Pub Date : 2021-07-23DOI: 10.1590/0103-6564e180141
E. Teodoro, Daniela Paula do Couto, M. Silva, R. Mendonça
Resumo Partindo da constatação acadêmica da importância do ensino-transmissão da psicanálise na universidade, este artigo objetiva ser uma peça demonstrativa do quanto o aprendizado do conceito psicanalítico - inconsciente - pode ser facilitado por meio da linguagem cinematográfica. Para tanto, a investigação teórica e a análise fílmica psicanalítica foram escolhidas como métodos de pesquisa, estes balizados pela psicanálise aplicada. Utilizam-se filmes consagrados pela mídia, que vão desde Psicose, de Alfred Hitchcock, até Alice no país das maravilhas, de Tim Burton, a fim de dispor em movimento a conceituografia psicanalítica que organiza o conceito de inconsciente em Freud e Lacan. Observa-se, assim, que a novidade freudiana consistiu em desatrelar o inconsciente da consciência e elevá-lo ao estatuto de instância psíquica que se expressa por meio de sonhos, atos falhos, chistes e outros. A partir dessa concepção, posteriormente Lacan propõe o inconsciente estruturado como linguagem provendo o fio fundamental dos laços sociais.
{"title":"Psicanálise e cinema: aplicação da análise fílmica para a aprendizagem do conceito de inconsciente","authors":"E. Teodoro, Daniela Paula do Couto, M. Silva, R. Mendonça","doi":"10.1590/0103-6564e180141","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0103-6564e180141","url":null,"abstract":"Resumo Partindo da constatação acadêmica da importância do ensino-transmissão da psicanálise na universidade, este artigo objetiva ser uma peça demonstrativa do quanto o aprendizado do conceito psicanalítico - inconsciente - pode ser facilitado por meio da linguagem cinematográfica. Para tanto, a investigação teórica e a análise fílmica psicanalítica foram escolhidas como métodos de pesquisa, estes balizados pela psicanálise aplicada. Utilizam-se filmes consagrados pela mídia, que vão desde Psicose, de Alfred Hitchcock, até Alice no país das maravilhas, de Tim Burton, a fim de dispor em movimento a conceituografia psicanalítica que organiza o conceito de inconsciente em Freud e Lacan. Observa-se, assim, que a novidade freudiana consistiu em desatrelar o inconsciente da consciência e elevá-lo ao estatuto de instância psíquica que se expressa por meio de sonhos, atos falhos, chistes e outros. A partir dessa concepção, posteriormente Lacan propõe o inconsciente estruturado como linguagem provendo o fio fundamental dos laços sociais.","PeriodicalId":20714,"journal":{"name":"Psicologia Usp","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-07-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43492298","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-07-23DOI: 10.1590/0103-6564e200149
Grazielli Padilha Vieira, Ana Cristina Garcia Dias
Resumo Sentido de vida é uma variável que tem sido considerada central para compreensão do bem-estar humano nas últimas décadas. Entretanto, o estudo desse conceito é muito mais antigo e ele já recebeu contribuições da filosofia, da psicologia humanista, da logoterapia e, recentemente, da psicologia positiva e da psicometria, o que possibilitou que tal construto fosse mensurado. Este artigo explora os caminhos de sentido de vida enquanto construto ao longo do tempo, discutindo as contribuições que o conceito recebeu de diversas teorias psicológicas, incluindo o recente modelo tripartite de sentido de vida. Por fim, são discutidos os desafios enfrentados por pesquisadores e clínicos que buscam trabalhar com essa variável.
{"title":"Sentido de vida: compreendendo este desafiador campo de estudo","authors":"Grazielli Padilha Vieira, Ana Cristina Garcia Dias","doi":"10.1590/0103-6564e200149","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0103-6564e200149","url":null,"abstract":"Resumo Sentido de vida é uma variável que tem sido considerada central para compreensão do bem-estar humano nas últimas décadas. Entretanto, o estudo desse conceito é muito mais antigo e ele já recebeu contribuições da filosofia, da psicologia humanista, da logoterapia e, recentemente, da psicologia positiva e da psicometria, o que possibilitou que tal construto fosse mensurado. Este artigo explora os caminhos de sentido de vida enquanto construto ao longo do tempo, discutindo as contribuições que o conceito recebeu de diversas teorias psicológicas, incluindo o recente modelo tripartite de sentido de vida. Por fim, são discutidos os desafios enfrentados por pesquisadores e clínicos que buscam trabalhar com essa variável.","PeriodicalId":20714,"journal":{"name":"Psicologia Usp","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-07-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46786659","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-07-14DOI: 10.1590/0103-6564e200003
Andreza Conceição de Souza Tavares, Rebeca Fernandes Ferreira Lima, R. S. Tokumaru
Resumo A depressão tem alcançado níveis epidêmicos ao redor do mundo. Seria a depressão um distúrbio mental, como é consenso na saúde mental? Teóricos evolucionistas têm-se questionado quanto à função da depressão e proposto modelos específicos para explicá-la. O objetivo deste artigo é apresentar teorias evolucionistas da depressão, discutir as relações de complementariedade e contraposição entre elas e as implicações sociais e práticas para o tratamento da depressão. Essas reflexões e questionamentos no domínio da saúde mental podem influenciar novos estudos a partir de uma perspectiva não patológica da depressão. No âmbito da psicologia essa perspectiva fornece subsídios para repensar a psicoterapia com o deprimido, enfocando a análise causal e a resolução de problemas. Sugere-se a realização de estudos empíricos com a finalidade de testar e sistematizar as teorias evolucionistas da depressão.
{"title":"Teorias evolucionistas da depressão: panorama e perspectivas","authors":"Andreza Conceição de Souza Tavares, Rebeca Fernandes Ferreira Lima, R. S. Tokumaru","doi":"10.1590/0103-6564e200003","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0103-6564e200003","url":null,"abstract":"Resumo A depressão tem alcançado níveis epidêmicos ao redor do mundo. Seria a depressão um distúrbio mental, como é consenso na saúde mental? Teóricos evolucionistas têm-se questionado quanto à função da depressão e proposto modelos específicos para explicá-la. O objetivo deste artigo é apresentar teorias evolucionistas da depressão, discutir as relações de complementariedade e contraposição entre elas e as implicações sociais e práticas para o tratamento da depressão. Essas reflexões e questionamentos no domínio da saúde mental podem influenciar novos estudos a partir de uma perspectiva não patológica da depressão. No âmbito da psicologia essa perspectiva fornece subsídios para repensar a psicoterapia com o deprimido, enfocando a análise causal e a resolução de problemas. Sugere-se a realização de estudos empíricos com a finalidade de testar e sistematizar as teorias evolucionistas da depressão.","PeriodicalId":20714,"journal":{"name":"Psicologia Usp","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-07-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48772599","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-07-09DOI: 10.1590/0103-6564e200113
Pablo Rwany Batista Ribeiro do Vale, Walter Melo
Resumo Este artigo apresenta um estudo exploratório sobre os aspectos quantitativos e qualitativos do número na obra de Jung. Assim, foi efetuado levantamento de aspectos do número, desde os testes de associação de palavras até o conceito de sincronicidade. O artigo foi dividido em três partes: apresentação de aspectos quantitativos (tempo de reação no teste de associação de palavras e conceito de energia psíquica); apresentação de aspectos qualitativos (número como conteúdo psíquico, número como elemento organizador da psique, caráter numinoso do número, número como grandeza imprevisível entre mito e realidade, a relação do número com os eventos sincronísticos e o número como arquétipo da ordem que se tornou consciente); e apresentação das intuições matemáticas primordiais (a série infinita de números naturais e a ideia de continuum). Ao enfatizar os aspectos qualitativos, Jung aponta para a base arquetípica do número como fator de ordenação e de articulação entre psique e matéria.
{"title":"As intuições matemáticas primordiais","authors":"Pablo Rwany Batista Ribeiro do Vale, Walter Melo","doi":"10.1590/0103-6564e200113","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0103-6564e200113","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo apresenta um estudo exploratório sobre os aspectos quantitativos e qualitativos do número na obra de Jung. Assim, foi efetuado levantamento de aspectos do número, desde os testes de associação de palavras até o conceito de sincronicidade. O artigo foi dividido em três partes: apresentação de aspectos quantitativos (tempo de reação no teste de associação de palavras e conceito de energia psíquica); apresentação de aspectos qualitativos (número como conteúdo psíquico, número como elemento organizador da psique, caráter numinoso do número, número como grandeza imprevisível entre mito e realidade, a relação do número com os eventos sincronísticos e o número como arquétipo da ordem que se tornou consciente); e apresentação das intuições matemáticas primordiais (a série infinita de números naturais e a ideia de continuum). Ao enfatizar os aspectos qualitativos, Jung aponta para a base arquetípica do número como fator de ordenação e de articulação entre psique e matéria.","PeriodicalId":20714,"journal":{"name":"Psicologia Usp","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45831996","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-25DOI: 10.1590/0103-6564e180201
Ariana Lucero, Renata Tavares Imperial, Fernanda Stange Rosi, L. Gonçalves, Marcelo Gava, Manuella Bersot, Jorge Luís G. dos Santos
Resumo Este artigo visa apresentar os resultados de uma pesquisa sobre o uso de objetos no tratamento psicanalítico do autismo, que envolveu a realização de um atendimento em grupo de crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista em uma instituição pública de saúde mental. O registro audiovisual dos atendimentos mostrou-se um componente indispensável desta abordagem, em especial nas reuniões com os pais e nas supervisões, convidando a uma reflexão acerca de seu estatuto. A questão da constituição subjetiva e o problema do diagnóstico na infância permearam as discussões aqui propostas.
{"title":"O uso de objetos e filmagem no tratamento psicanalítico em grupo de crianças autistas","authors":"Ariana Lucero, Renata Tavares Imperial, Fernanda Stange Rosi, L. Gonçalves, Marcelo Gava, Manuella Bersot, Jorge Luís G. dos Santos","doi":"10.1590/0103-6564e180201","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0103-6564e180201","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo visa apresentar os resultados de uma pesquisa sobre o uso de objetos no tratamento psicanalítico do autismo, que envolveu a realização de um atendimento em grupo de crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista em uma instituição pública de saúde mental. O registro audiovisual dos atendimentos mostrou-se um componente indispensável desta abordagem, em especial nas reuniões com os pais e nas supervisões, convidando a uma reflexão acerca de seu estatuto. A questão da constituição subjetiva e o problema do diagnóstico na infância permearam as discussões aqui propostas.","PeriodicalId":20714,"journal":{"name":"Psicologia Usp","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42152737","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-25DOI: 10.1590/0103-6564e200085
Rosa Angela Cortez de Brito, Willyan da Costa Mota, L. Bloc, Virginia Moreira
Resumo O objetivo deste ensaio teórico é discutir a noção de linguagem e a relação com os outros na fenomenologia de Merleau-Ponty como possível fundamento para a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças. Para Merleau-Ponty, a linguagem se apresenta como experiência viva e intersubjetiva, e o reconhecimento de si e de outrem pela criança não se daria na intelecção, mas pela dimensão experiencial. O psicoterapeuta escuta a criança naquilo que ela tem a dizer e sua participação se dá como reconhecimento e afetação diante da linguagem infantil. A relação se constitui numa dupla reversibilidade: reconhecimento do outro pela criança em sua própria experiência de corpo e dos sentimentos manifestos acerca de outrem; e afetação do encontro vivenciado tanto pelo psicoterapeuta como pela criança. Concluímos que esta proposta representa uma fecunda contribuição para a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças ao privilegiar a compreensão da criança para além dos estereótipos e noções cristalizadas de infância.
{"title":"Linguagem e relação com os outros: contribuições da fenomenologia de Merleau-Ponty para a psicoterapia infantil","authors":"Rosa Angela Cortez de Brito, Willyan da Costa Mota, L. Bloc, Virginia Moreira","doi":"10.1590/0103-6564e200085","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0103-6564e200085","url":null,"abstract":"Resumo O objetivo deste ensaio teórico é discutir a noção de linguagem e a relação com os outros na fenomenologia de Merleau-Ponty como possível fundamento para a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças. Para Merleau-Ponty, a linguagem se apresenta como experiência viva e intersubjetiva, e o reconhecimento de si e de outrem pela criança não se daria na intelecção, mas pela dimensão experiencial. O psicoterapeuta escuta a criança naquilo que ela tem a dizer e sua participação se dá como reconhecimento e afetação diante da linguagem infantil. A relação se constitui numa dupla reversibilidade: reconhecimento do outro pela criança em sua própria experiência de corpo e dos sentimentos manifestos acerca de outrem; e afetação do encontro vivenciado tanto pelo psicoterapeuta como pela criança. Concluímos que esta proposta representa uma fecunda contribuição para a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças ao privilegiar a compreensão da criança para além dos estereótipos e noções cristalizadas de infância.","PeriodicalId":20714,"journal":{"name":"Psicologia Usp","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48703697","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-25DOI: 10.1590/0103-6564e200201
Andressa Melina Becker da Silva, Mara Cristina Normídio Bini
Resumo O plantão psicológico realizado em Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) é uma ferramenta no combate à violência contra a mulher. Entretanto as plantonistas estão inseridas em um ambiente de muita carga emocional. Objetivou-se analisar as percepções das plantonistas e agentes de uma DDM sobre a violência de gênero e seus impactos psíquicos no cotidiano pessoal e de trabalho dessas mulheres. Entrevistaram-se 23 mulheres com idade entre 19 e 56 anos (M=28, 26; DP=10, 15), e o material coletado foi analisado pelo software Iramuteq. Foram avaliados 1.304 segmentos de texto, gerando uma retenção de 98,27% do total, os quais conceberam seis classes, dentre as quais a de maior expressividade foi a classe 1 “impacto da violência”, com 21,55% dos segmentos de texto. Desgastes físicos e emocionais são desencadeados pelos atendimentos, porém as plantonistas e agentes da DDM não recebem apoio emocional para realizar suas funções, tendo assim que desenvolver estratégias de enfrentamento pessoal.
{"title":"Percepções sobre o plantão psicológico em uma Delegacia de Defesa da Mulher","authors":"Andressa Melina Becker da Silva, Mara Cristina Normídio Bini","doi":"10.1590/0103-6564e200201","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0103-6564e200201","url":null,"abstract":"Resumo O plantão psicológico realizado em Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) é uma ferramenta no combate à violência contra a mulher. Entretanto as plantonistas estão inseridas em um ambiente de muita carga emocional. Objetivou-se analisar as percepções das plantonistas e agentes de uma DDM sobre a violência de gênero e seus impactos psíquicos no cotidiano pessoal e de trabalho dessas mulheres. Entrevistaram-se 23 mulheres com idade entre 19 e 56 anos (M=28, 26; DP=10, 15), e o material coletado foi analisado pelo software Iramuteq. Foram avaliados 1.304 segmentos de texto, gerando uma retenção de 98,27% do total, os quais conceberam seis classes, dentre as quais a de maior expressividade foi a classe 1 “impacto da violência”, com 21,55% dos segmentos de texto. Desgastes físicos e emocionais são desencadeados pelos atendimentos, porém as plantonistas e agentes da DDM não recebem apoio emocional para realizar suas funções, tendo assim que desenvolver estratégias de enfrentamento pessoal.","PeriodicalId":20714,"journal":{"name":"Psicologia Usp","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48882459","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-18DOI: 10.1590/0103-6564e190106
J. Costa
Resumo A figura do chamado “cidadão de bem” constitui um tipo de estratégia discursiva ideológica e expressa uma patologia social da cidadania brasileira. O objetivo deste ensaio é submeter essa figura a uma análise crítica de seus pressupostos discursivos, históricos, morais e políticos. Para tanto, recorremos ao modelo de crítica imanente da ideologia proposto por Rahel Jaeggi. Identificamos contradições e problemas decorrentes do uso retórico da figura do “cidadão de bem” relacionadas: ao apelo punitivista e por armas de fogo para civis; às representações ideológicas de gênero, raça e classe; à função social da mídia; e ao neoconservadorismo político. A contradição fundamental do “cidadão de bem” não é em relação à figura do “bandido” ou “vagabundo”, mas ao próprio ideal de universalização da cidadania. Enquanto expressão da ideologia, o “cidadão de bem” se revela um verdadeiro anticidadão e, portanto, um risco para a democracia.
{"title":"Quem é o “cidadão de bem”?","authors":"J. Costa","doi":"10.1590/0103-6564e190106","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0103-6564e190106","url":null,"abstract":"Resumo A figura do chamado “cidadão de bem” constitui um tipo de estratégia discursiva ideológica e expressa uma patologia social da cidadania brasileira. O objetivo deste ensaio é submeter essa figura a uma análise crítica de seus pressupostos discursivos, históricos, morais e políticos. Para tanto, recorremos ao modelo de crítica imanente da ideologia proposto por Rahel Jaeggi. Identificamos contradições e problemas decorrentes do uso retórico da figura do “cidadão de bem” relacionadas: ao apelo punitivista e por armas de fogo para civis; às representações ideológicas de gênero, raça e classe; à função social da mídia; e ao neoconservadorismo político. A contradição fundamental do “cidadão de bem” não é em relação à figura do “bandido” ou “vagabundo”, mas ao próprio ideal de universalização da cidadania. Enquanto expressão da ideologia, o “cidadão de bem” se revela um verdadeiro anticidadão e, portanto, um risco para a democracia.","PeriodicalId":20714,"journal":{"name":"Psicologia Usp","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45715521","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-18DOI: 10.1590/0103-6564e190162
Daniel Coelho, E. Cunha
Resumo Este artigo discute o uso da psicanálise - em especial da técnica psicanalítica baseada na associação livre - em investigações no campo da psicologia social, a partir da experiência dos autores em um programa de pós-graduação. Para tanto, tentamos produzir uma reflexão sobre as condições e os impactos do deslocamento de conceitos entre a clínica do sofrimento psíquico individual e a pesquisa empírica envolvendo instituições e grupos. Centrando-se na afirmação do primado do inconsciente, os autores procuram ordenar as linhas de aproximação e de afastamento entre a clínica e a pesquisa empírica. Parte-se da discussão sobre as condições necessárias (fora do setting terapêutico) à escuta do inconsciente, ao estabelecimento do vínculo transferencial, ao trabalho de interpretação dos discursos dos sujeitos, e, por fim, à elaboração de conteúdos e desejos inconscientes - seja por parte dos sujeitos escutados da pesquisa, seja por parte do próprio pesquisador em seu trabalho de elaboração teórica.
{"title":"Quatro condições para a pesquisa em psicanálise","authors":"Daniel Coelho, E. Cunha","doi":"10.1590/0103-6564e190162","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0103-6564e190162","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo discute o uso da psicanálise - em especial da técnica psicanalítica baseada na associação livre - em investigações no campo da psicologia social, a partir da experiência dos autores em um programa de pós-graduação. Para tanto, tentamos produzir uma reflexão sobre as condições e os impactos do deslocamento de conceitos entre a clínica do sofrimento psíquico individual e a pesquisa empírica envolvendo instituições e grupos. Centrando-se na afirmação do primado do inconsciente, os autores procuram ordenar as linhas de aproximação e de afastamento entre a clínica e a pesquisa empírica. Parte-se da discussão sobre as condições necessárias (fora do setting terapêutico) à escuta do inconsciente, ao estabelecimento do vínculo transferencial, ao trabalho de interpretação dos discursos dos sujeitos, e, por fim, à elaboração de conteúdos e desejos inconscientes - seja por parte dos sujeitos escutados da pesquisa, seja por parte do próprio pesquisador em seu trabalho de elaboração teórica.","PeriodicalId":20714,"journal":{"name":"Psicologia Usp","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47286552","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-18DOI: 10.1590/0103-6564e180117
C. Visintin, A. D. A. Schulte, T. M. J. Aiello-Vaisberg
Resumo Esta pesquisa objetiva investigar psicanaliticamente imaginários coletivos de mães sobre sofrimentos maternos, na perspectiva da psicologia psicanalítica concreta. Justifica-se como busca de conhecimento compreensivo que pode trazer subsídios para a clínica psicológica contemporânea e para debates de movimentos sociais e sociedade civil que tenham por foco a melhoria das condições de cuidados a mães e filhos. Organiza-se ao redor do método psicanalítico, utilizando como material postagens provenientes de mommy blogs brasileiros. A leitura do conjunto de postagens, em estado de atenção flutuante e associação livre de ideias, permite a produção interpretativa do campo de sentido afetivo-emocional “Meus hormônios me enlouquecem”. Este campo se organiza ao redor da fantasia segundo a qual afetos ansiosos e depressivos, vivenciados por mães durante o puerpério, seriam determinados por hormônios e/ou neurotransmissores. O quadro geral indica uma tendência imaginativa a priorizar o valor da esfera biológica em detrimento da dramática da vida relacional-vincular.
{"title":"“Meus hormônios me enlouquecem”: investigação psicanalítica com mommy blogs brasileiros","authors":"C. Visintin, A. D. A. Schulte, T. M. J. Aiello-Vaisberg","doi":"10.1590/0103-6564e180117","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0103-6564e180117","url":null,"abstract":"Resumo Esta pesquisa objetiva investigar psicanaliticamente imaginários coletivos de mães sobre sofrimentos maternos, na perspectiva da psicologia psicanalítica concreta. Justifica-se como busca de conhecimento compreensivo que pode trazer subsídios para a clínica psicológica contemporânea e para debates de movimentos sociais e sociedade civil que tenham por foco a melhoria das condições de cuidados a mães e filhos. Organiza-se ao redor do método psicanalítico, utilizando como material postagens provenientes de mommy blogs brasileiros. A leitura do conjunto de postagens, em estado de atenção flutuante e associação livre de ideias, permite a produção interpretativa do campo de sentido afetivo-emocional “Meus hormônios me enlouquecem”. Este campo se organiza ao redor da fantasia segundo a qual afetos ansiosos e depressivos, vivenciados por mães durante o puerpério, seriam determinados por hormônios e/ou neurotransmissores. O quadro geral indica uma tendência imaginativa a priorizar o valor da esfera biológica em detrimento da dramática da vida relacional-vincular.","PeriodicalId":20714,"journal":{"name":"Psicologia Usp","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46050953","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}