Nota dos editores: Esta é a republicação do artigo original de 2003: EREMITES DE OLIVEIRA, J. Da pré-história à história indígena: (Re) pensando a arqueologia e os povos canoeiros do pantanal. Revista de Arqueologia, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 71–86, 2003. DOI: 10.24885/sab.v16i1.180, que está entre os mais citados da Revista de Arqueologia da SAB. Realizamos essa republicação como parte da comemoração pelos 40 anos da revista. Nesta tese de doutorado, o autor analisa criticamente a história e a historiografia da arqueologia pantaneira, desde a segunda metade do século XIX até fins do século XX, e aborda o processo de ocupação indígena das terras baixas do Pantanal, desde os primeiros pescadores-caçadores-coletores do período pré-colonial até os atuais canoeiros Guató. O objetivo maior é contribuir para a composição de uma história indígena total, em seus múltiplos aspectos e perspectivas espaço-temporais, a partir de uma abordagem interdisciplinar que emprega procedimentos teórico-metodológicos próprios da arqueologia, antropologia e história. Para tanto, foram utilizados dados contidos em fontes textuais diversas, informações recolhidas a partir da tradição oral dos Guató e os resultados de pesquisas arqueológicas, etnográficas e etnoarqueológicas. Foi possível demonstrar que a arqueologia pantaneira tem sido pautada pelo estudo de povos pescadores-caçadores-coletores – associados à macrotecnologia ceramista conhecida no Brasil como tradição Pantanal e a estruturas monticulares do tipo aterro – os quais se estabeleceram na região muito antes do início da Era Cristã. Nos dias de hoje, a arqueologia pantaneira reflete as mesmas mudanças de nuance constatadas para a arqueologia brasileira desde a década de 1980. Nos séculos XVI, XVII e XVIII, período de muitas disputas entre Espanha e Portugal pelo domínio do alto Paraguai, foram produzidos vários relatos que atestam a existência de um extraordinário mosaico sociocultural no centro da América do Sul, inclusive de um complexo de povos canoeiros formado por sociedades cultural e linguisticamente distintas. De todas essas sociedades, a dos Guató é a mais conhecida dos pontos de vista etno-histórico e etnológico, estando tradicionalmente organizada em grupos domésticos ligados por laços de consanguinidade, descendência e afinidade, relacionados a um particular sistema de patrilocalidade e patrilinearidade.
编者注:这是2003年原始文章的再版:EREMITES de OLIVEIRA, J. Da pre - historia a historia indigena: (Re) pensar a arqueologia e os canoeiros povos do pantanal。他的父亲是一名律师,母亲是一名律师。第16条第1款,第71 - 86,2003页。DOI: 10.24885/ sabs .v16i1.180,是sabs考古杂志中引用最多的。作为庆祝该杂志成立40周年的一部分,我们重新出版了这本杂志。来自这个博士论文,作者在分析历史和考古学的史学pantaneira下半年以来,从19世纪到20世纪的目的,印度占领的低地湿地的过程,从最早的渔民-采集者的前殖民时期到现代Guató搭车。主要目标是通过跨学科的方法,采用考古学、人类学和历史学的理论和方法程序,在其多个方面和时空视角下,为整个土著历史的构成做出贡献。为此,我们使用了各种文本来源的数据,从guato的口头传统中收集的信息,以及考古学、人种学和人种考古学研究的结果。可以证明进行了考古pantaneira书房的渔民-采集者—与macrotecnologia潘塔纳尔波特在巴西被称为传统结构monticulares垃圾填埋场—那些放弃的人在该地区建立了基督时代之前。如今,潘塔纳尔考古反映了自20世纪80年代以来巴西考古学在细微差别上的相同变化。在16、17、18世纪时期的很多纠纷西班牙和葡萄牙之间区域的巴拉圭,生产各种报告证明,非凡的存在组成社会文化中心的南美洲,包括民族旅由复杂的社会文化和语言不同。在所有这些社会中,从民族历史和民族学的观点来看,guato是最著名的,传统上被组织成家庭群体,通过血缘关系、血统和亲缘关系联系在一起,与特定的父权和父权制度有关。
{"title":"Da pré-história à história indígena: (re) pensando a arqueologia e os povos canoeiros do pantanal – Reedição","authors":"Jorge Eremites de Oliveira","doi":"10.24885/sab.v36i1.1078","DOIUrl":"https://doi.org/10.24885/sab.v36i1.1078","url":null,"abstract":"Nota dos editores: Esta é a republicação do artigo original de 2003: EREMITES DE OLIVEIRA, J. Da pré-história à história indígena: (Re) pensando a arqueologia e os povos canoeiros do pantanal. Revista de Arqueologia, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 71–86, 2003. DOI: 10.24885/sab.v16i1.180, que está entre os mais citados da Revista de Arqueologia da SAB. Realizamos essa republicação como parte da comemoração pelos 40 anos da revista. \u0000Nesta tese de doutorado, o autor analisa criticamente a história e a historiografia da arqueologia pantaneira, desde a segunda metade do século XIX até fins do século XX, e aborda o processo de ocupação indígena das terras baixas do Pantanal, desde os primeiros pescadores-caçadores-coletores do período pré-colonial até os atuais canoeiros Guató. O objetivo maior é contribuir para a composição de uma história indígena total, em seus múltiplos aspectos e perspectivas espaço-temporais, a partir de uma abordagem interdisciplinar que emprega procedimentos teórico-metodológicos próprios da arqueologia, antropologia e história. Para tanto, foram utilizados dados contidos em fontes textuais diversas, informações recolhidas a partir da tradição oral dos Guató e os resultados de pesquisas arqueológicas, etnográficas e etnoarqueológicas. Foi possível demonstrar que a arqueologia pantaneira tem sido pautada pelo estudo de povos pescadores-caçadores-coletores – associados à macrotecnologia ceramista conhecida no Brasil como tradição Pantanal e a estruturas monticulares do tipo aterro – os quais se estabeleceram na região muito antes do início da Era Cristã. Nos dias de hoje, a arqueologia pantaneira reflete as mesmas mudanças de nuance constatadas para a arqueologia brasileira desde a década de 1980. Nos séculos XVI, XVII e XVIII, período de muitas disputas entre Espanha e Portugal pelo domínio do alto Paraguai, foram produzidos vários relatos que atestam a existência de um extraordinário mosaico sociocultural no centro da América do Sul, inclusive de um complexo de povos canoeiros formado por sociedades cultural e linguisticamente distintas. De todas essas sociedades, a dos Guató é a mais conhecida dos pontos de vista etno-histórico e etnológico, estando tradicionalmente organizada em grupos domésticos ligados por laços de consanguinidade, descendência e afinidade, relacionados a um particular sistema de patrilocalidade e patrilinearidade.","PeriodicalId":51960,"journal":{"name":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","volume":"500 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2023-01-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"77076391","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Morgana Cavalcante Ribeiro, Rodrigo Lessa Costa, M. C. Lage, Benedito Batista Farias Filho
Este trabalho discute os resultados obtidos com a investigação de um contexto arqueológico vinculado à Tradição Aratu no Sul da Bahia, o sítio Canaã, no qual foram evidenciadas cerâmicas grafitadas e com antiplástico de grafite. Em um esforço inicial para compreender o processo de produção e distribuição dessas cerâmicas ao longo daquela região, pesquisou-se a sua procedência, e a dos seus materiais constituintes. Para tanto, foram examinados por meio da técnica da Fluorescência de Raios X portátil, fragmentos cerâmicos e amostras de grafite oriundas da Província Grafítica Bahia-Minas. Os resultados obtidos permitiram confirmar a hipótese de que o grafite utilizado nas cerâmicas se originou naquela província grafítica, e que o seu uso se deveu à escolha técnica das oleiras, em decorrência das propriedades específicas que o mineral apresenta.
{"title":"O uso do grafite enquanto escolha técnica em cerâmicas da tradição Aratu no sul da Bahia","authors":"Morgana Cavalcante Ribeiro, Rodrigo Lessa Costa, M. C. Lage, Benedito Batista Farias Filho","doi":"10.24885/sab.v36i1.1005","DOIUrl":"https://doi.org/10.24885/sab.v36i1.1005","url":null,"abstract":"Este trabalho discute os resultados obtidos com a investigação de um contexto arqueológico vinculado à Tradição Aratu no Sul da Bahia, o sítio Canaã, no qual foram evidenciadas cerâmicas grafitadas e com antiplástico de grafite. Em um esforço inicial para compreender o processo de produção e distribuição dessas cerâmicas ao longo daquela região, pesquisou-se a sua procedência, e a dos seus materiais constituintes. Para tanto, foram examinados por meio da técnica da Fluorescência de Raios X portátil, fragmentos cerâmicos e amostras de grafite oriundas da Província Grafítica Bahia-Minas. Os resultados obtidos permitiram confirmar a hipótese de que o grafite utilizado nas cerâmicas se originou naquela província grafítica, e que o seu uso se deveu à escolha técnica das oleiras, em decorrência das propriedades específicas que o mineral apresenta.","PeriodicalId":51960,"journal":{"name":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","volume":"3 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2023-01-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"84289120","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Fernanda Codevilla, Veronica Wesolowski, Andrei Isnardis
A entrevista com a Dra. Cristiana Barreto, que foi uma das editoras da Revista da SAB no Biênio 2014-2015, rememora um momento fundamental da história da Revista: sua transição do formato tradicional impresso para o formato digital e o início do gerenciamento editorial através de plataforma de livre acesso. Na entrevista, Cristiana Barreto também reflete sobre alguns dos desafios atuais e futuros do periódico.
{"title":"Da tinta ao byte. Entrevista: Cristiana Barreto","authors":"Fernanda Codevilla, Veronica Wesolowski, Andrei Isnardis","doi":"10.24885/sab.v36i1.1076","DOIUrl":"https://doi.org/10.24885/sab.v36i1.1076","url":null,"abstract":"A entrevista com a Dra. Cristiana Barreto, que foi uma das editoras da Revista da SAB no Biênio 2014-2015, rememora um momento fundamental da história da Revista: sua transição do formato tradicional impresso para o formato digital e o início do gerenciamento editorial através de plataforma de livre acesso. Na entrevista, Cristiana Barreto também reflete sobre alguns dos desafios atuais e futuros do periódico. ","PeriodicalId":51960,"journal":{"name":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","volume":"80 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2023-01-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73364884","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Com base nos conceitos de abandono, ancestralidade, memória e resiliência, esse artigo discute temas importantes para a pesquisa arqueológica voltada à compreensão de processos de constituição da paisagem. Além das cosmografias, entende-se a paisagem composta por movimento e dinamismo relacionados ao abandono, integrante das trajetórias históricas. Como estudo de caso, apresentaremos dados do Complexo Arqueológico Cerro Ventarrón, Peru. A discussão está embasada na literatura sobre essas temáticas, nos trabalhos de campo e resultados das análises disponíveis até então. Ao fim, acredita-se que as estruturas arqueológicas Ventarrón indicam que ali o abandono foi consciente, integrado aos processos de resiliência e fio condutor de ideias que permitiram e permitem a reprodução, colaboração e reciprocidade, alicerces do pensamento social nos Andes.
{"title":"Paisagem cíclica, lugares de retorno: um estudo de resiliência cultural em Cerro Ventarrón, Lambayeque, Peru","authors":"M. Fagundes, Marcia Arcuri","doi":"10.24885/sab.v36i1.1014","DOIUrl":"https://doi.org/10.24885/sab.v36i1.1014","url":null,"abstract":"Com base nos conceitos de abandono, ancestralidade, memória e resiliência, esse artigo discute temas importantes para a pesquisa arqueológica voltada à compreensão de processos de constituição da paisagem. Além das cosmografias, entende-se a paisagem composta por movimento e dinamismo relacionados ao abandono, integrante das trajetórias históricas. Como estudo de caso, apresentaremos dados do Complexo Arqueológico Cerro Ventarrón, Peru. A discussão está embasada na literatura sobre essas temáticas, nos trabalhos de campo e resultados das análises disponíveis até então. Ao fim, acredita-se que as estruturas arqueológicas Ventarrón indicam que ali o abandono foi consciente, integrado aos processos de resiliência e fio condutor de ideias que permitiram e permitem a reprodução, colaboração e reciprocidade, alicerces do pensamento social nos Andes.","PeriodicalId":51960,"journal":{"name":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","volume":"20 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2023-01-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"87899997","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Escavações em curso desde 2012 em Horta da Torre (Fronteira, Alentejo, Portugal) permitiram identificar uma villa com uma sala de dupla abside coroada por um stibadium. Os 90m2 da sala estavam inteiramente pavimentados com opus signinum, permitindo o cuidado fluir de uma fina camada de água, criando um cenário artificial no qual a natureza e as estruturas construídas se combinavam. As paredes eram cobertas com mosaicos polºicromos, e elementos aquáticos decoravam toda a sala. Investigação posterior utilizando geo-radar identificou que o complexo pertence a um edifício de 3ha, com dois pátios rodeados por peristilos. Este é um protótipo comum nas villar que no final do século III dominavam a paisagem rural da Lusitania. É apresentado um detalhado resumos dos trabalhos de oito campanhas arqueológicas. Em contexto mais amplo, outras villae situadas na região envolvente serão referidas, colocando a Horta da Torre como mais um exemplo do empreendedorismo privado na paisagem rural da Lusitania.
自2012年以来,在Horta da Torre (Fronteira, Alentejo, Portugal)进行的挖掘工作已经确定了一座别墅,它有一个双后殿,顶部有一个stibadium。90平方米的房间完全铺有opus signinum,允许护理从一层薄薄的水中流动,创造了一个自然和建筑结构相结合的人工景观。墙壁上覆盖着彩色马赛克,水元素装饰着整个房间。随后的调查发现,该建筑群属于一个3公顷的建筑,有两个庭院被柱廊包围。这是一个常见的例子,在三世纪晚期,维拉统治着卢西塔尼亚的乡村景观。它提供了八个考古运动工作的详细总结。在更广泛的背景下,位于周边地区的其他别墅将被提及,将Horta da Torre作为卢西塔尼亚乡村景观中私人创业的另一个例子。
{"title":"A villa da Horta da Torre (Fronteira)","authors":"A. Carneiro","doi":"10.14195/1647-8657_61_3","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/1647-8657_61_3","url":null,"abstract":"Escavações em curso desde 2012 em Horta da Torre (Fronteira, Alentejo, Portugal) permitiram identificar uma villa com uma sala de dupla abside coroada por um stibadium. Os 90m2 da sala estavam inteiramente pavimentados com opus signinum, permitindo o cuidado fluir de uma fina camada de água, criando um cenário artificial no qual a natureza e as estruturas construídas se combinavam. As paredes eram cobertas com mosaicos polºicromos, e elementos aquáticos decoravam toda a sala. Investigação posterior utilizando geo-radar identificou que o complexo pertence a um edifício de 3ha, com dois pátios rodeados por peristilos. Este é um protótipo comum nas villar que no final do século III dominavam a paisagem rural da Lusitania. \u0000É apresentado um detalhado resumos dos trabalhos de oito campanhas arqueológicas. Em contexto mais amplo, outras villae situadas na região envolvente serão referidas, colocando a Horta da Torre como mais um exemplo do empreendedorismo privado na paisagem rural da Lusitania.","PeriodicalId":51960,"journal":{"name":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","volume":"31 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2022-12-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"75236822","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A Economia Antiga permanece um campo rico de análise, mas também complexo e difícil quando se procura uma integração dos dados de diversa natureza epistemológica. Por isso, são poucos os casos de tentativa de cruzamento de dados históricos e arqueológicos ou ambientais. Neste artigo, procuramos empreender dois grandes exercícios de confrontação de dados: analisar diacronicamente dados arqueológicos de natureza comercial, nomeadamente aqueles que nos transmitem flutuações temporais e regionais mais fidedignas, como os da terra sigillata; comparar estes dados com outros dados económicos de natureza ambiental e epidemiológica; analisar os preços de frete propostos pelo Édito de Preços de 301 d.C., comparando os reais custos entre as diversas rotas e, assim, procurar descortinar a relação de custos de trabalho aos intermediários e de custos finais dos produtos aos consumidores de cada região.
{"title":"Comércio no mundo romano e tardo-antigo","authors":"J. Quaresma","doi":"10.14195/1647-8657_61_5","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/1647-8657_61_5","url":null,"abstract":"A Economia Antiga permanece um campo rico de análise, mas também complexo e difícil quando se procura uma integração dos dados de diversa natureza epistemológica. Por isso, são poucos os casos de tentativa de cruzamento de dados históricos e arqueológicos ou ambientais. \u0000Neste artigo, procuramos empreender dois grandes exercícios de confrontação de dados: analisar diacronicamente dados arqueológicos de natureza comercial, nomeadamente aqueles que nos transmitem flutuações temporais e regionais mais fidedignas, como os da terra sigillata; comparar estes dados com outros dados económicos de natureza ambiental e epidemiológica; analisar os preços de frete propostos pelo Édito de Preços de 301 d.C., comparando os reais custos entre as diversas rotas e, assim, procurar descortinar a relação de custos de trabalho aos intermediários e de custos finais dos produtos aos consumidores de cada região.","PeriodicalId":51960,"journal":{"name":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","volume":"12 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2022-12-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"85633334","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A. M. Arruda, Carlos Pereira, Elisa Sousa, Artur Mateus, D. Varandas, Margarida Rodrigues
Os trabalhos arqueológicos realizados em Monte Molião (Lagos, Portugal) permitiram identificar contextos domésticos do século II. O estudo dos materiais neles identificados em associação directa, muito especialmente das cerâmicas importadas, possibilitaram uma leitura integrada que teve em consideração as dinâmicas evolutivas da região algarvia em particular, e da província da Lusitânia, em geral, durante a dinastia Antonina. O sítio manteve-se integrado nas redes comerciais activas na área meridional da Península Ibérica, mostrando, contudo, especificidades próprias no que diz respeito ao consumo de produtos manufacturados de importação.
{"title":"Monte Molião durante a dinastia Antonina","authors":"A. M. Arruda, Carlos Pereira, Elisa Sousa, Artur Mateus, D. Varandas, Margarida Rodrigues","doi":"10.14195/1647-8657_61_4","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/1647-8657_61_4","url":null,"abstract":"Os trabalhos arqueológicos realizados em Monte Molião (Lagos, Portugal) permitiram identificar contextos domésticos do século II. O estudo dos materiais neles identificados em associação directa, muito especialmente das cerâmicas importadas, possibilitaram uma leitura integrada que teve em consideração as dinâmicas evolutivas da região algarvia em particular, e da província da Lusitânia, em geral, durante a dinastia Antonina. O sítio manteve-se integrado nas redes comerciais activas na área meridional da Península Ibérica, mostrando, contudo, especificidades próprias no que diz respeito ao consumo de produtos manufacturados de importação.","PeriodicalId":51960,"journal":{"name":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","volume":"23 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2022-12-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"86947338","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A documentação disponível para o estudo da indumentária na Idade do Ferro do Sul do actual território português é escassa, limitando-se na prática aos complementos metálicos de indumentária (fíbulas e fechos de cinturão). Uma parte significativa desses elementos procedem, contudo, de escavações cujo registo não permite leituras detalhadas sobre o seu papel e a identidade dos seus portadores. Ainda assim, a adopção de uma grelha de leitura simultaneamente contextual e comparativa permite extrair importantes informações sobre os factores – sociais, políticos e culturais – que influenciaram a evolução da indumentária, como se ilustra no presente contributo através do caso de estudo paradigmático da necrópole sidérica de Alcácer do Sal, cuja análise permite refletir sobre o presente e o futuro do estudo da indumentária pré-romana no Sudoeste Peninsular.
{"title":"A indumentária na Idade do Ferro do Sul de Portugal","authors":"F. Gomes","doi":"10.14195/1647-8657_61_1","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/1647-8657_61_1","url":null,"abstract":"A documentação disponível para o estudo da indumentária na Idade do Ferro do Sul do actual território português é escassa, limitando-se na prática aos complementos metálicos de indumentária (fíbulas e fechos de cinturão). Uma parte significativa desses elementos procedem, contudo, de escavações cujo registo não permite leituras detalhadas sobre o seu papel e a identidade dos seus portadores. Ainda assim, a adopção de uma grelha de leitura simultaneamente contextual e comparativa permite extrair importantes informações sobre os factores – sociais, políticos e culturais – que influenciaram a evolução da indumentária, como se ilustra no presente contributo através do caso de estudo paradigmático da necrópole sidérica de Alcácer do Sal, cuja análise permite refletir sobre o presente e o futuro do estudo da indumentária pré-romana no Sudoeste Peninsular.","PeriodicalId":51960,"journal":{"name":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","volume":"61 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2022-12-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"83175832","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A cultura material associada à produção e consumo de alimentos, nomeadamente a cerâmica, representa o maior volume dos conjuntos arqueológicos exumados em contextos portugueses de Idade Moderna. Panelas, tachos, frigideiras, pratos, tigelas ou salseiras, produzidos em cerâmica comum ou vidrada, testemunham tanto os distintos processos de preparação dos alimentos ou modos de apresentação destes à mesa, como as tecnologias de produção cerâmica disponíveis à época, as formas, decorações, origens e contextos de utilização dos objectos que a análise arqueológica, isoladamente, não permite entender na sua totalidade. Assim, e para o período moderno, apresenta-se como essencial o cruzamento dos dados arqueológicos com as fontes documentais coevas. Livros de receitas, registos de despesa, cartas, entre outros, permitem inferir um vasto leque de características: a que tipo de formas estariam associados determinados preparados culinários, de que forma eram servidos e acondicionados os alimentos ou qual o valor simbólico que determinadas peças teriam? Tenta-se assim uma aproximação semiótica à utilização da cerâmica em contexto alimentar no que respeita à sua forma, cor e mesmo odor que, no lato universo alimentar, despertaria diversos sentidos além do gosto.
{"title":"Formas e sabores","authors":"Tânia Casimiro, João Pedro Gomes","doi":"10.14195/1647-8657_61_7","DOIUrl":"https://doi.org/10.14195/1647-8657_61_7","url":null,"abstract":"A cultura material associada à produção e consumo de alimentos, nomeadamente a cerâmica, representa o maior volume dos conjuntos arqueológicos exumados em contextos portugueses de Idade Moderna. Panelas, tachos, frigideiras, pratos, tigelas ou salseiras, produzidos em cerâmica comum ou vidrada, testemunham tanto os distintos processos de preparação dos alimentos ou modos de apresentação destes à mesa, como as tecnologias de produção cerâmica disponíveis à época, as formas, decorações, origens e contextos de utilização dos objectos que a análise arqueológica, isoladamente, não permite entender na sua totalidade. Assim, e para o período moderno, apresenta-se como essencial o cruzamento dos dados arqueológicos com as fontes documentais coevas. Livros de receitas, registos de despesa, cartas, entre outros, permitem inferir um vasto leque de características: a que tipo de formas estariam associados determinados preparados culinários, de que forma eram servidos e acondicionados os alimentos ou qual o valor simbólico que determinadas peças teriam? Tenta-se assim uma aproximação semiótica à utilização da cerâmica em contexto alimentar no que respeita à sua forma, cor e mesmo odor que, no lato universo alimentar, despertaria diversos sentidos além do gosto.","PeriodicalId":51960,"journal":{"name":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","volume":"68 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2022-12-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"80898463","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}