Pub Date : 2023-12-21DOI: 10.47456/cl.v17i37.41622
Pedro Gustavo Rieger, Luana Garbin
Este trabalho combina princípios dos Estudos Críticos do Discurso (Fairclough, 2018; 2001; 1989; Richardson, 2018) e da Linguística Sistêmico-Funcional (Bloor; Bloor, 2018; Halliday; Matthiessen, 2014) para análise de comentários públicos feitos no Instagram do Tribunal Superior Eleitoral no Brasil. Foram analisados 68 comentários feitos em 7 postagens produzidas pelo Tribunal após o anúncio do resultado das eleições presidenciais no ano de 2022. A descrição linguística dos dados revela que os autores dos comentários predominantemente (des)qualificam o Tribunal Superior Eleitoral como uma instituição sem credibilidade, as urnas eletrônicas como instrumentos inseguros, e o resultado eleitoral como uma fraude. Por sua vez, a análise discursiva busca contextualizar esses comentários em relação à conjuntura política brasileira sob a racionalidade governamental fascista do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Por fim, foram feitas 11 recomendações que buscam contribuir para um direcionamento da ação política com o objetivo de superar os problemas associados à produção, circulação e consumo de discursos antidemocráticos.
{"title":"Perspectivas dos estudos críticos do discurso para comentários antidemocráticos no Instagram do Tribunal Superior Eleitoral","authors":"Pedro Gustavo Rieger, Luana Garbin","doi":"10.47456/cl.v17i37.41622","DOIUrl":"https://doi.org/10.47456/cl.v17i37.41622","url":null,"abstract":"Este trabalho combina princípios dos Estudos Críticos do Discurso (Fairclough, 2018; 2001; 1989; Richardson, 2018) e da Linguística Sistêmico-Funcional (Bloor; Bloor, 2018; Halliday; Matthiessen, 2014) para análise de comentários públicos feitos no Instagram do Tribunal Superior Eleitoral no Brasil. Foram analisados 68 comentários feitos em 7 postagens produzidas pelo Tribunal após o anúncio do resultado das eleições presidenciais no ano de 2022. A descrição linguística dos dados revela que os autores dos comentários predominantemente (des)qualificam o Tribunal Superior Eleitoral como uma instituição sem credibilidade, as urnas eletrônicas como instrumentos inseguros, e o resultado eleitoral como uma fraude. Por sua vez, a análise discursiva busca contextualizar esses comentários em relação à conjuntura política brasileira sob a racionalidade governamental fascista do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Por fim, foram feitas 11 recomendações que buscam contribuir para um direcionamento da ação política com o objetivo de superar os problemas associados à produção, circulação e consumo de discursos antidemocráticos.","PeriodicalId":507136,"journal":{"name":"Revista (Con)Textos Linguísticos","volume":"8 6","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139167362","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-21DOI: 10.47456/cl.v17i37.41762
Rosiene Aguiar-Santos, Gerenice Ribeiro de Oliveira Cortes
Embora, na conjuntura da década de 1990, a democracia no Brasil estivesse se consolidando, o discurso da ditatura militar brasileira ainda continuava circulando e produzindo efeitos de sentido, principalmente, em programas televisivos e em jornais. A fim de compreender esse processo, sob a ótica da Análise de Discurso preconizada por Michel Pêcheux (1969; 1975; 1983), objetivamos analisar a circulação e o funcionamento do discurso militarista-ditatorial, após o fim do regime militar no Brasil (1964-1985). Para a constituição do corpus, apresentamos sete sequências discursivas compostas por um recorte de trechos de um vídeo publicado no YouTube, em 2016, com uma entrevista do então deputado federal Jair Bolsonaro a um programa de TV exibido em 1999, além de um recorte de comentários de internautas sobre o respectivo vídeo. As análises mostram que a circulação do discurso na internet atualiza a memória do discurso militarista-ditatorial e instaura o acontecimento discursivo, sob as condições de produção/circulação do discurso digital, com efeitos parafrásticos e polissêmicos. Observamos o funcionamento de um jogo metafórico em torno da significação de democracia, ditadura e revolução, processo que mobiliza diferentes redes de memórias, instaura o silenciamento e uma disputa de sentidos e de posições-sujeito.
{"title":"discurso de apologia à ditadura militar nas mídias digitais","authors":"Rosiene Aguiar-Santos, Gerenice Ribeiro de Oliveira Cortes","doi":"10.47456/cl.v17i37.41762","DOIUrl":"https://doi.org/10.47456/cl.v17i37.41762","url":null,"abstract":"Embora, na conjuntura da década de 1990, a democracia no Brasil estivesse se consolidando, o discurso da ditatura militar brasileira ainda continuava circulando e produzindo efeitos de sentido, principalmente, em programas televisivos e em jornais. A fim de compreender esse processo, sob a ótica da Análise de Discurso preconizada por Michel Pêcheux (1969; 1975; 1983), objetivamos analisar a circulação e o funcionamento do discurso militarista-ditatorial, após o fim do regime militar no Brasil (1964-1985). Para a constituição do corpus, apresentamos sete sequências discursivas compostas por um recorte de trechos de um vídeo publicado no YouTube, em 2016, com uma entrevista do então deputado federal Jair Bolsonaro a um programa de TV exibido em 1999, além de um recorte de comentários de internautas sobre o respectivo vídeo. As análises mostram que a circulação do discurso na internet atualiza a memória do discurso militarista-ditatorial e instaura o acontecimento discursivo, sob as condições de produção/circulação do discurso digital, com efeitos parafrásticos e polissêmicos. Observamos o funcionamento de um jogo metafórico em torno da significação de democracia, ditadura e revolução, processo que mobiliza diferentes redes de memórias, instaura o silenciamento e uma disputa de sentidos e de posições-sujeito.","PeriodicalId":507136,"journal":{"name":"Revista (Con)Textos Linguísticos","volume":"195 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139167613","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-21DOI: 10.47456/cl.v17i37.41816
Isabel Muniz Lima, Jéssica Oliveira Fernandes
A figura feminina é frequentemente alvo da intolerância em diversas esferas da sociedade. Especificamente em ambientes em que predominam os homens, como os esportes, com ênfase no futebol, esse tipo de preconceito se manifesta de diversas formas, como por meio de ofensas em redes sociais, ecossistemas que, dada a alta interatividade característica, proporciona que esse tipo de discurso atinja níveis e proporções visíveis. Com o objetivo de investigar como a impolidez (Culpeper, 2011) se manifesta e, ainda, como a interatividade (Muniz-Lima, 2022) colabora para a exacerbação da agressividade ao ponto de esta se tornar, algumas vezes, violenta (Fernandes, 2023), selecionamos e analisamos comentários de Twitter acerca de uma fala da jornalista esportiva Mariana Spinelli sobre o status atual do futebol feminino. Como resultados, observamos que existe a interferência de parâmetros tecnodiscursivos, como a viralidade e o efeito de ausência nos graus de impolidez, e ainda que os interlocutores se valem de recursos como a ferramenta para menção (@), o pseudonimato e os emojis para compor seus comentários e realizar ataques.
{"title":"Interatividade e parâmetros tecnodiscursivo em práticas textuais impolidas no contexto do futebol feminino","authors":"Isabel Muniz Lima, Jéssica Oliveira Fernandes","doi":"10.47456/cl.v17i37.41816","DOIUrl":"https://doi.org/10.47456/cl.v17i37.41816","url":null,"abstract":"A figura feminina é frequentemente alvo da intolerância em diversas esferas da sociedade. Especificamente em ambientes em que predominam os homens, como os esportes, com ênfase no futebol, esse tipo de preconceito se manifesta de diversas formas, como por meio de ofensas em redes sociais, ecossistemas que, dada a alta interatividade característica, proporciona que esse tipo de discurso atinja níveis e proporções visíveis. Com o objetivo de investigar como a impolidez (Culpeper, 2011) se manifesta e, ainda, como a interatividade (Muniz-Lima, 2022) colabora para a exacerbação da agressividade ao ponto de esta se tornar, algumas vezes, violenta (Fernandes, 2023), selecionamos e analisamos comentários de Twitter acerca de uma fala da jornalista esportiva Mariana Spinelli sobre o status atual do futebol feminino. Como resultados, observamos que existe a interferência de parâmetros tecnodiscursivos, como a viralidade e o efeito de ausência nos graus de impolidez, e ainda que os interlocutores se valem de recursos como a ferramenta para menção (@), o pseudonimato e os emojis para compor seus comentários e realizar ataques.","PeriodicalId":507136,"journal":{"name":"Revista (Con)Textos Linguísticos","volume":"169 2","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139167650","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-21DOI: 10.47456/cl.v17i37.41780
Edvania Gomes da Silva, Talita Souza Figueredo
Neste artigo, analisamos uma live do ex-presidente Jair Bolsonaro a fim de verificar se as formulações selecionadas como corpus estão ou não ajustadas aos valores vigentes na sociedade brasileira contemporânea. Como aporte teórico, recorremos aos conceitos de cenografia e ethos, de Maingueneau (2005); e à noção de virtude discursiva, de Paveau (2015). Os resultados indicam que há um desajuste[1] em relação aos agentes, ao mundo e à memória, o que pode ser comprovado pelo ethos e pela cenografia que emergem da live analisada, e também pelos dados complementares, os quais indicam a existência de contradiscursos que rechaçam as teses defendidas pelo principal locutor da live. [1] Todas as vezes que falamos em desajuste aqui estamos fazendo referência ao que Paveau (2015) chama de ajustes do ambiente, que explicitaremos na fundamentação teórica deste artigo. Logo, o desajuste de que tratamos está relacionado à falta de ajuste do ambiente.
{"title":"Ethos, cenografia e dimensão moral dos enunciados","authors":"Edvania Gomes da Silva, Talita Souza Figueredo","doi":"10.47456/cl.v17i37.41780","DOIUrl":"https://doi.org/10.47456/cl.v17i37.41780","url":null,"abstract":"Neste artigo, analisamos uma live do ex-presidente Jair Bolsonaro a fim de verificar se as formulações selecionadas como corpus estão ou não ajustadas aos valores vigentes na sociedade brasileira contemporânea. Como aporte teórico, recorremos aos conceitos de cenografia e ethos, de Maingueneau (2005); e à noção de virtude discursiva, de Paveau (2015). Os resultados indicam que há um desajuste[1] em relação aos agentes, ao mundo e à memória, o que pode ser comprovado pelo ethos e pela cenografia que emergem da live analisada, e também pelos dados complementares, os quais indicam a existência de contradiscursos que rechaçam as teses defendidas pelo principal locutor da live. [1] Todas as vezes que falamos em desajuste aqui estamos fazendo referência ao que Paveau (2015) chama de ajustes do ambiente, que explicitaremos na fundamentação teórica deste artigo. Logo, o desajuste de que tratamos está relacionado à falta de ajuste do ambiente.","PeriodicalId":507136,"journal":{"name":"Revista (Con)Textos Linguísticos","volume":"14 8","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139166719","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-21DOI: 10.47456/cl.v17i37.41766
Elisa Marchioro Stumpf, Taiane De Oliveira Volcan, Felipe Bonow Soares
Neste estudo, analisamos postagens no Facebook para explorar o papel da desinformação e da sinofobia no contexto da pandemia de Covid-19 no Brasil. Embora o discurso sinofóbico não seja novo, tem sido frequentemente associado à desinformação sobre a Covid-19 no país (Recuero; Soares, 2022). Depois de coletar postagens relacionadas à China de grupos públicos no Facebook, utilizamos a Análise de Redes Sociais para explorar as redes e analisar melhor os links mais postados. A Análise de Conceitos Conectados (CCA – Lindgren, 2016) foi empregada para examinar as postagens do Facebook contendo os links postados pelo menos 10 vezes em cada cluster (n = 2.302 postagens) e uma leitura qualitativa profunda foi realizada para dar sentido às conexões identificados no CCA. Identificamos três tendências no cluster pró-Bolsonaro: (1) culpar a China pela pandemia, (2) reproduzir teorias da conspiração sobre a China ter criado intencionalmente o vírus; e (3) reforçar um enquadramento político da pandemia (criada pelos comunistas). O discurso sinofóbico foi usado para reforçar essas afirmações. Além de postagens com discurso sinofóbico explícito, outras postagens continham sinofobia implícita ao culpar a China pela pandemia.
{"title":"“Made in China”","authors":"Elisa Marchioro Stumpf, Taiane De Oliveira Volcan, Felipe Bonow Soares","doi":"10.47456/cl.v17i37.41766","DOIUrl":"https://doi.org/10.47456/cl.v17i37.41766","url":null,"abstract":"Neste estudo, analisamos postagens no Facebook para explorar o papel da desinformação e da sinofobia no contexto da pandemia de Covid-19 no Brasil. Embora o discurso sinofóbico não seja novo, tem sido frequentemente associado à desinformação sobre a Covid-19 no país (Recuero; Soares, 2022). Depois de coletar postagens relacionadas à China de grupos públicos no Facebook, utilizamos a Análise de Redes Sociais para explorar as redes e analisar melhor os links mais postados. A Análise de Conceitos Conectados (CCA – Lindgren, 2016) foi empregada para examinar as postagens do Facebook contendo os links postados pelo menos 10 vezes em cada cluster (n = 2.302 postagens) e uma leitura qualitativa profunda foi realizada para dar sentido às conexões identificados no CCA. Identificamos três tendências no cluster pró-Bolsonaro: (1) culpar a China pela pandemia, (2) reproduzir teorias da conspiração sobre a China ter criado intencionalmente o vírus; e (3) reforçar um enquadramento político da pandemia (criada pelos comunistas). O discurso sinofóbico foi usado para reforçar essas afirmações. Além de postagens com discurso sinofóbico explícito, outras postagens continham sinofobia implícita ao culpar a China pela pandemia.","PeriodicalId":507136,"journal":{"name":"Revista (Con)Textos Linguísticos","volume":"25 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139167709","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-21DOI: 10.47456/cl.v17i37.41450
Fellipe Leite, Érika De Moraes
A desinformação encontra um terreno fértil na web para sua disseminação. Dentre outros motivos, uma das causas desse fenômeno pode ser a fragilização das cenas englobante e genérica (Maingueneau, 2010), realidade detectada por Maingueneau já antes da popularização da web, mas que se potencializa nos enunciados produzidos nesse médium, permitindo que discursos de um gênero se passem como integrantes de outro. Tendo isso em vista, este artigo objetiva entender algumas estratégias enunciativas e técnicas presentes em enunciados de desinformação contra a comunidade transexual, publicados no perfil do Twitter da Revista Oeste. Nesse processo, lançamos mão do conceito de cenografia (Maingueneau, 2010, 2017) e do tecnodiscurso (Paveau, 2021), para, a partir do prisma da Análise do Discurso de linha francesa, investigar características da cenografia iconotextual e arquitetural no perfil da Revista Oeste que criam uma cenografia típica do discurso jornalístico. Concluímos que, por mais que os enunciados desse perfil façam emergir pré-construídos (Pechêux, 1975) transfóbicos, a criação de uma cenografia jornalística cria a impressão de que estes sejam enunciados jornalísticos.
{"title":"apropriação de cenografia","authors":"Fellipe Leite, Érika De Moraes","doi":"10.47456/cl.v17i37.41450","DOIUrl":"https://doi.org/10.47456/cl.v17i37.41450","url":null,"abstract":"A desinformação encontra um terreno fértil na web para sua disseminação. Dentre outros motivos, uma das causas desse fenômeno pode ser a fragilização das cenas englobante e genérica (Maingueneau, 2010), realidade detectada por Maingueneau já antes da popularização da web, mas que se potencializa nos enunciados produzidos nesse médium, permitindo que discursos de um gênero se passem como integrantes de outro. Tendo isso em vista, este artigo objetiva entender algumas estratégias enunciativas e técnicas presentes em enunciados de desinformação contra a comunidade transexual, publicados no perfil do Twitter da Revista Oeste. Nesse processo, lançamos mão do conceito de cenografia (Maingueneau, 2010, 2017) e do tecnodiscurso (Paveau, 2021), para, a partir do prisma da Análise do Discurso de linha francesa, investigar características da cenografia iconotextual e arquitetural no perfil da Revista Oeste que criam uma cenografia típica do discurso jornalístico. Concluímos que, por mais que os enunciados desse perfil façam emergir pré-construídos (Pechêux, 1975) transfóbicos, a criação de uma cenografia jornalística cria a impressão de que estes sejam enunciados jornalísticos.","PeriodicalId":507136,"journal":{"name":"Revista (Con)Textos Linguísticos","volume":"16 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139167188","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-21DOI: 10.47456/cl.v17i37.41753
Paola Biavatti, Estela Mettler Piva, Ernani Cezar De Freitas
Este trabalho tem por objetivo compreender quais estratégias discursivas são utilizadas pelo serviço de checagem Fato ou Fake, do portal G1, para esclarecer as informações falsas veiculadas, principalmente, no meio online. Trataremos, especificamente, da notícia intitulada “É #FAKE que estudos mostrem que cúrcuma combate a Covid-19”. Para isso, utilizaremos como base os estudos de Charaudeau (2013), com sua obra O Discurso das Mídias, na qual o autor mobiliza conceitos relacionados à organização e à constituição das mídias e do discurso por elas veiculados. A metodologia utilizada é básica, descritiva, bibliográfica e documental com abordagem qualitativa. Podemos compreender que os efeitos de verdade utilizados na notícia foram relacionados aos informadores e que as provas utilizadas para verificação e retificação dos fatos são da ordem da autenticidade, o que garante credibilidade ao serviço de checagem Fato ou Fake e ao trabalho dos jornalistas do portal G1.
本文旨在了解 G1 的 Fato ou Fake 事实核查服务使用了哪些话语策略来澄清主要在网上传播的虚假信息。我们将具体讨论题为 "研究表明姜黄能抗击 Covid-19,这是#Fake#"的新闻。为此,我们将以夏洛多(Charaudeau,2013 年)的研究及其著作《媒体话语》(The Discourse of the Media)为基础,在该著作中,作者调动了与媒体的组织和构成及其传达的话语相关的概念。所使用的方法是基本的、描述性的、书目式的、文献式的定性方法。我们可以理解,新闻中使用的真相效果与信息提供者有关,用于核实和纠正事实的证据具有真实性,这保证了 Fato ou Fake 事实核查服务和 G1 门户网站记者工作的可信度。
{"title":"Fato ou fake","authors":"Paola Biavatti, Estela Mettler Piva, Ernani Cezar De Freitas","doi":"10.47456/cl.v17i37.41753","DOIUrl":"https://doi.org/10.47456/cl.v17i37.41753","url":null,"abstract":"Este trabalho tem por objetivo compreender quais estratégias discursivas são utilizadas pelo serviço de checagem Fato ou Fake, do portal G1, para esclarecer as informações falsas veiculadas, principalmente, no meio online. Trataremos, especificamente, da notícia intitulada “É #FAKE que estudos mostrem que cúrcuma combate a Covid-19”. Para isso, utilizaremos como base os estudos de Charaudeau (2013), com sua obra O Discurso das Mídias, na qual o autor mobiliza conceitos relacionados à organização e à constituição das mídias e do discurso por elas veiculados. A metodologia utilizada é básica, descritiva, bibliográfica e documental com abordagem qualitativa. Podemos compreender que os efeitos de verdade utilizados na notícia foram relacionados aos informadores e que as provas utilizadas para verificação e retificação dos fatos são da ordem da autenticidade, o que garante credibilidade ao serviço de checagem Fato ou Fake e ao trabalho dos jornalistas do portal G1.","PeriodicalId":507136,"journal":{"name":"Revista (Con)Textos Linguísticos","volume":"4 4","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139166403","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-21DOI: 10.47456/cl.v17i37.41819
Hélvio Pires Tolentino, Júlia Maria Costa de Almeida
Este trabalho propõe observar a circulação da expressão ideologia de gênero no discurso político brasileiro, a partir do quadro teórico das fórmulas discursivas proposto por Alice Krieg-Planque (2010; 2011). Por meio de mineração e extração em redes sociais, o corpus, constituído de dez postagens de perfis de políticos no Facebook, apresenta ocorrências de ideologia de gênero, observadas quanto às quatro propriedades – cristalização, caráter discursivo, referente social, aspecto polêmico – destacadas por Krieg-Planque para a verificação do caráter formulaico de uma sequência. A análise dos enunciados verbais, em sua maioria de políticos ultraconservadores, mostra aspectos do discurso antigênero no Brasil e a propulsão que lhe garante a expressão ideologia de gênero, assim como as possibilidades de contradiscurso propostas pelo campo progressista.
本文旨在基于 Alice Krieg-Planque(2010;2011)提出的话语公式理论框架,观察性别意识形态这一表达方式在巴西政治话语中的传播情况。通过对社交网络的挖掘和提取,该语料库由政治家在 Facebook 上发布的十条帖子组成,展示了性别意识形态的出现,并根据 Krieg-Planque 所强调的四种属性(结晶化、话语特征、社会指涉、论战方面)进行观察,以验证序列的公式化特征。对主要由极端保守派政治家发表的口头声明进行的分析,显示了巴西反性别话语的方方面面、性别意识形态的表达对其的推动作用,以及进步阵营提出的反话语的可能性。
{"title":"discurso antigênero e a fórmula “ideologia de gênero”","authors":"Hélvio Pires Tolentino, Júlia Maria Costa de Almeida","doi":"10.47456/cl.v17i37.41819","DOIUrl":"https://doi.org/10.47456/cl.v17i37.41819","url":null,"abstract":"Este trabalho propõe observar a circulação da expressão ideologia de gênero no discurso político brasileiro, a partir do quadro teórico das fórmulas discursivas proposto por Alice Krieg-Planque (2010; 2011). Por meio de mineração e extração em redes sociais, o corpus, constituído de dez postagens de perfis de políticos no Facebook, apresenta ocorrências de ideologia de gênero, observadas quanto às quatro propriedades – cristalização, caráter discursivo, referente social, aspecto polêmico – destacadas por Krieg-Planque para a verificação do caráter formulaico de uma sequência. A análise dos enunciados verbais, em sua maioria de políticos ultraconservadores, mostra aspectos do discurso antigênero no Brasil e a propulsão que lhe garante a expressão ideologia de gênero, assim como as possibilidades de contradiscurso propostas pelo campo progressista.","PeriodicalId":507136,"journal":{"name":"Revista (Con)Textos Linguísticos","volume":"22 12","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139167660","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-21DOI: 10.47456/cl.v17i37.41773
Rodrigo Albuquerque, Rejane Junqueira
Almejamos, neste estudo, avaliar como um/a influenciador/a digital (ID) e seus/suas seguidores/as no Twitter gerenciam estratégias de impolidez que promovem metapragmáticas de violência linguístico-discursiva, considerando suas inscrições político-ideológicas. No âmbito teórico, concebemos, à luz da interface da Sociolinguística Interacional e da Pragmática, que a (im)polidez – instanciada em domínios linguísticos, discursivos e sociointeracionais – se relaciona com as metapragmáticas emergentes das interações mediadas on-line. No âmbito metodológico, inscrevemos este estudo na (N)etnografia, como método, vinculada a uma episteme qualitativa, a fim de que possamos analisar uma interação mediada on-line no Twitter. No âmbito analítico, constatamos que distintas estratégias de impolidez positiva e negativa instauraram um cenário de violência linguístico-discursiva que regimentou metapragmáticas intolerantes, falaciosas e anticientíficas. Assumimos, por fim, que combater fake news significa evitar a propagação de tais metapragmáticas, com vistas a minimizar cenários de violência.
{"title":"Violência linguístico-discursiva no Twitter","authors":"Rodrigo Albuquerque, Rejane Junqueira","doi":"10.47456/cl.v17i37.41773","DOIUrl":"https://doi.org/10.47456/cl.v17i37.41773","url":null,"abstract":"Almejamos, neste estudo, avaliar como um/a influenciador/a digital (ID) e seus/suas seguidores/as no Twitter gerenciam estratégias de impolidez que promovem metapragmáticas de violência linguístico-discursiva, considerando suas inscrições político-ideológicas. No âmbito teórico, concebemos, à luz da interface da Sociolinguística Interacional e da Pragmática, que a (im)polidez – instanciada em domínios linguísticos, discursivos e sociointeracionais – se relaciona com as metapragmáticas emergentes das interações mediadas on-line. No âmbito metodológico, inscrevemos este estudo na (N)etnografia, como método, vinculada a uma episteme qualitativa, a fim de que possamos analisar uma interação mediada on-line no Twitter. No âmbito analítico, constatamos que distintas estratégias de impolidez positiva e negativa instauraram um cenário de violência linguístico-discursiva que regimentou metapragmáticas intolerantes, falaciosas e anticientíficas. Assumimos, por fim, que combater fake news significa evitar a propagação de tais metapragmáticas, com vistas a minimizar cenários de violência.","PeriodicalId":507136,"journal":{"name":"Revista (Con)Textos Linguísticos","volume":"52 19","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139166461","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-21DOI: 10.47456/cl.v17i37.41632
Sueli Cristina Marquesi, Ananias Agostinho Da Silva
Inscrito na área de Linguística Textual, com interface em estudos sobre a violência verbal, o trabalho aqui apresentado tem o objetivo de analisar o plano de texto de um discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro em nível macro, meso e microtextual, com a intenção de discutir a progressão temática do discurso ameaçador e de observar como marcas linguístico-textuais-discursivas revelam a construção de um discurso de ódio que gestou e insuflou a violência física e antidemocrática de 8 de janeiro de 2023. Ao final, defendemos que, como em uma crônica anunciada, o estado de convulsão anunciado textualmente no discurso analisado, por meio de atos ilocucionários ameaçadores inscritos nas escolhas referenciais operadas por Bolsonaro, teve implicações nos ataques terroristas ocorridos em Brasília.
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