Pub Date : 2022-05-31DOI: 10.11606/extraprensa2022.195512
Silas Nogueira
Com a Colonização, instalaram-se no Brasil e nos outros países colonizados da América e da África uma política, no amplo sentido, e um modelo de desenvolvimento no qual violência, destruição, genocídio, exploração e desigualdades são componentes que, de alguma forma, se perpetuaram e chegaram à contemporaneidade. Mas, as buscas de formas de enfrentamento e superação continuam em diferentes campos de ação e de produção teórica, política, filosófica, acadêmica e instâncias que se alimentam de experiências de lutas e movimentos. As tentativas de construção de unidade de propósitos e esperanças demonstram que se abrem caminhos para a leitura livre e respeitosa, aliada ao reconhecimento das culturas e cosmologias alternativas e subalternizadas como fontes de conhecimento, valores e experiências.
{"title":"Nascentes de palavras e fontes de teorias – liberdades e parcerias na construção de alternativas","authors":"Silas Nogueira","doi":"10.11606/extraprensa2022.195512","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.195512","url":null,"abstract":"Com a Colonização, instalaram-se no Brasil e nos outros países colonizados da América e da África uma política, no amplo sentido, e um modelo de desenvolvimento no qual violência, destruição, genocídio, exploração e desigualdades são componentes que, de alguma forma, se perpetuaram e chegaram à contemporaneidade. Mas, as buscas de formas de enfrentamento e superação continuam em diferentes campos de ação e de produção teórica, política, filosófica, acadêmica e instâncias que se alimentam de experiências de lutas e movimentos. As tentativas de construção de unidade de propósitos e esperanças demonstram que se abrem caminhos para a leitura livre e respeitosa, aliada ao reconhecimento das culturas e cosmologias alternativas e subalternizadas como fontes de conhecimento, valores e experiências.","PeriodicalId":33876,"journal":{"name":"Extraprensa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48046062","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-31DOI: 10.11606/extraprensa2022.193982
Ana Elisa Menten Mendoza
O trabalho buscou compreender como se dão as relações entre produção cultural independente e território urbano da Luz - centro de São Paulo. O campo etnográfico foi realizado no Teatro de Contêiner, um espaço cultural instalado em um terreno público sob a forma de ocupação. Acompanhando a Cia. Mungunzá na conquista e gestão do Teatro de Contêiner, os atravessamentos entre teatro e território foram percebidos também no fazer artístico da Cia em diálogo com a perspectiva etnográfica.
{"title":"O contêiner: afetações entre teatro e território","authors":"Ana Elisa Menten Mendoza","doi":"10.11606/extraprensa2022.193982","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.193982","url":null,"abstract":"O trabalho buscou compreender como se dão as relações entre produção cultural independente e território urbano da Luz - centro de São Paulo. O campo etnográfico foi realizado no Teatro de Contêiner, um espaço cultural instalado em um terreno público sob a forma de ocupação. Acompanhando a Cia. Mungunzá na conquista e gestão do Teatro de Contêiner, os atravessamentos entre teatro e território foram percebidos também no fazer artístico da Cia em diálogo com a perspectiva etnográfica.","PeriodicalId":33876,"journal":{"name":"Extraprensa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47047595","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-31DOI: 10.11606/extraprensa2022.194349
Epaminondas Terezo Paulino, Manoela Pagotto Martins Nodari, R. Zanotti
A presente pesquisa pretendeu investigar a inserção do profissional negro no departamento de criação das agências de publicidade, tendo como escopo o mercado espírito-santense. Acredita-se que não é possível criar campanhas que valorizem os negros se não há um número relevante de profissionais negros atuando na área. Para isso, foram realizadas entrevistas com nove profissionais que se autodeclararam negros, a partir da aplicação de questionário nas cinco agências mais premiadas do Espírito Santo, entre 2011 e 2015. Como resultados, observa-se que o racismo se faz presente de várias formas nas agências, ambiente definido como “descontraído”, o que acaba naturalizando preconceitos em relação à cor. Espera-se que os dados aqui apresentados contribuam para a ampliação da discussão sobre o papel do profissional negro nesses espaços.
{"title":"A cor da criação: um estudo sobre o profissional negro em agências de publicidade","authors":"Epaminondas Terezo Paulino, Manoela Pagotto Martins Nodari, R. Zanotti","doi":"10.11606/extraprensa2022.194349","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194349","url":null,"abstract":"A presente pesquisa pretendeu investigar a inserção do profissional negro no departamento de criação das agências de publicidade, tendo como escopo o mercado espírito-santense. Acredita-se que não é possível criar campanhas que valorizem os negros se não há um número relevante de profissionais negros atuando na área. Para isso, foram realizadas entrevistas com nove profissionais que se autodeclararam negros, a partir da aplicação de questionário nas cinco agências mais premiadas do Espírito Santo, entre 2011 e 2015. Como resultados, observa-se que o racismo se faz presente de várias formas nas agências, ambiente definido como “descontraído”, o que acaba naturalizando preconceitos em relação à cor. Espera-se que os dados aqui apresentados contribuam para a ampliação da discussão sobre o papel do profissional negro nesses espaços.","PeriodicalId":33876,"journal":{"name":"Extraprensa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43299796","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-31DOI: 10.11606/extraprensa2022.194383
Tamires de Assis Lima Martins, Ana Paula Assumpção Cordeiro
A vulgarização do termo “cancelamento”, sua utilização sem rigor algum para nomear situações distintas, sua apropriação como recurso para identificar qualquer tipo de crítica coletiva ao comportamento das celebridades nas redes sociais, fez com que alguns defendam a inexistência do “cancelamento” como fenômeno social sui generis, isto é, dotado de particularidades que o distinguem da mera crítica dirigida a outrem. Trata-se de um fenômeno contemporâneo, denominado de “linchamento virtual” por seus críticos, ou ativismo e radicalização da democracia por seus defensores, realizado por seus executores, aparentemente, com o intuito de problematizar condutas incompatíveis, na maioria dos casos, com os valores fundamentais da diversidade identitária, ou seja, expor, desconstruir e exigir que não sejam naturalizadas posturas racistas, machistas, homofóbicas, transfóbicas, dentre outras, que constituem preconceitos dominantes em uma sociedade desigual como a brasileira. Considerando ainda que, não se faz “cancelamento” de um sujeito sem que a execração pública seja difundida a todos os que quiserem saber a respeito dos fatos, uma vez que o objetivo do “cancelamento” é justamente reduzir ao mínimo o capital simbólico do sujeito “cancelado”, com consequências econômicas e profissionais, de modo que sirva de exemplo para dissuadir potenciais futuros infratores das normas éticas e morais dominantes, os efetivos “cancelamentos” pressupõem a participação de empresas ou de qualquer outro agente econômico e uma relação de dependência ou subordinação. Palavras-chave: “cancelamento”, entretenimento, dependência econômica, redes sociais, celebridades.
{"title":"A “cultura do cancelamento”: contribuições de um olhar sociológico","authors":"Tamires de Assis Lima Martins, Ana Paula Assumpção Cordeiro","doi":"10.11606/extraprensa2022.194383","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194383","url":null,"abstract":"A vulgarização do termo “cancelamento”, sua utilização sem rigor algum para nomear situações distintas, sua apropriação como recurso para identificar qualquer tipo de crítica coletiva ao comportamento das celebridades nas redes sociais, fez com que alguns defendam a inexistência do “cancelamento” como fenômeno social sui generis, isto é, dotado de particularidades que o distinguem da mera crítica dirigida a outrem. Trata-se de um fenômeno contemporâneo, denominado de “linchamento virtual” por seus críticos, ou ativismo e radicalização da democracia por seus defensores, realizado por seus executores, aparentemente, com o intuito de problematizar condutas incompatíveis, na maioria dos casos, com os valores fundamentais da diversidade identitária, ou seja, expor, desconstruir e exigir que não sejam naturalizadas posturas racistas, machistas, homofóbicas, transfóbicas, dentre outras, que constituem preconceitos dominantes em uma sociedade desigual como a brasileira. Considerando ainda que, não se faz “cancelamento” de um sujeito sem que a execração pública seja difundida a todos os que quiserem saber a respeito dos fatos, uma vez que o objetivo do “cancelamento” é justamente reduzir ao mínimo o capital simbólico do sujeito “cancelado”, com consequências econômicas e profissionais, de modo que sirva de exemplo para dissuadir potenciais futuros infratores das normas éticas e morais dominantes, os efetivos “cancelamentos” pressupõem a participação de empresas ou de qualquer outro agente econômico e uma relação de dependência ou subordinação. \u0000Palavras-chave: “cancelamento”, entretenimento, dependência econômica, redes sociais, celebridades. \u0000 ","PeriodicalId":33876,"journal":{"name":"Extraprensa","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41325002","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-31DOI: 10.11606/extraprensa2022.194412
Juliana Salles de Souza
No cenário pandêmico, iniciativas de educomunicação popular e periférica feitas por coletivos encontraram dificuldades para serem realizadas. Este trabalho tem o objetivo geral de verificar de que maneiras esses processos têm contribuído para o debate contra opressões nas periferias e a favor de visibilizar memórias ligadas a territórios. Nesse contexto, de que maneiras é possível sentipensar os territórios, dar continuidade à comunicação das lutas pela garantia de direitos e visibilizar memórias comunitárias em meio ao isolamento social imposto pela pandemia de covid-19? Para responder ao questionamento, realizou-se uma pesquisa exploratória, com procedimento de investigação bibliográfico e dados qualitativos com fontes de natureza bibliográfica e documental de 2020 e 2021. Os resultados mostraram que, apesar de limitações do meio virtual, os coletivos conseguiram reinventar-se para abordar violações de direitos humanos e valorização de memórias sobre, para e a partir das periferias.
{"title":"Educomunicação popular e periférica na pandemia: luta por direitos humanos e visibilização de memórias nas quebradas","authors":"Juliana Salles de Souza","doi":"10.11606/extraprensa2022.194412","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194412","url":null,"abstract":"No cenário pandêmico, iniciativas de educomunicação popular e periférica feitas por coletivos encontraram dificuldades para serem realizadas. Este trabalho tem o objetivo geral de verificar de que maneiras esses processos têm contribuído para o debate contra opressões nas periferias e a favor de visibilizar memórias ligadas a territórios. Nesse contexto, de que maneiras é possível sentipensar os territórios, dar continuidade à comunicação das lutas pela garantia de direitos e visibilizar memórias comunitárias em meio ao isolamento social imposto pela pandemia de covid-19? Para responder ao questionamento, realizou-se uma pesquisa exploratória, com procedimento de investigação bibliográfico e dados qualitativos com fontes de natureza bibliográfica e documental de 2020 e 2021. Os resultados mostraram que, apesar de limitações do meio virtual, os coletivos conseguiram reinventar-se para abordar violações de direitos humanos e valorização de memórias sobre, para e a partir das periferias.","PeriodicalId":33876,"journal":{"name":"Extraprensa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41405125","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-31DOI: 10.11606/extraprensa2022.194280
P. Andrade, J. T. Oliveira
Este artigo desenvolve um ensaio sobre as práticas de dois movimentos sociais brasileiros: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto do Centro (MSTC) a partir dos conceitos dos autores Boaventura Souza-Santos (2011), Milton Santos (2020), Porto-Gonçalves (2001) e Raúl Zibechi (2007a; 2007b). O objetivo é compreender as propostas realizadas por esses movimentos para a criação de novas territorialidades e a utilização da perspectiva do território para resistir ao avanço predatório do neoliberalismo. A partir de depoimentos cedidos por um integrante e um doutorando participante do MST, e com conteúdos dos movimentos disponíveis em seus sites oficiais, os conceitos teóricos foram contrapostos às práticas, a fim de entender como estes dialogam e como os movimentos criam novas territorialidades anticapitalistas e anti hegemônicas.
{"title":"A potência das novas territorialidades: um caso teórico-prático do MST e MSTC","authors":"P. Andrade, J. T. Oliveira","doi":"10.11606/extraprensa2022.194280","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194280","url":null,"abstract":"Este artigo desenvolve um ensaio sobre as práticas de dois movimentos sociais brasileiros: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto do Centro (MSTC) a partir dos conceitos dos autores Boaventura Souza-Santos (2011), Milton Santos (2020), Porto-Gonçalves (2001) e Raúl Zibechi (2007a; 2007b). O objetivo é compreender as propostas realizadas por esses movimentos para a criação de novas territorialidades e a utilização da perspectiva do território para resistir ao avanço predatório do neoliberalismo. A partir de depoimentos cedidos por um integrante e um doutorando participante do MST, e com conteúdos dos movimentos disponíveis em seus sites oficiais, os conceitos teóricos foram contrapostos às práticas, a fim de entender como estes dialogam e como os movimentos criam novas territorialidades anticapitalistas e anti hegemônicas. ","PeriodicalId":33876,"journal":{"name":"Extraprensa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48960073","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-31DOI: 10.11606/extraprensa2022.194421
Mayã Martins Correia, Marcelly Machado Cruz, H. Cunha
O presente trabalho busca analisar a construção de horizontes de resistência de afro-colombianos deslocados através da organização de mulheres em kilombos localizados na cidade de Bogotá. Desde o final dos anos 1990, atores armados avançam no pacífico colombiano, modificando abruptamente a política e a produção territorial, com ameaça à integridade social e cultural de grupos compostos por afro-colombianos, indígenas e camponeses. Bogotá, a segunda maior cidade quanto à chegada dos deslocados internos, abriga mais de uma dezena de kilombos, que consistem em espaços de saúde integral intercultural, destinados, sobretudo, aos afro-colombianos. O foco deste trabalho situa-se na participação de mulheres que, enquanto corpos-territórios, ocupam a posição de matronas, atuando na coordenação dos kilombos. Compreende-se os kilombos enquanto espaços de práticas de cuidado, onde o inédito-viável aflora e possibilita a reapropriação do espaço-corpo.
{"title":"Territorialidade e deslocamentos forçados: cuidado, socialização política e afro-colombianidade nos kilombos de Bogotá","authors":"Mayã Martins Correia, Marcelly Machado Cruz, H. Cunha","doi":"10.11606/extraprensa2022.194421","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194421","url":null,"abstract":"O presente trabalho busca analisar a construção de horizontes de resistência de afro-colombianos deslocados através da organização de mulheres em kilombos localizados na cidade de Bogotá. Desde o final dos anos 1990, atores armados avançam no pacífico colombiano, modificando abruptamente a política e a produção territorial, com ameaça à integridade social e cultural de grupos compostos por afro-colombianos, indígenas e camponeses. Bogotá, a segunda maior cidade quanto à chegada dos deslocados internos, abriga mais de uma dezena de kilombos, que consistem em espaços de saúde integral intercultural, destinados, sobretudo, aos afro-colombianos. O foco deste trabalho situa-se na participação de mulheres que, enquanto corpos-territórios, ocupam a posição de matronas, atuando na coordenação dos kilombos. Compreende-se os kilombos enquanto espaços de práticas de cuidado, onde o inédito-viável aflora e possibilita a reapropriação do espaço-corpo.","PeriodicalId":33876,"journal":{"name":"Extraprensa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48187679","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-31DOI: 10.11606/extraprensa2022.194413
G. Reis, Ana Carolina Correia Almeida
O artigo aborda a invisibilização das violações de gênero contra mulheres indígenas peruanas, no caso das esterilizações forçadas que ocorreram no país. O Peru vivenciou um período de violência interna (1980-2000) que atingiu principalmente os setores mais populares da sociedade. Alberto Fujimori, então ditador, realizou uma política de saúde de controle populacional que provocou a esterilização forçada de mais de 300 mil mulheres, majoritariamente indígenas. Tal forma de violação expressa um padrão de relações de poder que se materializam nas novas formas de guerra, descritas por Segato (2014), e que funcionam como uma pedagogia da crueldade. Assim, a partir do conceito de colonialidade de gênero de María Lugones, da noção de femigenocídio trazida por Rita Segato, e de etnogenocídio de Santigo Castro-Gómez, além da análise das normativas sobre a violência de gênero em países em situação de guerra, este trabalho busca elucidar aspectos da violência contra as mulheres indígenas que ficaram invisibilizados no documento que visa promover a Justiça de Transição no país, o Relatório Final da Comisión de la Verdad y Reconciliación.
{"title":"A violência de gênero como estratégia de poder: as esterilizações forçadas contra mulheres indígenas no Peru","authors":"G. Reis, Ana Carolina Correia Almeida","doi":"10.11606/extraprensa2022.194413","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194413","url":null,"abstract":"O artigo aborda a invisibilização das violações de gênero contra mulheres indígenas peruanas, no caso das esterilizações forçadas que ocorreram no país. O Peru vivenciou um período de violência interna (1980-2000) que atingiu principalmente os setores mais populares da sociedade. Alberto Fujimori, então ditador, realizou uma política de saúde de controle populacional que provocou a esterilização forçada de mais de 300 mil mulheres, majoritariamente indígenas. Tal forma de violação expressa um padrão de relações de poder que se materializam nas novas formas de guerra, descritas por Segato (2014), e que funcionam como uma pedagogia da crueldade. Assim, a partir do conceito de colonialidade de gênero de María Lugones, da noção de femigenocídio trazida por Rita Segato, e de etnogenocídio de Santigo Castro-Gómez, além da análise das normativas sobre a violência de gênero em países em situação de guerra, este trabalho busca elucidar aspectos da violência contra as mulheres indígenas que ficaram invisibilizados no documento que visa promover a Justiça de Transição no país, o Relatório Final da Comisión de la Verdad y Reconciliación.","PeriodicalId":33876,"journal":{"name":"Extraprensa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49356107","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-31DOI: 10.11606/extraprensa2022.194398
Juliana Esquenazi Muniz
Entre 2020 e 2021, durante a pandemia do Coronavírus, o Exército Zapatista por Libertação Nacional (EZLN) lança uma série de comunicados no blog Enlace Zapatista sobre a Gira, projeto de volta ao mundo em distintos continentes a começar por Slumil K’ajxemk’Op (termo no idioma tzotzil que significa terra insubmissa, forma como o EZLN passou a chamar a Europa). Tendo como eixo central a análise do comunicado “O olhar e a distância da porta”, publicado em outubro de 2020, este artigo procura refletir sobre como o imaginário zapatista expresso no texto atua no que o movimento chama de sua 'guerra contra o esquecimento’ e como os exercícios de prefiguração propostos no comunicado estão a favor de um gesto que busca ampliar a resistência anticapitalista, operando contra a colonialidade. Gostaria de sugerir que, se epístolas já foram instrumentos para tentar justificar processos como a colonização europeia, o comunicado zapatista oferece em um momento tão crítico a nível global um movimento oposto, que extrapola fronteiras em nome da luta por ‘um mundo onde caibam todos os mundos’.
{"title":"O olhar e a distância da porta: palavras zapatistas dão os primeiros passos às terras insubmissas","authors":"Juliana Esquenazi Muniz","doi":"10.11606/extraprensa2022.194398","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194398","url":null,"abstract":"Entre 2020 e 2021, durante a pandemia do Coronavírus, o Exército Zapatista por Libertação Nacional (EZLN) lança uma série de comunicados no blog Enlace Zapatista sobre a Gira, projeto de volta ao mundo em distintos continentes a começar por Slumil K’ajxemk’Op (termo no idioma tzotzil que significa terra insubmissa, forma como o EZLN passou a chamar a Europa). Tendo como eixo central a análise do comunicado “O olhar e a distância da porta”, publicado em outubro de 2020, este artigo procura refletir sobre como o imaginário zapatista expresso no texto atua no que o movimento chama de sua 'guerra contra o esquecimento’ e como os exercícios de prefiguração propostos no comunicado estão a favor de um gesto que busca ampliar a resistência anticapitalista, operando contra a colonialidade. Gostaria de sugerir que, se epístolas já foram instrumentos para tentar justificar processos como a colonização europeia, o comunicado zapatista oferece em um momento tão crítico a nível global um movimento oposto, que extrapola fronteiras em nome da luta por ‘um mundo onde caibam todos os mundos’. \u0000 ","PeriodicalId":33876,"journal":{"name":"Extraprensa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47360019","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-31DOI: 10.11606/extraprensa2022.194417
Valdenor Silva dos Santos, Estefânia Zonaro, Nicole de Souza Pereira
Este ensaio tem como foco a capoeira na perspectiva pedagógica dentro da escola, à luz de uma concepção de educação como prática dialógica, corporal e emancipatória. O objetivo deste artigo foi compreender a capoeira enquanto arte-ancestral corporal e, especialmente, como linguagem, a partir de processos em que o corpo e o movimento, depois de um prolongado isolamento social, constituem-se em aspectos fundamentais para uma educação emancipatória. Para compor as reflexões acerca do que se propõe, fundamentamos as nossas análises em autores do campo da corporeidade e de uma perspectiva crítica. Desse modo, foi possível compreender que o corpo e o movimento são instâncias fundamentais para uma educação libertadora.
{"title":"A capoeira e a busca de soluções para transpor os obstáculos na educação: a emancipação pelo corpo","authors":"Valdenor Silva dos Santos, Estefânia Zonaro, Nicole de Souza Pereira","doi":"10.11606/extraprensa2022.194417","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194417","url":null,"abstract":"Este ensaio tem como foco a capoeira na perspectiva pedagógica dentro da escola, à luz de uma concepção de educação como prática dialógica, corporal e emancipatória. O objetivo deste artigo foi compreender a capoeira enquanto arte-ancestral corporal e, especialmente, como linguagem, a partir de processos em que o corpo e o movimento, depois de um prolongado isolamento social, constituem-se em aspectos fundamentais para uma educação emancipatória. Para compor as reflexões acerca do que se propõe, fundamentamos as nossas análises em autores do campo da corporeidade e de uma perspectiva crítica. Desse modo, foi possível compreender que o corpo e o movimento são instâncias fundamentais para uma educação libertadora. \u0000 ","PeriodicalId":33876,"journal":{"name":"Extraprensa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47800577","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}