: avaliação dos seis primeiros meses da pandemia","authors":"Kléber Fernandes de Oliveira","doi":"10.20947/s0102-3098a0182","DOIUrl":"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0182","url":null,"abstract":"A presente nota de pesquisa estima o impacto das mortes por Covid-19 sobre a esperança de vida no Brasil e regiões para os primeiros seis meses de 2020. Com base nos dados do Datasus e nas tábuas de vida com decremento simples, estimou-se que as mortes por Covid-19 ocorridas até 18 de agosto de 2020 tiveram impacto estatisticamente negativo na esperança de vida ao nascer, tanto masculina (-1,05 ano) quanto feminina (-0,85 ano). Em termos regionais, a maior perda em anos de vida é estimada no Norte (-1,65 ano para homens e -1,48 ano para mulheres), enquanto o Sul foi a região com menor impacto (-0,5 ano para homens e -0,36 para mulheres). Os resultados do modelo logístico para o país apontam que a mortalidade por Covid-19 tende a ser maior entre a população com mais de 65 anos, homens, pretos e de baixa instrução. As comorbidades aumentam a chance de desfecho morte, especialmente doença hepática e renal crônica. Tais análises foram ainda desagregadas por grandes regiões brasileiras.","PeriodicalId":34910,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67678653","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-12DOI: 10.20947/s0102-3098a0185
Tito Belchior Silva Moreira, Anna Rita Scott Kilson, Celso Vila Nova de Souza
Esta pesquisa tem o objetivo de realizar uma investigação empírica sobre o tamanho ótimo dos municípios, isto é, a quantidade de habitantes que propicia o menor nível de despesas em relação ao PIB municipal, de modo que se obtenha escala econômica para otimização da aplicação dos recursos públicos. Este estudo analisa uma amostra de dados de 4.835 municípios com população inferior a 50.000 habitantes, que representam 89% do total de municípios brasileiros. A base de dados reúne informações de receitas e despesas municipais, extraídas do Finanças do Brasil – Dados Contábeis dos Municípios – Finbra 2010 e dados socioeconômicos do Censo Demográfico do IBGE 2010 e do PIB dos municípios do IBGE 2010. Os resultados empíricos indicam que o tamanho ótimo de população para um município brasileiro equivale aproximadamente a 31.667 habitantes por cidade, com base em métodos econométricos como mínimos quadrados ordinários com desvio padrão robusto. Esse porte populacional proporciona ganhos de escala na administração pública e confere maior autonomia local em relação ao governo central para ofertar bens públicos de qualidade.
{"title":"Uma avaliação empírica do tamanho ótimo dos municípios","authors":"Tito Belchior Silva Moreira, Anna Rita Scott Kilson, Celso Vila Nova de Souza","doi":"10.20947/s0102-3098a0185","DOIUrl":"https://doi.org/10.20947/s0102-3098a0185","url":null,"abstract":"Esta pesquisa tem o objetivo de realizar uma investigação empírica sobre o tamanho ótimo dos municípios, isto é, a quantidade de habitantes que propicia o menor nível de despesas em relação ao PIB municipal, de modo que se obtenha escala econômica para otimização da aplicação dos recursos públicos. Este estudo analisa uma amostra de dados de 4.835 municípios com população inferior a 50.000 habitantes, que representam 89% do total de municípios brasileiros. A base de dados reúne informações de receitas e despesas municipais, extraídas do Finanças do Brasil – Dados Contábeis dos Municípios – Finbra 2010 e dados socioeconômicos do Censo Demográfico do IBGE 2010 e do PIB dos municípios do IBGE 2010. Os resultados empíricos indicam que o tamanho ótimo de população para um município brasileiro equivale aproximadamente a 31.667 habitantes por cidade, com base em métodos econométricos como mínimos quadrados ordinários com desvio padrão robusto. Esse porte populacional proporciona ganhos de escala na administração pública e confere maior autonomia local em relação ao governo central para ofertar bens públicos de qualidade.","PeriodicalId":34910,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Estudos de Populacao","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47280750","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-12DOI: 10.20947/s0102-3098a0183
Felipe Furini Soares, Arlene Martinez Ricoldi
Este artigo busca analisar o significado da participação do Brasil na III Cúpula Demográfica de Budapeste. Esse encontro é derivado de uma série de eventos que ocorrem desde 2015, a partir da ascensão do governo de extrema-direita de Viktor Orbán. Com o objetivo de pensar o enfrentamento ao declínio populacional, a partir de estratégias anti-imigração e pró-família, o evento vem se posicionando como um contraponto às conferências da ONU. Enquanto percurso metodológico, partimos de pesquisa on-line e documental no site dos organizadores da cúpula e do governo brasileiro para, posteriormente, utilizarmos a análise crítica do discurso (ACD) para o pronunciamento da ministra Damares Alves durante o evento, com reflexão a partir dos estudos feministas pós-estruturalistas. O que se apura é uma inflexão do Brasil à agenda neoconservadora e antigênero, se associando a países de extrema-direita, fundamentalistas e contrários à defesa de direitos humanos. O discurso proferido instrumentaliza noções demográficas para camuflar suas perspectivas ideológicas em relação ao gênero, emprestando ares de discurso científico aos ataques aos direitos sexuais e reprodutivos e às noções de família não tradicionais.
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