Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0046
Daniela Cisneiros, B. Tavares, Hércules Costa
Resumo O ocre constitui-se em uma matéria-prima que, por sua natureza mineral, resistência e estabilidade, foi conservada em contextos arqueológicos desde o Pleistoceno superior, permitindo aos arqueólogos observarem sua exploração em situações funcionais e simbólicas distintas. O presente artigo pretende abordar a utilização do ocre na pré-história da Área Arqueológica Serra da Capivara, Piauí, em contextos funerários e rupestres. Discute-se aqui também o interesse por esse tipo de material ao longo do desenvolvimento da Arqueologia, as diferenças mineralógicas e as técnicas físico-químicas, para caracterizar sua composição. Pesquisas realizadas na Serra da Capivara têm apontado a larga utilização do ocre ao longo da pré-história. Esses vestígios, obtidos a partir de escavações e contextos arqueológicos distintos, podem ser evidenciados em diferentes estágios da cadeia operatória. A presença de ocre nos enterramentos ocorre nos seguintes contextos e processos: pigmentos à base de ocre aplicado direta e indiretamente sobre os ossos, artefatos e ecofatos pigmentados e ocres com e sem marcas de utilização. Nas pinturas rupestres, aparecem sob dois tipos de técnica de aplicação: líquida/pastosa e sólida. O ocre arqueológico evidenciado nessa área encontra-se homogêneo e livre de incrustações, demostrando a seleção prévia do material a ser utilizado.
摘要赭石是一种原材料,由于其矿物性质、强度和稳定性,自上更新世以来一直在考古环境中保存下来,让考古学家可以观察到它在不同的功能和象征情况下的开发。本文旨在探讨在史前考古区Serra da Capivara, piaui,在葬礼和岩石背景下赭石的使用。本文还讨论了在考古学、矿物学差异和物理化学技术的发展过程中对这类材料的兴趣,以描述其组成。在卡皮瓦拉山脉进行的研究表明,在整个史前时期,赭石的广泛使用。这些痕迹,从不同的挖掘和考古背景中获得,可以在操作链的不同阶段得到证明。在埋葬过程中,赭石的存在发生在以下环境和过程中:以赭石为基础的颜料直接或间接地应用在骨头上,有或没有使用标记的着色和赭石工艺品和生态服装。在洞穴绘画中,它们以两种应用技术出现:液体/糊状和固体。在该地区发现的考古赭石是均匀的,没有结垢,表明之前选择了使用的材料。
{"title":"A utilização do ocre na pré-história da Serra da Capivara, Piauí, Brasil","authors":"Daniela Cisneiros, B. Tavares, Hércules Costa","doi":"10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0046","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0046","url":null,"abstract":"Resumo O ocre constitui-se em uma matéria-prima que, por sua natureza mineral, resistência e estabilidade, foi conservada em contextos arqueológicos desde o Pleistoceno superior, permitindo aos arqueólogos observarem sua exploração em situações funcionais e simbólicas distintas. O presente artigo pretende abordar a utilização do ocre na pré-história da Área Arqueológica Serra da Capivara, Piauí, em contextos funerários e rupestres. Discute-se aqui também o interesse por esse tipo de material ao longo do desenvolvimento da Arqueologia, as diferenças mineralógicas e as técnicas físico-químicas, para caracterizar sua composição. Pesquisas realizadas na Serra da Capivara têm apontado a larga utilização do ocre ao longo da pré-história. Esses vestígios, obtidos a partir de escavações e contextos arqueológicos distintos, podem ser evidenciados em diferentes estágios da cadeia operatória. A presença de ocre nos enterramentos ocorre nos seguintes contextos e processos: pigmentos à base de ocre aplicado direta e indiretamente sobre os ossos, artefatos e ecofatos pigmentados e ocres com e sem marcas de utilização. Nas pinturas rupestres, aparecem sob dois tipos de técnica de aplicação: líquida/pastosa e sólida. O ocre arqueológico evidenciado nessa área encontra-se homogêneo e livre de incrustações, demostrando a seleção prévia do material a ser utilizado.","PeriodicalId":38872,"journal":{"name":"Boletimdo Museu Paraense Emilio Goeldi:Ciencias Humanas","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67303198","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0085
C. Britto
Resumo Este artigo analisa a institucionalização dos museus regionais brasileiros e os seus impactos na imaginação museal de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976). O intuito é observar as ressonâncias dos museus regionais criados pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e as singularidades desse projeto no contexto museológico brasileiro. Desse modo, por meio de análise documental e revisão bibliográfica, reconstrói momentos decisivos da concepção dos museus regionais, a partir do conceito de civilização material, e da criação do Museu do Diamante, em Diamantina, Minas Gerais. As análises demonstraram os agenciamentos entre as trajetórias de Juscelino Kubitschek e Rodrigo Melo Franco de Andrade ao forjarem uma determinada memória sobre Diamantina e mobilizarem uma imaginação museal em consonância com a projetada pelo SPHAN no âmbito dos museus regionais.
摘要本文分析了巴西区域博物馆的制度化及其对Juscelino Kubitschek de Oliveira(1902-1976)博物馆想象的影响。目的是观察由国家历史和艺术遗产服务(SPHAN)创建的区域博物馆的共鸣,以及这个项目在巴西博物馆背景下的独特性。因此,通过文献分析和文献综述,从物质文明的概念和米纳斯吉拉斯迪亚曼蒂纳钻石博物馆的创建出发,重建了区域博物馆设计的决定性时刻。分析显示了Juscelino Kubitschek和Rodrigo Melo Franco de Andrade的轨迹之间的结合,他们锻造了关于Diamantina的特定记忆,并调动了博物馆的想象力,与SPHAN在区域博物馆中设计的一致。
{"title":"A ‘civilização material’ nos museus regionais do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: confluências entre a criação do Museu do Diamante e a imaginação museal de Juscelino Kubitschek","authors":"C. Britto","doi":"10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0085","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0085","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo analisa a institucionalização dos museus regionais brasileiros e os seus impactos na imaginação museal de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976). O intuito é observar as ressonâncias dos museus regionais criados pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e as singularidades desse projeto no contexto museológico brasileiro. Desse modo, por meio de análise documental e revisão bibliográfica, reconstrói momentos decisivos da concepção dos museus regionais, a partir do conceito de civilização material, e da criação do Museu do Diamante, em Diamantina, Minas Gerais. As análises demonstraram os agenciamentos entre as trajetórias de Juscelino Kubitschek e Rodrigo Melo Franco de Andrade ao forjarem uma determinada memória sobre Diamantina e mobilizarem uma imaginação museal em consonância com a projetada pelo SPHAN no âmbito dos museus regionais.","PeriodicalId":38872,"journal":{"name":"Boletimdo Museu Paraense Emilio Goeldi:Ciencias Humanas","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67303883","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0026
Ana Dulce Amorim Santos Soares
Resumo Este artigo foi escrito por uma jovem do povo Karipuna do Amapá, porém o que há nele não é unicamente de minha autoria, pois o texto é compostopor conhecimentos coletivos, partilhados por todas aquelas e aqueles que, assim como eu, são Karipuna. É desenvolvida, ao longo do artigo, uma série de reflexões, a primeira delas sobre as experiências que tenho com as ‘mulheres antigas’ de meu povo durante os momentos em que realizo com elas pesquisas na área de antropologia. A partir de tais experiências, são moldadas outras reflexões sobre autoria coletiva, escrita ‘autoetnográfica’ e a importância de nós, indígenas, falarmos e escrevermos em nossos próprios termos, havendo, por fim, uma última reflexão sobre como os atos de aprendizado e de escrita com as parentas podem ser compreendidos como um maiuhi, uma palavra em kheuol (a língua falada por meu povo) que, quando traduzida para o português, significa ‘mutirão’ ou ‘ajudado’ e que explica a relevância dos trabalhos coletivos para os povos indígenas de Oiapoque.
{"title":"A autoria coletiva e a autoetnografia: experiências em antropologia com as parentas Karipuna do Amapá","authors":"Ana Dulce Amorim Santos Soares","doi":"10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0026","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0026","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo foi escrito por uma jovem do povo Karipuna do Amapá, porém o que há nele não é unicamente de minha autoria, pois o texto é compostopor conhecimentos coletivos, partilhados por todas aquelas e aqueles que, assim como eu, são Karipuna. É desenvolvida, ao longo do artigo, uma série de reflexões, a primeira delas sobre as experiências que tenho com as ‘mulheres antigas’ de meu povo durante os momentos em que realizo com elas pesquisas na área de antropologia. A partir de tais experiências, são moldadas outras reflexões sobre autoria coletiva, escrita ‘autoetnográfica’ e a importância de nós, indígenas, falarmos e escrevermos em nossos próprios termos, havendo, por fim, uma última reflexão sobre como os atos de aprendizado e de escrita com as parentas podem ser compreendidos como um maiuhi, uma palavra em kheuol (a língua falada por meu povo) que, quando traduzida para o português, significa ‘mutirão’ ou ‘ajudado’ e que explica a relevância dos trabalhos coletivos para os povos indígenas de Oiapoque.","PeriodicalId":38872,"journal":{"name":"Boletimdo Museu Paraense Emilio Goeldi:Ciencias Humanas","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67302958","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0044
G. G. Felippe
Resumo Em uma colocação aparentemente simples, mas pungente, Pierre Clastres sugere que, se toda cultura é etnocêntrica, somente a ocidental é etnocida. Além de querer ressaltar a tendência quase inexorável do Ocidente de sobrepujar os outros povos com sua visão de mundo – chegando, muitas vezes, às vias de fato com o extermínio étnico –, o antropólogo francês se refere especialmente ao fato de que todas as populações humanas partem de suas próprias concepções sobre a realidade para construir sua coesão coletiva e, por consequência, delimitar o que lhe é externo e estranho. Pretendo demonstrar que os saberes ditos tradicionais, comumente associados às populações indígenas, possuem suas formas próprias de interação e engajamento com o meio e com os seres a ele associado, mantendo-se a uma distância do pensamento moderno, que não é apenas de ordem técnica ou empírica, mas epistemológica.
{"title":"Etnocentrismos incômodos: saberes, ontologias e cosmocentrismo ameríndio","authors":"G. G. Felippe","doi":"10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0044","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0044","url":null,"abstract":"Resumo Em uma colocação aparentemente simples, mas pungente, Pierre Clastres sugere que, se toda cultura é etnocêntrica, somente a ocidental é etnocida. Além de querer ressaltar a tendência quase inexorável do Ocidente de sobrepujar os outros povos com sua visão de mundo – chegando, muitas vezes, às vias de fato com o extermínio étnico –, o antropólogo francês se refere especialmente ao fato de que todas as populações humanas partem de suas próprias concepções sobre a realidade para construir sua coesão coletiva e, por consequência, delimitar o que lhe é externo e estranho. Pretendo demonstrar que os saberes ditos tradicionais, comumente associados às populações indígenas, possuem suas formas próprias de interação e engajamento com o meio e com os seres a ele associado, mantendo-se a uma distância do pensamento moderno, que não é apenas de ordem técnica ou empírica, mas epistemológica.","PeriodicalId":38872,"journal":{"name":"Boletimdo Museu Paraense Emilio Goeldi:Ciencias Humanas","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67303186","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2022-0026
J. R. Apolinário, T. Pimenta
{"title":"Natureza e História: produções e saberes sobre as plantas em processos de circularidades científicas e nas relações interétnicas no passado e no presente","authors":"J. R. Apolinário, T. Pimenta","doi":"10.1590/2178-2547-bgoeldi-2022-0026","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2022-0026","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":38872,"journal":{"name":"Boletimdo Museu Paraense Emilio Goeldi:Ciencias Humanas","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67303545","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0003
N. H. Silveira
Resumo O artigo aborda um conjunto de pesquisas etnográficas, realizadas sobretudo nos anos 1980, que marcaram indelevelmente uma vertente dos estudos antropológicos sobre saúde e doença entre os povos indígenas no Brasil. Parte da categoria ‘doença de branco’ para apresentar como esses estudos, embasados em construtos teóricos da etnologia indígena, deslocaram os debates cristalizados em torno da lógica das etnomedicinas e sua eficácia para as diferenças ancoradas nas teorias ameríndias de substancialidade. Nesta abordagem, os debates sobre a política de saúde, envolvendo a política indígena e o diálogo interdisciplinar, já estão dados inicialmente na produção antropológica e convergem para o caráter implicado do fazer etnográfico.
{"title":"Considerações sobre saúde indígena no Brasil a partir de alguns estudos antropológicos fundadores","authors":"N. H. Silveira","doi":"10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0003","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0003","url":null,"abstract":"Resumo O artigo aborda um conjunto de pesquisas etnográficas, realizadas sobretudo nos anos 1980, que marcaram indelevelmente uma vertente dos estudos antropológicos sobre saúde e doença entre os povos indígenas no Brasil. Parte da categoria ‘doença de branco’ para apresentar como esses estudos, embasados em construtos teóricos da etnologia indígena, deslocaram os debates cristalizados em torno da lógica das etnomedicinas e sua eficácia para as diferenças ancoradas nas teorias ameríndias de substancialidade. Nesta abordagem, os debates sobre a política de saúde, envolvendo a política indígena e o diálogo interdisciplinar, já estão dados inicialmente na produção antropológica e convergem para o caráter implicado do fazer etnográfico.","PeriodicalId":38872,"journal":{"name":"Boletimdo Museu Paraense Emilio Goeldi:Ciencias Humanas","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67302749","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0034
Eduardo de Almeida Navarro
Resumo As seis cartas aqui transcritas e traduzidas são manuscritos raríssimos, os únicos textos conhecidos em tupi antigo que foram escritos por índios no período colonial brasileiro. Há quase quatrocentos anos, a Real Biblioteca de Haia, na Holanda, guarda tais manuscritos. Eles são, aqui, pela primeira vez, completamente transcritos, traduzidos e comentados, embora sua existência já seja conhecida desde 1885. Em 1630, Pernambuco foi invadido pelos holandeses financiados pela Companhia das Índias Ocidentais. Toda a costa nordestina, exceto a da Bahia, foi dominada por eles. Depois de quinze anos de dominação, no ano de 1645, começou uma guerra contra a presença holandesa no Brasil, da qual também participaram índios potiguaras (de potĩ – ‘camarão’ + ‘–ara – ‘comedor’, ‘o que come’: ‘comedores de camarão’). Tais índios, parentes uns dos outros, conhecidos como ‘Camarões’, dividiram-se durante o conflito, ficando alguns ao lado dos luso-brasileiros e outros com os holandeses. Naquele ano, durante o início da guerra, entre agosto e outubro, alguns deles trocaram correspondência e suas cartas foram preservadas nos arquivos holandeses.
{"title":"Transcrição e tradução integral anotada das cartas dos índios Camarões, escritas em 1645 em tupi antigo","authors":"Eduardo de Almeida Navarro","doi":"10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0034","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0034","url":null,"abstract":"Resumo As seis cartas aqui transcritas e traduzidas são manuscritos raríssimos, os únicos textos conhecidos em tupi antigo que foram escritos por índios no período colonial brasileiro. Há quase quatrocentos anos, a Real Biblioteca de Haia, na Holanda, guarda tais manuscritos. Eles são, aqui, pela primeira vez, completamente transcritos, traduzidos e comentados, embora sua existência já seja conhecida desde 1885. Em 1630, Pernambuco foi invadido pelos holandeses financiados pela Companhia das Índias Ocidentais. Toda a costa nordestina, exceto a da Bahia, foi dominada por eles. Depois de quinze anos de dominação, no ano de 1645, começou uma guerra contra a presença holandesa no Brasil, da qual também participaram índios potiguaras (de potĩ – ‘camarão’ + ‘–ara – ‘comedor’, ‘o que come’: ‘comedores de camarão’). Tais índios, parentes uns dos outros, conhecidos como ‘Camarões’, dividiram-se durante o conflito, ficando alguns ao lado dos luso-brasileiros e outros com os holandeses. Naquele ano, durante o início da guerra, entre agosto e outubro, alguns deles trocaram correspondência e suas cartas foram preservadas nos arquivos holandeses.","PeriodicalId":38872,"journal":{"name":"Boletimdo Museu Paraense Emilio Goeldi:Ciencias Humanas","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67303026","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0062
J. Auwera, Olga Krasnoukhova
Abstract In the Jê languages standard negators tend to take a post-verbal position. This paper asks why this should be the case and therefore discusses earlier accounts relating Jê standard negators to either negative verbs or privative postpositions. We argue that these accounts do not have to exclude each other. In particular, we propose that an existential negator can be reanalyzed as a privative one. We also argue that if the origin of the standard negator is a verb with the meaning ‘finish’, we may be dealing with a scenario that is similar to the ‘Negative Existential Cycle’. In both, the existential negator denies the existence of a state of affairs and then turns into a standard negator. But whereas in the Negative Existential Cycle the non-existence of a state of affairs is modelled on the non-existence of an object, in the ‘new’ scenario the non-existence of a state of affairs derives from the fact that a process or event has come to an end.
{"title":"Revisiting postverbal standard negation in the Jê languages","authors":"J. Auwera, Olga Krasnoukhova","doi":"10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0062","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0062","url":null,"abstract":"Abstract In the Jê languages standard negators tend to take a post-verbal position. This paper asks why this should be the case and therefore discusses earlier accounts relating Jê standard negators to either negative verbs or privative postpositions. We argue that these accounts do not have to exclude each other. In particular, we propose that an existential negator can be reanalyzed as a privative one. We also argue that if the origin of the standard negator is a verb with the meaning ‘finish’, we may be dealing with a scenario that is similar to the ‘Negative Existential Cycle’. In both, the existential negator denies the existence of a state of affairs and then turns into a standard negator. But whereas in the Negative Existential Cycle the non-existence of a state of affairs is modelled on the non-existence of an object, in the ‘new’ scenario the non-existence of a state of affairs derives from the fact that a process or event has come to an end.","PeriodicalId":38872,"journal":{"name":"Boletimdo Museu Paraense Emilio Goeldi:Ciencias Humanas","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67303306","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0035
A. Nikulin, F. Carvalho
Abstract This contribution is concerned with the reconstruction of the vowel qualities of Proto-Tupian, the ancestral language of the Tupian language family. The study is grounded in a bottom-up application of the comparative method and seeks to offer a more balanced reconstruction that avoids an overreliance on the Tupí-Guaraní branch. It is first shown that the height opposition traditionally reconstructed for the rounded vowel series (*o vs. *u) is best interpreted as an opposition between an unrounded vowel and a rounded one (*ə vs. *o). It is also argued that multiple instances of *e in the traditional reconstruction should be rather attributed to *ə. Finally, it is shown that two vowels (symbolized as *ɨ and *ɯ) must be reconstructed in lieu of the traditional *ɨ. The resulting proposal has consequences for the subgrouping of the Tupian family.
这篇论文是关于土片语系的祖先语言原土片的元音质量的重建。该研究基于自下而上的比较方法的应用,并寻求提供更平衡的重建,以避免过度依赖Tupí-Guaraní分支。首先表明,传统上为圆润元音序列(*o vs. *u)重构的高度对立最好解释为非圆润元音和圆润元音(* * vs. *o)之间的对立。也有人认为,在传统的重建中,*e的多次出现应该归功于* *。最后,我们证明了两个元音(符号为* *和* *)必须被重构来代替传统的* *。由此产生的建议对土片家族的亚群产生了影响。
{"title":"A revised reconstruction of the Proto-Tupian vowel system","authors":"A. Nikulin, F. Carvalho","doi":"10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0035","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0035","url":null,"abstract":"Abstract This contribution is concerned with the reconstruction of the vowel qualities of Proto-Tupian, the ancestral language of the Tupian language family. The study is grounded in a bottom-up application of the comparative method and seeks to offer a more balanced reconstruction that avoids an overreliance on the Tupí-Guaraní branch. It is first shown that the height opposition traditionally reconstructed for the rounded vowel series (*o vs. *u) is best interpreted as an opposition between an unrounded vowel and a rounded one (*ə vs. *o). It is also argued that multiple instances of *e in the traditional reconstruction should be rather attributed to *ə. Finally, it is shown that two vowels (symbolized as *ɨ and *ɯ) must be reconstructed in lieu of the traditional *ɨ. The resulting proposal has consequences for the subgrouping of the Tupian family.","PeriodicalId":38872,"journal":{"name":"Boletimdo Museu Paraense Emilio Goeldi:Ciencias Humanas","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67303334","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumen En la arqueología del Nordeste argentino son escasos los trabajos que estudian las condiciones de quema de la alfarería prehispánica, no habiéndose aplicado técnicas físico-químicas que midan las transformaciones que sufre la pared cerámica durante el proceso de cocción. Con el propósito de revertir este estado de situación, aplicamos difracción de rayos X, análisis térmico diferencial y termogravimétrico, y dilatometría sobre 31 muestras de cerámicas arqueológicas recuperadas en los sitios Los Tres Cerros 1 y Cerro Tapera Vázquez (Delta Superior del río Paraná). La mayoría de las muestras (i.e., contenedores restringidos y no restringidos, campanas y cuchara) fue cocida a temperaturas superiores a 550/650 ºC e inferiores a 800 ºC; cuatro no superaron los 550/650 ºC y dos fueron sometidas a temperaturas superiores a los 800/900 ºC. A partir de la integración de estos resultados con evidencia etnoarqueológica, experimental y arqueológica interpretamos el amplio rango de temperaturas de cocción detectado (< 550 ºC y > 800 ºC) como un indicador de quemas en estructuras abiertas (i.e., fogones o pozos). Esta información nos permitió discutir hipótesis sobre las condiciones de cocción propuestas en investigaciones previas y plantear a futuro un programa experimental que permitirá conocer distintos aspectos de las quemas prehispánicas.
摘要在阿根廷东北部的考古工作学习陶瓷燃烧的条件,不应用于物理化学技术midan陶瓷墙的转换过程中烹饪。为了扭转这种情况,我们对在los Tres Cerros 1和Cerro Tapera vazquez (parana河上三角洲)遗址发现的31个考古陶瓷样品进行了X射线衍射、差热分析和热重分析,并进行了膨胀测定。大多数样品(即受限和非受限容器、铃铛和勺子)在550/650℃以上和800℃以下的温度下烹煮;4例未超过550/650℃,2例温度超过800/900℃。通过将这些结果与民族考古学、实验和考古证据相结合,我们将检测到的广泛烹饪温度范围(< 550ºC和> 800ºC)解释为开放式结构(即炉灶或井)燃烧的指标。这些信息使我们能够讨论之前研究中提出的烹饪条件的假设,并提出一个未来的实验计划,使我们能够了解前西班牙裔烹饪的不同方面。
{"title":"Lo que ganamos con el fuego. Estudio arqueométrico de las temperaturas de cocción en alfarería prehispánica del Delta Superior del río Paraná (Argentina)","authors":"Violeta Soledad Di Prado, Mariano Bonomo, Susana Conconi, Canela Castro, Cecilia Genazzini, Carolina Silva","doi":"10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0075","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2021-0075","url":null,"abstract":"Resumen En la arqueología del Nordeste argentino son escasos los trabajos que estudian las condiciones de quema de la alfarería prehispánica, no habiéndose aplicado técnicas físico-químicas que midan las transformaciones que sufre la pared cerámica durante el proceso de cocción. Con el propósito de revertir este estado de situación, aplicamos difracción de rayos X, análisis térmico diferencial y termogravimétrico, y dilatometría sobre 31 muestras de cerámicas arqueológicas recuperadas en los sitios Los Tres Cerros 1 y Cerro Tapera Vázquez (Delta Superior del río Paraná). La mayoría de las muestras (i.e., contenedores restringidos y no restringidos, campanas y cuchara) fue cocida a temperaturas superiores a 550/650 ºC e inferiores a 800 ºC; cuatro no superaron los 550/650 ºC y dos fueron sometidas a temperaturas superiores a los 800/900 ºC. A partir de la integración de estos resultados con evidencia etnoarqueológica, experimental y arqueológica interpretamos el amplio rango de temperaturas de cocción detectado (< 550 ºC y > 800 ºC) como un indicador de quemas en estructuras abiertas (i.e., fogones o pozos). Esta información nos permitió discutir hipótesis sobre las condiciones de cocción propuestas en investigaciones previas y plantear a futuro un programa experimental que permitirá conocer distintos aspectos de las quemas prehispánicas.","PeriodicalId":38872,"journal":{"name":"Boletimdo Museu Paraense Emilio Goeldi:Ciencias Humanas","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67303449","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}