Pub Date : 2023-07-17DOI: 10.1590/1806-9983e660405
R. Buti
Resumo Baseado em duas situações de vazamento ocorridas em 2018, o artigo apresenta a violência lenta do petróleo na Baía de Todos os Santos. Com ele, pretendo contribuir para as abordagens antropológicas sobre percepções e impactos ambientais na longa duração a partir de três dimensões de análise. Na primeira, mostro as formas de produção da violência lenta do petróleo, vinculadas aos mecanismos de negação de sua realidade por parte da Petrobras e do poder público. Na segunda, descrevo de que modo as comunidades pesqueiras e quilombolas da região a ela se opõem, articulando seus direitos na esfera judicial e no debate público através da intersecção das agendas ambiental, racial, de gênero e climática. E, por fim, revelo as formas de inscrição da violência lenta do petróleo nos ambientes costeiros da Baía de Todos os Santos, estimulando um olhar sobre a produção de paisagens e habitabilidades na longa duração.
摘要本文以2018年发生的两起石油泄漏事件为基础，介绍了万圣湾石油的缓慢暴力。通过它，我打算从三个分析维度对环境感知和长期影响的人类学方法作出贡献。首先，我展示了缓慢的石油暴力生产形式，与巴西国家石油公司和政府否认其现实的机制相联系。在第二篇文章中，我描述了该地区的渔业和“歌伦波拉”社区如何反对它，通过环境、种族、性别和气候议程的交叉，阐明他们在司法领域和公众辩论中的权利。最后，我揭示了在baia de Todos os Santos海岸环境中缓慢的石油暴力记录的形式，激发了人们对景观生产和长期居住的关注。
{"title":"Histórias contaminadas: alianças ambientais das comunidades pesqueiras e quilombolas contra a violência lenta do petróleo na Baía de Todos os Santos","authors":"R. Buti","doi":"10.1590/1806-9983e660405","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1806-9983e660405","url":null,"abstract":"Resumo Baseado em duas situações de vazamento ocorridas em 2018, o artigo apresenta a violência lenta do petróleo na Baía de Todos os Santos. Com ele, pretendo contribuir para as abordagens antropológicas sobre percepções e impactos ambientais na longa duração a partir de três dimensões de análise. Na primeira, mostro as formas de produção da violência lenta do petróleo, vinculadas aos mecanismos de negação de sua realidade por parte da Petrobras e do poder público. Na segunda, descrevo de que modo as comunidades pesqueiras e quilombolas da região a ela se opõem, articulando seus direitos na esfera judicial e no debate público através da intersecção das agendas ambiental, racial, de gênero e climática. E, por fim, revelo as formas de inscrição da violência lenta do petróleo nos ambientes costeiros da Baía de Todos os Santos, estimulando um olhar sobre a produção de paisagens e habitabilidades na longa duração.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-17","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67163437","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-19DOI: 10.1590/1806-9983e660404
M. Flores
Resumen En este artículo se trae a reflexión los abordajes del territorio y las territorialidades que viene desarrollando la antropología en dialogo con otras ciencias en el contexto de la crisis ambiental actual, e intenta vislumbrar un camino metodológico que permita estudiar la complejidad de las territorialidades indígenas de forma relacional a las diferentes naturalezas que habitan esos territorios. En este sentido se reflexiona y se trabaja en el rol social de estas diferentes naturalezas (materializadas en plantas, arbustos, árboles medicinales y alimenticios, etc) en relación con los humanos y en relación a otros seres, para estudiar los modos en los que el mundo natural es conceptualizado y clasificado, y los modos en que los humanos interactúan con su “medio ambiente”. La metodología utilizada para este estudio consistió en trabajo etnográfico en territorio de comunidades Guaraní y Chané del noroeste argentino en el periodo que va desde el año 2018 a 2021.
{"title":"Antropología de los territorios indígenas: aportes para el estudio de las naturalezas entre guaraní y chané del noroeste argentino","authors":"M. Flores","doi":"10.1590/1806-9983e660404","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1806-9983e660404","url":null,"abstract":"Resumen En este artículo se trae a reflexión los abordajes del territorio y las territorialidades que viene desarrollando la antropología en dialogo con otras ciencias en el contexto de la crisis ambiental actual, e intenta vislumbrar un camino metodológico que permita estudiar la complejidad de las territorialidades indígenas de forma relacional a las diferentes naturalezas que habitan esos territorios. En este sentido se reflexiona y se trabaja en el rol social de estas diferentes naturalezas (materializadas en plantas, arbustos, árboles medicinales y alimenticios, etc) en relación con los humanos y en relación a otros seres, para estudiar los modos en los que el mundo natural es conceptualizado y clasificado, y los modos en que los humanos interactúan con su “medio ambiente”. La metodología utilizada para este estudio consistió en trabajo etnográfico en territorio de comunidades Guaraní y Chané del noroeste argentino en el periodo que va desde el año 2018 a 2021.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67163381","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-09DOI: 10.1590/1806-9983e660401
Deborah Bronz
Resumo O presente artigo dedica-se ao exercício de buscar relacionar as imagens e símbolos de dois acontecimentos associados à ocorrência de incêndios florestais na Amazônia com os processos sociais de desmonte ambiental em curso no Brasil, do ponto de vista das práticas e das políticas voltadas para a gestão do meio ambiente. Tomarei os projetos concorrentes para a ocupação da Amazônia em dois momentos da história, sobretudo ao longo dos eixos de duas importantes rodovias que se entrecruzam, a Transamazônica e a BR-163, como “casos” emblemáticos para refletir sobre esses processos. Os dados apresentados e as situações descritas baseiam-se no levantamento de fontes secundárias, sobretudo demais artigos científicos e notícias veiculadas nos meios de comunicação. As pesquisas que venho realizando sobre o campo das políticas ambientais no Brasil também serviram como uma importante base para a análise proposta aqui.
{"title":"O desmonte ambiental pela via dos incêndios florestais na Amazônia brasileira","authors":"Deborah Bronz","doi":"10.1590/1806-9983e660401","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1806-9983e660401","url":null,"abstract":"Resumo O presente artigo dedica-se ao exercício de buscar relacionar as imagens e símbolos de dois acontecimentos associados à ocorrência de incêndios florestais na Amazônia com os processos sociais de desmonte ambiental em curso no Brasil, do ponto de vista das práticas e das políticas voltadas para a gestão do meio ambiente. Tomarei os projetos concorrentes para a ocupação da Amazônia em dois momentos da história, sobretudo ao longo dos eixos de duas importantes rodovias que se entrecruzam, a Transamazônica e a BR-163, como “casos” emblemáticos para refletir sobre esses processos. Os dados apresentados e as situações descritas baseiam-se no levantamento de fontes secundárias, sobretudo demais artigos científicos e notícias veiculadas nos meios de comunicação. As pesquisas que venho realizando sobre o campo das políticas ambientais no Brasil também serviram como uma importante base para a análise proposta aqui.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67163290","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-09DOI: 10.1590/1806-9983e660402
Lunardi Mendes
Resumo Este artigo parte de uma pesquisa de campo realizada junto aos mbya guarani que vivem nas beiradas da floresta do Parque Nacional Iguazú em Misiones, Argentina. Descrevo como entendimentos e interesses turísticos sobre usos da floresta tentam operar um cercamento e enquadramento dos guarani sobre esse regime, que reagem constituindo um cotidiano de estratégias que tornam a vida nas matas possível. Argumento que o modo guarani de habitar e se relacionar com as florestas toma a multiplicidade como ponto de partida contrastando com concepções ecológicas prístinas de atores da economia turística. Apresento como a retomada realizada nas ruínas de um campo de golfe coaduna entendimentos sobre modos de existir e se relacionar com a paisagem que levam em conta o povo que há em cada local. Explicito como esses contrastes envolvem correlações entre política e natureza que consistem em modos de conceber relações que são também modos de fazer mundos.
{"title":"Retomar a vida nos (des)trozos, modos guarani de habitar florestas em Misiones, Argentina","authors":"Lunardi Mendes","doi":"10.1590/1806-9983e660402","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1806-9983e660402","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo parte de uma pesquisa de campo realizada junto aos mbya guarani que vivem nas beiradas da floresta do Parque Nacional Iguazú em Misiones, Argentina. Descrevo como entendimentos e interesses turísticos sobre usos da floresta tentam operar um cercamento e enquadramento dos guarani sobre esse regime, que reagem constituindo um cotidiano de estratégias que tornam a vida nas matas possível. Argumento que o modo guarani de habitar e se relacionar com as florestas toma a multiplicidade como ponto de partida contrastando com concepções ecológicas prístinas de atores da economia turística. Apresento como a retomada realizada nas ruínas de um campo de golfe coaduna entendimentos sobre modos de existir e se relacionar com a paisagem que levam em conta o povo que há em cada local. Explicito como esses contrastes envolvem correlações entre política e natureza que consistem em modos de conceber relações que são também modos de fazer mundos.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67163333","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-09DOI: 10.1590/1806-9983e660403
Edison Auqui Calle
Resumen En este artículo, exponemos la incorporación de ontologías amazónicas en propuestas políticas inherentes a las luchas etnoterritoriales de los pueblos Sarayaku y Zápara. A partir de un análisis etnográfico y análisis crítico del discurso de información disponible en plataformas digitales y documentos oficiales, exponemos cómo la expansión del extractivismo y evolución histórica de las luchas amazónicas han influenciado en que los záparas y kichwas de Sarayaku hayan dado un giro a las luchas ecológicas tradicionales. En defensa de sus territorios, se han incorporado en sus propuestas políticas y discursos, ontologías relacionales que dan cuenta de agentes humanos, no humanos y entidades sintientes que interpelan la esfera política en espacios locales e internacionales. Se concluye que estas cosmopolíticas develan espacios relacionales que escapan a los preceptos ontológicos modernos, pero además, que se exponen conflictos y antagonismos ontológicos marcados por relaciones de poder; en el centro de estas discrepancias existe un desacuerdo crucial, la noción de Naturaleza.
{"title":"Las luchas etnoterritoriales amazónicas y la incorporación de ontologías relacionales en el combate al extractivismo y la crisis ecológica","authors":"Edison Auqui Calle","doi":"10.1590/1806-9983e660403","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1806-9983e660403","url":null,"abstract":"Resumen En este artículo, exponemos la incorporación de ontologías amazónicas en propuestas políticas inherentes a las luchas etnoterritoriales de los pueblos Sarayaku y Zápara. A partir de un análisis etnográfico y análisis crítico del discurso de información disponible en plataformas digitales y documentos oficiales, exponemos cómo la expansión del extractivismo y evolución histórica de las luchas amazónicas han influenciado en que los záparas y kichwas de Sarayaku hayan dado un giro a las luchas ecológicas tradicionales. En defensa de sus territorios, se han incorporado en sus propuestas políticas y discursos, ontologías relacionales que dan cuenta de agentes humanos, no humanos y entidades sintientes que interpelan la esfera política en espacios locales e internacionales. Se concluye que estas cosmopolíticas develan espacios relacionales que escapan a los preceptos ontológicos modernos, pero además, que se exponen conflictos y antagonismos ontológicos marcados por relaciones de poder; en el centro de estas discrepancias existe un desacuerdo crucial, la noción de Naturaleza.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67163346","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-05-15DOI: 10.1590/1806-9983e670601
A. Frigerio
Resumen En este trabajo describo cómo lentamente aprendí, a principios de la década de 1990, que el candombe afroargentino había sobrevivido de manera muy vital hasta entrada la década de 1970 en los bailes del Shimmy Club. Mediante una breve autoetnografía, muestro el grado de invisibilización que tenían los afroargentinos y su cultura durante las décadas de 1980 y 1990 y señalo cómo los bailes del Shimmy Club fueron vitales en la persistencia y transmisión de la cultura negra y en la construcción de una identidad colectiva afroargentina. En la segunda parte del trabajo proporciono una variedad de testimonios de hombres y mujeres afroargentinos/as que entre las décadas de 1950 y 1960 participaron de estos bailes. A través de un amplio y polifónico registro de recuerdos, los/as propios/as afroargentinos/as nos transmiten la relevancia emocional que estos bailes tuvieron en su vida -una experiencia social que los académicos generalmente ignoraban o menospreciaban-.
{"title":"Recordando al Shimmy Club: sociabilidad afroargentina en la segunda mitad del siglo XX (1950s-1970s)","authors":"A. Frigerio","doi":"10.1590/1806-9983e670601","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1806-9983e670601","url":null,"abstract":"Resumen En este trabajo describo cómo lentamente aprendí, a principios de la década de 1990, que el candombe afroargentino había sobrevivido de manera muy vital hasta entrada la década de 1970 en los bailes del Shimmy Club. Mediante una breve autoetnografía, muestro el grado de invisibilización que tenían los afroargentinos y su cultura durante las décadas de 1980 y 1990 y señalo cómo los bailes del Shimmy Club fueron vitales en la persistencia y transmisión de la cultura negra y en la construcción de una identidad colectiva afroargentina. En la segunda parte del trabajo proporciono una variedad de testimonios de hombres y mujeres afroargentinos/as que entre las décadas de 1950 y 1960 participaron de estos bailes. A través de un amplio y polifónico registro de recuerdos, los/as propios/as afroargentinos/as nos transmiten la relevancia emocional que estos bailes tuvieron en su vida -una experiencia social que los académicos generalmente ignoraban o menospreciaban-.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67163857","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-21DOI: 10.1590/1806-9983e660601
Andréa Zhouri
Resumo A recorrência dos desastres evidenciados pelos rompimentos das barragens de rejeitos de mineração de ferro em Minas Gerais, somada às reiteradas ameaças de rompimento, tem colocado em debate o neoextrativismo como força motriz da economia brasileira. A partir de situações etnografadas em Minas, o texto aborda o desastre como crise que compreende elementos de criticidade e cronicidade, evento e processo. Nesse sentido, para além de um evento crítico, a análise aborda as dimensões processuais e estruturantes dos desastres, identificando seus padrões históricos, políticos, institucionais e socioambientais no contexto do neoextrativismo. Ênfase é dada à violência lenta, representada pelos processos de desregulação e desmonte da governança ambiental erigida no país desde a década de 1980 e pela economia de visibilidades presente tanto no licenciamento ambiental de grandes obras quanto nas formas de reparação dos desastres, a qual acentua a geografia das obras (ou da “lama”) acima das geografias dos territórios sociais.
{"title":"Crise como criticidade e cronicidade: a recorrência dos desastres da mineração em Minas Gerais","authors":"Andréa Zhouri","doi":"10.1590/1806-9983e660601","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1806-9983e660601","url":null,"abstract":"Resumo A recorrência dos desastres evidenciados pelos rompimentos das barragens de rejeitos de mineração de ferro em Minas Gerais, somada às reiteradas ameaças de rompimento, tem colocado em debate o neoextrativismo como força motriz da economia brasileira. A partir de situações etnografadas em Minas, o texto aborda o desastre como crise que compreende elementos de criticidade e cronicidade, evento e processo. Nesse sentido, para além de um evento crítico, a análise aborda as dimensões processuais e estruturantes dos desastres, identificando seus padrões históricos, políticos, institucionais e socioambientais no contexto do neoextrativismo. Ênfase é dada à violência lenta, representada pelos processos de desregulação e desmonte da governança ambiental erigida no país desde a década de 1980 e pela economia de visibilidades presente tanto no licenciamento ambiental de grandes obras quanto nas formas de reparação dos desastres, a qual acentua a geografia das obras (ou da “lama”) acima das geografias dos territórios sociais.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67163804","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-14DOI: 10.1590/1806-9983e650602
F. Weber
Résumé La « série Mauss » en 9 volumes cherche à rompre avec l’opposition entre anthropologie structurale et sociologie durkheimienne qui a marqué les précédentes éditions françaises pour instaurer les conditions d’une cumulativité des savoirs en sciences humaines et sociales. Au-delà de l’Essai sur le don, l’analyse systématique du triple contexte de l’œuvre - sa conception, ses différentes éditions, ses réceptions successives - donne à voir sa profonde cohérence théorique et ses infléchissements liés à l’histoire intellectuelle et politique, mais aussi ce que nous percevons aujourd’hui comme des allers et retours entre « ici » et « là-bas ». Après les spécialistes de la religion et du symbolique, ce sont les spécialistes des techniques, du langage, du corps, de la psyché et de l’environnement qui s’emparent de son œuvre. Voilà qui encourage à y puiser les ressources cognitives et morales pour réouvrir l’avenir grâce à un dialogue apaisé entre sciences sociales et sciences de la nature.
{"title":"Marcel Mauss et la cumulativité des savoirs","authors":"F. Weber","doi":"10.1590/1806-9983e650602","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1806-9983e650602","url":null,"abstract":"Résumé La « série Mauss » en 9 volumes cherche à rompre avec l’opposition entre anthropologie structurale et sociologie durkheimienne qui a marqué les précédentes éditions françaises pour instaurer les conditions d’une cumulativité des savoirs en sciences humaines et sociales. Au-delà de l’Essai sur le don, l’analyse systématique du triple contexte de l’œuvre - sa conception, ses différentes éditions, ses réceptions successives - donne à voir sa profonde cohérence théorique et ses infléchissements liés à l’histoire intellectuelle et politique, mais aussi ce que nous percevons aujourd’hui comme des allers et retours entre « ici » et « là-bas ». Après les spécialistes de la religion et du symbolique, ce sont les spécialistes des techniques, du langage, du corps, de la psyché et de l’environnement qui s’emparent de son œuvre. Voilà qui encourage à y puiser les ressources cognitives et morales pour réouvrir l’avenir grâce à un dialogue apaisé entre sciences sociales et sciences de la nature.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":"49 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67163726","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo Quais as especificidades de uma reflexão antropológica sobre a política em contextos democráticos? Com essa pergunta em mente, visamos apresentar o debate existente e propor novos caminhos relevantes para a pesquisa sobre a democracia, enfatizando algumas arenas recentes de disputa. Essas arenas colocam desafios tanto para a democracia em si quanto para pesquisadoras que se dedicam ao tema. Assim, abordamos o caráter alegadamente democratizante das novas mídias como forma de expressão e de auto-organização e a consequente digitalização da política; a crescente disseminação de “fake news” e as dificuldades de comunicação e de produção de verdade política num contexto permeado por teorias de conspiração; as transformações no entendimento do populismo como forma política; por fim, a presença dos religiosos na política brasileira recente nos obriga a prestar mais atenção às dinâmicas morais e aos processos de formação de subjetividades ético-políticas da população.
{"title":"Por uma antropologia da democracia - e de seus desafios","authors":"Eduardo Dullo, Katerina Hatzikidi, Letícia Cesarino","doi":"10.1590/1806-9983e650201","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1806-9983e650201","url":null,"abstract":"Resumo Quais as especificidades de uma reflexão antropológica sobre a política em contextos democráticos? Com essa pergunta em mente, visamos apresentar o debate existente e propor novos caminhos relevantes para a pesquisa sobre a democracia, enfatizando algumas arenas recentes de disputa. Essas arenas colocam desafios tanto para a democracia em si quanto para pesquisadoras que se dedicam ao tema. Assim, abordamos o caráter alegadamente democratizante das novas mídias como forma de expressão e de auto-organização e a consequente digitalização da política; a crescente disseminação de “fake news” e as dificuldades de comunicação e de produção de verdade política num contexto permeado por teorias de conspiração; as transformações no entendimento do populismo como forma política; por fim, a presença dos religiosos na política brasileira recente nos obriga a prestar mais atenção às dinâmicas morais e aos processos de formação de subjetividades ético-políticas da população.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67163418","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-03-30DOI: 10.1590/1806-9983e650601
L. Schwarcz
Resumo Como definir o tempo pandêmico de 1918, que interrompeu o ritmo alucinado do início do século XX e imprimiu uma temporalidade da morte? Talvez como um intervalo tão radical na noção progressiva de tempo do Ocidente, que tenha ficado no silêncio. Na própria falta de tempo: durante três meses os calendários pararam de se alterar. Esse era um tempo, o tempo da morte numa sociedade que não sabia lidar com ela. O tempo do presente que impede pensar no passado e no futuro. O tempo da espera, o tempo da dúvida, o tempo dos traumas silenciados e, também, das experiências do aprendizado possível. O artigo pretende, pois, explorar a temporalidade da doença como um marcador social, assim como estabelecer paralelos com o contexto da Covid 19. Por fim, toma Porto Alegre como um estudo de caso para a análise. (Este artigo foi originalmente uma palestra dada no Departamento de Antropologia da UFRGS, por isso seu estilo mais ensaístico.)
{"title":"No tempo da espanhola: a gripe de 1918 e o caso de Porto Alegre","authors":"L. Schwarcz","doi":"10.1590/1806-9983e650601","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1806-9983e650601","url":null,"abstract":"Resumo Como definir o tempo pandêmico de 1918, que interrompeu o ritmo alucinado do início do século XX e imprimiu uma temporalidade da morte? Talvez como um intervalo tão radical na noção progressiva de tempo do Ocidente, que tenha ficado no silêncio. Na própria falta de tempo: durante três meses os calendários pararam de se alterar. Esse era um tempo, o tempo da morte numa sociedade que não sabia lidar com ela. O tempo do presente que impede pensar no passado e no futuro. O tempo da espera, o tempo da dúvida, o tempo dos traumas silenciados e, também, das experiências do aprendizado possível. O artigo pretende, pois, explorar a temporalidade da doença como um marcador social, assim como estabelecer paralelos com o contexto da Covid 19. Por fim, toma Porto Alegre como um estudo de caso para a análise. (Este artigo foi originalmente uma palestra dada no Departamento de Antropologia da UFRGS, por isso seu estilo mais ensaístico.)","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-03-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67163713","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
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