Resumo O racismo na sociedade capitalista pode ser considerado uma das questões mais mal-interpretadas das ciências sociais, até mesmo por grande parte das correntes críticas sociológicas. Em linhas gerais, o racismo apresenta dois grandes entendimentos massificados e retroalimentados: um que o conceitualiza como uma questão moral e individual e outro que parte de uma dívida com o passado por falta de uma inserção social adequada e pela dificuldade de assimilação dessa população segregada. A formação das relações capitalistas em sua reprodução de uma sociabilidade de classes dificilmente é vista intrinsecamente ligada ao racismo, apagando qualquer conteúdo racial do seu processo de constituição. Esse apagamento se deve em grande parte às equivocadas interpretações tanto do conteúdo do racismo quanto do processo de constituição de classe social, que acabam por separar as esferas sociais em objetos delimitados, os quais escondem em seus contornos as formas de contradição e dominação social das relações capitalistas racializadas. Dessa maneira, neste artigo, pretende-se aprofundar o debate sobre a constituição de classe para compreendê-lo por meio das formas racializadas de dominação social.
{"title":"AS MÁSCARAS DA OPRESSÃO: NOVAS LEITURAS DA RELAÇÃO RAÇA E CLASSE","authors":"Iderley Colombini","doi":"10.1590/0102-174203/119","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0102-174203/119","url":null,"abstract":"Resumo O racismo na sociedade capitalista pode ser considerado uma das questões mais mal-interpretadas das ciências sociais, até mesmo por grande parte das correntes críticas sociológicas. Em linhas gerais, o racismo apresenta dois grandes entendimentos massificados e retroalimentados: um que o conceitualiza como uma questão moral e individual e outro que parte de uma dívida com o passado por falta de uma inserção social adequada e pela dificuldade de assimilação dessa população segregada. A formação das relações capitalistas em sua reprodução de uma sociabilidade de classes dificilmente é vista intrinsecamente ligada ao racismo, apagando qualquer conteúdo racial do seu processo de constituição. Esse apagamento se deve em grande parte às equivocadas interpretações tanto do conteúdo do racismo quanto do processo de constituição de classe social, que acabam por separar as esferas sociais em objetos delimitados, os quais escondem em seus contornos as formas de contradição e dominação social das relações capitalistas racializadas. Dessa maneira, neste artigo, pretende-se aprofundar o debate sobre a constituição de classe para compreendê-lo por meio das formas racializadas de dominação social.","PeriodicalId":35204,"journal":{"name":"Lua Nova","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135053586","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Maria Abramo Caldeira Brant, Deisy de Freitas Lima Ventura
Resumo O presente artigo apresenta e discute os resultados de pesquisa sobre controvérsias em tribunais internacionais de arbitragem nos quais empresas acionaram Estados por implementação de leis e normas relativas à saúde pública, à proteção ambiental, ao direito à água e a direitos de povos indígenas. Buscamos identificar padrões e tendências na abertura de processos e nas decisões tomadas, a fim de verificar se e de que forma esses processos restringiram tentativas de Estados de salvaguardar direitos individuais ou coletivos. Concluímos que, na maior parte dos casos, as controvérsias de fato restringiram a capacidade do Estado de legislar a favor do interesse público.
{"title":"EFEITOS DAS CONTROVÉRSIAS INVESTIDOR-ESTADO NA CAPACIDADE DOS ESTADOS DE SALVAGUARDAR DIREITOS: UM ESTUDO DE CASOS EM TRIBUNAIS DE ARBITRAGEM ENTRE 1987 E 2020","authors":"Maria Abramo Caldeira Brant, Deisy de Freitas Lima Ventura","doi":"10.1590/0102-250291/119","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0102-250291/119","url":null,"abstract":"Resumo O presente artigo apresenta e discute os resultados de pesquisa sobre controvérsias em tribunais internacionais de arbitragem nos quais empresas acionaram Estados por implementação de leis e normas relativas à saúde pública, à proteção ambiental, ao direito à água e a direitos de povos indígenas. Buscamos identificar padrões e tendências na abertura de processos e nas decisões tomadas, a fim de verificar se e de que forma esses processos restringiram tentativas de Estados de salvaguardar direitos individuais ou coletivos. Concluímos que, na maior parte dos casos, as controvérsias de fato restringiram a capacidade do Estado de legislar a favor do interesse público.","PeriodicalId":35204,"journal":{"name":"Lua Nova","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135053305","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo Este artigo analisa a atuação do Banco Mundial no Brasil de 1990 a 2020. Para tanto, realiza uma avaliação da carteira de empréstimos, a fim de mapear para quais finalidades o financiamento foi destinado, mensurar o peso dos entes federativos como mutuários, entender as razões que levaram o Banco a emprestar cada vez mais para esferas subnacionais e, por fim, identificar os governos que mais tomaram empréstimos e relacioná-los aos partidos políticos no poder. O artigo também discute as formas de atuação do Banco, argumentando que os empréstimos têm baixo peso na economia brasileira, mas funcionam como veículos para difundir ideias, normas e práticas sobre o que os governos devem fazer, e como, em matéria de políticas públicas. O trabalho mostra o alto peso relativo dos empréstimos de ajuste e evidencia que os partidos do centro à direita, quando no governo, tenderam a recorrer mais a empréstimos desse tipo do que partidos à esquerda.
{"title":"SEGUINDO O DINHEIRO: UMA ANÁLISE DA ATUAÇÃO DO BANCO MUNDIAL NO BRASIL (1990-2020)","authors":"João Márcio Mendes Pereira","doi":"10.1590/0102-204249/119","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0102-204249/119","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo analisa a atuação do Banco Mundial no Brasil de 1990 a 2020. Para tanto, realiza uma avaliação da carteira de empréstimos, a fim de mapear para quais finalidades o financiamento foi destinado, mensurar o peso dos entes federativos como mutuários, entender as razões que levaram o Banco a emprestar cada vez mais para esferas subnacionais e, por fim, identificar os governos que mais tomaram empréstimos e relacioná-los aos partidos políticos no poder. O artigo também discute as formas de atuação do Banco, argumentando que os empréstimos têm baixo peso na economia brasileira, mas funcionam como veículos para difundir ideias, normas e práticas sobre o que os governos devem fazer, e como, em matéria de políticas públicas. O trabalho mostra o alto peso relativo dos empréstimos de ajuste e evidencia que os partidos do centro à direita, quando no governo, tenderam a recorrer mais a empréstimos desse tipo do que partidos à esquerda.","PeriodicalId":35204,"journal":{"name":"Lua Nova","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135053306","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo Estudos sobre o impeachment de Dilma Rousseff enfatizam o papel da mídia, dos partidos, das elites políticas, da má performance da democracia e dos protestos de rua como fatores explicativos para a interrupção de seu mandato. O artigo contribui com essas análises aos discutir o papel da opinião pública no processo, com foco nos primeiros três meses de 2015, a partir de dados produzidos pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR), como surveys telefônicos semanais responsáveis por monitorar o “pulso” da opinião pública em relação ao Governo Federal. Foi neste período em que ela perdeu mais de 30% de apoio popular e chegou a 62% de avaliações ruins e péssimas, patamares de onde nunca mais saiu até ser removida do cargo. Ao perder o apoio junto à opinião pública, a ex-presidente perdeu também um dos mais importantes escudos contra a interrupção de mandatos, ficando refém das elites políticas e dos partidos representados no Congresso Nacional.
{"title":"A BATALHA PELA OPINIÃO PÚBLICA E O IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF","authors":"Pedro Santos Mundim","doi":"10.1590/0102-292321/119","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0102-292321/119","url":null,"abstract":"Resumo Estudos sobre o impeachment de Dilma Rousseff enfatizam o papel da mídia, dos partidos, das elites políticas, da má performance da democracia e dos protestos de rua como fatores explicativos para a interrupção de seu mandato. O artigo contribui com essas análises aos discutir o papel da opinião pública no processo, com foco nos primeiros três meses de 2015, a partir de dados produzidos pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR), como surveys telefônicos semanais responsáveis por monitorar o “pulso” da opinião pública em relação ao Governo Federal. Foi neste período em que ela perdeu mais de 30% de apoio popular e chegou a 62% de avaliações ruins e péssimas, patamares de onde nunca mais saiu até ser removida do cargo. Ao perder o apoio junto à opinião pública, a ex-presidente perdeu também um dos mais importantes escudos contra a interrupção de mandatos, ficando refém das elites políticas e dos partidos representados no Congresso Nacional.","PeriodicalId":35204,"journal":{"name":"Lua Nova","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135053309","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Giovanna Olinda dos Santos Bernardino, Alessandra Teixeira
Resumo O artigo busca perscrutar as lutas em torno dos modos de nomear os sujeitos que utilizam as ruas como morada, com intuito de perceber as sutilezas das redes de saber e poder que essas classificações históricas mobilizam. Recorrendo a um extenso levantamento bibliográfico e documental e à pesquisa etnográfica com os sujeitos que habitam as ruas, em suas diferentes interações, o texto historiciza as classificações atribuídas a esses sujeitos - do outrora vadio, indigente, mendigo ao presente integrante da população em situação de rua -, problematizando as diferentes estratégias repressivas e normalizadoras que continuam a recair sobre essas pessoas, encetando formas de assujeitamento, mas também modos de resistência. Quer recusando as classificações e seus estigmas, quer negando a moradia como única e primordial resposta política, esses sujeitos enunciam outros modos de ser, viver e se relacionar com a cidade, ocupando lugares outros, que chamamos aqui de “a terceira margem das instituições”.
{"title":"A “POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA” E SUAS HETEROTOPIAS: SABERES E PODERES EM DISPUTA","authors":"Giovanna Olinda dos Santos Bernardino, Alessandra Teixeira","doi":"10.1590/0102-148173/119","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0102-148173/119","url":null,"abstract":"Resumo O artigo busca perscrutar as lutas em torno dos modos de nomear os sujeitos que utilizam as ruas como morada, com intuito de perceber as sutilezas das redes de saber e poder que essas classificações históricas mobilizam. Recorrendo a um extenso levantamento bibliográfico e documental e à pesquisa etnográfica com os sujeitos que habitam as ruas, em suas diferentes interações, o texto historiciza as classificações atribuídas a esses sujeitos - do outrora vadio, indigente, mendigo ao presente integrante da população em situação de rua -, problematizando as diferentes estratégias repressivas e normalizadoras que continuam a recair sobre essas pessoas, encetando formas de assujeitamento, mas também modos de resistência. Quer recusando as classificações e seus estigmas, quer negando a moradia como única e primordial resposta política, esses sujeitos enunciam outros modos de ser, viver e se relacionar com a cidade, ocupando lugares outros, que chamamos aqui de “a terceira margem das instituições”.","PeriodicalId":35204,"journal":{"name":"Lua Nova","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135053587","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo Procuraremos discutir, em perspectiva comparada, as reflexões propostas por Richard M. Morse e Fernando Henrique Cardoso, concedendo ênfase aos desdobramentos que o tema da dependência assume em suas interpretações sobre o Brasil e a América Latina. Por meio de uma chave analítica que atrela as teses posteriores dos autores às suas reflexões mais precoces, destacamos o interesse inicial de Morse e Cardoso pela industrialização e urbanização de São Paulo. Postas em relação, é possível perceber as direções divergentes que essas teses assumem à medida que se acercam da problemática da dependência, que ganha centralidade no pensamento social latino-americano entre os anos 1960 e 1970.
{"title":"RICHARD MORSE E FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ENTRE SÃO PAULO E A DEPENDÊNCIA","authors":"Alice de O. Ewbank, Karim Helayel","doi":"10.1590/0102-108147/119","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0102-108147/119","url":null,"abstract":"Resumo Procuraremos discutir, em perspectiva comparada, as reflexões propostas por Richard M. Morse e Fernando Henrique Cardoso, concedendo ênfase aos desdobramentos que o tema da dependência assume em suas interpretações sobre o Brasil e a América Latina. Por meio de uma chave analítica que atrela as teses posteriores dos autores às suas reflexões mais precoces, destacamos o interesse inicial de Morse e Cardoso pela industrialização e urbanização de São Paulo. Postas em relação, é possível perceber as direções divergentes que essas teses assumem à medida que se acercam da problemática da dependência, que ganha centralidade no pensamento social latino-americano entre os anos 1960 e 1970.","PeriodicalId":35204,"journal":{"name":"Lua Nova","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135053304","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo Neste artigo analisamos o pensamento político do teórico italiano Julius Evola (1898-1974) como forma de compreender a reinvenção da extrema direita mundial, do pós-Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje. Ao propor fundamentos alternativos às formas e aos valores da “Modernidade Ocidental”, Evola se tornou uma das referências centrais de movimentos que buscam se diferenciar do fascismo histórico e do nacionalismo de direita convencional por meio de uma pretensa superação dialética do legado dessas experiências, em uma nova síntese entre esquerda e direita adaptada à sociedade contemporânea. Abordamos a trajetória de Evola e as principais linhas do seu pensamento: o esoterismo, o Tradicionalismo ou “filosofia perene” e a “revolução conservadora”. Ao final, analisamos sua relação com o fascismo italiano e o nacional-socialismo alemão.
{"title":"O SUPRAFASCISMO DE JULIUS EVOLA E OS FUNDAMENTOS DA NOVA DIREITA ILIBERAL","authors":"Francisco Thiago Rocha Vasconcelos","doi":"10.1590/0102-014047/119","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0102-014047/119","url":null,"abstract":"Resumo Neste artigo analisamos o pensamento político do teórico italiano Julius Evola (1898-1974) como forma de compreender a reinvenção da extrema direita mundial, do pós-Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje. Ao propor fundamentos alternativos às formas e aos valores da “Modernidade Ocidental”, Evola se tornou uma das referências centrais de movimentos que buscam se diferenciar do fascismo histórico e do nacionalismo de direita convencional por meio de uma pretensa superação dialética do legado dessas experiências, em uma nova síntese entre esquerda e direita adaptada à sociedade contemporânea. Abordamos a trajetória de Evola e as principais linhas do seu pensamento: o esoterismo, o Tradicionalismo ou “filosofia perene” e a “revolução conservadora”. Ao final, analisamos sua relação com o fascismo italiano e o nacional-socialismo alemão.","PeriodicalId":35204,"journal":{"name":"Lua Nova","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134950923","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo Este texto parte da hipótese de que existe certa aproximação performática entre o bolsonarismo e o ultraconservadorismo católico, afinidade que reforça mecanismos de desdemocratização institucional. Para nossa argumentação, focamos no conflito gerado em torno da Campanha Ecumênica da Fraternidade de 2021, organizada pelo Conselho Nacional de Igrejas, quando o Centro Cultural Dom Bosco desafia a autoridade da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros ao deflagrar uma contra campanha. Quais os mecanismos e conteúdos utilizados para deslegitimar a iniciativa e as instituições religiosas? Quais conteúdos e performática se assemelham ao fenômeno bolsonarista e da extrema direita internacional? O quanto esse episódio reverbera outros tipos de ameaças e violências aos setores progressistas nos últimos anos no Brasil? Qual é a novidade que a direita cristã, católica e evangélica, apresenta na relação entre religião e política? Quais são os desafios teóricos e políticos que esse caso nos apresenta para compreender o declínio da democracia no país? A construção de um corpus de evidências netnográficas e a análise da produção de mídias que circularam nas redes sociais sustentam nossa reflexão.
{"title":"ULTRACONSERVADORISMO CATÓLICO: MIMESES DOS MECANISMOS DA EROSÃO DEMOCRÁTICA BRASILEIRA","authors":"Brenda Carranza, Ana Claudia Chves Teixeira","doi":"10.1590/0102-048075/119","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0102-048075/119","url":null,"abstract":"Resumo Este texto parte da hipótese de que existe certa aproximação performática entre o bolsonarismo e o ultraconservadorismo católico, afinidade que reforça mecanismos de desdemocratização institucional. Para nossa argumentação, focamos no conflito gerado em torno da Campanha Ecumênica da Fraternidade de 2021, organizada pelo Conselho Nacional de Igrejas, quando o Centro Cultural Dom Bosco desafia a autoridade da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros ao deflagrar uma contra campanha. Quais os mecanismos e conteúdos utilizados para deslegitimar a iniciativa e as instituições religiosas? Quais conteúdos e performática se assemelham ao fenômeno bolsonarista e da extrema direita internacional? O quanto esse episódio reverbera outros tipos de ameaças e violências aos setores progressistas nos últimos anos no Brasil? Qual é a novidade que a direita cristã, católica e evangélica, apresenta na relação entre religião e política? Quais são os desafios teóricos e políticos que esse caso nos apresenta para compreender o declínio da democracia no país? A construção de um corpus de evidências netnográficas e a análise da produção de mídias que circularam nas redes sociais sustentam nossa reflexão.","PeriodicalId":35204,"journal":{"name":"Lua Nova","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135053308","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Maria Fernanda Lombardi Fernandes, Gabriela Nunes Ferreira
Resumo Este artigo aborda os projetos de país desenhados por dois autores/atores entre o final do século XIX e as décadas iniciais do século XX: Rui Barbosa, expoente do pensamento liberal; e Alberto Torres, reconhecido como matriz do pensamento autoritário no Brasil. O texto é dividido em três seções: a primeira apresenta de maneira sucinta a visão dos autores sobre a Brasil em termos mais gerais, considerando o contexto histórico e a posição ocupada por cada um; a segunda aborda a visão de cada um sobre a situação econômica e as respectivas propostas para o país, centrando a análise no debate agrarismo x industrialismo; a terceira traz uma comparação mais direta entre os dois autores, indo além dos rótulos liberal e autoritário, ou idealista e realista.
{"title":"ALBERTO TORRES E RUI BARBOSA: DUAS VISÕES DO BRASIL NA PRIMEIRA REPÚBLICA","authors":"Maria Fernanda Lombardi Fernandes, Gabriela Nunes Ferreira","doi":"10.1590/0102-076107/119","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0102-076107/119","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo aborda os projetos de país desenhados por dois autores/atores entre o final do século XIX e as décadas iniciais do século XX: Rui Barbosa, expoente do pensamento liberal; e Alberto Torres, reconhecido como matriz do pensamento autoritário no Brasil. O texto é dividido em três seções: a primeira apresenta de maneira sucinta a visão dos autores sobre a Brasil em termos mais gerais, considerando o contexto histórico e a posição ocupada por cada um; a segunda aborda a visão de cada um sobre a situação econômica e as respectivas propostas para o país, centrando a análise no debate agrarismo x industrialismo; a terceira traz uma comparação mais direta entre os dois autores, indo além dos rótulos liberal e autoritário, ou idealista e realista.","PeriodicalId":35204,"journal":{"name":"Lua Nova","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135053584","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Em 1972, George McGovern sofreu a mais arrasadora derrota da história das eleições presidenciais americanas para um homem, Richard Nixon, que, menos de dois anos depois, seria forçado a renunciar ao cargo porque, se não o fizesse, sofreria sem dúvida o impeachment pelo Congresso do país. Só em duas das 51 unidades da Federação (Massachusetts e Distrito de Columbia), McGovem recebeu mais votos do que Nixon. Ele ficou com pouco mais de um terço do total em todos os estados.
{"title":"PASSAGENS","authors":"Natália Nóbrega de Mello","doi":"10.1590/0102-009013/119","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/0102-009013/119","url":null,"abstract":"Em 1972, George McGovern sofreu a mais arrasadora derrota da história das eleições presidenciais americanas para um homem, Richard Nixon, que, menos de dois anos depois, seria forçado a renunciar ao cargo porque, se não o fizesse, sofreria sem dúvida o impeachment pelo Congresso do país. Só em duas das 51 unidades da Federação (Massachusetts e Distrito de Columbia), McGovem recebeu mais votos do que Nixon. Ele ficou com pouco mais de um terço do total em todos os estados.","PeriodicalId":35204,"journal":{"name":"Lua Nova","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135052977","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}