Pub Date : 2022-11-25DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.202291
Majoí Favero Gongora
O artigo versa sobre reflexões dos Ye’kwana do rio Auaris acerca das experiências oníricas e os seus efeitos na vigília. O sonho é um afastamento temporário do duplo em relação à pessoa (corpo) e, nesse sentido, é expressão dos caminhos e descaminhos do duplo em outros mundos. Meus interlocutores contam que as pessoas comuns não sonham bem, pois ao dormirem seus duplos andam por lugares onde o encontro com entes perigosos é corriqueiro. Diferentemente dos pajés, as pessoas comuns não controlam os percursos de seus duplos durante o sonho. Além de trazer à baila as histórias verdadeiras (wätunnä) sobre a origem da morte, da descontinuidade entre o sonho e a vigília e do sono, o estudo aborda conceitos centrais para o entendimento da configuração da pessoa ye’kwana - duplo (äkaato) e fio do duplo (wadeeku ekaato) - e analisa a onirocrítica nativa, uma reflexão especulativa e prática implicada em futuros possíveis prefigurados nos sonhos.
{"title":"A troca do fio e os descaminhos do duplo: sonho e vigília entre os Ye’kwana do rio Auaris","authors":"Majoí Favero Gongora","doi":"10.11606/1678-9857.ra.2022.202291","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.202291","url":null,"abstract":"O artigo versa sobre reflexões dos Ye’kwana do rio Auaris acerca das experiências oníricas e os seus efeitos na vigília. O sonho é um afastamento temporário do duplo em relação à pessoa (corpo) e, nesse sentido, é expressão dos caminhos e descaminhos do duplo em outros mundos. Meus interlocutores contam que as pessoas comuns não sonham bem, pois ao dormirem seus duplos andam por lugares onde o encontro com entes perigosos é corriqueiro. Diferentemente dos pajés, as pessoas comuns não controlam os percursos de seus duplos durante o sonho. Além de trazer à baila as histórias verdadeiras (wätunnä) sobre a origem da morte, da descontinuidade entre o sonho e a vigília e do sono, o estudo aborda conceitos centrais para o entendimento da configuração da pessoa ye’kwana - duplo (äkaato) e fio do duplo (wadeeku ekaato) - e analisa a onirocrítica nativa, uma reflexão especulativa e prática implicada em futuros possíveis prefigurados nos sonhos.","PeriodicalId":35264,"journal":{"name":"Revista de Antropologia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46957038","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-25DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.197973
C. Chaves
Conceito com inequívoca origem religiosa, mística é uma categoria central nas concepções e práticas políticas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra/ MST, presente em suas múltiplas esferas de ação e distintas atividades. Considerada “a alma do Movimento”, no presente artigo investigo alguns desdobramentos e implicações do uso dessa categoria religiosa como ferramenta organizativa e de ação política. Para tanto, valho-me de fragmentos etnográficos, temporalmente descontínuos, de cerimônias coletivas sem-terra também nomeadas mística. Os fragmentos selecionados subsidiam a apreciação de diferentes facetas do caleidoscópio de significados, práticas e fenômenos sociais acionados pela mística e continuamente recriados por seus rituais. Minha discussão analítica baliza-se numa interpretação histórico-etnográfica mais geral sobre o MST como fenômeno político e sobre o papel que a criação de eventos, entendidos como rituais, nele desempenha.
{"title":"Rituais da Mística. A mística do MST e as aporias da ação coletiva","authors":"C. Chaves","doi":"10.11606/1678-9857.ra.2022.197973","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.197973","url":null,"abstract":"Conceito com inequívoca origem religiosa, mística é uma categoria central nas concepções e práticas políticas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra/ MST, presente em suas múltiplas esferas de ação e distintas atividades. Considerada “a alma do Movimento”, no presente artigo investigo alguns desdobramentos e implicações do uso dessa categoria religiosa como ferramenta organizativa e de ação política. Para tanto, valho-me de fragmentos etnográficos, temporalmente descontínuos, de cerimônias coletivas sem-terra também nomeadas mística. Os fragmentos selecionados subsidiam a apreciação de diferentes facetas do caleidoscópio de significados, práticas e fenômenos sociais acionados pela mística e continuamente recriados por seus rituais. Minha discussão analítica baliza-se numa interpretação histórico-etnográfica mais geral sobre o MST como fenômeno político e sobre o papel que a criação de eventos, entendidos como rituais, nele desempenha.","PeriodicalId":35264,"journal":{"name":"Revista de Antropologia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49562595","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-25DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.201332
J. A. Luciani
This paper is devoted to the means at amerindians’ disposal to augment personal efficacy, that is, props used to increase influence on others. My argument, in a nutshell, is that dreams, magic plants (and other substances classed together with them), and metaphorical discourse are such means of aiding one’s influence on others - or avoiding being the target of others’ influence. The second point is that such props, aids, or intensifying devices must involve the interaction of what are normally translated as ”souls“, ”vital images“, or “doubles“ - the immaterial aspects of the person - if they are to be effective.
{"title":"Plants, dreams and metaphors: reflections on Amerindian means of influence","authors":"J. A. Luciani","doi":"10.11606/1678-9857.ra.2022.201332","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.201332","url":null,"abstract":"This paper is devoted to the means at amerindians’ disposal to augment personal efficacy, that is, props used to increase influence on others. My argument, in a nutshell, is that dreams, magic plants (and other substances classed together with them), and metaphorical discourse are such means of aiding one’s influence on others - or avoiding being the target of others’ influence. The second point is that such props, aids, or intensifying devices must involve the interaction of what are normally translated as ”souls“, ”vital images“, or “doubles“ - the immaterial aspects of the person - if they are to be effective.","PeriodicalId":35264,"journal":{"name":"Revista de Antropologia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45826830","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-25DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.202295
L. Bertolossi
{"title":"Os efeitos da tradução: presença ritual, imagens e materialidades ameríndias","authors":"L. Bertolossi","doi":"10.11606/1678-9857.ra.2022.202295","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.202295","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":35264,"journal":{"name":"Revista de Antropologia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46148879","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-25DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.202292
Igor Thiago Silva de Sousa, Denise Ferreira da Costa Cruz
{"title":"O Brasil diante do afropessimismo de Frank Wilderson III","authors":"Igor Thiago Silva de Sousa, Denise Ferreira da Costa Cruz","doi":"10.11606/1678-9857.ra.2022.202292","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.202292","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":35264,"journal":{"name":"Revista de Antropologia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43911877","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-25DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.197981
Mercedes Calzado, Victoria Irisarri
Este artículo revisa los cruces entre antropología y comunicación a partir de la perspectiva que acercó a ambas disciplinas: los estudios culturales, interesados por los medios de comunicación masivos, por la vida cotidiana de las personas y su vínculo con los medios, y también por la etnografía como abordaje teórico-metodológico. Este trabajo se estructura en tres momentos. Primero, se enfoca en cómo ingresa la antropología a los estudios de comunicación, luego revisa cómo la comunicación se repliega sobre la antropología desde la preocupación por la noción de cultura y la incorporación de la etnografía como método. Por último, en las conclusiones analiza las conexiones y desconexiones de las perspectivas de cara a los nuevos desafíos de la investigación de medios y da cuenta de las disputas generadas en torno del uso de la etnográfica como herramienta de investigación.
{"title":"Antropología de los medios: entre los estudios de comunicación y los culturales. Pliegues, tensiones y desafíos","authors":"Mercedes Calzado, Victoria Irisarri","doi":"10.11606/1678-9857.ra.2022.197981","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.197981","url":null,"abstract":"Este artículo revisa los cruces entre antropología y comunicación a partir de la perspectiva que acercó a ambas disciplinas: los estudios culturales, interesados por los medios de comunicación masivos, por la vida cotidiana de las personas y su vínculo con los medios, y también por la etnografía como abordaje teórico-metodológico. Este trabajo se estructura en tres momentos. Primero, se enfoca en cómo ingresa la antropología a los estudios de comunicación, luego revisa cómo la comunicación se repliega sobre la antropología desde la preocupación por la noción de cultura y la incorporación de la etnografía como método. Por último, en las conclusiones analiza las conexiones y desconexiones de las perspectivas de cara a los nuevos desafíos de la investigación de medios y da cuenta de las disputas generadas en torno del uso de la etnográfica como herramienta de investigación. ","PeriodicalId":35264,"journal":{"name":"Revista de Antropologia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43877899","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-25DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.203063
H. Almeida, P. Cesarino
O número 65(3)-2022 da Revista de Antropologia reúne um conjunto importante de artigos dedicados ao rendimento dos sonhos para povos ameríndios, que integram o dossiê “Novas perspectivas sobre os sonhos ameríndios: uma apresentação”, organizado por Karen Shiratori, Majoí Fávero Gongora, Renato Sztutman e Roberto Romero Ribeiro Júnior (2022). Os artigos pretendem reavaliar o papel que os sonhos exercem na antropologia, tendo em vista o seu caráter secundário e frequentemente relegado à esfera da individualidade e da psicologia. Com foco nos povos indígenas das terras baixas da América do Sul, os artigos partem de etnografias detalhadas que evidenciam a relação entre sonhos e cosmopolíticas ameríndias, tendo em vista o fato de que, entre povos indígenas, a dimensão onírica não se compreende bem a partir da invenção ocidental da psique e se projeta, antes, para a exterioridade.
{"title":"Os sonhos da antropologia","authors":"H. Almeida, P. Cesarino","doi":"10.11606/1678-9857.ra.2022.203063","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.203063","url":null,"abstract":"O número 65(3)-2022 da Revista de Antropologia reúne um conjunto importante de artigos dedicados ao rendimento dos sonhos para povos ameríndios, que integram o dossiê “Novas perspectivas sobre os sonhos ameríndios: uma apresentação”, organizado por Karen Shiratori, Majoí Fávero Gongora, Renato Sztutman e Roberto Romero Ribeiro Júnior (2022). Os artigos pretendem reavaliar o papel que os sonhos exercem na antropologia, tendo em vista o seu caráter secundário e frequentemente relegado à esfera da individualidade e da psicologia. Com foco nos povos indígenas das terras baixas da América do Sul, os artigos partem de etnografias detalhadas que evidenciam a relação entre sonhos e cosmopolíticas ameríndias, tendo em vista o fato de que, entre povos indígenas, a dimensão onírica não se compreende bem a partir da invenção ocidental da psique e se projeta, antes, para a exterioridade.","PeriodicalId":35264,"journal":{"name":"Revista de Antropologia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46737540","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-21DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.202283
Edson Tosta Matarezio Filho
Esta conversa com Djuena Tikuna aconteceu poucos dias antes do Indígenas.BR – Festival de Músicas Indígenas, organizado pela etnomusicóloga Magda Pucci. Djuena e eu participaríamos de um bate-papo sobre música ticuna tradicional e contemporânea no dia 7 de setembro de 2021.[1]. A data é bastante significativa, dia da Independência do Brasil, e naquele momento também bastante turbulenta em virtude de acontecimentos políticos importantes para o movimento indígena. Manifestações, tanto da direita quanto da esquerda, estavam marcadas para acontecerem em todo o Brasil. Naquele mês, cerca de seis mil pessoas, de 170 povos indígenas de todo o país, acamparam na Esplanada dos Ministérios à espera de um julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, da chamada tese do “marco temporal”. De acordo com esta tese, os indígenas que não estavam em suas terras em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição, não teriam mais direito sobre elas. A organização do movimento indígena para se opor ao “marco temporal” foi exemplar, adiando a votação e dando visibilidade ao absurdo da tese. [1] A gravação do evento pode ser assistida no YouTube, neste link https://youtu.be/bxdHyAn_378
{"title":"“Não dá mais só para cantar”. Entrevista com Djuena Tikuna","authors":"Edson Tosta Matarezio Filho","doi":"10.11606/1678-9857.ra.2022.202283","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.202283","url":null,"abstract":"Esta conversa com Djuena Tikuna aconteceu poucos dias antes do Indígenas.BR – Festival de Músicas Indígenas, organizado pela etnomusicóloga Magda Pucci. Djuena e eu participaríamos de um bate-papo sobre música ticuna tradicional e contemporânea no dia 7 de setembro de 2021.[1]. A data é bastante significativa, dia da Independência do Brasil, e naquele momento também bastante turbulenta em virtude de acontecimentos políticos importantes para o movimento indígena. Manifestações, tanto da direita quanto da esquerda, estavam marcadas para acontecerem em todo o Brasil. Naquele mês, cerca de seis mil pessoas, de 170 povos indígenas de todo o país, acamparam na Esplanada dos Ministérios à espera de um julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, da chamada tese do “marco temporal”. De acordo com esta tese, os indígenas que não estavam em suas terras em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição, não teriam mais direito sobre elas. A organização do movimento indígena para se opor ao “marco temporal” foi exemplar, adiando a votação e dando visibilidade ao absurdo da tese. \u0000 \u0000[1] A gravação do evento pode ser assistida no YouTube, neste link https://youtu.be/bxdHyAn_378","PeriodicalId":35264,"journal":{"name":"Revista de Antropologia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46892485","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-11DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.197958
K. Gadelha
Este artigo pretende abordar as questões interseccionais no campo das artes e das ciências sociais em torno das categorias raça e gênero, articuladas pelo significante da negridade. Tendo como caso de análise o vídeo da música Apeshit, lançado em 2018, este artigo foca nos regimes de dizibilidade e visibilidade que se manifestam nas estéticas musicais. Nesta discussão, a performance preta opera uma quebra com regimes de (in)visibilidade na sequencialidade instaurada por uma certa narrativa da história da arte. Sonoridade, visualidade e corporalidade traçam um emaranhado sensível em uma performance, na qual se vislumbra problematicamente a reintegração de corpos subalternizados aos espaços que lhe foram negados como espaços da sua excelência. A dimensão performativa do clipe Apeshit permite trabalhar com estratégias de imaginação/criação de mundos que jogam com as ambivalências e os códigos da cultura hegemônica no sentido de traçar rotas e quebras performativas desde uma apropriação e decodificação da dimensão normativa e paródica desses códigos.
{"title":"O som da negridade em Apeshit","authors":"K. Gadelha","doi":"10.11606/1678-9857.ra.2022.197958","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.197958","url":null,"abstract":"Este artigo pretende abordar as questões interseccionais no campo das artes e das ciências sociais em torno das categorias raça e gênero, articuladas pelo significante da negridade. Tendo como caso de análise o vídeo da música Apeshit, lançado em 2018, este artigo foca nos regimes de dizibilidade e visibilidade que se manifestam nas estéticas musicais. Nesta discussão, a performance preta opera uma quebra com regimes de (in)visibilidade na sequencialidade instaurada por uma certa narrativa da história da arte. Sonoridade, visualidade e corporalidade traçam um emaranhado sensível em uma performance, na qual se vislumbra problematicamente a reintegração de corpos subalternizados aos espaços que lhe foram negados como espaços da sua excelência. A dimensão performativa do clipe Apeshit permite trabalhar com estratégias de imaginação/criação de mundos que jogam com as ambivalências e os códigos da cultura hegemônica no sentido de traçar rotas e quebras performativas desde uma apropriação e decodificação da dimensão normativa e paródica desses códigos.","PeriodicalId":35264,"journal":{"name":"Revista de Antropologia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44499392","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-11DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.201257
Vitor Grunvald
Este artigo se insere em um conjunto de elucubrações sobre arte e política que venho realizando ao longo da última década. Diversamente de outras publicações, meu foco aqui é a relação entre música e política ou, antes, o musicar terrorista de uma artista específica, Linn da Quebrada. Interessa-me como esse musicar afeta a construção de uma localidade e é construído mutuamente por ela, criando coalizões que servem de semente para comunidades imaginadas dissidentes que são também comunidades de prática. Posteriormente, utilizo tanto desidentificação, tal como conceituada por José Estebán Muñoz, quanto a noção de reXistência (nossa, política, cotidiana) para refletir sobre algumas motivações inerentes a esse musicar, atentando de que maneira a aproximação entre música e política faz qualquer sentido formalista de estilo musical hesitar. Por fim, em minhas alucinações finais, aciono questões relacionadas à colonialidade do pensamento e dos corpos para pensar que musicar e localidade confluem na criação de esferas públicas éticas e estéticas na qual a lógica dominante do CIStema colonial e necropolítico não é régua comum.
这篇文章是我在过去十年里对艺术和政治进行的一系列阐述的一部分。与其他出版物不同,我在这里关注的是音乐与政治之间的关系,或者更确切地说是一位特定艺术家Linn da Quebrada的恐怖音乐。我感兴趣的是,这种音乐如何影响一个地方的建设,并由它相互建立,建立联盟,为想象中的持不同政见者社区——也是实践社区——提供种子。后来,我使用JoséEstebán Muñoz概念化的去认同和reXistência(我们的、政治的、日常的)的概念来反思这首音乐固有的一些动机,关注音乐和政治之间的近似如何使任何形式主义的音乐风格感犹豫不决。最后,在我最后的幻觉中,我提出了与思想和身体的殖民性有关的问题,认为音乐和地方在创造伦理和美学公共领域中融合在一起,在这些领域中,殖民主义和坏死政治的CIStema的主导逻辑不是一条共同的规则。
{"title":"Terrorismos e pontes do musicar local: Linn da Quebrada e seu artivismo de reXistência e desidentificação","authors":"Vitor Grunvald","doi":"10.11606/1678-9857.ra.2022.201257","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.201257","url":null,"abstract":"Este artigo se insere em um conjunto de elucubrações sobre arte e política que venho realizando ao longo da última década. Diversamente de outras publicações, meu foco aqui é a relação entre música e política ou, antes, o musicar terrorista de uma artista específica, Linn da Quebrada. Interessa-me como esse musicar afeta a construção de uma localidade e é construído mutuamente por ela, criando coalizões que servem de semente para comunidades imaginadas dissidentes que são também comunidades de prática. Posteriormente, utilizo tanto desidentificação, tal como conceituada por José Estebán Muñoz, quanto a noção de reXistência (nossa, política, cotidiana) para refletir sobre algumas motivações inerentes a esse musicar, atentando de que maneira a aproximação entre música e política faz qualquer sentido formalista de estilo musical hesitar. Por fim, em minhas alucinações finais, aciono questões relacionadas à colonialidade do pensamento e dos corpos para pensar que musicar e localidade confluem na criação de esferas públicas éticas e estéticas na qual a lógica dominante do CIStema colonial e necropolítico não é régua comum.","PeriodicalId":35264,"journal":{"name":"Revista de Antropologia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45637601","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}