Pub Date : 2023-12-09DOI: 10.11606/issn.2447-9772.i17p93-112
Rafaela Alves Fernandes
O que significa elaborar o passado enuncia uma pergunta que como o próprio autor adverte, requer esclarecimentos. Porém, mais que isso, a questão requer uma leitura a posteriori dos fenômenos sociais que a sucederam, assim como o seu enquadramento num contexto histórico e intelectual mais amplo, inclusive no interior da própria obra de Theodor. W. Adorno. Sem a pretensão de esgotar o assunto ou apresentar uma síntese conciliadora das ideias presentes nos escritos de Adorno, visto que muitas delas variam no desenvolvimento de sua obra, o artigo tece considerações sobre a arte e a literatura como meios privilegiados de elaboração do passado, capazes de evidenciar o processo de desumanização do sujeito na sociedade administrada. A exigência adorniana de não esquecimento das catástrofes cometidas no século XX, por fim, adquire outros contornos na contemporaneidade, acrescida de problemas tal como a saturação de memórias traumáticas.
{"title":"Theodor W. Adorno e a elaboração do passado na sociedade ad-ministrada","authors":"Rafaela Alves Fernandes","doi":"10.11606/issn.2447-9772.i17p93-112","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p93-112","url":null,"abstract":"O que significa elaborar o passado enuncia uma pergunta que como o próprio autor adverte, requer esclarecimentos. Porém, mais que isso, a questão requer uma leitura a posteriori dos fenômenos sociais que a sucederam, assim como o seu enquadramento num contexto histórico e intelectual mais amplo, inclusive no interior da própria obra de Theodor. W. Adorno. Sem a pretensão de esgotar o assunto ou apresentar uma síntese conciliadora das ideias presentes nos escritos de Adorno, visto que muitas delas variam no desenvolvimento de sua obra, o artigo tece considerações sobre a arte e a literatura como meios privilegiados de elaboração do passado, capazes de evidenciar o processo de desumanização do sujeito na sociedade administrada. A exigência adorniana de não esquecimento das catástrofes cometidas no século XX, por fim, adquire outros contornos na contemporaneidade, acrescida de problemas tal como a saturação de memórias traumáticas.","PeriodicalId":509880,"journal":{"name":"Rapsódia","volume":"49 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139184634","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-09DOI: 10.11606/issn.2447-9772.i17p263-291
Kássia Borges, Virginia H. A. Aita
{"title":"Depoimento: caminhos poéticos da artista indígena Karajá Kássia Borges","authors":"Kássia Borges, Virginia H. A. Aita","doi":"10.11606/issn.2447-9772.i17p263-291","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p263-291","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":509880,"journal":{"name":"Rapsódia","volume":"46 4","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139184645","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-09DOI: 10.11606/issn.2447-9772.i17p175-187
Marcella Imparato
Em texto introdutório ao catálogo da exposição Iconoclash: Beyond the Image Wars in Science, Religion, and Art, curada por Bruno Latour e Peter Weibel, realizada no Centro de Arte e Mídia Karlsruhe (ZKM), Alemanha, em 2002, Latour cunha o termo iconoclash para pensar a ambiguidade de gestos iconoclastas, que não só produziriam um efeito imediato de destruição, mas também de produção de novas imagens, no campo da religião, da ciência e das artes. À luz dessa nova interpretação, o artigo retoma algumas das análises no campo das artes produzidas por autores que colaboraram para o catálogo da exposição, nas quais se evidencia a ambiguidade das estratégias iconoclastas. A potência produtiva de tal gesto é especialmente destacada em relação à arte moderna e contemporânea, em que inúmeras intervenções e transformações, seja no plano material das obras, seja no plano conceitual ou simbólico, são observadas, colocando em questão sua capacidade de representação e mediação do real e apontando para o esgotamento de certas narrativas históricas.
布鲁诺-拉图尔(Bruno Latour)和彼得-韦伯(Peter Weibel)于 2002 年在德国卡尔斯鲁厄艺术与媒体中心(ZKM)策划了 "圣像破坏:超越科学、宗教和艺术中的图像战争"(Iconoclash: Beyond the Image Wars in Science, Religion, and Art)展览,拉图尔在该展览目录的介绍性文章中创造了 "圣像破坏"(iconoclash)一词,以思考圣像破坏策略的模糊性。根据这一新的解释,文章对合作编写展览目录的作者在艺术领域的一些分析进行了探讨,其中强调了圣像破坏策略的模糊性。在现代和当代艺术方面,这种姿态的生产力尤其得到强调,在这些艺术作品中,无论是在作品的物质层面,还是在概念或象征层面,都出现了无数的干预和变革,使人们对其表现和中介现实的能力产生了质疑,并指出了某些历史叙事的衰竭。
{"title":"Da iconoclastia ao iconoclash, de Bruno Latour","authors":"Marcella Imparato","doi":"10.11606/issn.2447-9772.i17p175-187","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p175-187","url":null,"abstract":"Em texto introdutório ao catálogo da exposição Iconoclash: Beyond the Image Wars in Science, Religion, and Art, curada por Bruno Latour e Peter Weibel, realizada no Centro de Arte e Mídia Karlsruhe (ZKM), Alemanha, em 2002, Latour cunha o termo iconoclash para pensar a ambiguidade de gestos iconoclastas, que não só produziriam um efeito imediato de destruição, mas também de produção de novas imagens, no campo da religião, da ciência e das artes. À luz dessa nova interpretação, o artigo retoma algumas das análises no campo das artes produzidas por autores que colaboraram para o catálogo da exposição, nas quais se evidencia a ambiguidade das estratégias iconoclastas. A potência produtiva de tal gesto é especialmente destacada em relação à arte moderna e contemporânea, em que inúmeras intervenções e transformações, seja no plano material das obras, seja no plano conceitual ou simbólico, são observadas, colocando em questão sua capacidade de representação e mediação do real e apontando para o esgotamento de certas narrativas históricas.","PeriodicalId":509880,"journal":{"name":"Rapsódia","volume":"9 2","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139184726","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-09DOI: 10.11606/issn.2447-9772.i17p161-174
Giselle Beiguelman
Este ensaio visual apresenta imagens da série Venenosas, Nocivas e Suspeitas, de minha autoria e em processo. Desenvolvida com recursos de inteligência artificial, a série foca plantas proibidas pelo processo “civilizador” colonial devido ao seu uso em rituais sagrados e poderes alucinógenos e afrodisíacos, contradizendo o cânone do homem branco europeu idealmente moral e fisicamente superior. O projeto aborda criticamente os modelos baseados na chamada Linguagem natural, que criam imagens a partir de textos e outras imagens em um processo quase intersemiótico de tradução. O título da obra é emprestado de um manual científico do século XIX, publicado na Inglaterra pela Sociedade Científica Cristã, de autoria de Anne Pratt (1857). Por meio do contraponto entre veneno e remédio, que constituem a ambivalência do phármakon, questiona-se como a inteligência artificial reforça pressupostos colonialistas e antropocêntricos, ao mesmo tempo em que abre possibilidades para novas alteridades entre humanos e não humanos.
{"title":"Inteligência artificial como phármakon: a arte algorítmica entre o remédio e o veneno","authors":"Giselle Beiguelman","doi":"10.11606/issn.2447-9772.i17p161-174","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p161-174","url":null,"abstract":"Este ensaio visual apresenta imagens da série Venenosas, Nocivas e Suspeitas, de minha autoria e em processo. Desenvolvida com recursos de inteligência artificial, a série foca plantas proibidas pelo processo “civilizador” colonial devido ao seu uso em rituais sagrados e poderes alucinógenos e afrodisíacos, contradizendo o cânone do homem branco europeu idealmente moral e fisicamente superior. O projeto aborda criticamente os modelos baseados na chamada Linguagem natural, que criam imagens a partir de textos e outras imagens em um processo quase intersemiótico de tradução. O título da obra é emprestado de um manual científico do século XIX, publicado na Inglaterra pela Sociedade Científica Cristã, de autoria de Anne Pratt (1857). Por meio do contraponto entre veneno e remédio, que constituem a ambivalência do phármakon, questiona-se como a inteligência artificial reforça pressupostos colonialistas e antropocêntricos, ao mesmo tempo em que abre possibilidades para novas alteridades entre humanos e não humanos.","PeriodicalId":509880,"journal":{"name":"Rapsódia","volume":"4 3","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139184800","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-09DOI: 10.11606/issn.2447-9772.i17p65-73
Tales Ab´Sáber
Terra em transe, obra prima de Glauber Rocha de 1967, ao refletir sobre os limites históricos da ação política das esquerdas brasileiras no contexto do golpe de 1964 realizou, com sua própria estrutura formal, uma teoria da história em que países periféricos de formação colonial viveriam em regime de repetição e circularidade, melancolia do fim e descontinuidade do não início, em relação ao processo formativo moderno, marcado por horizonte de realização positivo social e subjetivo. Ao invés de progresso e integração social, repetição da violência e profecia negativa: o filme como sortilégio, que ainda estaríamos instalados.
格劳伯-罗查(Glauber Rocha)1967 年的代表作《恍惚的大地》(Terra em transe)在反思 1964 年政变背景下巴西左翼政治行动的历史局限性时,以其自身的形式结构实现了一种历史理论,即殖民地形成的周边国家将生活在一种重复和循环、结束的忧郁和非开始的不连续性的制度中,这与以积极的社会和主观实现为标志的现代形成过程有关。与其说是进步和社会融合,不如说是暴力的重复和消极的预言:电影是一种巫术,我们仍将置身其中。
{"title":"Corpo e transe","authors":"Tales Ab´Sáber","doi":"10.11606/issn.2447-9772.i17p65-73","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p65-73","url":null,"abstract":"Terra em transe, obra prima de Glauber Rocha de 1967, ao refletir sobre os limites históricos da ação política das esquerdas brasileiras no contexto do golpe de 1964 realizou, com sua própria estrutura formal, uma teoria da história em que países periféricos de formação colonial viveriam em regime de repetição e circularidade, melancolia do fim e descontinuidade do não início, em relação ao processo formativo moderno, marcado por horizonte de realização positivo social e subjetivo. Ao invés de progresso e integração social, repetição da violência e profecia negativa: o filme como sortilégio, que ainda estaríamos instalados.","PeriodicalId":509880,"journal":{"name":"Rapsódia","volume":"11 2","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139184822","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-09DOI: 10.11606/issn.2447-9772.i17p209-239
Virginia H. A. Aita
Um excurso no romance de John Updike torna tangível a face sombria da abstração americana, expondo um ethos predatório que consagra e, ipso facto, aniquila seu artista emblemático. Empresta virulência política à crítica de Danto à estética formalista de Greenberg, exumando a “forma pura” que insula a arte. Contudo, essa “pureza” remonta a crenças obscuras da formação colonial, reiteradas pela supremacia branca e protestante. Minando bases da sociabilidade, do “ser-com”, reencena a conflagração da comunidade, a “comunidade impossível”, que faz Nancy repensar sua negatividade como “inoperante”, espaço negativo da relação ao outro. A contrapelo da racionalidade da forma, Sonia Gomes revoga uma ordem excludente e ilegítima que confiscou o espaço da diferença, das memórias e histórias afrodescendentes, para configurar uma imageria do gesto, antes háptica que visual, implodindo a unidade insidiosa do design.
{"title":"Comunidade impossível, exumação das formas e “presença corrosiva”","authors":"Virginia H. A. Aita","doi":"10.11606/issn.2447-9772.i17p209-239","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p209-239","url":null,"abstract":"Um excurso no romance de John Updike torna tangível a face sombria da abstração americana, expondo um ethos predatório que consagra e, ipso facto, aniquila seu artista emblemático. Empresta virulência política à crítica de Danto à estética formalista de Greenberg, exumando a “forma pura” que insula a arte. Contudo, essa “pureza” remonta a crenças obscuras da formação colonial, reiteradas pela supremacia branca e protestante. Minando bases da sociabilidade, do “ser-com”, reencena a conflagração da comunidade, a “comunidade impossível”, que faz Nancy repensar sua negatividade como “inoperante”, espaço negativo da relação ao outro. A contrapelo da racionalidade da forma, Sonia Gomes revoga uma ordem excludente e ilegítima que confiscou o espaço da diferença, das memórias e histórias afrodescendentes, para configurar uma imageria do gesto, antes háptica que visual, implodindo a unidade insidiosa do design.","PeriodicalId":509880,"journal":{"name":"Rapsódia","volume":"11 4","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139184723","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-09DOI: 10.11606/issn.2447-9772.i17p188-208
Betty Mirocznik
Esse artigo tem como foco central a análise das rasgaduras e aparições, e do paradoxo entre o modo de presença das coisas em relação à percepção que delas podemos ter. Isto é, o modo da presença ausente que revela ser o processo perceptivo marcado pela ambiguidade. Para tanto, me debruço sobre a apropriação dos espaços arquitetônicos pelo sujeito na construção de um lugar singular, tomando como estudo de caso o projeto do escritório japonês SANAA para o Campus Vitra (2006) em Weil am Rhein na Alemanha, por sua configuração única. Com vistas a dar conta dessa narrativa, visitei o Campus Vitra, com o intuito de experimentar, vivenciar e comprovar se a prática projetual e construtiva de Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, opera de fato em sentido contrário ao mainstream, e, como sua arquitetura pode ou não transformar a relação e a percepção do fruidor com o entorno. Como fortuna crítica remeto às reflexões do arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa (1936), relacionada a apreensão psíquica da arquitetura obtida a partir do conceito de atmosfera – como um espaço sintonizado composto por um conjunto de elementos indefinidos e espacialmente distribuídos – e ao conceito da fenomenologia focada na atmosfera sob o ponto de vista do filósofo alemão Gernot Böhme. Para o filósofo, a atmosfera não se refere a características espirituais, mas a uma atitude reflexiva e crítica relacionada à consciência da corporeidade e da percepção do indivíduo.
{"title":"Como ver o que nos olha?","authors":"Betty Mirocznik","doi":"10.11606/issn.2447-9772.i17p188-208","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p188-208","url":null,"abstract":"Esse artigo tem como foco central a análise das rasgaduras e aparições, e do paradoxo entre o modo de presença das coisas em relação à percepção que delas podemos ter. Isto é, o modo da presença ausente que revela ser o processo perceptivo marcado pela ambiguidade. Para tanto, me debruço sobre a apropriação dos espaços arquitetônicos pelo sujeito na construção de um lugar singular, tomando como estudo de caso o projeto do escritório japonês SANAA para o Campus Vitra (2006) em Weil am Rhein na Alemanha, por sua configuração única. Com vistas a dar conta dessa narrativa, visitei o Campus Vitra, com o intuito de experimentar, vivenciar e comprovar se a prática projetual e construtiva de Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, opera de fato em sentido contrário ao mainstream, e, como sua arquitetura pode ou não transformar a relação e a percepção do fruidor com o entorno. Como fortuna crítica remeto às reflexões do arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa (1936), relacionada a apreensão psíquica da arquitetura obtida a partir do conceito de atmosfera – como um espaço sintonizado composto por um conjunto de elementos indefinidos e espacialmente distribuídos – e ao conceito da fenomenologia focada na atmosfera sob o ponto de vista do filósofo alemão Gernot Böhme. Para o filósofo, a atmosfera não se refere a características espirituais, mas a uma atitude reflexiva e crítica relacionada à consciência da corporeidade e da percepção do indivíduo.","PeriodicalId":509880,"journal":{"name":"Rapsódia","volume":"41 3","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139184667","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-09DOI: 10.11606/issn.2447-9772.i17p135-160
Fernanda Albuquerque de Almeida
Este artigo apresenta uma análise das videoinstalações do artista brasileiro Otávio Donasci (1952-) exibidas em instituições culturais, Videobusto (1986), Videotaxigirls (1992) e Videoesqueleto (1997), e apresentadas em espaços públicos, Hydra (1998) e VideoCriatura Imersiva (2001). Ele utiliza os objetos relacionais de Lygia Clark como ponto de partida para conceber a noção de imagens relacionais, respectiva ao modo de fruição, participativo e imersivo, solicitado por essas instalações. Esta aproximação visa ressaltar a hipótese de que as videocriaturas podem ser pensadas como alternativas aos modelos de comunicação unidirecional presentes tanto na televisão como nas redes sociais, pois consistem em seres híbridos, meio artificiais, meio orgânicos, que promovem interpelações diante do outro por meio de estratégias diversas e multissensoriais.
{"title":"Imagens relacionais: participação e imersão nas videoinstalações de Otávio Donasci","authors":"Fernanda Albuquerque de Almeida","doi":"10.11606/issn.2447-9772.i17p135-160","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p135-160","url":null,"abstract":"Este artigo apresenta uma análise das videoinstalações do artista brasileiro Otávio Donasci (1952-) exibidas em instituições culturais, Videobusto (1986), Videotaxigirls (1992) e Videoesqueleto (1997), e apresentadas em espaços públicos, Hydra (1998) e VideoCriatura Imersiva (2001). Ele utiliza os objetos relacionais de Lygia Clark como ponto de partida para conceber a noção de imagens relacionais, respectiva ao modo de fruição, participativo e imersivo, solicitado por essas instalações. Esta aproximação visa ressaltar a hipótese de que as videocriaturas podem ser pensadas como alternativas aos modelos de comunicação unidirecional presentes tanto na televisão como nas redes sociais, pois consistem em seres híbridos, meio artificiais, meio orgânicos, que promovem interpelações diante do outro por meio de estratégias diversas e multissensoriais.","PeriodicalId":509880,"journal":{"name":"Rapsódia","volume":"35 5","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139184680","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-09DOI: 10.11606/issn.2447-9772.i17p74-92
R. Ferreira
O objetivo deste artigo é perseguir as consequências teóricas das caracterizações estético-antropológicas e naturalistas dos gêneros e das raças fundadas na categoria de sublime, tal como apresentada nas Observações. Com isso, gostaríamos de mostrar como a oposição entre bela aparência e sublime virtude, por um lado, e as dualidades e gradações internas do sublime, por outro, levam o jovem Kant a realizar passagens, proibidas por ele mesmo em sua exposição, entre o campo pragmático das observações e o campo teórico da filosofia, implicando em conclusões que representam, num quadro maior, as contradições possíveis do discurso iluminista, sobretudo na forma da relação metodologicamente irmanada entre história natural, filosofia da história, crítica de gosto e antropologia. Entrementes, o saldo da pesquisa detida do sublime nesse ensaio do período pré-crítico revela muitas marcas que persistem e se desenvolvem na compreensão kantiana dessa noção no período crítico, como sua relação com o fanatismo (Schwärmerei), suas dualidades e sua condição como sentimento moral em si mesmo e também moralmente formativo.
{"title":"O sublime, as mulheres e os negros nas Observações do jovem Kant","authors":"R. Ferreira","doi":"10.11606/issn.2447-9772.i17p74-92","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p74-92","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é perseguir as consequências teóricas das caracterizações estético-antropológicas e naturalistas dos gêneros e das raças fundadas na categoria de sublime, tal como apresentada nas Observações. Com isso, gostaríamos de mostrar como a oposição entre bela aparência e sublime virtude, por um lado, e as dualidades e gradações internas do sublime, por outro, levam o jovem Kant a realizar passagens, proibidas por ele mesmo em sua exposição, entre o campo pragmático das observações e o campo teórico da filosofia, implicando em conclusões que representam, num quadro maior, as contradições possíveis do discurso iluminista, sobretudo na forma da relação metodologicamente irmanada entre história natural, filosofia da história, crítica de gosto e antropologia. Entrementes, o saldo da pesquisa detida do sublime nesse ensaio do período pré-crítico revela muitas marcas que persistem e se desenvolvem na compreensão kantiana dessa noção no período crítico, como sua relação com o fanatismo (Schwärmerei), suas dualidades e sua condição como sentimento moral em si mesmo e também moralmente formativo.","PeriodicalId":509880,"journal":{"name":"Rapsódia","volume":"15 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139184808","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-09DOI: 10.11606/issn.2447-9772.i17p240-262
Victor Zamberlan Schneider
Este ensaio analisa o primeiro álbum lançado por Paulinho da Viola em 1971. O começo dos anos 70 é o auge da repressão da ditadura militar e vive-se o milagre econômico. Paulinho da Viola (1942-) é um compositor da música popular brasileira que sempre fez questão de deixar clara a importância da tradição do Samba para a sua obra. Uma escuta atenta deste álbum sugere um comportamento filosófico do eu lírico: espanto e perplexidade (thaumázein) diante de problemas concretos seguidos pela busca racional por um conceito que possibilite a compreensão destes problemas. Para aprofundar a discussão sobre este álbum e entender quais seriam estes problemas, este ensaio tenta relacionar a tradição filosófica ocidental com o Samba, ritmo negro de resistência coletiva.
本文分析了保利尼奥-达维奥拉(Paulinho da Viola)于 1971 年发行的第一张专辑。20 世纪 70 年代初是军事独裁镇压和经济奇迹的鼎盛时期。保利尼奥-达维奥拉(Paulinho da Viola,1942-)是一位巴西流行音乐作曲家,他一直强调桑巴传统在其作品中的重要性。细心聆听这张专辑,会发现抒情自我的一种哲学行为:在面对具体问题时感到惊讶和困惑(thaumázein),然后理性地寻找一种概念来理解这些问题。为了加深对这张专辑的讨论,并理解这些问题可能是什么,本文试图将西方哲学传统与桑巴--一种集体反抗的黑人节奏--联系起来。
{"title":"O samba nas nuvens: um disco de Paulinho da Viola (1971)","authors":"Victor Zamberlan Schneider","doi":"10.11606/issn.2447-9772.i17p240-262","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p240-262","url":null,"abstract":"Este ensaio analisa o primeiro álbum lançado por Paulinho da Viola em 1971. O começo dos anos 70 é o auge da repressão da ditadura militar e vive-se o milagre econômico. Paulinho da Viola (1942-) é um compositor da música popular brasileira que sempre fez questão de deixar clara a importância da tradição do Samba para a sua obra. Uma escuta atenta deste álbum sugere um comportamento filosófico do eu lírico: espanto e perplexidade (thaumázein) diante de problemas concretos seguidos pela busca racional por um conceito que possibilite a compreensão destes problemas. Para aprofundar a discussão sobre este álbum e entender quais seriam estes problemas, este ensaio tenta relacionar a tradição filosófica ocidental com o Samba, ritmo negro de resistência coletiva.","PeriodicalId":509880,"journal":{"name":"Rapsódia","volume":"9 3","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139184893","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}