Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-49442021v27n3a205
C. B. Rezende, W. Aureliano, Rachel Aisengart
Resumo Neste artigo, analisamos como modos de expor vivências corporais apresentadas em sites da internet se articulam à formação de subjetividades contemporâneas. Especificamente, discutimos o que significa a divulgação ampla e pública de experiências corporais particulares em termos de configuração subjetiva. Desenvolvemos este tema a partir de três contextos de manejo dos cuidados corporais - no parto, no adoecimento e tratamento para câncer de mama, e no processo do morrer por meio de suicídio assistido, em sites, grupos de Facebook e vídeos do Youtube. Destacamos em nossa análise a importância dada à escolha, à legitimidade da experiência, na qual o sofrimento físico torna-se elemento de autotransformação e valorização da vida.
{"title":"A vida compartilhada: parto, doença e morte na internet","authors":"C. B. Rezende, W. Aureliano, Rachel Aisengart","doi":"10.1590/1678-49442021v27n3a205","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-49442021v27n3a205","url":null,"abstract":"Resumo Neste artigo, analisamos como modos de expor vivências corporais apresentadas em sites da internet se articulam à formação de subjetividades contemporâneas. Especificamente, discutimos o que significa a divulgação ampla e pública de experiências corporais particulares em termos de configuração subjetiva. Desenvolvemos este tema a partir de três contextos de manejo dos cuidados corporais - no parto, no adoecimento e tratamento para câncer de mama, e no processo do morrer por meio de suicídio assistido, em sites, grupos de Facebook e vídeos do Youtube. Destacamos em nossa análise a importância dada à escolha, à legitimidade da experiência, na qual o sofrimento físico torna-se elemento de autotransformação e valorização da vida.","PeriodicalId":35315,"journal":{"name":"Mana: Estudos de Antropologia Social","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67508749","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-49442021v27n2a203
Camila Pierobon
Resumo Este artigo descreve os esforços de Leonor para garantir o abastecimento de água na ocupação popular onde vive. Seus esforços congregam a luta política dos ocupantes pelo direito de os pobres morarem no centro da cidade, a batalha das famílias para manterem os ritmos e a rotina de suas vidas diárias, e a guerra que envolve agentes do estado e do tráfico de drogas no cotidiano. O trabalho de Leonor está emaranhado ao trabalho coletivo de fazer a água circular nos 15 anos de existência da ocupação. Na primeira parte do texto, trago as ações dos moradores que transformaram um prédio abandonado em uma ocupação popular por meio da instalação, a regularização e a manutenção do abastecimento de água. Na segunda parte, apresento a batalha dos moradores nos interstícios dos poderes do estado e do tráfico de drogas em que a água potável estava no centro da disputa.
{"title":"Fazer a água circular: tempo e rotina na batalha pela habitação","authors":"Camila Pierobon","doi":"10.1590/1678-49442021v27n2a203","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-49442021v27n2a203","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo descreve os esforços de Leonor para garantir o abastecimento de água na ocupação popular onde vive. Seus esforços congregam a luta política dos ocupantes pelo direito de os pobres morarem no centro da cidade, a batalha das famílias para manterem os ritmos e a rotina de suas vidas diárias, e a guerra que envolve agentes do estado e do tráfico de drogas no cotidiano. O trabalho de Leonor está emaranhado ao trabalho coletivo de fazer a água circular nos 15 anos de existência da ocupação. Na primeira parte do texto, trago as ações dos moradores que transformaram um prédio abandonado em uma ocupação popular por meio da instalação, a regularização e a manutenção do abastecimento de água. Na segunda parte, apresento a batalha dos moradores nos interstícios dos poderes do estado e do tráfico de drogas em que a água potável estava no centro da disputa.","PeriodicalId":35315,"journal":{"name":"Mana: Estudos de Antropologia Social","volume":"18 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67508124","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-49442021V27N1A205
Emilene Leite de Sousa
Resumo Este artigo etnográfico objetiva analisar as experiências das crianças Capuxu com os malassombros. Ele é produto de uma pesquisa cujo objetivo era investigar a produção da pessoa Capuxu à luz da fabricação dos corpos das crianças. Foi assim que resvalei nas percepções sobre corpo e alma, dimensões da pessoa Capuxu, e dentro da categoria alma revelou-se o conceito nativo de malassombro, aqui abordado através de um diálogo com as noções de morte e medo. Além disso, analiso a agência infantil em estratégias cotidianas para afugentar os malassombros; a inexistência de relação entre a crença em malassombros e a religiosidade; e o reconhecimento de que adultos e crianças podem compartilhar do mesmo repertório de crenças, mas atribuir sentidos diferentes. Demonstro que os Capuxu representam os mortos como almas-malassombradas porque as pessoas e as relações é que são importantes e a morte não impede a tessitura de tais relações.
{"title":"“Quem pode mais do que Deus?”: As crianças capuxu e suas experiências com os malassombros","authors":"Emilene Leite de Sousa","doi":"10.1590/1678-49442021V27N1A205","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-49442021V27N1A205","url":null,"abstract":"Resumo Este artigo etnográfico objetiva analisar as experiências das crianças Capuxu com os malassombros. Ele é produto de uma pesquisa cujo objetivo era investigar a produção da pessoa Capuxu à luz da fabricação dos corpos das crianças. Foi assim que resvalei nas percepções sobre corpo e alma, dimensões da pessoa Capuxu, e dentro da categoria alma revelou-se o conceito nativo de malassombro, aqui abordado através de um diálogo com as noções de morte e medo. Além disso, analiso a agência infantil em estratégias cotidianas para afugentar os malassombros; a inexistência de relação entre a crença em malassombros e a religiosidade; e o reconhecimento de que adultos e crianças podem compartilhar do mesmo repertório de crenças, mas atribuir sentidos diferentes. Demonstro que os Capuxu representam os mortos como almas-malassombradas porque as pessoas e as relações é que são importantes e a morte não impede a tessitura de tais relações.","PeriodicalId":35315,"journal":{"name":"Mana: Estudos de Antropologia Social","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67508429","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-49442021v27n3r902
E. Nunes
{"title":"GOLDMAN, M. (org.). 2021. Outras histórias. Ensaios sobre a composição de mundos na América e na África. Rio de Janeiro: 7 letras. 358 pp.","authors":"E. Nunes","doi":"10.1590/1678-49442021v27n3r902","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-49442021v27n3r902","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":35315,"journal":{"name":"Mana: Estudos de Antropologia Social","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67508731","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-49442021v27n2r802
C. Machado
{"title":"GONZALEZ, Lélia. 2020. Por um Feminismo Afro-Latino-Americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos. Rio Janeiro: Zahar. 375 pp.","authors":"C. Machado","doi":"10.1590/1678-49442021v27n2r802","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-49442021v27n2r802","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":35315,"journal":{"name":"Mana: Estudos de Antropologia Social","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67508548","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-49442021v27n3r901
Felipe Puga
{"title":"POMPEIA, Caio. 2021. Formação política do agronegócio. São Paulo: Editora Elefante. 392 pp.","authors":"Felipe Puga","doi":"10.1590/1678-49442021v27n3r901","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-49442021v27n3r901","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":35315,"journal":{"name":"Mana: Estudos de Antropologia Social","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67508711","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-49442021v27n3a203
S. D. Vieira
Resumo Mais de dez anos depois da primeira etnografia em Bocage, Jeanne Favret-Saada formula de maneira mais acabada uma reorientação metodológica definitiva para a etnografia que toma o “ser afetado” como dimensão crucial do trabalho de campo e do conhecimento antropológico. Como um dos efeitos desse encontro da etnografia com a feitiçaria, esta última deixa de ser tomada como um sistema de crenças para figurar como uma pragmática da linguagem. A etnógrafa e sua etnografia, por sua vez, deslocam o lugar pretensamente invulnerável do sujeito de conhecimento que passa a se deixar afetar pela relação com as pessoas e com os mundos que elas habitam. O objetivo deste artigo é apresentar lições de etnografia de Jeanne Favret-Saada como contribuições à antropologia contemporânea. Pretendo, com isso, apresentar a proposição segundo a qual a etnografia Les mots, la mort et le sorts e outros livros e artigos, que prolongam a reflexão sobre essa experiência de campo, exploram uma via de crítica e criação etnográfica fundamentada na vulnerabilidade do sujeito de conhecimento que defendo ser um caminho de reinvenção da etnografia não trilhado pela virada reflexiva da antropologia das décadas de 1980 e 1990.
{"title":"Força e vulnerabilidade: lições de etnografia e feitiçaria na obra de Jeanne Favret-Saada","authors":"S. D. Vieira","doi":"10.1590/1678-49442021v27n3a203","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-49442021v27n3a203","url":null,"abstract":"Resumo Mais de dez anos depois da primeira etnografia em Bocage, Jeanne Favret-Saada formula de maneira mais acabada uma reorientação metodológica definitiva para a etnografia que toma o “ser afetado” como dimensão crucial do trabalho de campo e do conhecimento antropológico. Como um dos efeitos desse encontro da etnografia com a feitiçaria, esta última deixa de ser tomada como um sistema de crenças para figurar como uma pragmática da linguagem. A etnógrafa e sua etnografia, por sua vez, deslocam o lugar pretensamente invulnerável do sujeito de conhecimento que passa a se deixar afetar pela relação com as pessoas e com os mundos que elas habitam. O objetivo deste artigo é apresentar lições de etnografia de Jeanne Favret-Saada como contribuições à antropologia contemporânea. Pretendo, com isso, apresentar a proposição segundo a qual a etnografia Les mots, la mort et le sorts e outros livros e artigos, que prolongam a reflexão sobre essa experiência de campo, exploram uma via de crítica e criação etnográfica fundamentada na vulnerabilidade do sujeito de conhecimento que defendo ser um caminho de reinvenção da etnografia não trilhado pela virada reflexiva da antropologia das décadas de 1980 e 1990.","PeriodicalId":35315,"journal":{"name":"Mana: Estudos de Antropologia Social","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67508691","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-49442021v27n3r903
G. Passamani, Zulmira Newlands Borges
{"title":"LEAL, Ondina Fachel. Os gaúchos: cultura e identidade masculinas no pampa. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2021.","authors":"G. Passamani, Zulmira Newlands Borges","doi":"10.1590/1678-49442021v27n3r903","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-49442021v27n3r903","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":35315,"journal":{"name":"Mana: Estudos de Antropologia Social","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67508874","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-49442021v27n2a551
André Dumans Guedes
Resumo O conceito de “configuração de casas”, elaborado por Louis Marcelin e reconhecido pela sua importância por diversos autores interessados no estudo da casa e da família, revela também sua rentabilidade quando é revisitado e transformado, incorporando dimensões que, se não de todo ausentes nos trabalhos de Marcelin, aí não recebiam tanto destaque. Neste artigo, discutimos dois caminhos pelos quais tal transformação pode ser efetuada. Em primeiro lugar, ressaltamos o quão produtivo pode ser trazer para o primeiro plano a questão da distância existente entre as casas numa configuração - sobretudo para quem, como o autor deste artigo, está também interessado na questão das mobilidades. Em segundo lugar, argumentamos que não apenas “casas” podem estar articuladas em tais configurações, já que nesses conjuntos de relações podem ser incluídos lugares e espaços que nossos interlocutores concebem como de outra natureza.
{"title":"Interstícios, distâncias e formas provisórias de existência","authors":"André Dumans Guedes","doi":"10.1590/1678-49442021v27n2a551","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-49442021v27n2a551","url":null,"abstract":"Resumo O conceito de “configuração de casas”, elaborado por Louis Marcelin e reconhecido pela sua importância por diversos autores interessados no estudo da casa e da família, revela também sua rentabilidade quando é revisitado e transformado, incorporando dimensões que, se não de todo ausentes nos trabalhos de Marcelin, aí não recebiam tanto destaque. Neste artigo, discutimos dois caminhos pelos quais tal transformação pode ser efetuada. Em primeiro lugar, ressaltamos o quão produtivo pode ser trazer para o primeiro plano a questão da distância existente entre as casas numa configuração - sobretudo para quem, como o autor deste artigo, está também interessado na questão das mobilidades. Em segundo lugar, argumentamos que não apenas “casas” podem estar articuladas em tais configurações, já que nesses conjuntos de relações podem ser incluídos lugares e espaços que nossos interlocutores concebem como de outra natureza.","PeriodicalId":35315,"journal":{"name":"Mana: Estudos de Antropologia Social","volume":"53 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67508905","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-49442021v27n3a204
F. Miguel
Resumo Maríyarapáxjis é um neologismo (proveniente da expressão portuguesa maria-rapaz) encontrado na língua materna de meus interlocutores moçambicanos (a língua changana) para dar conta, entre outros, de homens que a princípio demonstram certa afeminação, mas que nas últimas décadas passou também a nomear os homossexuais. Apesar de analisar outros vocábulos, escolho-o como título deste artigo porque, além de ser uma das palavras mais ouvidas no sul do país para nomear esses sujeitos, ela parece ser o epítome de uma série de processos históricos de institucionalização das homossexualidades masculinas nas classes populares do sul de Moçambique. O presente artigo, fruto de investigação etnográfica e linguística, busca analisar o léxico das línguas changana e portuguesa dentro do campo semântico da homossexualidade no sul de Moçambique e colocá-las em diálogo com as teorias feministas africanas.
{"title":"Maríyarapáxjis: língua, gênero e homossexualidade em Moçambique","authors":"F. Miguel","doi":"10.1590/1678-49442021v27n3a204","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-49442021v27n3a204","url":null,"abstract":"Resumo Maríyarapáxjis é um neologismo (proveniente da expressão portuguesa maria-rapaz) encontrado na língua materna de meus interlocutores moçambicanos (a língua changana) para dar conta, entre outros, de homens que a princípio demonstram certa afeminação, mas que nas últimas décadas passou também a nomear os homossexuais. Apesar de analisar outros vocábulos, escolho-o como título deste artigo porque, além de ser uma das palavras mais ouvidas no sul do país para nomear esses sujeitos, ela parece ser o epítome de uma série de processos históricos de institucionalização das homossexualidades masculinas nas classes populares do sul de Moçambique. O presente artigo, fruto de investigação etnográfica e linguística, busca analisar o léxico das línguas changana e portuguesa dentro do campo semântico da homossexualidade no sul de Moçambique e colocá-las em diálogo com as teorias feministas africanas.","PeriodicalId":35315,"journal":{"name":"Mana: Estudos de Antropologia Social","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67508737","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}