Pub Date : 2023-08-07DOI: 10.1590/s0104-12902023220530pt
Érico Ibiapina, R. Adorno
Resumo A inserção da população de imigrantes bolivianos em circuitos de subcontratação da indústria do vestuário e suas condições de vida e trabalho, tornaram-se aspectos determinantes de sua visibilidade na cidade de São Paulo. Considerando a polissemia da noção de vulnerabilidade, o objetivo central do texto é analisar aspectos das “vulnerabilidades” da imigração boliviana, as quais são visivelmente inscritas em contextos político-institucionais, epidemiológicos e relacionais/processuais. O método de análise baseia-se na sistematização de dados de múltiplas fontes e apresenta relações entre a incorporação de imigrantes nas políticas locais de saúde pública, dados de mortalidade e relatos etnográficos sobre trajetórias, presença no espaço da cidade e processos identitários, em especial, a partir da ação de mulheres bolivianas e sua organização em redes e coletivos. Identificam-se aspectos que reforçam e definem padrões de vulnerabilidade, associados a determinados atributos desta população. Por outro lado, registram-se estratégias de sobrevivência enquanto mecanismos de resistência coletiva e ressignificação de suas formas de vida na cidade.
{"title":"Vulnerabilidades e imigração boliviana na cidade de São Paulo, Brasil: entre políticas públicas de saúde, mortes e resistências coletivas","authors":"Érico Ibiapina, R. Adorno","doi":"10.1590/s0104-12902023220530pt","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023220530pt","url":null,"abstract":"Resumo A inserção da população de imigrantes bolivianos em circuitos de subcontratação da indústria do vestuário e suas condições de vida e trabalho, tornaram-se aspectos determinantes de sua visibilidade na cidade de São Paulo. Considerando a polissemia da noção de vulnerabilidade, o objetivo central do texto é analisar aspectos das “vulnerabilidades” da imigração boliviana, as quais são visivelmente inscritas em contextos político-institucionais, epidemiológicos e relacionais/processuais. O método de análise baseia-se na sistematização de dados de múltiplas fontes e apresenta relações entre a incorporação de imigrantes nas políticas locais de saúde pública, dados de mortalidade e relatos etnográficos sobre trajetórias, presença no espaço da cidade e processos identitários, em especial, a partir da ação de mulheres bolivianas e sua organização em redes e coletivos. Identificam-se aspectos que reforçam e definem padrões de vulnerabilidade, associados a determinados atributos desta população. Por outro lado, registram-se estratégias de sobrevivência enquanto mecanismos de resistência coletiva e ressignificação de suas formas de vida na cidade.","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.6,"publicationDate":"2023-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67368722","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-07DOI: 10.1590/s0104-12902023220612pt
A. Sousa, Fernanda Fonseca, A. Bousquat
Resumo A região amazônica abrange um território heterogêneo com características geográficas específicas, abrigando diversas populações vulnerabilizadas, o que exige dos serviços de saúde o desenvolvimento de habilidades e inovações. Entretanto, as respostas a esses desafios se tornam ainda mais distantes diante de uma lógica mercadológica, que tende a invisibilizar diferenças e privilegiar determinados territórios. Nesse cenário, este estudo analisou a implementação de uma Unidade Básica de Saúde Fluvial, buscando compreender como estão incluídas as necessidades e singularidades do meio rural ribeirinho no planejamento e execução dos serviços de saúde. Para isso, foram realizadas entrevistas com gestores e profissionais, além da observação do cotidiano dos serviços de saúde. Os resultados demonstram que a previsão de serviços, com formatos e recursos específicos para as áreas fluviais amazônicas, foi uma oportunidade para que as particularidades da região fossem evidenciadas e que mais recursos, inclusive financeiros, fossem previstos para essas localidades. No entanto, evidenciou-se também que os serviços ofertados continuam sendo planejados de forma hierárquica, além de serem organizados e executados visando realidades urbanas, o que aponta a necessidade de adaptações.
{"title":"Invisibilidade das singularidades amazônicas na organização e oferta de serviços de Atenção Primária à Saúde (APS): Estudo de caso na área rural ribeirinha de Manaus (AM)","authors":"A. Sousa, Fernanda Fonseca, A. Bousquat","doi":"10.1590/s0104-12902023220612pt","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023220612pt","url":null,"abstract":"Resumo A região amazônica abrange um território heterogêneo com características geográficas específicas, abrigando diversas populações vulnerabilizadas, o que exige dos serviços de saúde o desenvolvimento de habilidades e inovações. Entretanto, as respostas a esses desafios se tornam ainda mais distantes diante de uma lógica mercadológica, que tende a invisibilizar diferenças e privilegiar determinados territórios. Nesse cenário, este estudo analisou a implementação de uma Unidade Básica de Saúde Fluvial, buscando compreender como estão incluídas as necessidades e singularidades do meio rural ribeirinho no planejamento e execução dos serviços de saúde. Para isso, foram realizadas entrevistas com gestores e profissionais, além da observação do cotidiano dos serviços de saúde. Os resultados demonstram que a previsão de serviços, com formatos e recursos específicos para as áreas fluviais amazônicas, foi uma oportunidade para que as particularidades da região fossem evidenciadas e que mais recursos, inclusive financeiros, fossem previstos para essas localidades. No entanto, evidenciou-se também que os serviços ofertados continuam sendo planejados de forma hierárquica, além de serem organizados e executados visando realidades urbanas, o que aponta a necessidade de adaptações.","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.6,"publicationDate":"2023-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67369276","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-31DOI: 10.1590/s0104-12902023210937es
María Florencia Incaurgarat
Resumen El presente artículo aborda las formas de apropiación de los migrantes chinos respecto al sistema de salud argentino, haciendo hincapié en el sistema privado en contraposición al de salud pública. Este caso se enmarca en un trabajo de campo etnográfico multisituado realizado con migrantes chinos principalmente en la ciudad de Mar del Plata, pero también en la ciudad de Buenos Aires. También una estancia de investigación realizada en la ciudad de Hangzhou, provincia de Zhejiang, China, posibilitó dar cuenta de las formas de apropiación del sistema de salud local en el país de origen. En suma, aquí se retrata una baja apropiación general del sistema de salud local por parte de los migrantes, tanto público como privado, salvo en el caso de urgencias, primando la autoatención al interior del grupo del grupo migrante. La diferenciación en los usos y apropiaciones del sistema de salud público y privado reside en que se acude al primero prioritariamente para acciones de prevención primaria como son los controles del desarrollo infantil y del embarazo, como así también para padecimientos menores. Por el contrario, los migrantes suelen recurrir al sistema de salud privado ante casos de mayor complejidad y gravedad, mostrando una priorización del uso del tiempo bajo una lógica de costo-beneficio.
{"title":"Usos y apropiaciones del sistema de salud privado por parte de los migrantes chinos en Argentina","authors":"María Florencia Incaurgarat","doi":"10.1590/s0104-12902023210937es","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023210937es","url":null,"abstract":"Resumen El presente artículo aborda las formas de apropiación de los migrantes chinos respecto al sistema de salud argentino, haciendo hincapié en el sistema privado en contraposición al de salud pública. Este caso se enmarca en un trabajo de campo etnográfico multisituado realizado con migrantes chinos principalmente en la ciudad de Mar del Plata, pero también en la ciudad de Buenos Aires. También una estancia de investigación realizada en la ciudad de Hangzhou, provincia de Zhejiang, China, posibilitó dar cuenta de las formas de apropiación del sistema de salud local en el país de origen. En suma, aquí se retrata una baja apropiación general del sistema de salud local por parte de los migrantes, tanto público como privado, salvo en el caso de urgencias, primando la autoatención al interior del grupo del grupo migrante. La diferenciación en los usos y apropiaciones del sistema de salud público y privado reside en que se acude al primero prioritariamente para acciones de prevención primaria como son los controles del desarrollo infantil y del embarazo, como así también para padecimientos menores. Por el contrario, los migrantes suelen recurrir al sistema de salud privado ante casos de mayor complejidad y gravedad, mostrando una priorización del uso del tiempo bajo una lógica de costo-beneficio.","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.6,"publicationDate":"2023-07-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67368268","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo Neste trabalho, refletimos sobre o modo como diversas figuras de alteridade são alvo de marginalização e o que isso implica em termos de reconhecimento nas gramáticas políticas que estabelecem quem pode se tornar um sujeito da saúde. A partir de contribuições feministas e decoloniais, discutimos algumas premissas ontológicas acerca da relação entre humanos, não humanos e a natureza, para alargar o entendimento da Saúde Única em Periferias. Também incorporamos narrativas de adolescentes que moram na favela Jardim São Remo (São Paulo, SP) e atuam como Agentes Mirins da Saúde Única em Periferias. Em diálogo com eles, exploramos o processo de exclusão constitutiva das favelas, apoiado em retóricas que não reconhecem a pluralidade das configurações coletivas e reforçam a figura das favelas como ameaça à segurança pública. Em contraposição a esse projeto, trazemos os princípios de reflorestamento e da confluência de alteridades significativas para reforçar a justiça multiespécie promovida pela práxis da Saúde Única em Periferias.
在这项工作中,我们反思了不同的另类人物是如何被边缘化的,以及这意味着什么,在政治语法中确定谁可以成为健康的主体。从女权主义和非殖民化的贡献中,我们讨论了一些关于人、非人与自然之间关系的本体论假设,以扩大对边缘地区独特健康的理解。我们还纳入了生活在贫民窟Jardim sao Remo (sao Paulo, SP)的青少年的叙述,他们在郊区的saude unico中扮演着青少年的角色。在与他们的对话中,我们探索了贫民窟的构成排斥过程,支持的修辞不承认集体结构的多元性,并加强了贫民窟作为公共安全威胁的形象。与这个项目相反,我们引入了重新造林的原则和重要的差异性的汇合,以加强由外围单一健康实践促进的多物种正义。
{"title":"Problematizando as alteridades para uma compreensão feminista e decolonial da Saúde Única em Periferias","authors":"Yarlenis Ileinis Mestre Malfrán, Oswaldo Santos Baquero","doi":"10.1590/s0104-12902023220301pt","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023220301pt","url":null,"abstract":"Resumo Neste trabalho, refletimos sobre o modo como diversas figuras de alteridade são alvo de marginalização e o que isso implica em termos de reconhecimento nas gramáticas políticas que estabelecem quem pode se tornar um sujeito da saúde. A partir de contribuições feministas e decoloniais, discutimos algumas premissas ontológicas acerca da relação entre humanos, não humanos e a natureza, para alargar o entendimento da Saúde Única em Periferias. Também incorporamos narrativas de adolescentes que moram na favela Jardim São Remo (São Paulo, SP) e atuam como Agentes Mirins da Saúde Única em Periferias. Em diálogo com eles, exploramos o processo de exclusão constitutiva das favelas, apoiado em retóricas que não reconhecem a pluralidade das configurações coletivas e reforçam a figura das favelas como ameaça à segurança pública. Em contraposição a esse projeto, trazemos os princípios de reflorestamento e da confluência de alteridades significativas para reforçar a justiça multiespécie promovida pela práxis da Saúde Única em Periferias.","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.6,"publicationDate":"2023-07-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67368299","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-31DOI: 10.1590/s0104-12902023210739pt
Gisele Cristina Manfrini, I. B. S. Heidemann, Francisco da Silva Costa, Harrysson Luiz da Silva, Sara Mendes Boeira Lopes
Resumo O artigo tem como objetivo compreender os impactos psicossociais vivenciados por trabalhadores de saúde após situação de desastre no estado de Santa Catarina, na região Sul do Brasil. Para tal, realizou-se estudo qualitativo de múltiplos casos e entrevistas narrativas com profissionais de serviços de saúde mental, atenção primária à saúde e gestores municipais em Itajaí, Blumenau e Rio do Sul. A análise das narrativas seguiu as etapas do método de Fritz Schütze. Descreveram-se os impactos psicossociais sobre a saúde e o trabalho dos entrevistados, afetados direta e/ou indiretamente pelo desastre natural ocorrido em 2008 na região, e subsequentes eventos de menor intensidade. Nos três casos, os impactos foram percebidos semelhantemente, ainda que as consequências do evento na rede municipal tenham sido enfrentadas de formas diferentes em cada localidade. Os resultados revelam a importância da promoção da saúde no trabalho e do desenvolvimento de habilidades pessoais, a resiliência frente a situações adversas e a necessidade de educação contínua e permanente.
{"title":"Impactos psicossociais sobre trabalhadores da saúde: narrativas 10 anos após o desastre","authors":"Gisele Cristina Manfrini, I. B. S. Heidemann, Francisco da Silva Costa, Harrysson Luiz da Silva, Sara Mendes Boeira Lopes","doi":"10.1590/s0104-12902023210739pt","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023210739pt","url":null,"abstract":"Resumo O artigo tem como objetivo compreender os impactos psicossociais vivenciados por trabalhadores de saúde após situação de desastre no estado de Santa Catarina, na região Sul do Brasil. Para tal, realizou-se estudo qualitativo de múltiplos casos e entrevistas narrativas com profissionais de serviços de saúde mental, atenção primária à saúde e gestores municipais em Itajaí, Blumenau e Rio do Sul. A análise das narrativas seguiu as etapas do método de Fritz Schütze. Descreveram-se os impactos psicossociais sobre a saúde e o trabalho dos entrevistados, afetados direta e/ou indiretamente pelo desastre natural ocorrido em 2008 na região, e subsequentes eventos de menor intensidade. Nos três casos, os impactos foram percebidos semelhantemente, ainda que as consequências do evento na rede municipal tenham sido enfrentadas de formas diferentes em cada localidade. Os resultados revelam a importância da promoção da saúde no trabalho e do desenvolvimento de habilidades pessoais, a resiliência frente a situações adversas e a necessidade de educação contínua e permanente.","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.6,"publicationDate":"2023-07-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67367931","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-31DOI: 10.1590/s0104-12902023220400pt
Amanda dos Santos Pereira, Lilian Magalhães
Resumo No Brasil, os racismos são estruturais e estruturantes, pois estão enraizados nos arcabouços das sociedades, nas relações interpessoais e nas instituições, atravessando as ocupações significativas dos sujeitos e coletivos. Isto explica as disparidades em diversos setores da sociedade brasileira, notadamente na empregabilidade das pessoas negras, bem como nos seus modos de adoecer e morrer. Entendendo o papel que os racismos desempenham nas ocupações das pessoas negras, este estudo propõe sistematizar observações que nos permitam compreender o fenômeno da produção de injustiças, com base em relações racializadas e, eventualmente, sugerir formas de enfrentamento dessa realidade. Desta forma, discutimos como os racismos foram instaurados no Brasil, reunindo elementos para a compreensão da ocupação humana e seus condicionantes. Em seguida, refletimos sobre os conceitos de justiça e injustiça ocupacional, que evidenciam os processos ocupacionais vivenciados pelas pessoas negras. Considerando que na terapia ocupacional e na ciência ocupacional brasileira ainda são incipientes os estudos que relacionam racismos e ocupação, apontamos algumas estratégias para reorientar as práticas profissionais de terapeutas ocupacionais, de modo a torná-las proativas e transformadoras.
{"title":"Os impactos dos racismos nas ocupações da população negra: reflexões para a terapia e a ciência ocupacional","authors":"Amanda dos Santos Pereira, Lilian Magalhães","doi":"10.1590/s0104-12902023220400pt","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023220400pt","url":null,"abstract":"Resumo No Brasil, os racismos são estruturais e estruturantes, pois estão enraizados nos arcabouços das sociedades, nas relações interpessoais e nas instituições, atravessando as ocupações significativas dos sujeitos e coletivos. Isto explica as disparidades em diversos setores da sociedade brasileira, notadamente na empregabilidade das pessoas negras, bem como nos seus modos de adoecer e morrer. Entendendo o papel que os racismos desempenham nas ocupações das pessoas negras, este estudo propõe sistematizar observações que nos permitam compreender o fenômeno da produção de injustiças, com base em relações racializadas e, eventualmente, sugerir formas de enfrentamento dessa realidade. Desta forma, discutimos como os racismos foram instaurados no Brasil, reunindo elementos para a compreensão da ocupação humana e seus condicionantes. Em seguida, refletimos sobre os conceitos de justiça e injustiça ocupacional, que evidenciam os processos ocupacionais vivenciados pelas pessoas negras. Considerando que na terapia ocupacional e na ciência ocupacional brasileira ainda são incipientes os estudos que relacionam racismos e ocupação, apontamos algumas estratégias para reorientar as práticas profissionais de terapeutas ocupacionais, de modo a torná-las proativas e transformadoras.","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.6,"publicationDate":"2023-07-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67368420","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-31DOI: 10.1590/s0104-12902023220410pt
V. Santos, C. Bonfim, J. Tavares, Kátia Jane Chaves Bernardo, Daniela Maria Barreto Martins
Resumo Este artigo objetiva analisar como as psicólogas atuantes na atenção básica percebem a influência dos efeitos psicossociais do racismo e do sexismo em suas práticas e no processo de saúde e cuidado prestado às mulheres negras. Trata-se de pesquisa qualitativa de caráter descritivo e exploratório, seguindo a perspectiva da psicologia social crítica. Foi realizado um levantamento teórico-metodológico sobre os temas relevantes, assim como a produção do instrumento de coleta de dados e entrevistas semiestruturadas. Participaram do estudo oito psicólogas que atendem o público feminino e trabalham na rede de atenção básica da cidade de Salvador (BA). Os dados foram analisados pelo método hermenêutico-dialético. Nota-se que a maioria das percepções foi associada à questão biologizante da raça/cor e à noção de cuidado voltado à visão universalista do sujeito, o que implicou a ausência de ações direcionadas à promoção da saúde de mulheres negras. Contudo, observou-se a percepção interseccional e o letramento racial nos relatos de três das participantes, o que possibilitou o desenvolvimento de tentativas de práticas antirracistas e antissexistas. Conclui-se que ainda se faz necessário explorar ações da psicologia que visem à promoção da saúde de mulheres negras e que possam associar a teoria com a prática.
{"title":"A saúde das mulheres negras: atuação da psicologia na atenção básica","authors":"V. Santos, C. Bonfim, J. Tavares, Kátia Jane Chaves Bernardo, Daniela Maria Barreto Martins","doi":"10.1590/s0104-12902023220410pt","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023220410pt","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo objetiva analisar como as psicólogas atuantes na atenção básica percebem a influência dos efeitos psicossociais do racismo e do sexismo em suas práticas e no processo de saúde e cuidado prestado às mulheres negras. Trata-se de pesquisa qualitativa de caráter descritivo e exploratório, seguindo a perspectiva da psicologia social crítica. Foi realizado um levantamento teórico-metodológico sobre os temas relevantes, assim como a produção do instrumento de coleta de dados e entrevistas semiestruturadas. Participaram do estudo oito psicólogas que atendem o público feminino e trabalham na rede de atenção básica da cidade de Salvador (BA). Os dados foram analisados pelo método hermenêutico-dialético. Nota-se que a maioria das percepções foi associada à questão biologizante da raça/cor e à noção de cuidado voltado à visão universalista do sujeito, o que implicou a ausência de ações direcionadas à promoção da saúde de mulheres negras. Contudo, observou-se a percepção interseccional e o letramento racial nos relatos de três das participantes, o que possibilitou o desenvolvimento de tentativas de práticas antirracistas e antissexistas. Conclui-se que ainda se faz necessário explorar ações da psicologia que visem à promoção da saúde de mulheres negras e que possam associar a teoria com a prática.","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.6,"publicationDate":"2023-07-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67368456","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-31DOI: 10.1590/s0104-12902023220263pt
Uly Castro de Azevedo, Daiane Daine de Oliveira Gomes
Resumo O objetivo deste artigo é analisar os determinantes sociais de saúde que incidem na vida das mulheres negras em acompanhamento biopsicossocial no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), do tipo álcool e outras drogas (AD), em Caucaia, Ceará. Trata-se de um estudo qualitativo, com coleta de dados realizada através de entrevistas semiestruturadas e análise realizada por meio da análise de conteúdo de Bardin. Utilizou-se da pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Buscou-se identificar como se dá o acesso dessa população ao direito à saúde e analisar possíveis implicações de ser mulher negra e fazer uso de álcool e/ou outras drogas. Como resultado, foi possível perceber que esse grupo populacional tem maiores dificuldades para realizar o tratamento especializado, por conta do racismo institucional, por sofrerem uma forte pressão social para evitar o acompanhamento e ainda por serem as responsáveis, em sua maioria, pelos cuidados materno-familiares - tarefas domésticas, cuidar de filhos e companheiro(a).
{"title":"A influência dos determinantes sociais na vida de mulheres negras no Centro de Atenção Psicossocial do tipo álcool e outras drogas em Caucaia, Ceará","authors":"Uly Castro de Azevedo, Daiane Daine de Oliveira Gomes","doi":"10.1590/s0104-12902023220263pt","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023220263pt","url":null,"abstract":"Resumo O objetivo deste artigo é analisar os determinantes sociais de saúde que incidem na vida das mulheres negras em acompanhamento biopsicossocial no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), do tipo álcool e outras drogas (AD), em Caucaia, Ceará. Trata-se de um estudo qualitativo, com coleta de dados realizada através de entrevistas semiestruturadas e análise realizada por meio da análise de conteúdo de Bardin. Utilizou-se da pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Buscou-se identificar como se dá o acesso dessa população ao direito à saúde e analisar possíveis implicações de ser mulher negra e fazer uso de álcool e/ou outras drogas. Como resultado, foi possível perceber que esse grupo populacional tem maiores dificuldades para realizar o tratamento especializado, por conta do racismo institucional, por sofrerem uma forte pressão social para evitar o acompanhamento e ainda por serem as responsáveis, em sua maioria, pelos cuidados materno-familiares - tarefas domésticas, cuidar de filhos e companheiro(a).","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.6,"publicationDate":"2023-07-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67368681","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-31DOI: 10.1590/s0104-12902023210753pt
Carolina Claudio Bisi, E. Nakamura
Resumo A saúde mental infantil tem ganhado notório espaço em pesquisas brasileiras e internacionais. Sabe-se que o cuidado com crianças, além de requerer certas especificidades, exige uma consolidada rede de apoio, sendo um dos agentes cuidadores a família. Nota-se, no cuidado realizado pela família, um processo de feminização: mães, avós, irmãs ou outras familiares estão marcadamente mais presentes nos grupos para familiares oferecidos pelos CAPSi. Este artigo apresenta alguns resultados de uma pesquisa de iniciação científica, cujos objetivos foram identificar e compreender quais são as práticas cotidianas de cuidado realizadas por mulheres familiares, cuidadoras das crianças atendidas em um CAPSi de Santos e os apoios recebidos dentro e fora do serviço. A pesquisa qualitativa utilizou como técnica entrevistas em profundidade, com roteiro semiestruturado, realizadas por telefone, para a escuta dessas mulheres, escolhidas com base em informações dadas por profissionais do serviço. Identificou-se, nos relatos, categorias nativas em relação ao cuidado: rotina, normal e apoio. Essas categorias foram mencionadas pelas mulheres para definir o cuidado cotidiano com as crianças. Percebeu-se que a cotidianidade do cuidado o caracteriza como “normal” para elas, não sendo considerado como um fardo em suas vidas e sequer problematizado.
摘要儿童心理健康在巴西和国际研究中获得了显著的空间。众所周知,照顾儿童除了需要某些具体情况外,还需要一个巩固的支助网络,家庭是照顾者之一。值得注意的是,在家庭照顾中,一个女性化的过程:母亲、祖母、姐妹或其他家庭成员明显更多地出现在CAPSi提供的家庭群体中。这篇文章展示了一项科学启蒙研究的一些结果,其目的是确定和了解家庭妇女的日常护理实践,在CAPSi de Santos照顾儿童的照顾者,以及在服务中和服务外得到的支持。定性研究采用了深度访谈的技术,半结构化的脚本,通过电话进行,以倾听这些女性,根据服务专业人员提供的信息选择。在报告中确定了与护理相关的原生类别:常规、正常和支持。妇女提到这些类别来定义对儿童的日常照顾。人们注意到,日常护理对他们来说是“正常的”,不被认为是他们生活中的负担,甚至受到质疑。
{"title":"A cotidianidade do cuidado na vida de mulheres familiares de crianças atendidas em um CAPSi de Santos","authors":"Carolina Claudio Bisi, E. Nakamura","doi":"10.1590/s0104-12902023210753pt","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023210753pt","url":null,"abstract":"Resumo A saúde mental infantil tem ganhado notório espaço em pesquisas brasileiras e internacionais. Sabe-se que o cuidado com crianças, além de requerer certas especificidades, exige uma consolidada rede de apoio, sendo um dos agentes cuidadores a família. Nota-se, no cuidado realizado pela família, um processo de feminização: mães, avós, irmãs ou outras familiares estão marcadamente mais presentes nos grupos para familiares oferecidos pelos CAPSi. Este artigo apresenta alguns resultados de uma pesquisa de iniciação científica, cujos objetivos foram identificar e compreender quais são as práticas cotidianas de cuidado realizadas por mulheres familiares, cuidadoras das crianças atendidas em um CAPSi de Santos e os apoios recebidos dentro e fora do serviço. A pesquisa qualitativa utilizou como técnica entrevistas em profundidade, com roteiro semiestruturado, realizadas por telefone, para a escuta dessas mulheres, escolhidas com base em informações dadas por profissionais do serviço. Identificou-se, nos relatos, categorias nativas em relação ao cuidado: rotina, normal e apoio. Essas categorias foram mencionadas pelas mulheres para definir o cuidado cotidiano com as crianças. Percebeu-se que a cotidianidade do cuidado o caracteriza como “normal” para elas, não sendo considerado como um fardo em suas vidas e sequer problematizado.","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.6,"publicationDate":"2023-07-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67368017","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-31DOI: 10.1590/s0104-12902023211010es
Juan Andrés Pino-Morán, Pía Rodríguez-Garrido, Michelle Lapierre
Resumen El objetivo del manuscrito es presentar una primera aproximación a una propuesta epistemológica que reflexione y se ocupe de la construcción y legitimación de conocimientos generados desde corporeidades abyectas, anormales o tullidas geopolíticamente ubicadas al Sur. Pone especial atención al sistema sexo-género-capacidad en la organización social y epistemológica del saber. En ese devenir, identificamos una posicionalidad y riqueza desperdiciada para el análisis y transformación social regional como resultado de un ordenamiento moderno colonial. De ahí que esta propuesta se inscriba dentro del pensamiento crítico latinoamericano para reflexionar sobre esos lugares otros de enunciación abyecta.
{"title":"Salvajes, indígenas, cojas, inválidas: Epistemologías anticapacitistas del Sur","authors":"Juan Andrés Pino-Morán, Pía Rodríguez-Garrido, Michelle Lapierre","doi":"10.1590/s0104-12902023211010es","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/s0104-12902023211010es","url":null,"abstract":"Resumen El objetivo del manuscrito es presentar una primera aproximación a una propuesta epistemológica que reflexione y se ocupe de la construcción y legitimación de conocimientos generados desde corporeidades abyectas, anormales o tullidas geopolíticamente ubicadas al Sur. Pone especial atención al sistema sexo-género-capacidad en la organización social y epistemológica del saber. En ese devenir, identificamos una posicionalidad y riqueza desperdiciada para el análisis y transformación social regional como resultado de un ordenamiento moderno colonial. De ahí que esta propuesta se inscriba dentro del pensamiento crítico latinoamericano para reflexionar sobre esos lugares otros de enunciación abyecta.","PeriodicalId":46918,"journal":{"name":"Saude E Sociedade","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.6,"publicationDate":"2023-07-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67368291","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}