Resumo Cultural Backlash: Trump, Brexit, and authoritarian populism é o mais recente livro de Pippa Norris e Ronald Inglehart. A obra busca analisar transformações recentes nas democracias mais consolidadas, ancorado no modelo teórico originalmente formulado no pós-materialismo. Sintetiza-se aqui essa contribuição, indicando o modo como os autores operacionalizam os conceitos de populismo, autoritarismo e reação cultural. Conclui-se que o modelo Norris/Inglehart foi demasiado otimista e deixou de antecipar fatores como declínio da confiança nas instituições democráticas e da negatividade nas avaliações dos políticos que se consolidaram nos últimos anos. Constatou-se, também, que a obra analisada fornece um original enquadramento teórico para o entendimento da emergência do populismo autoritário nos países estudados.
{"title":"Da emancipação ao autoritarismo: a teoria do pós-materialismo e o “cultural backlash”","authors":"Julian Borba, Gregório Jefferson da Silva","doi":"10.1590/15174522-106396","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/15174522-106396","url":null,"abstract":"Resumo Cultural Backlash: Trump, Brexit, and authoritarian populism é o mais recente livro de Pippa Norris e Ronald Inglehart. A obra busca analisar transformações recentes nas democracias mais consolidadas, ancorado no modelo teórico originalmente formulado no pós-materialismo. Sintetiza-se aqui essa contribuição, indicando o modo como os autores operacionalizam os conceitos de populismo, autoritarismo e reação cultural. Conclui-se que o modelo Norris/Inglehart foi demasiado otimista e deixou de antecipar fatores como declínio da confiança nas instituições democráticas e da negatividade nas avaliações dos políticos que se consolidaram nos últimos anos. Constatou-se, também, que a obra analisada fornece um original enquadramento teórico para o entendimento da emergência do populismo autoritário nos países estudados.","PeriodicalId":52478,"journal":{"name":"Sociologias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46167473","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Ludmila Costhek Abílio, Henrique Amorim, R. Grohmann
Resumo O dossiê Trabalho em plataformas digitais: perspectivas desde o Sul global se organiza com o objetivo de trazer contribuições para as análises que se fazem a partir da periferia e reconhecem sua centralidade nos fenômenos globais contemporâneos. Trata-se, portanto, de pesquisas que incorporam as estruturas específicas do trabalho na periferia em sua análise, sem perder de vista debates e perspectivas que permeiam a compreensão do capitalismo e, especificamente, da exploração do trabalho na atualidade.
{"title":"Trabalho em plataformas digitais: perspectivas desde o Sul global","authors":"Ludmila Costhek Abílio, Henrique Amorim, R. Grohmann","doi":"10.1590/15174522-117530","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/15174522-117530","url":null,"abstract":"Resumo O dossiê Trabalho em plataformas digitais: perspectivas desde o Sul global se organiza com o objetivo de trazer contribuições para as análises que se fazem a partir da periferia e reconhecem sua centralidade nos fenômenos globais contemporâneos. Trata-se, portanto, de pesquisas que incorporam as estruturas específicas do trabalho na periferia em sua análise, sem perder de vista debates e perspectivas que permeiam a compreensão do capitalismo e, especificamente, da exploração do trabalho na atualidade.","PeriodicalId":52478,"journal":{"name":"Sociologias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47156881","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo No paradigma da heteromação do trabalho, as mudanças operadas pela informatização da economia fazem com que uma massa expressiva de trabalhadores passe a desempenhar atividades essenciais, mas marginais. Objetiva-se, neste estudo, analisar as diferentes formas de microtrabalho heteromatizado remunerado presentes em território nacional, de maneira a lançar luzes compreensivas sobre as condições e especificidades do contexto laboral brasileiro. Para tanto, primeiro foi realizado um levantamento e descrição dos crowdworks de microtarefas em operação no Brasil. Depois, a partir do método netnográfico nos inserimos em 22 grupos de Facebook e de Whatsapp voltados a esse mercado (o que totaliza uma base de cerca de 16 mil perfis registrados) e os acompanhamos durante sete meses. Conclui-se que, no Brasil, há uma importante reserva de mão de obra de microtrabalho e que não estamos diante de um cenário isolado, monolítico e homogêneo. O microtrabalho está imbricado em novas formas de extração de valor da plataformização do trabalho e deve ser compreendido em meio a cadeias de produção mais amplas, globais, onde as condições de trabalho são polissêmicas, assimétricas e regidas mormente por países do Norte global.◊
{"title":"Heteromação e microtrabalho no Brasil","authors":"M. Braz","doi":"10.1590/15174522-111017","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/15174522-111017","url":null,"abstract":"Resumo No paradigma da heteromação do trabalho, as mudanças operadas pela informatização da economia fazem com que uma massa expressiva de trabalhadores passe a desempenhar atividades essenciais, mas marginais. Objetiva-se, neste estudo, analisar as diferentes formas de microtrabalho heteromatizado remunerado presentes em território nacional, de maneira a lançar luzes compreensivas sobre as condições e especificidades do contexto laboral brasileiro. Para tanto, primeiro foi realizado um levantamento e descrição dos crowdworks de microtarefas em operação no Brasil. Depois, a partir do método netnográfico nos inserimos em 22 grupos de Facebook e de Whatsapp voltados a esse mercado (o que totaliza uma base de cerca de 16 mil perfis registrados) e os acompanhamos durante sete meses. Conclui-se que, no Brasil, há uma importante reserva de mão de obra de microtrabalho e que não estamos diante de um cenário isolado, monolítico e homogêneo. O microtrabalho está imbricado em novas formas de extração de valor da plataformização do trabalho e deve ser compreendido em meio a cadeias de produção mais amplas, globais, onde as condições de trabalho são polissêmicas, assimétricas e regidas mormente por países do Norte global.◊","PeriodicalId":52478,"journal":{"name":"Sociologias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47933048","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Abstract How do food delivery platform firms, such as Meituan (operated by Tencent) and Ele.me (owned by Alibaba), manage couriers through service contracting rather than formal employment? How do couriers experience control and autonomy at work? Using observation and interviews, the author finds that a combination of data-driven surveillance systems and customer feedback mechanisms are incentivizing workers’ efforts. Corporate utilization of both manual and emotional labor is critical to realizing profits. Individual freedom is framed in a way that crowdsourced couriers are not required to work a minimum amount of time. Flexibility enabled by the algorithmic management, however, cuts both ways. When there is less demand, the platform corporations automatically reduce their dependence on labor. With variable food orders and piece rates, workers’ minimum earnings are not guaranteed. In the absence of Chinese legal protections over the fast-growing food delivery sector, informal workers are desperately struggling for livelihood.◊
{"title":"Hunger for profit: how food delivery platforms manage couriers in China","authors":"J. Chan","doi":"10.1590/15174522-112308","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/15174522-112308","url":null,"abstract":"Abstract How do food delivery platform firms, such as Meituan (operated by Tencent) and Ele.me (owned by Alibaba), manage couriers through service contracting rather than formal employment? How do couriers experience control and autonomy at work? Using observation and interviews, the author finds that a combination of data-driven surveillance systems and customer feedback mechanisms are incentivizing workers’ efforts. Corporate utilization of both manual and emotional labor is critical to realizing profits. Individual freedom is framed in a way that crowdsourced couriers are not required to work a minimum amount of time. Flexibility enabled by the algorithmic management, however, cuts both ways. When there is less demand, the platform corporations automatically reduce their dependence on labor. With variable food orders and piece rates, workers’ minimum earnings are not guaranteed. In the absence of Chinese legal protections over the fast-growing food delivery sector, informal workers are desperately struggling for livelihood.◊","PeriodicalId":52478,"journal":{"name":"Sociologias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45215608","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Danielle Maia Cruz, Fábio Carvalho de Alvarenga Peixoto
Resumo O artigo analisa possibilidades de impactos em manifestações sociais a partir de uma possível alteração da Lei nº 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo) pelo Projeto de Lei do Senado nº 272/2016, que visa a disciplinar, com mais rigor e precisão, condutas tidas como atos de terrorismo. O reavivamento desse debate ocorreu no início de 2019, quando coletivos criminais, conhecidos como “facções”, envolvidos com o mercado de drogas no Ceará, promoveram uma série de ações violentas alterando radicalmente o cotidiano das pessoas, levando a população a clamar por atitudes rígidas do Estado contra o que foi intuído como terrorismo. A pesquisa, de natureza qualitativa, aponta as dinâmicas das facções no Ceará e diferenças com relação a outras modalidades de organização social voltadas historicamente à luta por direitos constitucionais, além de demonstrar as dificuldades em tipificar como terroristas atos praticados por coletivos criminais sem, ao mesmo tempo, prover ao Estado meios para também coibir as práticas de movimentos sociais, inclusive por motivações políticas. Conclui-se que os efeitos de possíveis alterações na Lei Antiterrorismo seriam severos para a dinâmica da democracia, ao reprimir possivelmente práticas coletivas historicamente fundamentais para assegurar direitos diversos em uma sociedade plural.
{"title":"Terrorismo, manifestações sociais e democracia: uma análise sobre a proposta de alteração da Lei nº 13.260/2016 no Brasil","authors":"Danielle Maia Cruz, Fábio Carvalho de Alvarenga Peixoto","doi":"10.1590/15174522-96865","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/15174522-96865","url":null,"abstract":"Resumo O artigo analisa possibilidades de impactos em manifestações sociais a partir de uma possível alteração da Lei nº 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo) pelo Projeto de Lei do Senado nº 272/2016, que visa a disciplinar, com mais rigor e precisão, condutas tidas como atos de terrorismo. O reavivamento desse debate ocorreu no início de 2019, quando coletivos criminais, conhecidos como “facções”, envolvidos com o mercado de drogas no Ceará, promoveram uma série de ações violentas alterando radicalmente o cotidiano das pessoas, levando a população a clamar por atitudes rígidas do Estado contra o que foi intuído como terrorismo. A pesquisa, de natureza qualitativa, aponta as dinâmicas das facções no Ceará e diferenças com relação a outras modalidades de organização social voltadas historicamente à luta por direitos constitucionais, além de demonstrar as dificuldades em tipificar como terroristas atos praticados por coletivos criminais sem, ao mesmo tempo, prover ao Estado meios para também coibir as práticas de movimentos sociais, inclusive por motivações políticas. Conclui-se que os efeitos de possíveis alterações na Lei Antiterrorismo seriam severos para a dinâmica da democracia, ao reprimir possivelmente práticas coletivas historicamente fundamentais para assegurar direitos diversos em uma sociedade plural.","PeriodicalId":52478,"journal":{"name":"Sociologias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43643153","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo Este artigo analisa as trajetórias militantes de Maurício Grabois, Elza Monnerat e João Amazonas, membros do Partido Comunista do Brasil enviados à região do Araguaia para organizar um movimento armado contra a ditadura civil-militar instaurada com o golpe de 1964. O objetivo é apreender o processo de construção do sentido de um engajamento político que implicava em alto risco para os militantes. Em diálogo com a literatura sobre movimentos sociais, são analisadas a disponibilidade biográfica dos agentes, sua identificação ideológica com o movimento, suas redes sociais e o impacto da repressão estatal. Mais velhos do que a média da esquerda armada do período, esses militantes compartilhavam uma longa trajetória no partido comunista, durante a qual as predisposições criadas com a socialização militante foram corroboradas por mudanças no contexto político nacional e internacional, experiências coletivas e individuais de perseguição, clandestinidade, prisão e pelas mudanças ocorridas no interior da sua organização.◊
{"title":"A caminho do Araguaia: três trajetórias militantes","authors":"R. N. Pannain","doi":"10.1590/15174522-104561","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/15174522-104561","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo analisa as trajetórias militantes de Maurício Grabois, Elza Monnerat e João Amazonas, membros do Partido Comunista do Brasil enviados à região do Araguaia para organizar um movimento armado contra a ditadura civil-militar instaurada com o golpe de 1964. O objetivo é apreender o processo de construção do sentido de um engajamento político que implicava em alto risco para os militantes. Em diálogo com a literatura sobre movimentos sociais, são analisadas a disponibilidade biográfica dos agentes, sua identificação ideológica com o movimento, suas redes sociais e o impacto da repressão estatal. Mais velhos do que a média da esquerda armada do período, esses militantes compartilhavam uma longa trajetória no partido comunista, durante a qual as predisposições criadas com a socialização militante foram corroboradas por mudanças no contexto político nacional e internacional, experiências coletivas e individuais de perseguição, clandestinidade, prisão e pelas mudanças ocorridas no interior da sua organização.◊","PeriodicalId":52478,"journal":{"name":"Sociologias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43367877","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumen El presente artículo indaga en las condiciones de mujeres que se fueron insertando en trabajos más precarios, producto de la falta de respuestas en materia de políticas de corresponsabilidad de los cuidados. Estas trabajadoras buscaron respuestas en el trabajo remoto y en las plataformas de trabajo. La sobrecarga de trabajo doméstico y de cuidados no remunerados limita las posibilidades de inserción en empleos con jornadas laborales extradomésticas. De esta manera, la inserción de mujeres en plataformas de trabajo menos visibles – por no estar “en la calle” – es notoria porque habilita la combinación de tiempos y tareas – remuneradas y no remuneradas – en el hogar, pero, al mismo tiempo, las encasilla en sectores que les fueran socialmente asignados. Esta realidad requiere de nuevas estrategias políticas y sindicales a fin de darles visibilidad y representatividad en las organizaciones. Se materializa el riesgo de generar sindicatos sin la participación de las mujeres y sin una agenda de género. El artículo retoma las implicancias de un debate histórico que aún sigue vigente, y que se ha evidenciado en el contexto de la pandemia global, en torno a la llamada crisis de los cuidados. La pandemia del Covid-19 aceleró e hizo más vigente que nunca estos debates. Basado en un enfoque cualitativo, el presente estudio recurre a entrevistas semiestructuradas y al análisis documental para analizar las condiciones laborales de trabajadoras en plataformas digitales para el caso argentino. Asimismo, basado en una serie de talleres con trabajadoras sindicalizadas, plantea diversas estrategias para una agenda sindical y feminista, a fin de que no se diluyan la participación y derechos de las mujeres y personas LGBT+ a través de plataformas de trabajo que las aíslen en diversos empleos bajo la modalidad virtual y remota.
{"title":"Precarización del trabajo y estrategias de trabajadoras en plataformas digitales: trabajo desde el hogar, organización sindical y disputa por derechos en el contexto de la pandemia del Covid-19","authors":"Sofía Scasserra, Flora Partenio","doi":"10.1590/15174522-112307","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/15174522-112307","url":null,"abstract":"Resumen El presente artículo indaga en las condiciones de mujeres que se fueron insertando en trabajos más precarios, producto de la falta de respuestas en materia de políticas de corresponsabilidad de los cuidados. Estas trabajadoras buscaron respuestas en el trabajo remoto y en las plataformas de trabajo. La sobrecarga de trabajo doméstico y de cuidados no remunerados limita las posibilidades de inserción en empleos con jornadas laborales extradomésticas. De esta manera, la inserción de mujeres en plataformas de trabajo menos visibles – por no estar “en la calle” – es notoria porque habilita la combinación de tiempos y tareas – remuneradas y no remuneradas – en el hogar, pero, al mismo tiempo, las encasilla en sectores que les fueran socialmente asignados. Esta realidad requiere de nuevas estrategias políticas y sindicales a fin de darles visibilidad y representatividad en las organizaciones. Se materializa el riesgo de generar sindicatos sin la participación de las mujeres y sin una agenda de género. El artículo retoma las implicancias de un debate histórico que aún sigue vigente, y que se ha evidenciado en el contexto de la pandemia global, en torno a la llamada crisis de los cuidados. La pandemia del Covid-19 aceleró e hizo más vigente que nunca estos debates. Basado en un enfoque cualitativo, el presente estudio recurre a entrevistas semiestructuradas y al análisis documental para analizar las condiciones laborales de trabajadoras en plataformas digitales para el caso argentino. Asimismo, basado en una serie de talleres con trabajadoras sindicalizadas, plantea diversas estrategias para una agenda sindical y feminista, a fin de que no se diluyan la participación y derechos de las mujeres y personas LGBT+ a través de plataformas de trabajo que las aíslen en diversos empleos bajo la modalidad virtual y remota.","PeriodicalId":52478,"journal":{"name":"Sociologias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48327313","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo Ao longo da sua história, o grupo criminal autodenominado Primeiro Comando da Capital (PCC) constituiu alguns mecanismos regulatórios voltados à administração de conflitos, o exercício de controle social e a aplicação de punições, tanto nas prisões quanto nas periferias em que alcançou hegemonia. Os dispositivos conhecidos como debates expressam a configuração assumida pelos expedientes voltados à resolução de conflitos e têm se destacado pela variedade de demandas que lhes são reportadas. Os casos considerados mais complexos têm sido identificados como aqueles que envolvem assuntos de “vida e morte”. Neste texto, partindo da análise de um processo crime que apurou práticas de tortura na cidade de São Paulo e que se referia à ocorrência de um debate do tipo “vida e morte”, discutimos como estes debates têm recorrido ao uso da tortura para operacionalizar as decisões tomadas pelos membros do PCC com a finalidade de obter confissão e, ao mesmo tempo, punir indivíduos acusados de violar a “disciplina do crime”. Além disso, ressaltamos como valores sociais e morais, amplamente disseminados, fundamentam a ética regulatória das práticas do mundo do crime e são mobilizados para orientar as ações deliberadas por estes agentes, legitimando, inclusive, o uso da violência como forma de resolução de conflitos e de punição.
{"title":"Notas sobre a tortura em um debate do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo","authors":"Camila Caldeira Nunes Dias, M. S. Gomes","doi":"10.1590/15174522-105267","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/15174522-105267","url":null,"abstract":"Resumo Ao longo da sua história, o grupo criminal autodenominado Primeiro Comando da Capital (PCC) constituiu alguns mecanismos regulatórios voltados à administração de conflitos, o exercício de controle social e a aplicação de punições, tanto nas prisões quanto nas periferias em que alcançou hegemonia. Os dispositivos conhecidos como debates expressam a configuração assumida pelos expedientes voltados à resolução de conflitos e têm se destacado pela variedade de demandas que lhes são reportadas. Os casos considerados mais complexos têm sido identificados como aqueles que envolvem assuntos de “vida e morte”. Neste texto, partindo da análise de um processo crime que apurou práticas de tortura na cidade de São Paulo e que se referia à ocorrência de um debate do tipo “vida e morte”, discutimos como estes debates têm recorrido ao uso da tortura para operacionalizar as decisões tomadas pelos membros do PCC com a finalidade de obter confissão e, ao mesmo tempo, punir indivíduos acusados de violar a “disciplina do crime”. Além disso, ressaltamos como valores sociais e morais, amplamente disseminados, fundamentam a ética regulatória das práticas do mundo do crime e são mobilizados para orientar as ações deliberadas por estes agentes, legitimando, inclusive, o uso da violência como forma de resolução de conflitos e de punição.","PeriodicalId":52478,"journal":{"name":"Sociologias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42686453","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Horígenes Fontes Soares Neto, L. Pinheiro, M. Ferraz
Resumo Enquanto face mais recente do modo de acumulação capitalista, a financeirização reverbera, por um de seus tentáculos, na necessidade de acesso ao mercado bancário-financeiro e de bens pelas famílias de baixa renda. Isso se dá, primordialmente, para que possam assegurar direitos esvaziados pelo Estado, gerando explosões de consumo e endividamento alimentadoras do circuito neoliberal – caso do Brasil, sobretudo desde os anos 1990. Ao lado, o crescimento de mecanismos socioassistenciais, cujo pano de fundo é a promoção do bem-estar e das cidadanias, deixa de servir unicamente às suas pretensões originárias para também sustentar, transversalmente, o capital financeirizado. Em tal cenário, este trabalho objetiva verificar as dinâmicas de gasto e consumo familiares vigentes num Brasil marcado pelas desigualdades e por políticas públicas socioassistenciais na era financeirizada. Perquire a inserção na ciranda bancário-financeira das populações pauperizadas e o uso do fundo público para a remuneração de bancos. Metodologicamente, parte de pesquisa bibliográfica de teóricos clássicos e contemporâneos críticos da financeirização, aliada a dados secundários de consumo e gastos das famílias brasileiras, destacadamente aquelas rastreadas e atendidas por políticas assistenciais, assim como da execução orçamentária nacional. A análise aponta para a cooptação do Estado pela financeirização e a quebra dos objetivos originários das ações assistenciais.
{"title":"Brasil da financeirização: do consumo familiar à cooptação da assistência social","authors":"Horígenes Fontes Soares Neto, L. Pinheiro, M. Ferraz","doi":"10.1590/15174522-101294","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/15174522-101294","url":null,"abstract":"Resumo Enquanto face mais recente do modo de acumulação capitalista, a financeirização reverbera, por um de seus tentáculos, na necessidade de acesso ao mercado bancário-financeiro e de bens pelas famílias de baixa renda. Isso se dá, primordialmente, para que possam assegurar direitos esvaziados pelo Estado, gerando explosões de consumo e endividamento alimentadoras do circuito neoliberal – caso do Brasil, sobretudo desde os anos 1990. Ao lado, o crescimento de mecanismos socioassistenciais, cujo pano de fundo é a promoção do bem-estar e das cidadanias, deixa de servir unicamente às suas pretensões originárias para também sustentar, transversalmente, o capital financeirizado. Em tal cenário, este trabalho objetiva verificar as dinâmicas de gasto e consumo familiares vigentes num Brasil marcado pelas desigualdades e por políticas públicas socioassistenciais na era financeirizada. Perquire a inserção na ciranda bancário-financeira das populações pauperizadas e o uso do fundo público para a remuneração de bancos. Metodologicamente, parte de pesquisa bibliográfica de teóricos clássicos e contemporâneos críticos da financeirização, aliada a dados secundários de consumo e gastos das famílias brasileiras, destacadamente aquelas rastreadas e atendidas por políticas assistenciais, assim como da execução orçamentária nacional. A análise aponta para a cooptação do Estado pela financeirização e a quebra dos objetivos originários das ações assistenciais.","PeriodicalId":52478,"journal":{"name":"Sociologias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48799905","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo O objetivo deste texto é apontar a riqueza da pesquisa teórica e empírica de Marx nas margens, de Kevin Anderson, pois consideramos que esse trabalho apresenta um novo ciclo de discussão ao conseguir discorrer a ideia de que a teoria dialética de Marx não está reduzida à questão de classes e a etapas “universais” de desenvolvimento capitalista, como frequentemente se aponta. Em primeiro lugar, destacaremos a mobilização das fontes, a metodologia de análise e a tradição intelectual e política em que a obra e o autor estão inseridos. Em um segundo momento, apresentaremos os capítulos do livro e, por fim, um breve comentário sobre alguns desafios que o livro suscita para novas agendas de pesquisa capazes, inclusive, de aproximar efetivamente tradição marxista e perspectiva pós/decolonial.
{"title":"Um “Marx pós-colonial”? Revoluções e colonialismos ao Sul global","authors":"D. Rubbo","doi":"10.1590/15174522-105012","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/15174522-105012","url":null,"abstract":"Resumo O objetivo deste texto é apontar a riqueza da pesquisa teórica e empírica de Marx nas margens, de Kevin Anderson, pois consideramos que esse trabalho apresenta um novo ciclo de discussão ao conseguir discorrer a ideia de que a teoria dialética de Marx não está reduzida à questão de classes e a etapas “universais” de desenvolvimento capitalista, como frequentemente se aponta. Em primeiro lugar, destacaremos a mobilização das fontes, a metodologia de análise e a tradição intelectual e política em que a obra e o autor estão inseridos. Em um segundo momento, apresentaremos os capítulos do livro e, por fim, um breve comentário sobre alguns desafios que o livro suscita para novas agendas de pesquisa capazes, inclusive, de aproximar efetivamente tradição marxista e perspectiva pós/decolonial.","PeriodicalId":52478,"journal":{"name":"Sociologias","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44539615","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}