Pub Date : 2022-04-01DOI: 10.1590/s0104-71832022000100005
João Leal
Resumo Este artigo é dedicado aos contributos dos antropólogos brasileiros Octávio Eduardo e René Ribeiro para a tematização do sincretismo. Ambos foram dois dos mais importantes estudiosos das religiões afro-brasileiras a partir de final dos anos 1940. Ambos foram também orientandos de Melville Herskovits e inscreveram o seu interesse pelo sincretismo no quadro mais geral da teoria da aculturação proposta por este antropólogo norte-americano. O artigo debruça-se sobre as contribuições mais gerais dos dois antropólogos para o estudo das culturas e religiões afro-brasileiras para se centrar depois nos seus contributos para a tematização do sincretismo, com destaque para a sua identificação de diferentes formas de sincretismo e para a sua interpretação das razões da sua importância no tambor de mina (Maranhão) e no xangô (Recife).
{"title":"Octávio Eduardo, René Ribeiro e Melville Herskovits. Religiões afro-brasileiras, aculturação e sincretismo","authors":"João Leal","doi":"10.1590/s0104-71832022000100005","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832022000100005","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo é dedicado aos contributos dos antropólogos brasileiros Octávio Eduardo e René Ribeiro para a tematização do sincretismo. Ambos foram dois dos mais importantes estudiosos das religiões afro-brasileiras a partir de final dos anos 1940. Ambos foram também orientandos de Melville Herskovits e inscreveram o seu interesse pelo sincretismo no quadro mais geral da teoria da aculturação proposta por este antropólogo norte-americano. O artigo debruça-se sobre as contribuições mais gerais dos dois antropólogos para o estudo das culturas e religiões afro-brasileiras para se centrar depois nos seus contributos para a tematização do sincretismo, com destaque para a sua identificação de diferentes formas de sincretismo e para a sua interpretação das razões da sua importância no tambor de mina (Maranhão) e no xangô (Recife).","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48823263","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-04-01DOI: 10.1590/s0104-71832022000100004
F. Peixoto
Resumo O artigo propõe uma análise do itinerário e escritos de Roger Bastide (1989-1974), procurando mostrar como os seus trânsitos entre França e Brasil, e entre diferentes domínios do conhecimento, contribuíram para a formação de seu ponto de vista plural, e como essa sua posição entre tempos, espaços e tradições lança questões importantes para o modo como pensamos e escrevemos a história da antropologia.
{"title":"Roger Bastide - entre tempos, espaços, tradições","authors":"F. Peixoto","doi":"10.1590/s0104-71832022000100004","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832022000100004","url":null,"abstract":"Resumo O artigo propõe uma análise do itinerário e escritos de Roger Bastide (1989-1974), procurando mostrar como os seus trânsitos entre França e Brasil, e entre diferentes domínios do conhecimento, contribuíram para a formação de seu ponto de vista plural, e como essa sua posição entre tempos, espaços e tradições lança questões importantes para o modo como pensamos e escrevemos a história da antropologia.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48609760","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-04-01DOI: 10.1590/s0104-71832022000100011
Alfredo Nava Sánchez
Resumen Este artículo tiene como propósito analizar en Anahuac: or Mexico and the Mexicans, ancient and modern de Edward B. Tylor, una forma de producir conocimiento que, en sus argumentos y en su exposición, resulta ajena a las formas contemporáneas de la antropología, pero que, por otra parte, revela las condiciones sociales y políticas de su emergencia como disciplina científica. Al contrario de la criba utilizada por la mayoría de trabajos que han estudiado Anahuac, por la que se ha omitido o justificado la perspectiva “políticamente incorrecta” del libro, mi intención es destacarla como una forma histórica de la producción del conocimiento antropológico. No como una denuncia maniquea de la historia de la antropología, sino como un ejercicio propiamente histórico en el que el desconcierto con el que hoy recibimos los argumentos de Tylor sirve para introducir una diferencia y un límite que distingue pasado y presente de la antropología.
摘要本文旨在分析在墨西哥Anahuac: or and the Mexicans, ancient and Edward b . Tylor,一种生产现代知识,在他的论点和其接触,似乎无可指摘的当代形式的人类学,但另一方面,紧急的社会和政治条件,其作为一门科学。在我看来,这本书的“政治错误”观点被忽略或证明是合理的,与大多数研究阿纳瓦克的作品所使用的分类不同,我的目的是强调它是人类学知识生产的一种历史形式。不是作为对人类学历史的摩尼教谴责,而是作为一种真正的历史实践,在这种实践中,我们今天所接受的泰勒论点的混乱,引入了人类学的过去和现在之间的差异和界限。
{"title":"Anahuac o la producción social de la diferencia: un episodio en la configuración histórica de la antropología en México","authors":"Alfredo Nava Sánchez","doi":"10.1590/s0104-71832022000100011","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832022000100011","url":null,"abstract":"Resumen Este artículo tiene como propósito analizar en Anahuac: or Mexico and the Mexicans, ancient and modern de Edward B. Tylor, una forma de producir conocimiento que, en sus argumentos y en su exposición, resulta ajena a las formas contemporáneas de la antropología, pero que, por otra parte, revela las condiciones sociales y políticas de su emergencia como disciplina científica. Al contrario de la criba utilizada por la mayoría de trabajos que han estudiado Anahuac, por la que se ha omitido o justificado la perspectiva “políticamente incorrecta” del libro, mi intención es destacarla como una forma histórica de la producción del conocimiento antropológico. No como una denuncia maniquea de la historia de la antropología, sino como un ejercicio propiamente histórico en el que el desconcierto con el que hoy recibimos los argumentos de Tylor sirve para introducir una diferencia y un límite que distingue pasado y presente de la antropología.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47451557","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-04-01DOI: 10.1590/s0104-71832022000100003
J. Gonçalves
Resumo Este artigo discute o contexto de produção, o conteúdo e a recepção do livro Ainsi parla l’oncle (Assim falou o tio), do antropólogo haitiano Jean Price-Mars, publicado em 1928. O artigo argumenta que, ademais de oferecer uma interpretação nacionalista da cultura popular haitiana, esse livro faz inovações teóricas importantes que antecipam perspectivas que a antropologia do Norte Global só viria a adotar cinco décadas depois. O artigo examina o contraste entre a recepção do livro, que circunscreve seu interesse aos estudos do Haiti, do Caribe e do mundo afro-atlântico, e a relevância geral de seus argumentos, para além desses campos antropológicos restritos. O artigo, portanto, defende que Jean Price-Mars seja reconhecido e reivindicado na história da antropologia por suas contribuições não apenas regionais e temáticas, mas também propriamente teóricas.
{"title":"O tio haitiano da antropologia contemporânea: teoria, história e poder em Jean Price-Mars","authors":"J. Gonçalves","doi":"10.1590/s0104-71832022000100003","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832022000100003","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo discute o contexto de produção, o conteúdo e a recepção do livro Ainsi parla l’oncle (Assim falou o tio), do antropólogo haitiano Jean Price-Mars, publicado em 1928. O artigo argumenta que, ademais de oferecer uma interpretação nacionalista da cultura popular haitiana, esse livro faz inovações teóricas importantes que antecipam perspectivas que a antropologia do Norte Global só viria a adotar cinco décadas depois. O artigo examina o contraste entre a recepção do livro, que circunscreve seu interesse aos estudos do Haiti, do Caribe e do mundo afro-atlântico, e a relevância geral de seus argumentos, para além desses campos antropológicos restritos. O artigo, portanto, defende que Jean Price-Mars seja reconhecido e reivindicado na história da antropologia por suas contribuições não apenas regionais e temáticas, mas também propriamente teóricas.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44537908","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-04-01DOI: 10.1590/s0104-71832022000100002
Israel Ozanam
Resumo A busca por vincular as ciências sociais a um princípio evolucionista das ciências naturais no Brasil do final do século XIX fez emergir a figura do observador da diferença, entendido como alguém que reconheceria nas raças inferiores as raízes da nacionalidade sem identificar-se com elas. Na década de 1980, Mariza Corrêa viu nesse personagem - representado na obra dela por Raimundo Nina Rodrigues - um valioso contraponto a autores do século XX inclinados a minimizar os conflitos raciais existentes na sociedade brasileira. Este artigo visa a demonstrar que, ao considerar-se herdeira do etnógrafo oitocentista como observador da diferença e do conflito, a autora deixou de explorar o conflito em torno da demarcação da própria diferença entre o etnógrafo que observa e os grupos étnicos observados, conflito que envolveu escritores de norte a sul do país no século XIX e de cuja existência há inclusive indícios significativos no trabalho dela.
{"title":"A opção de Mariza Corrêa pelo etnógrafo oitocentista","authors":"Israel Ozanam","doi":"10.1590/s0104-71832022000100002","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832022000100002","url":null,"abstract":"Resumo A busca por vincular as ciências sociais a um princípio evolucionista das ciências naturais no Brasil do final do século XIX fez emergir a figura do observador da diferença, entendido como alguém que reconheceria nas raças inferiores as raízes da nacionalidade sem identificar-se com elas. Na década de 1980, Mariza Corrêa viu nesse personagem - representado na obra dela por Raimundo Nina Rodrigues - um valioso contraponto a autores do século XX inclinados a minimizar os conflitos raciais existentes na sociedade brasileira. Este artigo visa a demonstrar que, ao considerar-se herdeira do etnógrafo oitocentista como observador da diferença e do conflito, a autora deixou de explorar o conflito em torno da demarcação da própria diferença entre o etnógrafo que observa e os grupos étnicos observados, conflito que envolveu escritores de norte a sul do país no século XIX e de cuja existência há inclusive indícios significativos no trabalho dela.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46379865","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-04-01DOI: 10.1590/s0104-71832022000100001
P. Matos, F. Rosa, Eduardo Dullo
{"title":"Caminhos para uma história inclusiva das antropologias do mundo","authors":"P. Matos, F. Rosa, Eduardo Dullo","doi":"10.1590/s0104-71832022000100001","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832022000100001","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47524400","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-04-01DOI: 10.1590/s0104-71832022000100007
Peter Schröder
Resumo Na história da antropologia, há vários personagens sobre os quais foi produzida uma bibliografia extensa. Esse também é o caso do etnólogo brasileiro de origem alemã Curt Nimuendajú (1883-1945). Revisitar as diversas narrativas, brasileiras e estrangeiras, sobre sua biografia se justifica, sobretudo quando novos dados empíricos ficam disponíveis. Que Nimuendajú cultivava numerosos contatos com pesquisadores brasileiros e estrangeiros é um fato amplamente conhecido, no entanto vale a pena lançar um outro olhar para as redes transnacionais de antropólogos das quais ele fazia parte e ver como elas estruturaram suas atividades de pesquisador e colecionador. Neste artigo, são analisadas três dessas redes em ordem cronológica (tendo Theodor Koch-Grünberg e Emilie Snethlage, Fritz Krause e Otto Reche, e Robert Lowie e Julian Steward como os principais interlocutores, respectivamente). Fica patente que a formação, o abandono e a transformação delas refletem, num tipo de microcosmo, as transformações no cenário da antropologia brasileira na primeira metade do século XX, com seu afastamento paulatino da etnologia alemã, abrindo-se para os diálogos com a antropologia cultural norte-americana.
{"title":"(Re)aproximando-se e afastando-se da Alemanha: Curt Nimuendajú como parte de redes transnacionais de antropólogos","authors":"Peter Schröder","doi":"10.1590/s0104-71832022000100007","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832022000100007","url":null,"abstract":"Resumo Na história da antropologia, há vários personagens sobre os quais foi produzida uma bibliografia extensa. Esse também é o caso do etnólogo brasileiro de origem alemã Curt Nimuendajú (1883-1945). Revisitar as diversas narrativas, brasileiras e estrangeiras, sobre sua biografia se justifica, sobretudo quando novos dados empíricos ficam disponíveis. Que Nimuendajú cultivava numerosos contatos com pesquisadores brasileiros e estrangeiros é um fato amplamente conhecido, no entanto vale a pena lançar um outro olhar para as redes transnacionais de antropólogos das quais ele fazia parte e ver como elas estruturaram suas atividades de pesquisador e colecionador. Neste artigo, são analisadas três dessas redes em ordem cronológica (tendo Theodor Koch-Grünberg e Emilie Snethlage, Fritz Krause e Otto Reche, e Robert Lowie e Julian Steward como os principais interlocutores, respectivamente). Fica patente que a formação, o abandono e a transformação delas refletem, num tipo de microcosmo, as transformações no cenário da antropologia brasileira na primeira metade do século XX, com seu afastamento paulatino da etnologia alemã, abrindo-se para os diálogos com a antropologia cultural norte-americana.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43154690","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.1590/s0104-71832021000300011
Roberto Efrem Filho, Breno Marques de Mello
Resumo No presente ensaio etnográfico, pretendemos explorar analiticamente a renúncia da mãe e seus efeitos em certas práticas e constrangimentos de Estado, ao tempo que procuramos dimensionar essa “mãe” como sujeito profundamente implicado em nossa frágil experiência democrática. Apostamos na ideia de que as mais recentes e cortantes disputas pelos limites de nossa democracia têm a “mãe” em seu cerne. Para tanto, valemo-nos da análise de quatro excertos narrativos. Dois desses excertos se relacionam às narrativas de Marcela sobre a sua conturbada relação com Ricardo, o seu filho mais velho, adolescente. Os dois outros excertos narrativos decorrem de episódios que vivenciamos durante o pleito eleitoral de 2018, o qual resultou na eleição de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil.
{"title":"A renúncia da mãe: sobre gênero, violência e práticas de Estado","authors":"Roberto Efrem Filho, Breno Marques de Mello","doi":"10.1590/s0104-71832021000300011","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000300011","url":null,"abstract":"Resumo No presente ensaio etnográfico, pretendemos explorar analiticamente a renúncia da mãe e seus efeitos em certas práticas e constrangimentos de Estado, ao tempo que procuramos dimensionar essa “mãe” como sujeito profundamente implicado em nossa frágil experiência democrática. Apostamos na ideia de que as mais recentes e cortantes disputas pelos limites de nossa democracia têm a “mãe” em seu cerne. Para tanto, valemo-nos da análise de quatro excertos narrativos. Dois desses excertos se relacionam às narrativas de Marcela sobre a sua conturbada relação com Ricardo, o seu filho mais velho, adolescente. Os dois outros excertos narrativos decorrem de episódios que vivenciamos durante o pleito eleitoral de 2018, o qual resultou na eleição de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45815125","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.1590/s0104-71832021000300003
Sonja van Wichelen
Resumo Este artigo examina como o direito interage com as mudanças biotecnológicas, olhando para a maneira em que, em processos de reprodução assistida, justificativas legais se relacionam com o conhecimento biológico e social que está redefinindo “pai” e “mãe”. Usando o conceito de “biolegalidade”, foco no surgimento de novas formas de parentalidade legal, analisando como a reivindicação por direitos pode ser baseada em verdades tanto genéticas quanto jurídicas. Ao contrário dos entendimentos convencionais em que “a lei se arrasta atrás da tecnologia”, o artigo visa demonstrar como o conhecimento jurídico interage com as tecnologias e as ciências da vida para rearranjar os próprios entendimentos sobre os direitos. A partir das práticas dos tribunais australianos em relação à legalização da paternidade de crianças nascidas de uma gestação por substituição no exterior, analiso argumentos e decisões de casos federais e locais, demonstrando como uma “abordagem de direitos humanos” promovida por juízes que agem no “melhor interesse de a criança” desestabiliza a aplicação de leis australianas locais que proíbem a gestação por substituição comercial.
{"title":"O governo da gestação por substituição na era da biotecnologia: as biolegalidades cambiantes do parentesco","authors":"Sonja van Wichelen","doi":"10.1590/s0104-71832021000300003","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000300003","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo examina como o direito interage com as mudanças biotecnológicas, olhando para a maneira em que, em processos de reprodução assistida, justificativas legais se relacionam com o conhecimento biológico e social que está redefinindo “pai” e “mãe”. Usando o conceito de “biolegalidade”, foco no surgimento de novas formas de parentalidade legal, analisando como a reivindicação por direitos pode ser baseada em verdades tanto genéticas quanto jurídicas. Ao contrário dos entendimentos convencionais em que “a lei se arrasta atrás da tecnologia”, o artigo visa demonstrar como o conhecimento jurídico interage com as tecnologias e as ciências da vida para rearranjar os próprios entendimentos sobre os direitos. A partir das práticas dos tribunais australianos em relação à legalização da paternidade de crianças nascidas de uma gestação por substituição no exterior, analiso argumentos e decisões de casos federais e locais, demonstrando como uma “abordagem de direitos humanos” promovida por juízes que agem no “melhor interesse de a criança” desestabiliza a aplicação de leis australianas locais que proíbem a gestação por substituição comercial.","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47624238","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.1590/s0104-71832021000300014
J. G. Magnani
Resumo O centenário da publicação de Argonautas do Pacífico Ocidental enseja não apenas a necessária referência, mas um cuidadoso resgate da contribuição para a prática etnográfica e reflexão conceitual que a saga de Bronislaw Malinowski legou para a antropologia. Claro, é necessária uma também cuidadosa releitura de seus achados nas Ilhas Trobriand tendo em vista a realidade atual, principalmente quando os temas de pesquisa têm como recorte a dinâmica das grandes cidades contemporâneas. Essa é a linha que percorre o presente artigo, com base em pesquisas e experimentos no âmbito da antropologia urbana, levados a cabo por integrantes do Laboratório do Núcleo de Antropologia Urbana da USP (LabNAU).
{"title":"Argonautas, cem anos: uma releitura em pesquisas do Núcleo de Antropologia Urbana da USP","authors":"J. G. Magnani","doi":"10.1590/s0104-71832021000300014","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000300014","url":null,"abstract":"Resumo O centenário da publicação de Argonautas do Pacífico Ocidental enseja não apenas a necessária referência, mas um cuidadoso resgate da contribuição para a prática etnográfica e reflexão conceitual que a saga de Bronislaw Malinowski legou para a antropologia. Claro, é necessária uma também cuidadosa releitura de seus achados nas Ilhas Trobriand tendo em vista a realidade atual, principalmente quando os temas de pesquisa têm como recorte a dinâmica das grandes cidades contemporâneas. Essa é a linha que percorre o presente artigo, com base em pesquisas e experimentos no âmbito da antropologia urbana, levados a cabo por integrantes do Laboratório do Núcleo de Antropologia Urbana da USP (LabNAU).","PeriodicalId":35393,"journal":{"name":"Horizontes Antropologicos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49271573","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}