Nossa contribuição visa à apresentação de considerações sobre o ensaio “Der Autor als Produzent” (“O autor como produtor”), escrito por Walter Benjamin em abril de 1934 como texto para uma conferência proferida pelo escritor diante de um público operário, quando se encontrava exilado na capital francesa. Sem dúvida, “O autor como produtor” é um dos ensaios em língua alemã mais significativos do período de exílio, pois documenta não só o engajamento político de Walter Benjamin em sua luta contra o fascismo alemão, como também a profunda cisão que se estabelecera dentro do âmbito político da esquerda alemã desde o final da Primeira Guerra Mundial, entre o Partido Social-Democrata da Alemanha e o Partido Comunista Alemão. Além disso, Walter Benjamin propõe uma série de categorias para se pensar a relação entre escritor e sociedade: por um lado, aqueles verdadeiramente “produtores” enquanto “escritores progressistas” (fortgeschrittene Schriftsteller), e “escritores operativos” (operierende Schrifsteller), capazes de transformar os meios de produção, e, por outro, aqueles rotulados de “escritores burgueses de esquerda” (linksbürgerliche Schriftsteller), considerados como escritores “rotineiros” (Routiniers), que se solidarizariam com o operariado apenas no plano das idéias, mas não no plano da ação revolucionária. Em seu ensaio, Benjamin não poupa críticas a grandes figuras do cenário literário alemão, como, por exemplo, Kurt Hiller, Erich Kästner, Walter Mehring, Kurt Tucholsky e Alfred Döblin, enquanto elege Bertolt Brecht, o músico e compositor Hanns Eisler e o artista plástico John Heartfield como autênticos representantes da literatura e da arte progressista. Por assim dizer, o texto de Benjamin espelha o quadro multifacetado em que se encontrava a esquerda alemã no exílio e evidencia o posicionamento do próprio escritor enquanto “produtor”, “operativo” e “progressista”.
{"title":"Considerações sobre “O autor como produtor”","authors":"E. Cornelsen","doi":"10.5902/1679849x74937","DOIUrl":"https://doi.org/10.5902/1679849x74937","url":null,"abstract":"Nossa contribuição visa à apresentação de considerações sobre o ensaio “Der Autor als Produzent” (“O autor como produtor”), escrito por Walter Benjamin em abril de 1934 como texto para uma conferência proferida pelo escritor diante de um público operário, quando se encontrava exilado na capital francesa. Sem dúvida, “O autor como produtor” é um dos ensaios em língua alemã mais significativos do período de exílio, pois documenta não só o engajamento político de Walter Benjamin em sua luta contra o fascismo alemão, como também a profunda cisão que se estabelecera dentro do âmbito político da esquerda alemã desde o final da Primeira Guerra Mundial, entre o Partido Social-Democrata da Alemanha e o Partido Comunista Alemão. Além disso, Walter Benjamin propõe uma série de categorias para se pensar a relação entre escritor e sociedade: por um lado, aqueles verdadeiramente “produtores” enquanto “escritores progressistas” (fortgeschrittene Schriftsteller), e “escritores operativos” (operierende Schrifsteller), capazes de transformar os meios de produção, e, por outro, aqueles rotulados de “escritores burgueses de esquerda” (linksbürgerliche Schriftsteller), considerados como escritores “rotineiros” (Routiniers), que se solidarizariam com o operariado apenas no plano das idéias, mas não no plano da ação revolucionária. Em seu ensaio, Benjamin não poupa críticas a grandes figuras do cenário literário alemão, como, por exemplo, Kurt Hiller, Erich Kästner, Walter Mehring, Kurt Tucholsky e Alfred Döblin, enquanto elege Bertolt Brecht, o músico e compositor Hanns Eisler e o artista plástico John Heartfield como autênticos representantes da literatura e da arte progressista. Por assim dizer, o texto de Benjamin espelha o quadro multifacetado em que se encontrava a esquerda alemã no exílio e evidencia o posicionamento do próprio escritor enquanto “produtor”, “operativo” e “progressista”.","PeriodicalId":40985,"journal":{"name":"Literatura e Autoritarismo","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139362300","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Ensaio embasado na estética do choque, formulada por Walter Benjamin, que aborda alguns recortes de quatro contos de Caio Fernando Abreu (“Gravata, “Retratos”, “Ao simulacro da imagerie” e “Uma veste provavelmente azul”), no intuito de demonstrar como a vivência do choque é intrínseca a estas histórias, cujos personagens são incapazes de elaborar uma experiência de modo totalizante.
这篇文章以瓦尔特-本雅明(Walter Benjamin)提出的 "震惊美学 "为基础,从卡约-费尔南多-阿布鲁(Caio Fernando Abreu)的四篇短篇小说(《领带》、《肖像》、《意象的同构》和《一件可能是蓝色的衣服》)中选取了一些片段,以说明震惊体验是这些故事的固有特征,故事中的人物无法以全面的方式阐述一种体验。
{"title":"A estética do choque em Caio Fernando Abreu","authors":"Roberto Círio Nogueira","doi":"10.5902/1679849x74943","DOIUrl":"https://doi.org/10.5902/1679849x74943","url":null,"abstract":"Ensaio embasado na estética do choque, formulada por Walter Benjamin, que aborda alguns recortes de quatro contos de Caio Fernando Abreu (“Gravata, “Retratos”, “Ao simulacro da imagerie” e “Uma veste provavelmente azul”), no intuito de demonstrar como a vivência do choque é intrínseca a estas histórias, cujos personagens são incapazes de elaborar uma experiência de modo totalizante.","PeriodicalId":40985,"journal":{"name":"Literatura e Autoritarismo","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139362309","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Este ensaio aproxima o romance Sinais de fogo, de Jorge de Sena, à Tese VI de Sobre o conceito de História, de Walter Benjamin, particularmente no que tange ao alerta, dado por ambos os autores, à aproximação dos regimes totalitários na Europa. O exílio do autor português no Brasil é relacionado a uma inflexão genológica, já que é no início da década de 60 do século XX que Sena sedimentará a sua escrita em prosa. Pretende-se, através da leitura do conto “Homenagem ao papagaio verde”, demonstrar a ironia e ambivalência do vínculo de Jorge de Sena com a nação brasileira que também estava prestes a se submeter à Ditadura Militar.
这篇文章将豪尔赫-德-塞纳的小说《Sinais de fogo》与瓦尔特-本雅明的《论历史的概念》论文六联系起来,特别是两位作家都对欧洲极权主义政权的逼近提出了警告。葡萄牙作家在巴西的流亡经历与一个基因拐点有关,因为塞纳是在 20 世纪 60 年代初开始散文创作的。通过阅读短篇小说《向绿鹦鹉致敬》(Homenagem ao papagaio verde),旨在展示豪尔赫-德-塞纳与巴西民族的纽带的讽刺性和矛盾性,而巴西民族也即将遭受军事独裁统治。
{"title":"Sinais de fogo, aviso de incêndio: ideias estéticas, históricas e literárias em Jorge de Sena e Walter Benjamin","authors":"Sabrina Sedlmayer","doi":"10.5902/1679849x74938","DOIUrl":"https://doi.org/10.5902/1679849x74938","url":null,"abstract":"Este ensaio aproxima o romance Sinais de fogo, de Jorge de Sena, à Tese VI de Sobre o conceito de História, de Walter Benjamin, particularmente no que tange ao alerta, dado por ambos os autores, à aproximação dos regimes totalitários na Europa. O exílio do autor português no Brasil é relacionado a uma inflexão genológica, já que é no início da década de 60 do século XX que Sena sedimentará a sua escrita em prosa. Pretende-se, através da leitura do conto “Homenagem ao papagaio verde”, demonstrar a ironia e ambivalência do vínculo de Jorge de Sena com a nação brasileira que também estava prestes a se submeter à Ditadura Militar.","PeriodicalId":40985,"journal":{"name":"Literatura e Autoritarismo","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139362317","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Huckleberry Finn is the pinnacle of American humor and the violent humor of the novel criticizes the moral values of American society. Despite the laughter-induced surface, underneath the story lies a bitter humor which attacks and ruptures different value systems. Besides the extremely violent humor, the other strategies that aid humor in fulfilling its political mission are grotesquery, and narration. The collaboration of strategic violent humor with grotesquery and narration results in the liberation of the readers from static mind-sets. Huck Finn effectively reveals the spuriousness of the American ideal despite its claims of being genuine through juxtaposition of heterogeneous characters, worlds, and lives which reveal the crudity of everyday life. To this end, humor theories of the scholars like Plaza, Walker, Cox, and Camfield and violence theories of Zizek, Schinkel, and Galtung are drawn upon in order to clarify the interconnected mechanism of humor, violence, and grotesquery in assailing putrid value systems. Deployed violent humor aligned with focalization of the novel through Huck, a naïve narrator, highlights the disparity between the American ideal and realities of life that break the readers free from opiated visions of society and gives them a clear vision, free from biased value systems.
{"title":"Looking Through the American Ideal: The Politics of Violent Humor in The Adventures of Huckleberry Finn","authors":"Navid Etedali","doi":"10.5902/1679849x66796","DOIUrl":"https://doi.org/10.5902/1679849x66796","url":null,"abstract":"Huckleberry Finn is the pinnacle of American humor and the violent humor of the novel criticizes the moral values of American society. Despite the laughter-induced surface, underneath the story lies a bitter humor which attacks and ruptures different value systems. Besides the extremely violent humor, the other strategies that aid humor in fulfilling its political mission are grotesquery, and narration. The collaboration of strategic violent humor with grotesquery and narration results in the liberation of the readers from static mind-sets. Huck Finn effectively reveals the spuriousness of the American ideal despite its claims of being genuine through juxtaposition of heterogeneous characters, worlds, and lives which reveal the crudity of everyday life. To this end, humor theories of the scholars like Plaza, Walker, Cox, and Camfield and violence theories of Zizek, Schinkel, and Galtung are drawn upon in order to clarify the interconnected mechanism of humor, violence, and grotesquery in assailing putrid value systems. Deployed violent humor aligned with focalization of the novel through Huck, a naïve narrator, highlights the disparity between the American ideal and realities of life that break the readers free from opiated visions of society and gives them a clear vision, free from biased value systems.","PeriodicalId":40985,"journal":{"name":"Literatura e Autoritarismo","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135772905","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
No século XX, a censura foi um projeto de frações da classe dominante para mistificar a realidade, impedindo que grupos divergentes contribuíssem na construção do Estado brasileiro. Esta proposta foi aceita e legitimada pelas sucessivas cartas magnas. Somente em 1988, os instrumentos restritivos sobre os crimes de opinião foram retirados, revelando o quanto a República no Brasil foi repressora. O caso da censura do livro Feliz ano novo, escrito por Rubem Fonseca, é emblemático para que se possa compreender a construção do sentimento anticomunista que se amparava na ideia de moral, tendo em vista tratar-se de um autor alinhado ao regime ditatorial de 1964, e que foi, posteriormente, acusado de subverter os mesmos princípios que combateu e imputado como destruidor dos valores tradicionais da sociedade contemporânea.
{"title":"A censura literária no Brasil e as restrições impostas a Feliz Ano Novo","authors":"Fagner Costa Silva, José Alves Dias","doi":"10.5902/1679849x68572","DOIUrl":"https://doi.org/10.5902/1679849x68572","url":null,"abstract":"No século XX, a censura foi um projeto de frações da classe dominante para mistificar a realidade, impedindo que grupos divergentes contribuíssem na construção do Estado brasileiro. Esta proposta foi aceita e legitimada pelas sucessivas cartas magnas. Somente em 1988, os instrumentos restritivos sobre os crimes de opinião foram retirados, revelando o quanto a República no Brasil foi repressora. O caso da censura do livro Feliz ano novo, escrito por Rubem Fonseca, é emblemático para que se possa compreender a construção do sentimento anticomunista que se amparava na ideia de moral, tendo em vista tratar-se de um autor alinhado ao regime ditatorial de 1964, e que foi, posteriormente, acusado de subverter os mesmos princípios que combateu e imputado como destruidor dos valores tradicionais da sociedade contemporânea.","PeriodicalId":40985,"journal":{"name":"Literatura e Autoritarismo","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135772906","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Esse artigo aborda as tentativas de censura a livros, no Brasil, nos anos de 2019 e 2020. Entende-se por censura a livros qualquer ação que vise dificultar, limitar ou constranger a redação, impressão, divulgação, distribuição, comercialização ou aquisição de livros. Esse artigo está organizado em quatros blocos: 1) censura a livros – 2015-2018 – o prenuncio; 2) Censura a livros em 2019 - Investidas contra duendes, bruxas, cultura africana e educação sexual e outros casos; 3) Censura em Rondônia e outros eventos em 2020 e 4) atos de resistência. O percurso percorrido deixa claro que o governo de Jair Bolsonaro busca consolidar-se através de um discurso de intolerância e ódio. Os casos de censura a livros que citamos neste estudo demonstram que proliferam atualmente no Brasil atitudes intolerantes e autoritárias que se somam e tentam construir uma cultura de vigilância e censura. Por outro lado, as vozes da resistência estão agindo, estão se fazendo presentes de forma contundente.
{"title":"Tentativas de censura a livros nos primeiros dois anos do governo Bolsonaro 2019-2020","authors":"Sandra Reimao, João Elias Nery, Flamarion Maués","doi":"10.5902/1679849x66347","DOIUrl":"https://doi.org/10.5902/1679849x66347","url":null,"abstract":"Esse artigo aborda as tentativas de censura a livros, no Brasil, nos anos de 2019 e 2020. Entende-se por censura a livros qualquer ação que vise dificultar, limitar ou constranger a redação, impressão, divulgação, distribuição, comercialização ou aquisição de livros. Esse artigo está organizado em quatros blocos: 1) censura a livros – 2015-2018 – o prenuncio; 2) Censura a livros em 2019 - Investidas contra duendes, bruxas, cultura africana e educação sexual e outros casos; 3) Censura em Rondônia e outros eventos em 2020 e 4) atos de resistência. O percurso percorrido deixa claro que o governo de Jair Bolsonaro busca consolidar-se através de um discurso de intolerância e ódio. Os casos de censura a livros que citamos neste estudo demonstram que proliferam atualmente no Brasil atitudes intolerantes e autoritárias que se somam e tentam construir uma cultura de vigilância e censura. Por outro lado, as vozes da resistência estão agindo, estão se fazendo presentes de forma contundente.","PeriodicalId":40985,"journal":{"name":"Literatura e Autoritarismo","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135772945","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O presente estudo discorre sobre a importância dos processos narrativos na representação do negro e da escravidão na obra da maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917). Para tanto, tomamos como corpus específico o conto “A escrava”, publicado em 1887. Buscaremos evidenciar ainda a presença da ironia romântica como um aspecto que ocupa lugar de destaque nos procedimentos estilísticos na obra completa de Maria Firmina dos Reis (2018). Utilizamos como principal recurso teórico não apenas o conceito de ironia romântica, conforme Kierkegaard (1991), e, o de chiste, segundo Suzuki (1998), entre outros, como também procedimentos de representação literária relacionados à figura do negro escravizado na narrativa da autora em questão. É premissa deste estudo então demonstrar os aspectos estéticos da narrativa de Maria Firmina dos Reis que, entendemos, revelam as especificidades de sua obra no contexto da historiografia literária brasileira. Um desdobramento desta análise é a ampliação dos limites fixos do cânone literário brasileiro, aspecto teórico que valoriza a percepção da heterogeneidade do romantismo brasileiro e, na medida do possível, promove a contínua revisão e ampliação do cânone literário no Brasil.
摘要本研究探讨了maranhao的Maria Firmina dos Reis(1822-1917)作品中叙事过程在黑人和奴隶制表现中的重要性。为此,我们将1887年出版的短篇小说《奴隶》作为具体的语料库。在Maria Firmina dos Reis(2018)的完整作品中,浪漫讽刺的存在作为一个方面占据了风格程序的突出位置。作为主要的理论资源,我们不仅使用了克尔凯郭尔(1991)的浪漫反讽概念,以及铃木(1998)的笑话概念,以及与作者叙事中被奴役的黑人形象相关的文学表现程序。本研究的前提是展示玛丽亚·菲尔米纳·多斯·里斯叙事的美学方面,我们认为这揭示了她作品在巴西文学史背景下的特殊性。这一分析的一个分支是巴西文学经典的固定界限的扩展,这是一个理论方面,重视对巴西浪漫主义异质性的感知,并尽可能促进巴西文学经典的不断修订和扩展。
{"title":"Escravidão “um grande mal”:","authors":"Danglei Castro Pereira","doi":"10.5902/1679849x69006","DOIUrl":"https://doi.org/10.5902/1679849x69006","url":null,"abstract":"O presente estudo discorre sobre a importância dos processos narrativos na representação do negro e da escravidão na obra da maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917). Para tanto, tomamos como corpus específico o conto “A escrava”, publicado em 1887. Buscaremos evidenciar ainda a presença da ironia romântica como um aspecto que ocupa lugar de destaque nos procedimentos estilísticos na obra completa de Maria Firmina dos Reis (2018). Utilizamos como principal recurso teórico não apenas o conceito de ironia romântica, conforme Kierkegaard (1991), e, o de chiste, segundo Suzuki (1998), entre outros, como também procedimentos de representação literária relacionados à figura do negro escravizado na narrativa da autora em questão. É premissa deste estudo então demonstrar os aspectos estéticos da narrativa de Maria Firmina dos Reis que, entendemos, revelam as especificidades de sua obra no contexto da historiografia literária brasileira. Um desdobramento desta análise é a ampliação dos limites fixos do cânone literário brasileiro, aspecto teórico que valoriza a percepção da heterogeneidade do romantismo brasileiro e, na medida do possível, promove a contínua revisão e ampliação do cânone literário no Brasil.","PeriodicalId":40985,"journal":{"name":"Literatura e Autoritarismo","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135772904","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Walter Benjamin redigiu diversos textos críticos tendo a violência como ponto de partida para as suas reflexões. Este trabalho consiste numa leitura do ensaio “Crítica da violência, crítica do poder”, publicado em 1921, buscando atentar para o modo como o pensador alemão avalia as relações entre direito, poder, violência, autoridade e Estado. A tese do autor é de que o direito, na modernidade, a despeito de suas bases racionais e científicas, e apesar de aparentemente acenar em favor dos cidadãos, estrutura-se sobre os pilares da violência e do poder, controlando, dominando e decidindo a vida dos homens, dentro de um paradigma ainda mítico.
{"title":"Para uma crítica do direito, da violência e do poder em Walter Benjamin","authors":"Lizandro Carlos Calegari","doi":"10.5902/1679849x73673","DOIUrl":"https://doi.org/10.5902/1679849x73673","url":null,"abstract":"Walter Benjamin redigiu diversos textos críticos tendo a violência como ponto de partida para as suas reflexões. Este trabalho consiste numa leitura do ensaio “Crítica da violência, crítica do poder”, publicado em 1921, buscando atentar para o modo como o pensador alemão avalia as relações entre direito, poder, violência, autoridade e Estado. A tese do autor é de que o direito, na modernidade, a despeito de suas bases racionais e científicas, e apesar de aparentemente acenar em favor dos cidadãos, estrutura-se sobre os pilares da violência e do poder, controlando, dominando e decidindo a vida dos homens, dentro de um paradigma ainda mítico.","PeriodicalId":40985,"journal":{"name":"Literatura e Autoritarismo","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135772947","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A crítica literária afirma que os recursos fantásticos utilizados no romance Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão, têm como intuito aludir ao cenário sociopolítico brasileiro do início dos anos 1980, contexto de produção da obra. Entretanto, a atualidade quase literal de algumas dessas figurações assusta o leitor contemporâneo pela possibilidade de relaciona-las a acontecimentos do contexto de uma recepção contemporânea. Diante disso, este trabalho objetiva confrontar uma seleção de passagens do romance com episódios do contexto sociopolítico brasileiro corrente confirmando a sua atualidade. O estudo dialogará com preceitos de autores como Candido (1989) e García (2011), bem como em averiguações anteriores sobre a obra, por Souza (2019) e Ginway (2005).
文学评论家认为,伊格纳西奥·德·洛约拉brandao的小说《nao veras pais nada》中使用的奇妙资源,意在暗指20世纪80年代初巴西的社会政治场景,即作品的创作背景。然而,其中一些形象几乎是字面上的现实性使当代读者感到害怕,因为它有可能将它们与当代接受的背景下的事件联系起来。因此,本研究旨在将小说中的一些段落与当前巴西社会政治背景的片段进行比较,以确认其相关性。该研究将与Candido(1989)和garcia(2011)等作者的原则进行对话,以及Souza(2019)和Ginway(2005)之前对该作品的调查。
{"title":"Algumas notas sobre a assustadora atualidade do insólito (ficcional?) em Não verás país nenhum, de Ign´ácio de Loyola Brandão","authors":"Paulo Ailton Ferreira da Rosa Junior","doi":"10.5902/1679849x67836","DOIUrl":"https://doi.org/10.5902/1679849x67836","url":null,"abstract":"A crítica literária afirma que os recursos fantásticos utilizados no romance Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão, têm como intuito aludir ao cenário sociopolítico brasileiro do início dos anos 1980, contexto de produção da obra. Entretanto, a atualidade quase literal de algumas dessas figurações assusta o leitor contemporâneo pela possibilidade de relaciona-las a acontecimentos do contexto de uma recepção contemporânea. Diante disso, este trabalho objetiva confrontar uma seleção de passagens do romance com episódios do contexto sociopolítico brasileiro corrente confirmando a sua atualidade. O estudo dialogará com preceitos de autores como Candido (1989) e García (2011), bem como em averiguações anteriores sobre a obra, por Souza (2019) e Ginway (2005).","PeriodicalId":40985,"journal":{"name":"Literatura e Autoritarismo","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135772902","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Convém a este artigo uma releitura da poética tropicalista em sua relação com o contexto político daquele período de final da década de 60. Como outros artistas e intelectuais do momento, os participantes da Tropicália assumiam uma postura crítica e combativa quanto a imposição da ditadura militar que suprimia direitos civis. Entretanto, se destacava do chamado nacional-popular por se distanciar da mensagem panfletária. A lírica tropicalista preferia correlacionar o autoritarismo da época com a manutenção de uma sociabilidade arcaica, que continuava prevalecendo mesmo com o desenvolvimento urbano. Assim, levava o cerne do problema ditatorial para a nova realidade de modernização, no qual o conservadorismo desempenha um papel relevante como sustentáculo do regime. Os compositores tropicalistas realizaram essa proposta retomando uma das principais tradições literárias brasileiras: a crítica de costumes de fundo urbano. Vermos nas canções de Caetano Veloso e Tom Zé como isso tomou forma.
{"title":"Autoritarismo e conformismo na poética tropicalista","authors":"Gabriel Caio Correa Borges","doi":"10.5902/1679849x68831","DOIUrl":"https://doi.org/10.5902/1679849x68831","url":null,"abstract":"Convém a este artigo uma releitura da poética tropicalista em sua relação com o contexto político daquele período de final da década de 60. Como outros artistas e intelectuais do momento, os participantes da Tropicália assumiam uma postura crítica e combativa quanto a imposição da ditadura militar que suprimia direitos civis. Entretanto, se destacava do chamado nacional-popular por se distanciar da mensagem panfletária. A lírica tropicalista preferia correlacionar o autoritarismo da época com a manutenção de uma sociabilidade arcaica, que continuava prevalecendo mesmo com o desenvolvimento urbano. Assim, levava o cerne do problema ditatorial para a nova realidade de modernização, no qual o conservadorismo desempenha um papel relevante como sustentáculo do regime. Os compositores tropicalistas realizaram essa proposta retomando uma das principais tradições literárias brasileiras: a crítica de costumes de fundo urbano. Vermos nas canções de Caetano Veloso e Tom Zé como isso tomou forma.","PeriodicalId":40985,"journal":{"name":"Literatura e Autoritarismo","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135772901","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}