Pub Date : 2023-06-28DOI: 10.11606/issn.2178-6224v18i1p59-72
M. Silva
Uma importante categoria filosófica conceitual para a compreensão de uma produção científica é a noção de autoridade cognitiva; autoridades atuam como agentes causais de certas produções científicas. A historiografia costuma dar muita atenção a influências que redundam em casos de sucesso científico. No entanto, há um caso na história da biologia em que o uso de autoridades cognitivas resultou em um fracasso teórico: a derrota de Charles Darwin (1809-1882) para o geólogo suíço Louis Agassiz, (1807-1873) na controvérsia sobre as “estradas paralelas de Glen Roy”, um fenômeno geológico natural que se tornou um problema científico. Darwin, em suas investigações, empregou diversas autoridades cognitivas como por exemplo, William Whewell (1794-1866) e Charles Lyell (1797-1875) e considerou várias hipóteses, mas não a de Agassiz, já disponível na literatura, fazendo uso do “princípio da exclusão”. O objetivo deste artigo é mostrar que Darwin estava justificado em proceder como procedeu, devido exatamente às suas fontes, autoridades impecáveis em ciência.
{"title":"A controvérsia sobre as estradas paralelas de Glen Roy: uma justificação dos procedimentos de Darwin","authors":"M. Silva","doi":"10.11606/issn.2178-6224v18i1p59-72","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v18i1p59-72","url":null,"abstract":"Uma importante categoria filosófica conceitual para a compreensão de uma produção científica é a noção de autoridade cognitiva; autoridades atuam como agentes causais de certas produções científicas. A historiografia costuma dar muita atenção a influências que redundam em casos de sucesso científico. No entanto, há um caso na história da biologia em que o uso de autoridades cognitivas resultou em um fracasso teórico: a derrota de Charles Darwin (1809-1882) para o geólogo suíço Louis Agassiz, (1807-1873) na controvérsia sobre as “estradas paralelas de Glen Roy”, um fenômeno geológico natural que se tornou um problema científico. Darwin, em suas investigações, empregou diversas autoridades cognitivas como por exemplo, William Whewell (1794-1866) e Charles Lyell (1797-1875) e considerou várias hipóteses, mas não a de Agassiz, já disponível na literatura, fazendo uso do “princípio da exclusão”. O objetivo deste artigo é mostrar que Darwin estava justificado em proceder como procedeu, devido exatamente às suas fontes, autoridades impecáveis em ciência.","PeriodicalId":314079,"journal":{"name":"Filosofia e História da Biologia","volume":"12 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"128372564","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-28DOI: 10.11606/issn.2178-6224v18i1p73-95
Valéria Gallo, Bruno Araújo Absolon, F. J. Figueiredo
As coleções paleontológicas representam uma herança natural e cultural, que deve ser salvaguardada em acervos institucionais. Dentre elas, destaca-se a Coleção de Paleovertebrados do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional (DGP-MN), que sofreu uma considerável perda, em decorrência do incêndio sofrido por este museu em 2018. Uma forma de recuperar as informações históricas e científicas desta coleção está em seu registro iconográfico. Nesse contexto, o presente trabalho inventaria e ilustra o acervo, que ficou conhecido no Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional como “Coleção Cope”. Trata-se de uma centena de vertebrados fósseis que foram enviados, sob a forma de empréstimo, ao paleontólogo norte-americano Edward Drinker Cope (1840-1897), no final do século XIX, para identificação e descrição. Grande parte desta coleção foi obtida durante a construção da Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco, inaugurada em 1860. A implementação e consequente ampliação da rede ferroviária no Brasil, no final do século XIX, trouxe não só crescimento econômico, como possibilitou a formação de muitas coleções paleontológicas, uma vez que os cortes abertos nos terrenos para a construção das estradas de ferro revelaram o registro fossilífero, como é o caso da “Coleção Cope”. Se esta não mais existe fisicamente, ao menos a listagem e o registro iconográfico aqui apresentados poderão revalidá-la para a paleontologia brasileira.
{"title":"A “Coleção Cope” e os fósseis na Estrada de Ferro da Bahia - São Francisco","authors":"Valéria Gallo, Bruno Araújo Absolon, F. J. Figueiredo","doi":"10.11606/issn.2178-6224v18i1p73-95","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v18i1p73-95","url":null,"abstract":"As coleções paleontológicas representam uma herança natural e cultural, que deve ser salvaguardada em acervos institucionais. Dentre elas, destaca-se a Coleção de Paleovertebrados do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional (DGP-MN), que sofreu uma considerável perda, em decorrência do incêndio sofrido por este museu em 2018. Uma forma de recuperar as informações históricas e científicas desta coleção está em seu registro iconográfico. Nesse contexto, o presente trabalho inventaria e ilustra o acervo, que ficou conhecido no Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional como “Coleção Cope”. Trata-se de uma centena de vertebrados fósseis que foram enviados, sob a forma de empréstimo, ao paleontólogo norte-americano Edward Drinker Cope (1840-1897), no final do século XIX, para identificação e descrição. Grande parte desta coleção foi obtida durante a construção da Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco, inaugurada em 1860. A implementação e consequente ampliação da rede ferroviária no Brasil, no final do século XIX, trouxe não só crescimento econômico, como possibilitou a formação de muitas coleções paleontológicas, uma vez que os cortes abertos nos terrenos para a construção das estradas de ferro revelaram o registro fossilífero, como é o caso da “Coleção Cope”. Se esta não mais existe fisicamente, ao menos a listagem e o registro iconográfico aqui apresentados poderão revalidá-la para a paleontologia brasileira.","PeriodicalId":314079,"journal":{"name":"Filosofia e História da Biologia","volume":"21 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123889332","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-28DOI: 10.11606/issn.2178-6224v18i1p1-15
J. Alsina Calvés
Los modelos de cambio científico de la nueva filosofía de la ciencia, (paradigmas, programas de investigaciones, tradiciones de investigación) se aplican al estudio de la historia de la biología y, más concretamente, al desarrollo de la teoría de la evolución. Después de estudiar las dos grandes tradiciones de investigación en biología (internalistas o estructuralistas versus externalistas o adaptacionistas) y ver como en su seno se desarrollan programas de investigación concretos (Cuvier versus Geoffroy) se pasa a estudiar el surgimiento del darwinismo, en el seno de la familia adaptacionista, como un programa de investigación borroso y su competencia con otros programas de investigación (ortogénesis, Lamarckismo). A continuación, se estudia el origen de la teoría sintética de la evolución y su conversión en paradigma, y el surgimiento del equilibrio puntuado como programa de investigación alternativo. El principal objetivo del trabajo es mostrar que los modelos de cambio científico propuestos por Laudan, Kuhn y Lakatos no son incompatibles entre sí y que pueden encajarse unos dentro de otros para mejorar la comprensión de las distintas etapas de la historia de la biología
{"title":"La teoría del equilibrio puntuado como programa de investigación alternativo al neodarwinismo","authors":"J. Alsina Calvés","doi":"10.11606/issn.2178-6224v18i1p1-15","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v18i1p1-15","url":null,"abstract":"Los modelos de cambio científico de la nueva filosofía de la ciencia, (paradigmas, programas de investigaciones, tradiciones de investigación) se aplican al estudio de la historia de la biología y, más concretamente, al desarrollo de la teoría de la evolución. Después de estudiar las dos grandes tradiciones de investigación en biología (internalistas o estructuralistas versus externalistas o adaptacionistas) y ver como en su seno se desarrollan programas de investigación concretos (Cuvier versus Geoffroy) se pasa a estudiar el surgimiento del darwinismo, en el seno de la familia adaptacionista, como un programa de investigación borroso y su competencia con otros programas de investigación (ortogénesis, Lamarckismo). A continuación, se estudia el origen de la teoría sintética de la evolución y su conversión en paradigma, y el surgimiento del equilibrio puntuado como programa de investigación alternativo. El principal objetivo del trabajo es mostrar que los modelos de cambio científico propuestos por Laudan, Kuhn y Lakatos no son incompatibles entre sí y que pueden encajarse unos dentro de otros para mejorar la comprensión de las distintas etapas de la historia de la biología","PeriodicalId":314079,"journal":{"name":"Filosofia e História da Biologia","volume":"44 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"131480758","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-28DOI: 10.11606/issn.2178-6224v18i1p37-58
Marcos Ferreira Josephino
Este artigo tem como objetivo resgatar o Brasil de Darwin por meio das obras dos pintores viajantes Augustus Earle (1793-1838) e Conrad Martens (1801-1878). Os locais por onde passou, a beleza da floresta tropical, os horrores do sistema escravista narrados por Darwin em seu diário, estão presentes nas aquarelas desses dois artistas, cujo papel a bordo do Beagle foi o de relatar, através da arte visual, as experiências vividas durante o levantamento geográfico da Terra do fogo e da costa sul da América do Sul, sob o comando do capitão Robert FitzRoy (1805-1865).
{"title":"O Brasil de Darwin nas aquarelas de Augustus Earle e Conrad Martens","authors":"Marcos Ferreira Josephino","doi":"10.11606/issn.2178-6224v18i1p37-58","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v18i1p37-58","url":null,"abstract":"Este artigo tem como objetivo resgatar o Brasil de Darwin por meio das obras dos pintores viajantes Augustus Earle (1793-1838) e Conrad Martens (1801-1878). Os locais por onde passou, a beleza da floresta tropical, os horrores do sistema escravista narrados por Darwin em seu diário, estão presentes nas aquarelas desses dois artistas, cujo papel a bordo do Beagle foi o de relatar, através da arte visual, as experiências vividas durante o levantamento geográfico da Terra do fogo e da costa sul da América do Sul, sob o comando do capitão Robert FitzRoy (1805-1865).","PeriodicalId":314079,"journal":{"name":"Filosofia e História da Biologia","volume":"19 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123019803","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-28DOI: 10.11606/issn.2178-6224v18i1p17-35
J. M. Hidalgo
Em 1646, o médico inglês Thomas Browne (1605-1682) publicou a obra enciclopédica, de inspiração baconiana, Pseudodoxia Epidemica, também conhecida como Vulgar Errors. Browne Nela abordou o que seriam erros disseminados sobre vários temas, incluindo concepções sobre os animais. Ele explicou a origem de cada concepção. Discutiu ideias e observações de outros autores e, em muitos casos, apresentou seus experimentos e observações. Tomou como decisivo o testemunho ocular. Apresentamos uma tradução contextualizada e comentada do Capítulo 1 do Livro III do Pseudodoxia.
{"title":"Uma tradução comentada do Pseudodoxia Epidemica de Thomas Browne: Vulgar and common errors sobre os animais no século XVII","authors":"J. M. Hidalgo","doi":"10.11606/issn.2178-6224v18i1p17-35","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v18i1p17-35","url":null,"abstract":"Em 1646, o médico inglês Thomas Browne (1605-1682) publicou a obra enciclopédica, de inspiração baconiana, Pseudodoxia Epidemica, também conhecida como Vulgar Errors. Browne Nela abordou o que seriam erros disseminados sobre vários temas, incluindo concepções sobre os animais. Ele explicou a origem de cada concepção. Discutiu ideias e observações de outros autores e, em muitos casos, apresentou seus experimentos e observações. Tomou como decisivo o testemunho ocular. Apresentamos uma tradução contextualizada e comentada do Capítulo 1 do Livro III do Pseudodoxia.","PeriodicalId":314079,"journal":{"name":"Filosofia e História da Biologia","volume":"17 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"117162180","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-30DOI: 10.11606/issn.2178-6224v17i2p141-159
Gabriela Cristina Sganzerla Iglesias, F. R. Brando
Aldo Leopold (1887-1948) foi um professor e pesquisador que contribuiu para o campo da ecologia da vida selvagem, destacando-se no ambientalismo norte-americano do século XX. O objetivo deste artigo é discutir sob uma perspectiva filosófica a conservação da biodiversidade adotada por Aldo Leopold a partir de análise de trechos da sua última obra A sand county almanac and sketches here and there (1949). O livro, elaborado em seus anos de experiência na fazenda da família, apresenta uma série de ensaios com uma abordagem ecológica da relação do ser humano com a natureza. As duas primeiras partes contêm ensaios resultantes da leitura da paisagem, adotando a perspectiva de elementos bióticos e abióticos do ambiente, assim como, ponderações resultantes de sua experiência profissional. A terceira parte da obra traz reflexões de caráter filosófico a respeito da estética da conservação e ética da Terra promovendo uma reinterpretação da identidade humana e do relacionamento com a terra.
{"title":"Pensar como uma montanha: a leitura da paisagem por Aldo Leopold (1887-1948)","authors":"Gabriela Cristina Sganzerla Iglesias, F. R. Brando","doi":"10.11606/issn.2178-6224v17i2p141-159","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v17i2p141-159","url":null,"abstract":"Aldo Leopold (1887-1948) foi um professor e pesquisador que contribuiu para o campo da ecologia da vida selvagem, destacando-se no ambientalismo norte-americano do século XX. O objetivo deste artigo é discutir sob uma perspectiva filosófica a conservação da biodiversidade adotada por Aldo Leopold a partir de análise de trechos da sua última obra A sand county almanac and sketches here and there (1949). O livro, elaborado em seus anos de experiência na fazenda da família, apresenta uma série de ensaios com uma abordagem ecológica da relação do ser humano com a natureza. As duas primeiras partes contêm ensaios resultantes da leitura da paisagem, adotando a perspectiva de elementos bióticos e abióticos do ambiente, assim como, ponderações resultantes de sua experiência profissional. A terceira parte da obra traz reflexões de caráter filosófico a respeito da estética da conservação e ética da Terra promovendo uma reinterpretação da identidade humana e do relacionamento com a terra.","PeriodicalId":314079,"journal":{"name":"Filosofia e História da Biologia","volume":"30 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129488629","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-30DOI: 10.11606/issn.2178-6224v17i2p195-218
Miceia de Paula Rodrigues, J. M. Hidalgo
O objetivo deste artigo é contribuir para a interface História da Biologia - Educação Científica. Apresenta uma síntese de aspectos da classificação dos animais proposta por Aristóteles (384-322 a.C.): uma visão geral do tipo de pesquisa que ele realizou, seus critérios, categorias de classificação e interpretações relacionadas a concepções de mundo específicas. Em livros didáticos de Ciências, a classificação dos seres vivos de Aristóteles costuma ser pouco mencionada, de modo que há uma apresentação de cunho memorístico restrita às ideias de Carl Nilsson Linnæus (1707-1778), as quais não parecem ter antecedentes. Considerando esse contexto, oferece uma proposta para a aplicação da História da Biologia na Educação Científica. Sugere uma sequência didática de cunho histórico-filosófico, a qual engloba aspectos da classificação aristotélica, de modo a contribuir para a percepção de que existiram outros pontos de vista influentes sobre a classificação dos animais, com categorias relacionadas às visões de mundo a que estavam associadas. Busca dessa forma proporcionar uma visão mais crítica da construção do conhecimento científico.
{"title":"A classificação dos animais segundo Aristóteles: recorte histórico e inserção didática","authors":"Miceia de Paula Rodrigues, J. M. Hidalgo","doi":"10.11606/issn.2178-6224v17i2p195-218","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v17i2p195-218","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é contribuir para a interface História da Biologia - Educação Científica. Apresenta uma síntese de aspectos da classificação dos animais proposta por Aristóteles (384-322 a.C.): uma visão geral do tipo de pesquisa que ele realizou, seus critérios, categorias de classificação e interpretações relacionadas a concepções de mundo específicas. Em livros didáticos de Ciências, a classificação dos seres vivos de Aristóteles costuma ser pouco mencionada, de modo que há uma apresentação de cunho memorístico restrita às ideias de Carl Nilsson Linnæus (1707-1778), as quais não parecem ter antecedentes. Considerando esse contexto, oferece uma proposta para a aplicação da História da Biologia na Educação Científica. Sugere uma sequência didática de cunho histórico-filosófico, a qual engloba aspectos da classificação aristotélica, de modo a contribuir para a percepção de que existiram outros pontos de vista influentes sobre a classificação dos animais, com categorias relacionadas às visões de mundo a que estavam associadas. Busca dessa forma proporcionar uma visão mais crítica da construção do conhecimento científico.","PeriodicalId":314079,"journal":{"name":"Filosofia e História da Biologia","volume":"72 7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126106229","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-30DOI: 10.11606/issn.2178-6224v17i2p231-263
Welinton Ricardo da Silveira Porto
Este artigo oferece uma concepção da pessoa humana com base nas estruturas e funcionalidades do cérebro e algumas dificuldades advindas de um compromisso ontológico com o materialismo reducionista. Primeiramente, a pessoalidade será tratada sob os aspectos anatômicos, funcionais e cognitivo-comportamentais, procurando identificar alguns elementos para se afirmar a existência de uma pessoa humana. Questões sobre a redução da pessoalidade a entidades ou a processos mais básicos, ou se é possível explicar a pessoalidade por meio do organismo ou mais propriamente pelo seu cérebro, serão discutidas. Na segunda parte, propõe-se uma crítica à concepção reducionista da pessoa ao cérebro. Espera-se encontrar uma resposta favorável aos achados oferecidos pelas neurociências, com a rejeição do reducionismo da pessoa, em razão dos limites filosóficos inerentes às ciências do cérebro.
{"title":"abordagem da pessoa humana na perspectiva do cérebro e seus limites","authors":"Welinton Ricardo da Silveira Porto","doi":"10.11606/issn.2178-6224v17i2p231-263","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v17i2p231-263","url":null,"abstract":"Este artigo oferece uma concepção da pessoa humana com base nas estruturas e funcionalidades do cérebro e algumas dificuldades advindas de um compromisso ontológico com o materialismo reducionista. Primeiramente, a pessoalidade será tratada sob os aspectos anatômicos, funcionais e cognitivo-comportamentais, procurando identificar alguns elementos para se afirmar a existência de uma pessoa humana. Questões sobre a redução da pessoalidade a entidades ou a processos mais básicos, ou se é possível explicar a pessoalidade por meio do organismo ou mais propriamente pelo seu cérebro, serão discutidas. Na segunda parte, propõe-se uma crítica à concepção reducionista da pessoa ao cérebro. Espera-se encontrar uma resposta favorável aos achados oferecidos pelas neurociências, com a rejeição do reducionismo da pessoa, em razão dos limites filosóficos inerentes às ciências do cérebro.","PeriodicalId":314079,"journal":{"name":"Filosofia e História da Biologia","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129226324","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-30DOI: 10.11606/issn.2178-6224v17i2p219-230
Waldir Stefano, Aguiar Azambuja Pereira
Gertrude Crotty Davenport (1866-1946), née Gertrude Anna Crotty, destacou-se por suas contribuições para a zoologia. Além disso, ela participou ativamente do movimento eugenista dos Estados Unidos juntamente com seu marido, Charles Benedict Davenport (1866-1944). O presente trabalho consiste em uma tradução comentada de um artigo que ela publicou em The Independent, em 1912. Neste artigo, Gertrude apresenta sua própria visão sobre a eugenia e discute sobre a situação em que se encontrava o movimento eugenista no início da década de 1910.
{"title":"Gertrude Davenport e a eugenia","authors":"Waldir Stefano, Aguiar Azambuja Pereira","doi":"10.11606/issn.2178-6224v17i2p219-230","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v17i2p219-230","url":null,"abstract":"Gertrude Crotty Davenport (1866-1946), née Gertrude Anna Crotty, destacou-se por suas contribuições para a zoologia. Além disso, ela participou ativamente do movimento eugenista dos Estados Unidos juntamente com seu marido, Charles Benedict Davenport (1866-1944). O presente trabalho consiste em uma tradução comentada de um artigo que ela publicou em The Independent, em 1912. Neste artigo, Gertrude apresenta sua própria visão sobre a eugenia e discute sobre a situação em que se encontrava o movimento eugenista no início da década de 1910. ","PeriodicalId":314079,"journal":{"name":"Filosofia e História da Biologia","volume":"24 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123144107","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-30DOI: 10.11606/issn.2178-6224v17i2p161-180
Gustavo Caponi
No século XIX, o progresso da biologia evolutiva esteve pautado por dois programas de pesquisa: um de desenvolvimento mais amplo e com maior reconhecimento institucional, que foi o programa filogenético; e outro, o programa adaptacionista, cujo desenvolvimento foi mais restrito ou até mesmo marginal. Fritz Müller (1822-1897) contribuiu para ambas as agendas de pesquisa. Sua contribuição pioneira para o programa filogenético, está em seu livro Für Darwin. Instigado pelo próprio Darwin, também obteve resultados de pesquisa que foram marcos para a consolidação do programa adaptacionista, como por exemplo, seus trabalhos sobre mimetismo.
{"title":"Fritz Müller, do programa filogenético ao programa adaptacionista","authors":"Gustavo Caponi","doi":"10.11606/issn.2178-6224v17i2p161-180","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v17i2p161-180","url":null,"abstract":"No século XIX, o progresso da biologia evolutiva esteve pautado por dois programas de pesquisa: um de desenvolvimento mais amplo e com maior reconhecimento institucional, que foi o programa filogenético; e outro, o programa adaptacionista, cujo desenvolvimento foi mais restrito ou até mesmo marginal. Fritz Müller (1822-1897) contribuiu para ambas as agendas de pesquisa. Sua contribuição pioneira para o programa filogenético, está em seu livro Für Darwin. Instigado pelo próprio Darwin, também obteve resultados de pesquisa que foram marcos para a consolidação do programa adaptacionista, como por exemplo, seus trabalhos sobre mimetismo.","PeriodicalId":314079,"journal":{"name":"Filosofia e História da Biologia","volume":"83 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115146625","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}