Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.30553/sociologiaonline.2023.32.3
Pedro Nuno Oliveira
O familiarismo é uma das várias tradições transversais da história da deficiência, sendo mesmo uma realidade anterior ao processo de institucionalização. A literatura sobre o paradigma Vida Independente mostra o papel crucial da assistência pessoal na vida das pessoas com elevado grau de dependência para a criação de mais oportunidades de ativação, através de uma menor dependência de cuidados informais. Porém, os dados disponíveis refletem uma inadequação e uma insatisfação com os serviços na área da deficiência na União Europeia (UE), mesmo em países que já dotaram formalmente os seus regimes de deficiência com instituições promotoras do paradigma Vida Independente. Partindo da análise comparada entre Espanha, Itália, República da Irlanda e Portugal, tenta-se responder à questão: será que o nível de generosidade do Modelo de Apoio à Vida Independente (MAVI) português garante a desfamiliarização e termina com a dependência de cuidados informais? Os resultados comparados mostram uma forte dependência entre pessoas com deficiência e seus cuidadores/familiares, mesmo em programas de assistência social mais generosos. Corre-se, assim, o risco do verdadeiro potencial emancipador de um MAVI) não vir a ser atingido se se basear apenas na transferência dos cuidados familiares para a assistência pessoal. O sucesso deste processo de desfamiliarização depende do desenvolvimento de um ambiente seguro para todas as partes envolvidas, do reconhecimento e valorização dos conhecimentos e experiências da pessoa dependente e do cuidador informal, e da criação de uma microrrede de apoio associada a experiências significativas e valores.
{"title":"Assistência pessoal e desfamiliarismo: um teste prático ao modelo de apoio à vida independente português","authors":"Pedro Nuno Oliveira","doi":"10.30553/sociologiaonline.2023.32.3","DOIUrl":"https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2023.32.3","url":null,"abstract":"O familiarismo é uma das várias tradições transversais da história da deficiência, sendo mesmo uma realidade anterior ao processo de institucionalização. A literatura sobre o paradigma Vida Independente mostra o papel crucial da assistência pessoal na vida das pessoas com elevado grau de dependência para a criação de mais oportunidades de ativação, através de uma menor dependência de cuidados informais. Porém, os dados disponíveis refletem uma inadequação e uma insatisfação com os serviços na área da deficiência na União Europeia (UE), mesmo em países que já dotaram formalmente os seus regimes de deficiência com instituições promotoras do paradigma Vida Independente. Partindo da análise comparada entre Espanha, Itália, República da Irlanda e Portugal, tenta-se responder à questão: será que o nível de generosidade do Modelo de Apoio à Vida Independente (MAVI) português garante a desfamiliarização e termina com a dependência de cuidados informais? Os resultados comparados mostram uma forte dependência entre pessoas com deficiência e seus cuidadores/familiares, mesmo em programas de assistência social mais generosos. Corre-se, assim, o risco do verdadeiro potencial emancipador de um MAVI) não vir a ser atingido se se basear apenas na transferência dos cuidados familiares para a assistência pessoal. O sucesso deste processo de desfamiliarização depende do desenvolvimento de um ambiente seguro para todas as partes envolvidas, do reconhecimento e valorização dos conhecimentos e experiências da pessoa dependente e do cuidador informal, e da criação de uma microrrede de apoio associada a experiências significativas e valores.","PeriodicalId":212879,"journal":{"name":"SOCIOLOGIA ON LINE","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135054610","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.30553/sociologiaonline.2023.32.6
Rahul Kumar
O processo de integração europeia foi, possivelmente, o fator mais decisivo no percurso da formação social portuguesa desde o 25 de Abril de 1974. Para a generalidade dos analistas e quase todas as forças políticas, a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) encontra-se diretamente associada à construção do sistema democrático, tendo contribuído para ultrapassar a herança institucional e política do Estado Novo, para modernizar as infraestruturas e a estrutura produtiva do país, para transformar uma sociedade rural, pobre, e em muitas dimensões bastante conservadora, numa sociedade mais afluente, moderna, dinâmica e aberta. Sob a ideia de convergência, parte substancial da sociedade portuguesa ambicionou fazer parte do pelotão da frente, e sonhou tornar-se europeia. A base deste consenso europeísta, que persiste mesmo depois da grande crise financeira de 2007 e das políticas de austeridade que se lhe seguiram, assenta numa série de leituras sobre as causas do atraso português — normalmente imputado a razões de natureza interna — e sobre a lógica da integração europeia — tomada quase sempre como um projeto cosmopolita e democrático, de paz e prosperidade.
{"title":"Rodrigues, João. (2022). O Neoliberalismo não é um slogan. Tinta-da-China","authors":"Rahul Kumar","doi":"10.30553/sociologiaonline.2023.32.6","DOIUrl":"https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2023.32.6","url":null,"abstract":"O processo de integração europeia foi, possivelmente, o fator mais decisivo no percurso da formação social portuguesa desde o 25 de Abril de 1974. Para a generalidade dos analistas e quase todas as forças políticas, a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) encontra-se diretamente associada à construção do sistema democrático, tendo contribuído para ultrapassar a herança institucional e política do Estado Novo, para modernizar as infraestruturas e a estrutura produtiva do país, para transformar uma sociedade rural, pobre, e em muitas dimensões bastante conservadora, numa sociedade mais afluente, moderna, dinâmica e aberta. Sob a ideia de convergência, parte substancial da sociedade portuguesa ambicionou fazer parte do pelotão da frente, e sonhou tornar-se europeia. A base deste consenso europeísta, que persiste mesmo depois da grande crise financeira de 2007 e das políticas de austeridade que se lhe seguiram, assenta numa série de leituras sobre as causas do atraso português — normalmente imputado a razões de natureza interna — e sobre a lógica da integração europeia — tomada quase sempre como um projeto cosmopolita e democrático, de paz e prosperidade.","PeriodicalId":212879,"journal":{"name":"SOCIOLOGIA ON LINE","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135054949","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.30553/sociologiaonline.2023.32.5
Ana Balão, José Saragoça
Este texto considera o território como um espaço em permanente transformação, originada pela ação dos diferentes atores e pelas interações que mantém entre si e com outros, num sistema aberto, e assume a metodologia prospetiva como uma abordagem útil para compreender o jogo de atores de um determinado sistema, capaz de contribuir para a construção coletiva de uma visão de futuro. Apresenta-se e discute-se um “estudo de caso”, onde o uso da prospetiva estratégica se evidencia enquanto metodologia útil à tomada de decisão de atores municipais, no quadro da sua cooperação, evidenciando as componentes e os fatores condicionadores dessas relações em diferentes tempos de ação. Em termos metodológicos, apresenta-se a análise estratégica de atores, operacionalizada através do método MACTOR (Método Actores, Objetivos; Relações de força), identificando-se, assim, os jogos e as relações de força entre os atores no âmbito do sistema de relações municipais do território em análise. Os resultados evidenciam os fatores-chave do sistema de cooperação do Alto Alentejo, que os atores podem considerar para responder aos desafios colocados pelos novos modelos de políticas públicas, nomeadamente a necessidade de empreender ações multinível, multisetorial e multiescalar para a mudança desejada, salientando-se o papel das autoridades centralizadas de cooperação, nomeadamente, Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo ou Entidade Regional de Turismo do Alentejo, neste contexto.
{"title":"A prospetiva estratégica enquanto instrumento de apoio para o desenvolvimento de novas dinâmicas territoriais: um estudo de caso sobre relações de cooperação entre municípios","authors":"Ana Balão, José Saragoça","doi":"10.30553/sociologiaonline.2023.32.5","DOIUrl":"https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2023.32.5","url":null,"abstract":"Este texto considera o território como um espaço em permanente transformação, originada pela ação dos diferentes atores e pelas interações que mantém entre si e com outros, num sistema aberto, e assume a metodologia prospetiva como uma abordagem útil para compreender o jogo de atores de um determinado sistema, capaz de contribuir para a construção coletiva de uma visão de futuro. Apresenta-se e discute-se um “estudo de caso”, onde o uso da prospetiva estratégica se evidencia enquanto metodologia útil à tomada de decisão de atores municipais, no quadro da sua cooperação, evidenciando as componentes e os fatores condicionadores dessas relações em diferentes tempos de ação. Em termos metodológicos, apresenta-se a análise estratégica de atores, operacionalizada através do método MACTOR (Método Actores, Objetivos; Relações de força), identificando-se, assim, os jogos e as relações de força entre os atores no âmbito do sistema de relações municipais do território em análise. Os resultados evidenciam os fatores-chave do sistema de cooperação do Alto Alentejo, que os atores podem considerar para responder aos desafios colocados pelos novos modelos de políticas públicas, nomeadamente a necessidade de empreender ações multinível, multisetorial e multiescalar para a mudança desejada, salientando-se o papel das autoridades centralizadas de cooperação, nomeadamente, Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo ou Entidade Regional de Turismo do Alentejo, neste contexto.","PeriodicalId":212879,"journal":{"name":"SOCIOLOGIA ON LINE","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135056419","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.30553/sociologiaonline.2023.32.4
Andreia Barbas
O artigo explora a forma como se constrói e se representa a intimidade nas relações entre irmãs e irmãos, estabelecendo a coabitação e as práticas familiares como potenciadoras desta conexão. Com base em 68 entrevistas realizadas com recurso à foto-elicitação que reúnem 25 fratrias, das quais 9 recompostas e 16 nucleares, procurou-se compreender o que origina relações fraternais mais íntimas, mais próximas, mais familiares. Os dados mostram que a intimidade não é inata ao parentesco, mas sim criada, reproduzida e sustentada no quotidiano, através do tempo — nas trajetórias individuais e familiares — e perpassada no espaço — sobretudo, na fase da coabitação. Interpelar a intimidade nesta heterogeneidade permitiu: i) retratar diferentes níveis de intimidade e renunciar à idealização e uniformidade deste objeto; ii) tornar vísivel que estas relações não se estabelecem a partir do laço sanguíneo, e que precisam de outros elementos para serem consolidadas, reforçadas e (re)confirmadas.
{"title":"Fratrias e intimidade(s): Coabitação e práticas familiares na construção das relações entre irmãs e irmãos","authors":"Andreia Barbas","doi":"10.30553/sociologiaonline.2023.32.4","DOIUrl":"https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2023.32.4","url":null,"abstract":"O artigo explora a forma como se constrói e se representa a intimidade nas relações entre irmãs e irmãos, estabelecendo a coabitação e as práticas familiares como potenciadoras desta conexão. Com base em 68 entrevistas realizadas com recurso à foto-elicitação que reúnem 25 fratrias, das quais 9 recompostas e 16 nucleares, procurou-se compreender o que origina relações fraternais mais íntimas, mais próximas, mais familiares. Os dados mostram que a intimidade não é inata ao parentesco, mas sim criada, reproduzida e sustentada no quotidiano, através do tempo — nas trajetórias individuais e familiares — e perpassada no espaço — sobretudo, na fase da coabitação. Interpelar a intimidade nesta heterogeneidade permitiu: i) retratar diferentes níveis de intimidade e renunciar à idealização e uniformidade deste objeto; ii) tornar vísivel que estas relações não se estabelecem a partir do laço sanguíneo, e que precisam de outros elementos para serem consolidadas, reforçadas e (re)confirmadas.","PeriodicalId":212879,"journal":{"name":"SOCIOLOGIA ON LINE","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135054609","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.30553/sociologiaonline.2023.32.2
Cláudia Araújo
The austerity policies implemented following the financial crisis of 2008 in Portugal led to high contention in the public sphere. New, mostly young, and urban social movements took central stage in organising it, often articulated with traditional actors (labour unions or left-wing political parties). These movements presented a very unified image and message to the public, the media, and the institutions whose policies they opposed, based on a shared interpretation of social justice. These coalitions included feminist and LGBTQIA+ organisations, with a story of past activism which is said to have been pushed aside so they could cooperate in the priority anti-austerity arena. This paper questions whether these identities were indeed side-lined, relying on content analysis of materials made available online by those organisations to argue that feminist and LGBTQIA+ protesters framed their mobilisation through a gendered interpretation of the events and consequences of austerity, closely related to their previous values, beliefs, and incentives to participate in social activism.
{"title":"Gendered identities in portuguese anti-austerity mobilisation","authors":"Cláudia Araújo","doi":"10.30553/sociologiaonline.2023.32.2","DOIUrl":"https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2023.32.2","url":null,"abstract":"The austerity policies implemented following the financial crisis of 2008 in Portugal led to high contention in the public sphere. New, mostly young, and urban social movements took central stage in organising it, often articulated with traditional actors (labour unions or left-wing political parties). These movements presented a very unified image and message to the public, the media, and the institutions whose policies they opposed, based on a shared interpretation of social justice. These coalitions included feminist and LGBTQIA+ organisations, with a story of past activism which is said to have been pushed aside so they could cooperate in the priority anti-austerity arena. This paper questions whether these identities were indeed side-lined, relying on content analysis of materials made available online by those organisations to argue that feminist and LGBTQIA+ protesters framed their mobilisation through a gendered interpretation of the events and consequences of austerity, closely related to their previous values, beliefs, and incentives to participate in social activism.","PeriodicalId":212879,"journal":{"name":"SOCIOLOGIA ON LINE","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135056420","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.30553/sociologiaonline.2023.32.1
Rita Ponces, Ana Matias Diogo
O presente artigo tem como finalidade apresentar uma análise sobre as desigualdades de género existentes no mercado de trabalho açoriano e aprofundar o caso específico dos jovens, a partir das suas perceções. Para isso foram analisados os dados dos Quadros de Pessoal de 2019, relativos à população empregada no setor privado, a que se seguiu uma análise em profundidade com base na realização de entrevistas a 24 jovens. Os resultados apontam para a permanência de desigualdades de género no mercado de trabalho açoriano, notando-se, todavia, uma certa invisibilidade destes fenómenos na perceção dos jovens, que tendem a alinhar os seus discursos pelo ideal da igualdade de género. A análise da conciliação emprego-família pelos jovens casais revela a permanência de assimetrias de género, especialmente quando está em causa o cuidado aos filhos, associadas a perceções que naturalizam estereótipos de género e invisibilizam o seu impacto na carreira profissional das mulheres.
{"title":"Desigualdades de género no mercado de trabalho açoriano e as perceções dos jovens","authors":"Rita Ponces, Ana Matias Diogo","doi":"10.30553/sociologiaonline.2023.32.1","DOIUrl":"https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2023.32.1","url":null,"abstract":"O presente artigo tem como finalidade apresentar uma análise sobre as desigualdades de género existentes no mercado de trabalho açoriano e aprofundar o caso específico dos jovens, a partir das suas perceções. Para isso foram analisados os dados dos Quadros de Pessoal de 2019, relativos à população empregada no setor privado, a que se seguiu uma análise em profundidade com base na realização de entrevistas a 24 jovens. Os resultados apontam para a permanência de desigualdades de género no mercado de trabalho açoriano, notando-se, todavia, uma certa invisibilidade destes fenómenos na perceção dos jovens, que tendem a alinhar os seus discursos pelo ideal da igualdade de género. A análise da conciliação emprego-família pelos jovens casais revela a permanência de assimetrias de género, especialmente quando está em causa o cuidado aos filhos, associadas a perceções que naturalizam estereótipos de género e invisibilizam o seu impacto na carreira profissional das mulheres.","PeriodicalId":212879,"journal":{"name":"SOCIOLOGIA ON LINE","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135054608","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-01DOI: 10.30553/sociologiaonline.2023.31.6
M. Clemente
Desde o final do século XIX, ativistas e organizações feministas internacionais têm desempenhado um papel de primeiro plano na luta contra o tráfico de mulheres. O artigo centra a sua atenção na experiência das organizações de mulheres e feministas portuguesas que foram envolvidas nos esforços institucionais antitráfico mais recentes. Ele analisa a contribuição que estas organizações deram para a construção da(s) ideia(s) de tráfico e para o desenvolvimento das atuais políticas e práticas antitráfico. Documentos e entrevistas com diferentes organizações no campo do combate ao tráfico permitem identificar alguns dos elementos principais que influenciam decisivamente estas organizações em Portugal, nomeadamente nas profundas divisões em torno da prostituição e na competição pelos recursos financeiros.
{"title":"Na luta e em luta contra o tráfico: Organizações de mulheres e feministas no campo português do combate ao tráfico","authors":"M. Clemente","doi":"10.30553/sociologiaonline.2023.31.6","DOIUrl":"https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2023.31.6","url":null,"abstract":"Desde o final do século XIX, ativistas e organizações feministas internacionais têm desempenhado um papel de primeiro plano na luta contra o tráfico de mulheres. O artigo centra a sua atenção na experiência das organizações de mulheres e feministas portuguesas que foram envolvidas nos esforços institucionais antitráfico mais recentes. Ele analisa a contribuição que estas organizações deram para a construção da(s) ideia(s) de tráfico e para o desenvolvimento das atuais políticas e práticas antitráfico. Documentos e entrevistas com diferentes organizações no campo do combate ao tráfico permitem identificar alguns dos elementos principais que influenciam decisivamente estas organizações em Portugal, nomeadamente nas profundas divisões em torno da prostituição e na competição pelos recursos financeiros.","PeriodicalId":212879,"journal":{"name":"SOCIOLOGIA ON LINE","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116710566","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-01DOI: 10.30553/sociologiaonline.2023.31.3
Graça Rojão
Neste artigo refletimos sobre a presença do decrescimento e da perspetiva feminista sobre o cuidado nas Iniciativas Locais Alternativas desenvolvidas em Portugal continental. Estas duas perspetivas partem de matrizes emancipatórias e partilham preocupações com a manutenção da sustentabilidade da vida no Planeta, em condições de justiça social. Analisamos os dados coligidos através do trabalho de campo realizado junto de 52 iniciativas locais e, por fim, discutimos a pertinência do decrescimento e do cuidado no reforço do potencial emancipatório destas experiências locais.
{"title":"Decrescimento e cuidado nas práticas das iniciativas locais","authors":"Graça Rojão","doi":"10.30553/sociologiaonline.2023.31.3","DOIUrl":"https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2023.31.3","url":null,"abstract":"Neste artigo refletimos sobre a presença do decrescimento e da perspetiva feminista sobre o cuidado nas Iniciativas Locais Alternativas desenvolvidas em Portugal continental. Estas duas perspetivas partem de matrizes emancipatórias e partilham preocupações com a manutenção da sustentabilidade da vida no Planeta, em condições de justiça social. Analisamos os dados coligidos através do trabalho de campo realizado junto de 52 iniciativas locais e, por fim, discutimos a pertinência do decrescimento e do cuidado no reforço do potencial emancipatório destas experiências locais.","PeriodicalId":212879,"journal":{"name":"SOCIOLOGIA ON LINE","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129052807","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-01DOI: 10.30553/sociologiaonline.2023.31.8
Graça Rojão, Cristina Parente
A CooLabora é uma cooperativa de intervenção social que nasceu a partir da mobilização de um grupo de profissionais com experiência em organizações ligadas ao desenvolvimento local, que decidiram criar uma iniciativa autónoma, centrada num território específico, isto é, na Covilhã e os concelhos limítrofes, onde pudessem pôr em prática um conjunto de valores partilhados e intervir com independência face aos partidos políticos. Entre os princípios mais marcantes e presentes desde o início, está a colaboração, ou seja, o trabalho com outras redes e organizações, no sentido de um fazer colectivo, pelo seu potencial transformador e de aprendizagem conjunta. A democracia e a participação são também princípios fundadores axiais e traduzem-se em práticas quotidianas de trabalho com as pessoas (e não para as pessoas), por exemplo nas assembleias de rua num bairro social ou nos grupos de escrita autobiográfica com sobreviventes de violência, que visam o empoderamento destas mulheres. A defesa da igualdade de oportunidades, nomeadamente entre mulheres e homens é também estrutural na CooLabora, tal como a promoção da coesão social e a procura de soluções que sejam simultaneamente colectivas, solidárias e ecológicas.
{"title":"Estudo de caso: CooLabora. Impactos da pandemia COVID-19 nas organizações de proximidade","authors":"Graça Rojão, Cristina Parente","doi":"10.30553/sociologiaonline.2023.31.8","DOIUrl":"https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2023.31.8","url":null,"abstract":"A CooLabora é uma cooperativa de intervenção social que nasceu a partir da mobilização de um grupo de profissionais com experiência em organizações ligadas ao desenvolvimento local, que decidiram criar uma iniciativa autónoma, centrada num território específico, isto é, na Covilhã e os concelhos limítrofes, onde pudessem pôr em prática um conjunto de valores partilhados e intervir com independência face aos partidos políticos. Entre os princípios mais marcantes e presentes desde o início, está a colaboração, ou seja, o trabalho com outras redes e organizações, no sentido de um fazer colectivo, pelo seu potencial transformador e de aprendizagem conjunta. A democracia e a participação são também princípios fundadores axiais e traduzem-se em práticas quotidianas de trabalho com as pessoas (e não para as pessoas), por exemplo nas assembleias de rua num bairro social ou nos grupos de escrita autobiográfica com sobreviventes de violência, que visam o empoderamento destas mulheres. A defesa da igualdade de oportunidades, nomeadamente entre mulheres e homens é também estrutural na CooLabora, tal como a promoção da coesão social e a procura de soluções que sejam simultaneamente colectivas, solidárias e ecológicas.","PeriodicalId":212879,"journal":{"name":"SOCIOLOGIA ON LINE","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115761391","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A orientação ultraliberal e autoritária dos governos brasileiros desde 2016 implicaram o desmonte das políticas públicas de apoio às economias alternativas e colocaram suas e seus sujeitos num cenário de crise, aprofundado com a pandemia de COVID-19. Este artigo visa contribuir, desde uma perspectiva feminista, para a reflexão sobre o significado desse momento na trajetória da agroecologia, como parte das economias alternativas no Brasil. Baseia-se numa pesquisa com organizações de agricultoras agroecológicas conduzida em 2020 em duas regiões do país, por meio de entrevistas realizadas presencial e virtualmente. Propõe um marco conceitual das economias alternativas, articulando democracia, espaços públicos, solidariedade, pluralidade econômica e gênero. Evidencia os efeitos conflitantes do protagonismo feminino na agroecologia, entre construção de mercados solidários, aumento da produção e ganho de autonomia, por um lado, e reprodução da divisão sexual do trabalho e sobrecarga de trabalho, por outro.
{"title":"Economias alternativas, ultraliberalismo e pandemia: Mulheres na agroecologia no Brasil","authors":"Natália Santos Lobo, Liliam Telles, Isabelle Hillenkamp","doi":"10.30553/sociologiaonline.2023.31.4","DOIUrl":"https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2023.31.4","url":null,"abstract":"A orientação ultraliberal e autoritária dos governos brasileiros desde 2016 implicaram o desmonte das políticas públicas de apoio às economias alternativas e colocaram suas e seus sujeitos num cenário de crise, aprofundado com a pandemia de COVID-19. Este artigo visa contribuir, desde uma perspectiva feminista, para a reflexão sobre o significado desse momento na trajetória da agroecologia, como parte das economias alternativas no Brasil. Baseia-se numa pesquisa com organizações de agricultoras agroecológicas conduzida em 2020 em duas regiões do país, por meio de entrevistas realizadas presencial e virtualmente. Propõe um marco conceitual das economias alternativas, articulando democracia, espaços públicos, solidariedade, pluralidade econômica e gênero. Evidencia os efeitos conflitantes do protagonismo feminino na agroecologia, entre construção de mercados solidários, aumento da produção e ganho de autonomia, por um lado, e reprodução da divisão sexual do trabalho e sobrecarga de trabalho, por outro.","PeriodicalId":212879,"journal":{"name":"SOCIOLOGIA ON LINE","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"131820560","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}