Pub Date : 2024-01-11DOI: 10.20396/kant.v18i00.8673781
Geraldo Freire de Lima
O tema do fanatismo se fez bastante presente na obra do filósofo Immanuel Kant, em especial em seus trabalhos antropológicos, na forma de uma perturbação mental. Entretanto, este assunto, sustentamos, aparece em tais textos de forma fragmentária, sendo mais bem conceitualizado em sua obra sobre a moral e sobre a religião. Neste artigo pretendemos explicitar o porquê, sustentados em três suposições: (1) o sujeito fanatizado produz ao mesmo tempo vários quadros sintomáticos distintos, que podem atravessar várias afecções mentais simultaneamente; (2) em Kant, afirmamos, a sua onomástica das patologias mentais segue o modelo do fanatismo, que, devido a sua estrutura, pode ser considerada a doença mental por excelência; (3) no contexto histórico do pensador, o fanatismo era observável principalmente em conjunturas religiosas e místicas, por isso ele reservou a maior parte de suas conceituações sobre o tema justamente em seus textos sobre a religião e a moral (ética).
{"title":"O fanatismo como a perturbação mental por excelência no projeto antropológico kantiano","authors":"Geraldo Freire de Lima","doi":"10.20396/kant.v18i00.8673781","DOIUrl":"https://doi.org/10.20396/kant.v18i00.8673781","url":null,"abstract":"O tema do fanatismo se fez bastante presente na obra do filósofo Immanuel Kant, em especial em seus trabalhos antropológicos, na forma de uma perturbação mental. Entretanto, este assunto, sustentamos, aparece em tais textos de forma fragmentária, sendo mais bem conceitualizado em sua obra sobre a moral e sobre a religião. Neste artigo pretendemos explicitar o porquê, sustentados em três suposições: (1) o sujeito fanatizado produz ao mesmo tempo vários quadros sintomáticos distintos, que podem atravessar várias afecções mentais simultaneamente; (2) em Kant, afirmamos, a sua onomástica das patologias mentais segue o modelo do fanatismo, que, devido a sua estrutura, pode ser considerada a doença mental por excelência; (3) no contexto histórico do pensador, o fanatismo era observável principalmente em conjunturas religiosas e místicas, por isso ele reservou a maior parte de suas conceituações sobre o tema justamente em seus textos sobre a religião e a moral (ética).","PeriodicalId":186429,"journal":{"name":"Kant e-prints","volume":" 6","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-01-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139626469","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-05DOI: 10.20396/kant.v18i00.8673523
Luiz Filipe Da Silva Oliveira
Através do §9 da Crítica da faculdade de julgar (CFJ), por exemplo, Kant pressupõe a comunicabilidade universal do conhecimento e disso se segue a afirmação do jogo livre de suas faculdades, uma espécie de conformidade do estado mental da cognição, ou seja, um ajuizamento subjetivo, então universal, com a representação pela qual o objeto é dado. Isso aponta, em outras palavras, para a pressuposição de que do compartilhamento das mesmas condições do conhecimento, se segue as mesmas condições do juízo estético. As razões para duvidarmos dessa transição estão, em sua maioria, demonstradas com rigor a partir do presente trabalho de Arthur Grupillo, concebido originalmente como sua dissertação de mestrado pela UFMG, defendida no ano de 2006. Seu título, O homem de gosto e o egoísta lógico, vai ao cerne da questão ao trazer o arquétipo das duas figuras que mobilizam a verificação de até que ponto o arcabouço da filosofia crítica não enclausura os ajuizamentos do homem de gosto dentro dos mesmos estritos limites da reflexão do egoísta lógico, para quem conclusões formais são suficientes na verificação de suas proposições.
{"title":"O homem de gosto e o egoísta lógico. Uma introdução crítica à estética de Kant, de Arthur Grupillo","authors":"Luiz Filipe Da Silva Oliveira","doi":"10.20396/kant.v18i00.8673523","DOIUrl":"https://doi.org/10.20396/kant.v18i00.8673523","url":null,"abstract":"Através do §9 da Crítica da faculdade de julgar (CFJ), por exemplo, Kant pressupõe a comunicabilidade universal do conhecimento e disso se segue a afirmação do jogo livre de suas faculdades, uma espécie de conformidade do estado mental da cognição, ou seja, um ajuizamento subjetivo, então universal, com a representação pela qual o objeto é dado. Isso aponta, em outras palavras, para a pressuposição de que do compartilhamento das mesmas condições do conhecimento, se segue as mesmas condições do juízo estético. As razões para duvidarmos dessa transição estão, em sua maioria, demonstradas com rigor a partir do presente trabalho de Arthur Grupillo, concebido originalmente como sua dissertação de mestrado pela UFMG, defendida no ano de 2006. Seu título, O homem de gosto e o egoísta lógico, vai ao cerne da questão ao trazer o arquétipo das duas figuras que mobilizam a verificação de até que ponto o arcabouço da filosofia crítica não enclausura os ajuizamentos do homem de gosto dentro dos mesmos estritos limites da reflexão do egoísta lógico, para quem conclusões formais são suficientes na verificação de suas proposições.","PeriodicalId":186429,"journal":{"name":"Kant e-prints","volume":"103 16","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"138599876","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-08DOI: 10.20396/kant.v17i3.8673695
Ina Goy
How does Kant repsond to the early modern preformation-epigenesis controversy? In part 1 of the paper, I will introduce the historical context: I provide an overview of important systematic characteristics of ovistic and animalculist preformationist (1.1) and mechanical and vitalistic epigenetic (1.2) early modern accounts of reproduction and heredity. In part 2 of the paper, I will introduce the scholarly debate (2.1) about Kant’s reception of the early modern controversy: while no one considers Kant a radical defender of preformation, some scholars consider him a more or less radical defender of epigenesis. A greater number of scholars read Kant’s position as a combination of preformationist and epigenetic elements. Others ignore or even deny any influence of the preformation-epigenesis controversy on Kant. Based on an analysis of preformationist (2.2) and epigenetic elements (2.3) in Kant’s relevant writings, I will support scholars (2.4) who claim that Kant’s position contains both, preformationist and epigenetic elements, but will do so on a far more comprehensive analysis of criteria. I will also go beyond existing discussions deciding whether Kant’s account was closer to ovistic or animalculist variants of preformation, and mechanical or vitalistic variants of epigenesis.
{"title":"Kant’s views on preformation and epigenesis","authors":"Ina Goy","doi":"10.20396/kant.v17i3.8673695","DOIUrl":"https://doi.org/10.20396/kant.v17i3.8673695","url":null,"abstract":"How does Kant repsond to the early modern preformation-epigenesis controversy? In part 1 of the paper, I will introduce the historical context: I provide an overview of important systematic characteristics of ovistic and animalculist preformationist (1.1) and mechanical and vitalistic epigenetic (1.2) early modern accounts of reproduction and heredity. In part 2 of the paper, I will introduce the scholarly debate (2.1) about Kant’s reception of the early modern controversy: while no one considers Kant a radical defender of preformation, some scholars consider him a more or less radical defender of epigenesis. A greater number of scholars read Kant’s position as a combination of preformationist and epigenetic elements. Others ignore or even deny any influence of the preformation-epigenesis controversy on Kant. Based on an analysis of preformationist (2.2) and epigenetic elements (2.3) in Kant’s relevant writings, I will support scholars (2.4) who claim that Kant’s position contains both, preformationist and epigenetic elements, but will do so on a far more comprehensive analysis of criteria. I will also go beyond existing discussions deciding whether Kant’s account was closer to ovistic or animalculist variants of preformation, and mechanical or vitalistic variants of epigenesis.","PeriodicalId":186429,"journal":{"name":"Kant e-prints","volume":"29 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126479166","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-05-29DOI: 10.20396/kant.v17i3.8673619
Bruno Camilo de Oliveira
O objetivo deste artigo é abordar a maneira como Kant considera as “analogias da experiência” ligações necessárias para ocorrer a representação científica do mundo físico. O método consiste em analisar trechos selecionados da Crítica da razão pura, sobretudo do texto “Analítica dos princípios”, que apresentem as analogias da experiência como regras que determinam as ligações necessárias entre as percepções e a capacidade de compreensão dos fenômenos. Kant argumenta que embora os objetos sejam em si mesmos inacessíveis a nós isto não implica a impossibilidade de pensarmos neles. O resultado é uma perspectiva sobre o conhecimento científico capaz de considerar as analogias da experiência para manter alguns conceitos a priori sobre o mundo físico.
{"title":"A representação científica a partir das “Analogias da experiência” de Kant","authors":"Bruno Camilo de Oliveira","doi":"10.20396/kant.v17i3.8673619","DOIUrl":"https://doi.org/10.20396/kant.v17i3.8673619","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é abordar a maneira como Kant considera as “analogias da experiência” ligações necessárias para ocorrer a representação científica do mundo físico. O método consiste em analisar trechos selecionados da Crítica da razão pura, sobretudo do texto “Analítica dos princípios”, que apresentem as analogias da experiência como regras que determinam as ligações necessárias entre as percepções e a capacidade de compreensão dos fenômenos. Kant argumenta que embora os objetos sejam em si mesmos inacessíveis a nós isto não implica a impossibilidade de pensarmos neles. O resultado é uma perspectiva sobre o conhecimento científico capaz de considerar as analogias da experiência para manter alguns conceitos a priori sobre o mundo físico.","PeriodicalId":186429,"journal":{"name":"Kant e-prints","volume":"16 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"121325611","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-05-29DOI: 10.20396/kant.v17i3.8673611
M. Seneda
O presente texto parte do pressuposto de que a radical irredutibilidade da estética às representações lógicas está no limiar do programa de pesquisa de Kant anunciado como uma filosofia transcendental. Valendo-nos de Newton da Costa, tentaremos mostrar, primeiramente, as condições de contorno que balizavam essa discussão, e o modo como Leibniz e Newton as interpretaram e construíram suas respectivas teorias. Na sequência, tentaremos indicar que na gênese dessa descoberta de Kant tem papel relevante um fato cognitivo singular, as contrapartidas incongruentes, sem o qual a solução não poderia ser encontrada da maneira como se deu. Nosso objetivo, em decorrência disso, será mostrar as determinações que possibilitaram diferentes interpretações metateóricas de um mesmo fato cognitivo: a concepção do espaço. No entanto, nosso interesse principal não será validar uma dessas concepções (a de Kant, ou a de Leibniz, ou a de Newton) em face das outras, como se se tratasse de um juízo disjuntivo, mas apreciar essas teorias a partir de suas sobreposições, valorizando o trajeto metodológico entre os alegados fundamentos de uma proposta cognitiva e os problemas que ela diz resolver.
{"title":"Sobreposições metateóricas do espaço em Kant, Leibniz e Newton","authors":"M. Seneda","doi":"10.20396/kant.v17i3.8673611","DOIUrl":"https://doi.org/10.20396/kant.v17i3.8673611","url":null,"abstract":"O presente texto parte do pressuposto de que a radical irredutibilidade da estética às representações lógicas está no limiar do programa de pesquisa de Kant anunciado como uma filosofia transcendental. Valendo-nos de Newton da Costa, tentaremos mostrar, primeiramente, as condições de contorno que balizavam essa discussão, e o modo como Leibniz e Newton as interpretaram e construíram suas respectivas teorias. Na sequência, tentaremos indicar que na gênese dessa descoberta de Kant tem papel relevante um fato cognitivo singular, as contrapartidas incongruentes, sem o qual a solução não poderia ser encontrada da maneira como se deu. Nosso objetivo, em decorrência disso, será mostrar as determinações que possibilitaram diferentes interpretações metateóricas de um mesmo fato cognitivo: a concepção do espaço. No entanto, nosso interesse principal não será validar uma dessas concepções (a de Kant, ou a de Leibniz, ou a de Newton) em face das outras, como se se tratasse de um juízo disjuntivo, mas apreciar essas teorias a partir de suas sobreposições, valorizando o trajeto metodológico entre os alegados fundamentos de uma proposta cognitiva e os problemas que ela diz resolver.","PeriodicalId":186429,"journal":{"name":"Kant e-prints","volume":"223 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134448648","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-05-29DOI: 10.20396/kant.v17i3.8673612
Luciana Martínez
Na “Disciplina da razão pura no uso dogmático” da Crítica da razão pura, Kant defende a tese segundo a qual as virtudes da matemática são o efeito de uma série de procedimentos que, no entanto eficazes na esfera daquela ciência, são impraticáveis no âmbito da ciência cuja possibilidade está sendo examinada, ou seja, a metafísica. Estes procedimentos são: definição, uso de axiomas e demonstração. Para o filósofo, não é possível fazer definições ou demonstrações no domínio filosófico, nem ter axiomas. Contudo, esclarece que estas não são viáveis no sentido em que o matemático as compreende. Este artigo explica como o matemático concebe estes três termos, segundo Kant.
{"title":"Kant e o método matemático","authors":"Luciana Martínez","doi":"10.20396/kant.v17i3.8673612","DOIUrl":"https://doi.org/10.20396/kant.v17i3.8673612","url":null,"abstract":"Na “Disciplina da razão pura no uso dogmático” da Crítica da razão pura, Kant defende a tese segundo a qual as virtudes da matemática são o efeito de uma série de procedimentos que, no entanto eficazes na esfera daquela ciência, são impraticáveis no âmbito da ciência cuja possibilidade está sendo examinada, ou seja, a metafísica. Estes procedimentos são: definição, uso de axiomas e demonstração. Para o filósofo, não é possível fazer definições ou demonstrações no domínio filosófico, nem ter axiomas. Contudo, esclarece que estas não são viáveis no sentido em que o matemático as compreende. Este artigo explica como o matemático concebe estes três termos, segundo Kant.","PeriodicalId":186429,"journal":{"name":"Kant e-prints","volume":"46 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"133314421","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-05-29DOI: 10.20396/kant.v17i3.8673613
P. Farhat
Buscando fontes para o estudo da relação histórica entre Kant e as ciências da natureza, analisaremos a relevância inicial do debate entre duas figuras importantes na filosofia e nas ciências do século XVIII sobre ele: J.-J. d’O. de Mairan e Madame du Châtelet. Tratando de um aspecto da tese geral do primeiro escrito de Kant, Pensamentos sobre a verdadeira estimação das forças vivas (1747) e da forma como incidiram neste, em seguida discutiremos o debate entre eles acerca das forças vivas, localizando-os conceitual e historicamente nesta disputa. Com isso, pretendemos mostrar que Kant estava ensaiando aqui uma primeira versão de um movimento que se tornaria característico seu, basilar para a elaboração da filosofia crítica.
{"title":"Notas sobre o jovem Kant, sua distinção dos domínios de aplicação e algumas de suas fontes científicas","authors":"P. Farhat","doi":"10.20396/kant.v17i3.8673613","DOIUrl":"https://doi.org/10.20396/kant.v17i3.8673613","url":null,"abstract":"Buscando fontes para o estudo da relação histórica entre Kant e as ciências da natureza, analisaremos a relevância inicial do debate entre duas figuras importantes na filosofia e nas ciências do século XVIII sobre ele: J.-J. d’O. de Mairan e Madame du Châtelet. Tratando de um aspecto da tese geral do primeiro escrito de Kant, Pensamentos sobre a verdadeira estimação das forças vivas (1747) e da forma como incidiram neste, em seguida discutiremos o debate entre eles acerca das forças vivas, localizando-os conceitual e historicamente nesta disputa. Com isso, pretendemos mostrar que Kant estava ensaiando aqui uma primeira versão de um movimento que se tornaria característico seu, basilar para a elaboração da filosofia crítica.","PeriodicalId":186429,"journal":{"name":"Kant e-prints","volume":"10 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126094307","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-05-29DOI: 10.20396/kant.v17i3.8673607
Eduardo Barra
O mecanicismo cartesiano oferecera à chamada “revolução científica” do séc. XVII a base metafísica para as suas surpreendentes conquistas científicas. Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural (1687) de Issac Newton, ao mesmo tempo que ampliam essas conquistas, introduzem um novo conceito cujas dificuldades de fundamentação reduziram ao estágio inicial a tarefa à qual Descartes havia se dedicado. A metafísica mecanicista cartesiana não poderia de forma alguma acomodar o conceito de forças que parecem agir a distância e produzir autênticas atrações. Dessa incompatibilidade insuperável surge o que chamarei “problema de Newton”, que incide na incompatibilidade entre a inatividade essencial da matéria e a evidente atividade na natureza. Os Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza (1787) de Immanuel Kant, testemunham o quão persistente se tornou o imbróglio newtoniano. Neste tratado, Kant dedica-se à construção de uma metafísica formal da natureza estruturada na distinção entre determinações matemáticas (essenciais) da matéria e as suas determinações dinâmicas (relacionais). No entrecruzamento entre estas duas ordens de determinações, Kant posicionará sua análise das condições de possibilidade (construtibilidade na intuição pura) das forças essenciais da matéria, conferindo-lhe, assim, um lugar central no programa levado a termo nos Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza. Esse fato, por si só, confere a esta obra o status do empreendimento filosófico mais ambicioso do séc. XVIII destinado a oferecer uma solução ao “problema de Newton”.
{"title":"Kant e o problema de Newton","authors":"Eduardo Barra","doi":"10.20396/kant.v17i3.8673607","DOIUrl":"https://doi.org/10.20396/kant.v17i3.8673607","url":null,"abstract":"O mecanicismo cartesiano oferecera à chamada “revolução científica” do séc. XVII a base metafísica para as suas surpreendentes conquistas científicas. Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural (1687) de Issac Newton, ao mesmo tempo que ampliam essas conquistas, introduzem um novo conceito cujas dificuldades de fundamentação reduziram ao estágio inicial a tarefa à qual Descartes havia se dedicado. A metafísica mecanicista cartesiana não poderia de forma alguma acomodar o conceito de forças que parecem agir a distância e produzir autênticas atrações. Dessa incompatibilidade insuperável surge o que chamarei “problema de Newton”, que incide na incompatibilidade entre a inatividade essencial da matéria e a evidente atividade na natureza. Os Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza (1787) de Immanuel Kant, testemunham o quão persistente se tornou o imbróglio newtoniano. Neste tratado, Kant dedica-se à construção de uma metafísica formal da natureza estruturada na distinção entre determinações matemáticas (essenciais) da matéria e as suas determinações dinâmicas (relacionais). No entrecruzamento entre estas duas ordens de determinações, Kant posicionará sua análise das condições de possibilidade (construtibilidade na intuição pura) das forças essenciais da matéria, conferindo-lhe, assim, um lugar central no programa levado a termo nos Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza. Esse fato, por si só, confere a esta obra o status do empreendimento filosófico mais ambicioso do séc. XVIII destinado a oferecer uma solução ao “problema de Newton”.","PeriodicalId":186429,"journal":{"name":"Kant e-prints","volume":"11 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124066879","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-05-29DOI: 10.20396/kant.v17i3.8673618
Júlia Aschermann Mendes de Almeida
O objetivo principal do presente trabalho é analisar as consequências dos experimentos de Libet à filosofia moral kantiana. Kant afirmou serem a liberdade e a autonomia da vontade os princípios necessários à moralidade. A partir destes conceitos, desenvolveu um procedimento de averiguação moral capaz de julgar a correção de nossas máximas, o Imperativo Categórico. Benjamin Libet, neurocientista norte-americano, fez experimentos em que voluntários monitorados por uma máquina de EEG (eletroencefalograma), eram orientados a movimentar a mão/ punho quando sentissem vontade. Os resultados dessa experiência revelaram mudanças elétricas na atividade cerebral antes da ativação do músculo envolvido. Isso indicaria que a ação começou antes de o sujeito decidir e ter consciência dela. Tais conclusões colocariam em dúvida a possibilidade de existência do livre arbítrio. Frente à essa nova descoberta, é possível, ainda, defender a filosofia moral da liberdade, desenvolvida por Kant?
{"title":"Uma interpretação alternativa e kantiana do experimento de Libet","authors":"Júlia Aschermann Mendes de Almeida","doi":"10.20396/kant.v17i3.8673618","DOIUrl":"https://doi.org/10.20396/kant.v17i3.8673618","url":null,"abstract":"O objetivo principal do presente trabalho é analisar as consequências dos experimentos de Libet à filosofia moral kantiana. Kant afirmou serem a liberdade e a autonomia da vontade os princípios necessários à moralidade. A partir destes conceitos, desenvolveu um procedimento de averiguação moral capaz de julgar a correção de nossas máximas, o Imperativo Categórico. Benjamin Libet, neurocientista norte-americano, fez experimentos em que voluntários monitorados por uma máquina de EEG (eletroencefalograma), eram orientados a movimentar a mão/ punho quando sentissem vontade. Os resultados dessa experiência revelaram mudanças elétricas na atividade cerebral antes da ativação do músculo envolvido. Isso indicaria que a ação começou antes de o sujeito decidir e ter consciência dela. Tais conclusões colocariam em dúvida a possibilidade de existência do livre arbítrio. Frente à essa nova descoberta, é possível, ainda, defender a filosofia moral da liberdade, desenvolvida por Kant?","PeriodicalId":186429,"journal":{"name":"Kant e-prints","volume":"58 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"128514996","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-05-29DOI: 10.20396/kant.v17i3.8673617
L. D. Amaral
Neste artigo buscaremos expor e discutir os pontos de contato e os de distanciamento entre as filosofias de Immanuel Kant (1724-1804) e Ernst Cassirer (1874-1945). Para isso iniciaremos a exposição tratando das similitudes, mostrando o sentido do “kantismo” presente no pensamento de Cassirer. Em um próximo passo, trabalharemos na perspectiva de evidenciar os aspectos dissonantes entre os autores, enfatizando a distinção metodológica e a maneira através da qual cada um deles considera a ciência de seu tempo. Finalizaremos o trabalho considerando o papel e a importância assumida pela matriz kantiana presente na epistemologia cassireriana.
{"title":"Similitudes e diferenças entre as filosofias de Kant e Cassirer","authors":"L. D. Amaral","doi":"10.20396/kant.v17i3.8673617","DOIUrl":"https://doi.org/10.20396/kant.v17i3.8673617","url":null,"abstract":"Neste artigo buscaremos expor e discutir os pontos de contato e os de distanciamento entre as filosofias de Immanuel Kant (1724-1804) e Ernst Cassirer (1874-1945). Para isso iniciaremos a exposição tratando das similitudes, mostrando o sentido do “kantismo” presente no pensamento de Cassirer. Em um próximo passo, trabalharemos na perspectiva de evidenciar os aspectos dissonantes entre os autores, enfatizando a distinção metodológica e a maneira através da qual cada um deles considera a ciência de seu tempo. Finalizaremos o trabalho considerando o papel e a importância assumida pela matriz kantiana presente na epistemologia cassireriana.","PeriodicalId":186429,"journal":{"name":"Kant e-prints","volume":"76 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125299292","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}