Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.1590/1807-0310/2023v35e277129
Emanuelle Figueiredo, Luciana Kind
Resumo Neste estudo tivemos como objetivo investigar experiências racializadas com docentes e/ou pesquisadoras/es que atuam ou atuaram com Psicologia Social. O enfoque metodológico foi colaborativo com o apoio de elementos da pesquisa narrativa, o que implica um tipo de relação de pesquisa em que as pessoas entrevistadas e a pesquisadora se tornam cocontadoras de histórias em busca de compreender como construíram a experiência racial. Foram realizadas 15 entrevistas narrativas sem restrições de gênero, raça/etnia, idade, com o objetivo de alcançar maior diversidade de histórias. A análise dialógico-performativa foi utilizada como ferramenta para interpretação do material empírico das entrevistas. As experiências narradas são racializadas, entretanto, existem nuances, que se relacionam à singularidade da vida das/os participantes. As narrativas expuseram que aspectos como território, classe, gênero, idade refletem na experiência com a raça. A mestiçagem ainda é um território em construção, ambíguo, mas com potencial de expansão para além da binaridade negro/branco.
{"title":"“HOJE EU SEI”: EXPERIÊNCIAS RACIALIZADAS COM DOCENTES E PESQUISADORES DA PSICOLOGIA SOCIAL","authors":"Emanuelle Figueiredo, Luciana Kind","doi":"10.1590/1807-0310/2023v35e277129","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1807-0310/2023v35e277129","url":null,"abstract":"Resumo Neste estudo tivemos como objetivo investigar experiências racializadas com docentes e/ou pesquisadoras/es que atuam ou atuaram com Psicologia Social. O enfoque metodológico foi colaborativo com o apoio de elementos da pesquisa narrativa, o que implica um tipo de relação de pesquisa em que as pessoas entrevistadas e a pesquisadora se tornam cocontadoras de histórias em busca de compreender como construíram a experiência racial. Foram realizadas 15 entrevistas narrativas sem restrições de gênero, raça/etnia, idade, com o objetivo de alcançar maior diversidade de histórias. A análise dialógico-performativa foi utilizada como ferramenta para interpretação do material empírico das entrevistas. As experiências narradas são racializadas, entretanto, existem nuances, que se relacionam à singularidade da vida das/os participantes. As narrativas expuseram que aspectos como território, classe, gênero, idade refletem na experiência com a raça. A mestiçagem ainda é um território em construção, ambíguo, mas com potencial de expansão para além da binaridade negro/branco.","PeriodicalId":35367,"journal":{"name":"Psicologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135260837","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.1590/1807-0310/2023v35e277075
Leomir Cardoso Hilário, Sophia Helena Rito Lima
Resumo O presente trabalho busca analisar os efeitos do denominado “pacto narcísico” da branquitude sobre a psique dos indivíduos de cor. Esse acordo, em suma, é caracterizado por um contrato não verbal entre corpos brancos para manutenção de seus privilégios. O objetivo deste estudo é investigar as reverberações desse pacto em corpos negros, principalmente no que se refere a suas emoções e afetos, a partir de dados bibliográficos e de experiências clínicas. Constituir-se como negro em um universo que preza pelo ideal da brancura significa experimentar um “não lugar”, que resulta em danos psíquicos à comunidade negra. Desse modo, apostamos na decolonização da psicologia como ferramenta para criar novas formas de ser e de estar no mundo.
{"title":"BRANCO NO PRETO: REVERBERAÇÕES DA BRANQUITUDE NA PSIQUE NEGRA","authors":"Leomir Cardoso Hilário, Sophia Helena Rito Lima","doi":"10.1590/1807-0310/2023v35e277075","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1807-0310/2023v35e277075","url":null,"abstract":"Resumo O presente trabalho busca analisar os efeitos do denominado “pacto narcísico” da branquitude sobre a psique dos indivíduos de cor. Esse acordo, em suma, é caracterizado por um contrato não verbal entre corpos brancos para manutenção de seus privilégios. O objetivo deste estudo é investigar as reverberações desse pacto em corpos negros, principalmente no que se refere a suas emoções e afetos, a partir de dados bibliográficos e de experiências clínicas. Constituir-se como negro em um universo que preza pelo ideal da brancura significa experimentar um “não lugar”, que resulta em danos psíquicos à comunidade negra. Desse modo, apostamos na decolonização da psicologia como ferramenta para criar novas formas de ser e de estar no mundo.","PeriodicalId":35367,"journal":{"name":"Psicologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135261679","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.1590/1807-0310/2023v35e277040
Tatiane Oliveira, Fernanda Spanier Amador
Resumo Este artigo trata do tema da colonialidade e das Clínicas do Trabalho a partir de uma pesquisa realizada junto a professoras da rede pública de educação básica. Aborda-se a questão desde uma perspectiva da Clínica da Atividade, indicando a proposição de um conceito-ferramenta que chamamos de Estilizações Marginais, o qual indica um processo experimentado por pessoas negras em seu ofício em virtude da operação de estratégias da branquitude. Defende-se, neste estudo, a aposta em uma Clínica Antirracista do Trabalho.
{"title":"ESTILIZAÇÕES MARGINAIS: CONSIDERAÇÕES SOBRE COLONIALIDADE E PROBLEMAS CLÍNICOS DO TRABALHO NA DOCÊNCIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA","authors":"Tatiane Oliveira, Fernanda Spanier Amador","doi":"10.1590/1807-0310/2023v35e277040","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1807-0310/2023v35e277040","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo trata do tema da colonialidade e das Clínicas do Trabalho a partir de uma pesquisa realizada junto a professoras da rede pública de educação básica. Aborda-se a questão desde uma perspectiva da Clínica da Atividade, indicando a proposição de um conceito-ferramenta que chamamos de Estilizações Marginais, o qual indica um processo experimentado por pessoas negras em seu ofício em virtude da operação de estratégias da branquitude. Defende-se, neste estudo, a aposta em uma Clínica Antirracista do Trabalho.","PeriodicalId":35367,"journal":{"name":"Psicologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135261978","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.1590/1807-0310/2023v35e276440
Ana Carolina Barros Silva, Sueli Carneiro
Resumo Neste texto pretendemos refletir, por meio do entrelaçamento entre o conceito de dispositivo de racialidade (Carneiro, 2023) - como elemento estruturante do campo social - e a constituição do sujeito - tal como formulada na teoria lacaniana - sobre a formação da subjetividade brasileira e, mais especificamente, a produção de adoecimento e sofrimento psíquico da população negra. Ao lado disso, intentaremos apontar o conceito de ética radical da escuta (Silva, 2019) e o conceito de cuidado de si (na perspectiva de Carneiro, 2023, a partir de Foucault, 2002) como ferramentas e estratégias de enfrentamento às dores subjetivas produzidas pelo racismo e pela desigualdade socioeconômica. Por essa via, pretendemos sublinhar a importância de se pensar a política pública de saúde mental levando em consideração a centralidade da questão racial, de gênero, de classe e de território na organização social do Brasil e na produção de subjetividade, de sofrimentos, mas também de alternativas e soluções.
{"title":"DISPOSITIVO DE RACIALIDADE E SAÚDE MENTAL DA POPULAÇÃO NEGRA: ALGUMAS REFLEXÕES POLÍTICAS E PSICANALÍTICAS","authors":"Ana Carolina Barros Silva, Sueli Carneiro","doi":"10.1590/1807-0310/2023v35e276440","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1807-0310/2023v35e276440","url":null,"abstract":"Resumo Neste texto pretendemos refletir, por meio do entrelaçamento entre o conceito de dispositivo de racialidade (Carneiro, 2023) - como elemento estruturante do campo social - e a constituição do sujeito - tal como formulada na teoria lacaniana - sobre a formação da subjetividade brasileira e, mais especificamente, a produção de adoecimento e sofrimento psíquico da população negra. Ao lado disso, intentaremos apontar o conceito de ética radical da escuta (Silva, 2019) e o conceito de cuidado de si (na perspectiva de Carneiro, 2023, a partir de Foucault, 2002) como ferramentas e estratégias de enfrentamento às dores subjetivas produzidas pelo racismo e pela desigualdade socioeconômica. Por essa via, pretendemos sublinhar a importância de se pensar a política pública de saúde mental levando em consideração a centralidade da questão racial, de gênero, de classe e de território na organização social do Brasil e na produção de subjetividade, de sofrimentos, mas também de alternativas e soluções.","PeriodicalId":35367,"journal":{"name":"Psicologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135262190","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.1590/1807-0310/2023v35e277101
Geni Daniela Núñez Longhini
Resumo O artigo analisa as especificidades do racismo anti-indígena e sua relação com os marcos temporais da colonização. Em uma abordagem qualitativa e bibliográfica, elenca eixos do apagamento das identidades indígenas (etnogenocídio). São eles, a exigência de habitação em terra demarcada; a língua indígena; a aparência estereotipada e as noções de “descendente” e “pardo”. Foram lidos 37 Trabalhos de Conclusão do Curso de Licenciatura Indígena da Mata Atlântica, da Universidade Federal de Santa Catarina, de autoria de acadêmicos guarani. Os argumentos centrais destes trabalhos foram enfatizados, sobretudo os relativos à identidade indígena guarani e à branquitude. Através da Plataforma Scielo, foi realizada análise dos artigos sobre branquitude, publicados entre 2018 e 2022. Nela foi constatado um apagamento das questões indígenas. Nos trabalhos guarani foram apontadas as especificidades do racismo anti-indígena, congregadas na categoria etnogenocídio. A pesquisa conclui apontando a importância das cosmogonias indígenas e suas temporalidades como meios de reflorestar o imaginário.
{"title":"PERSPECTIVAS INDÍGENAS ANTIRRACISTAS SOBRE O ETNOGENOCÍDIO: CONTRIBUIÇÕES PARA O REFLORESTAMENTO DO IMAGINÁRIO","authors":"Geni Daniela Núñez Longhini","doi":"10.1590/1807-0310/2023v35e277101","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1807-0310/2023v35e277101","url":null,"abstract":"Resumo O artigo analisa as especificidades do racismo anti-indígena e sua relação com os marcos temporais da colonização. Em uma abordagem qualitativa e bibliográfica, elenca eixos do apagamento das identidades indígenas (etnogenocídio). São eles, a exigência de habitação em terra demarcada; a língua indígena; a aparência estereotipada e as noções de “descendente” e “pardo”. Foram lidos 37 Trabalhos de Conclusão do Curso de Licenciatura Indígena da Mata Atlântica, da Universidade Federal de Santa Catarina, de autoria de acadêmicos guarani. Os argumentos centrais destes trabalhos foram enfatizados, sobretudo os relativos à identidade indígena guarani e à branquitude. Através da Plataforma Scielo, foi realizada análise dos artigos sobre branquitude, publicados entre 2018 e 2022. Nela foi constatado um apagamento das questões indígenas. Nos trabalhos guarani foram apontadas as especificidades do racismo anti-indígena, congregadas na categoria etnogenocídio. A pesquisa conclui apontando a importância das cosmogonias indígenas e suas temporalidades como meios de reflorestar o imaginário.","PeriodicalId":35367,"journal":{"name":"Psicologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135260835","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.1590/1807-0310/2023v35e277091
Emilia Franzosi, Kátia Maheirie
Resumo Este artigo objetiva problematizar a ausência majoritária de homens negros nos Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). Analisamos um discurso acerca dos usuários do serviço, proveniente de entrevistas realizadas para uma pesquisa mais ampla produzida com trabalhadoras/es do serviço em uma cidade do sul do país. O olhar aqui se pautou na análise do discurso de Laclau e Mouffe (2015), localizando articulações discursivas que inscrevem identidades sociais e produzem a relação sensível do sujeito com o mundo, disputando espaço no campo conflitivo do social. Como resultados da pesquisa, percebemos o racismo como produtor de uma fronteira sensível na relação da equipe com homens da comunidade, de forma que estes corpos são assumidos como perigosos e ameaçadores, afastando-os da leitura que os assume como sujeitos em vulnerabilidade social e como corpo ao qual a política pública de assistência social se destina.
{"title":"RACISMO DE ESTADO COMO FRONTEIRA DE ACESSO À COMUNIDADE","authors":"Emilia Franzosi, Kátia Maheirie","doi":"10.1590/1807-0310/2023v35e277091","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1807-0310/2023v35e277091","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo objetiva problematizar a ausência majoritária de homens negros nos Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). Analisamos um discurso acerca dos usuários do serviço, proveniente de entrevistas realizadas para uma pesquisa mais ampla produzida com trabalhadoras/es do serviço em uma cidade do sul do país. O olhar aqui se pautou na análise do discurso de Laclau e Mouffe (2015), localizando articulações discursivas que inscrevem identidades sociais e produzem a relação sensível do sujeito com o mundo, disputando espaço no campo conflitivo do social. Como resultados da pesquisa, percebemos o racismo como produtor de uma fronteira sensível na relação da equipe com homens da comunidade, de forma que estes corpos são assumidos como perigosos e ameaçadores, afastando-os da leitura que os assume como sujeitos em vulnerabilidade social e como corpo ao qual a política pública de assistência social se destina.","PeriodicalId":35367,"journal":{"name":"Psicologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135313272","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.1590/1807-0310/2023v35e277038
Tatiana de Souza Santos Neves, Geovana Dara Pereira de Oliveira, Stefanie de Almeida Macêdo, Aluísio Ferreira de Lima
Resumo O trabalho tem como objetivo discutir a importância da inclusão de autoras negras em produções da Psicologia Social e da Teoria Crítica, enquanto um estudo de produção de memória e ciência. Colocamos em cena Carolina Maria de Jesus e as poetas do slam narrando um Brasil a partir das margens, de resistência contra o epistemicídio e oposição a ideias pré-concebidas sobre a nossa história. Para a construção da narrativa, em diálogo com os diários de Carolina e com as poesias das mulheres do slam, estão autores da Teoria Crítica, da Psicologia Social e do Feminismo Negro. Fazemos uso da interseccionalidade como uma lente de análise das experiências narradas pelas autoras, compreendendo o entrecruzamento entre raça, classe, gênero e outras opressões como aspectos que constituem não apenas as singularidades que se mostram em suas histórias de vida, mas também os elementos que as fazem orbitar enquanto uma identidade coletiva brasileira.
{"title":"VOZES CAROLINAS: UM OLHAR INTERSECCIONAL SOBRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS DE MULHERES NEGRAS","authors":"Tatiana de Souza Santos Neves, Geovana Dara Pereira de Oliveira, Stefanie de Almeida Macêdo, Aluísio Ferreira de Lima","doi":"10.1590/1807-0310/2023v35e277038","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1807-0310/2023v35e277038","url":null,"abstract":"Resumo O trabalho tem como objetivo discutir a importância da inclusão de autoras negras em produções da Psicologia Social e da Teoria Crítica, enquanto um estudo de produção de memória e ciência. Colocamos em cena Carolina Maria de Jesus e as poetas do slam narrando um Brasil a partir das margens, de resistência contra o epistemicídio e oposição a ideias pré-concebidas sobre a nossa história. Para a construção da narrativa, em diálogo com os diários de Carolina e com as poesias das mulheres do slam, estão autores da Teoria Crítica, da Psicologia Social e do Feminismo Negro. Fazemos uso da interseccionalidade como uma lente de análise das experiências narradas pelas autoras, compreendendo o entrecruzamento entre raça, classe, gênero e outras opressões como aspectos que constituem não apenas as singularidades que se mostram em suas histórias de vida, mas também os elementos que as fazem orbitar enquanto uma identidade coletiva brasileira.","PeriodicalId":35367,"journal":{"name":"Psicologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135260822","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.1590/1807-0310/2023v35e277144
Johnny Clayton Fonseca da Silva, Pedro Paulo Gastalho de Bicalho
Resumo O estudo tem como objetivo explorar as persistências e reinvenções de um saber-poder que, através do racismo criminológico, vem operando pela estatização da morte da juventude negra e favelada. Neste sentido, o artigo analisa como o “medo branco” tem sido um histórico operador político que busca legitimar o controle racial no Brasil desde a abolição formal da escravatura, através de políticas criminais e urbanas. Com o objetivo de destacar a persistência do racismo criminológico, busca-se intercalar discussões sobre a necropolítica nas atuais racionalidades da segurança pública e o colonialismo presente nas chacinas policiais em territórios favelados e periféricos. Discute-se, assim, a necessidade de uma criminologia antirracista com a convocação da Psicologia Social a assumir seu irrecusável compromisso ético-político do antirracismo.
{"title":"POR UMA CRIMINOLOGIA ANTIRRACISTA: CHACINAS POLICIAIS COMO PERSISTÊNCIA E REINVENÇÕES DO CONTROLE RACIAL BRASILEIRO","authors":"Johnny Clayton Fonseca da Silva, Pedro Paulo Gastalho de Bicalho","doi":"10.1590/1807-0310/2023v35e277144","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1807-0310/2023v35e277144","url":null,"abstract":"Resumo O estudo tem como objetivo explorar as persistências e reinvenções de um saber-poder que, através do racismo criminológico, vem operando pela estatização da morte da juventude negra e favelada. Neste sentido, o artigo analisa como o “medo branco” tem sido um histórico operador político que busca legitimar o controle racial no Brasil desde a abolição formal da escravatura, através de políticas criminais e urbanas. Com o objetivo de destacar a persistência do racismo criminológico, busca-se intercalar discussões sobre a necropolítica nas atuais racionalidades da segurança pública e o colonialismo presente nas chacinas policiais em territórios favelados e periféricos. Discute-se, assim, a necessidade de uma criminologia antirracista com a convocação da Psicologia Social a assumir seu irrecusável compromisso ético-político do antirracismo.","PeriodicalId":35367,"journal":{"name":"Psicologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135261037","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.1590/1807-0310/2023v35e278161
Matilde Ribeiro
Resumo Neste artigo, busca-se descortinar o processo de implementação das Ações Afirmativas e de Antirracismo como estratégias de inclusão educacional. A tratativa da intersecção raça-gênero-classe social é propícia para os descortinamentos do racismo, do machismo, da LGBTfobia e das desigualdades, e também para indicar formas de superá-los. Nesse exercício, ao observar as pessoas, os coletivos, as instituições e a sociedade em movimento, é importante reconhecer os diálogos e as negociações entre o ativismo negro e as instituições estatais. Porém, a vivência não ocorre apenas a partir de entendimentos, pois é também um campo de conflito e tensionamento. O artigo divide-se em cinco tópicos: Desigualdade, racismo e o grito por justiça; Lutas cotidianas, um caminho para as conquistas históricas; Ações afirmativas e Políticas de Promoção da Igualdade Racial; Com oportunidades, mesmo frente a dificuldades, as mudanças acontecem; Descortinar o vivido, como um exercício para modificar a vida.
{"title":"DESCORTINANDO E AMPLIANDO HORIZONTES: AÇÕES AFIRMATIVAS E ANTIRRACISMO COMO ESTRATÉGIAS DE INCLUSÃO EDUCACIONAL","authors":"Matilde Ribeiro","doi":"10.1590/1807-0310/2023v35e278161","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1807-0310/2023v35e278161","url":null,"abstract":"Resumo Neste artigo, busca-se descortinar o processo de implementação das Ações Afirmativas e de Antirracismo como estratégias de inclusão educacional. A tratativa da intersecção raça-gênero-classe social é propícia para os descortinamentos do racismo, do machismo, da LGBTfobia e das desigualdades, e também para indicar formas de superá-los. Nesse exercício, ao observar as pessoas, os coletivos, as instituições e a sociedade em movimento, é importante reconhecer os diálogos e as negociações entre o ativismo negro e as instituições estatais. Porém, a vivência não ocorre apenas a partir de entendimentos, pois é também um campo de conflito e tensionamento. O artigo divide-se em cinco tópicos: Desigualdade, racismo e o grito por justiça; Lutas cotidianas, um caminho para as conquistas históricas; Ações afirmativas e Políticas de Promoção da Igualdade Racial; Com oportunidades, mesmo frente a dificuldades, as mudanças acontecem; Descortinar o vivido, como um exercício para modificar a vida.","PeriodicalId":35367,"journal":{"name":"Psicologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135311439","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.1590/1807-0310/2023v35e277115
Emiliano de Camargo David, Maria Cristina Gonçalves Vicentin
Resumo O debate sobre os efeitos psicossociais do racismo ganha crescente presença no campo da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial. Consideramos que a manicomialização no Brasil tem ancoragem na colonialidade, configurando o manicolonial: a vinculação do significante negro à loucura. Visando investigar movimentos críticos, acompanhamos, de 2019 a 2021, na perspectiva metodológica da pesquisa cartográfica, dois coletivos antirracistas na Rede de Atenção Psicossocial do Município de São Paulo - Kilombrasa e Café Preto. O material colhido, em uma participação-observante das atividades; entrevistas e rodas de conversa com os profissionais, foi trabalhado na forma de fragmentos narrativos. A prioridade da experiência relacional, como racialização - enegrecer - e como experiência diaspórica - desnortear -, produz efeitos antirracistas e um resgate da radicalidade ético-política libertária da Luta Antimanicomial. Todavia, dessa vez, radicalizada como antimanicolonialidade: ressignificação do louco e do negro em um vaivém no Atlântico negro, em um pensamento da travessia contrário ao pensamento fixo, característico da manicolonialidade.
{"title":"PRÁTICAS ANTIRRACISTAS NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: RACIALIZAR E DESNORTEAR","authors":"Emiliano de Camargo David, Maria Cristina Gonçalves Vicentin","doi":"10.1590/1807-0310/2023v35e277115","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1807-0310/2023v35e277115","url":null,"abstract":"Resumo O debate sobre os efeitos psicossociais do racismo ganha crescente presença no campo da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial. Consideramos que a manicomialização no Brasil tem ancoragem na colonialidade, configurando o manicolonial: a vinculação do significante negro à loucura. Visando investigar movimentos críticos, acompanhamos, de 2019 a 2021, na perspectiva metodológica da pesquisa cartográfica, dois coletivos antirracistas na Rede de Atenção Psicossocial do Município de São Paulo - Kilombrasa e Café Preto. O material colhido, em uma participação-observante das atividades; entrevistas e rodas de conversa com os profissionais, foi trabalhado na forma de fragmentos narrativos. A prioridade da experiência relacional, como racialização - enegrecer - e como experiência diaspórica - desnortear -, produz efeitos antirracistas e um resgate da radicalidade ético-política libertária da Luta Antimanicomial. Todavia, dessa vez, radicalizada como antimanicolonialidade: ressignificação do louco e do negro em um vaivém no Atlântico negro, em um pensamento da travessia contrário ao pensamento fixo, característico da manicolonialidade.","PeriodicalId":35367,"journal":{"name":"Psicologia e Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135318021","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}