Pub Date : 2023-03-13DOI: 10.4025/psicolestud.v28i0.53140
Angela De Araujo Barros Bonfante, Linéia Polli, Jean Von Hohendorff
Os estudos existentes acerca da revelação da violência sexual são, em sua maioria, baseados em casos de meninas. À vista disso, objetivou-se conhecer as reações protetivas e não protetivas de mães e pais diante da revelação de meninos vítimas de violência sexual. Para tanto, foi realizado um estudo qualitativo, por meio de entrevistas, com nove mães. Em seguida, efetuou-se a análise temática dos dados, que resultou em seis temas: momento da revelação; confiança e desconfiança; acolhimento; busca de ajuda; emoções; e proteção. Tomados em conjunto, os resultados indicam que as mães apresentaram, no geral, reações protetivas diante da revelação, evidentes em todos os temas identificados. A partir do momento da revelação, as mães confiaram nos seus filhos e buscaram acolhê-los por meio de uma escuta atenta, também, cabe dizer, algumas entraram em estado de paralisia e entristecimento. Esse acolhimento foi seguido de busca de informações e de atendimento especializado. A proteção ocorreu, ainda, por meio do afastamento dos agressores e monitoramento da rotina dos filhos. Nesse sentido, é fundamental que haja investimento em ações de conscientização sobre os serviços disponíveis para que cuidadores possam proteger crianças e adolescentes em risco. Além disso, são necessárias intervenções que visem auxiliá-los no manejo de seus sentimentos diante da revelação, bem como em relação às consequências da violência para crianças e adolescentes.
{"title":"REAÇÕES DE MÃES DE MENINOS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL DIANTE DA REVELAÇÃO","authors":"Angela De Araujo Barros Bonfante, Linéia Polli, Jean Von Hohendorff","doi":"10.4025/psicolestud.v28i0.53140","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/psicolestud.v28i0.53140","url":null,"abstract":"Os estudos existentes acerca da revelação da violência sexual são, em sua maioria, baseados em casos de meninas. À vista disso, objetivou-se conhecer as reações protetivas e não protetivas de mães e pais diante da revelação de meninos vítimas de violência sexual. Para tanto, foi realizado um estudo qualitativo, por meio de entrevistas, com nove mães. Em seguida, efetuou-se a análise temática dos dados, que resultou em seis temas: momento da revelação; confiança e desconfiança; acolhimento; busca de ajuda; emoções; e proteção. Tomados em conjunto, os resultados indicam que as mães apresentaram, no geral, reações protetivas diante da revelação, evidentes em todos os temas identificados. A partir do momento da revelação, as mães confiaram nos seus filhos e buscaram acolhê-los por meio de uma escuta atenta, também, cabe dizer, algumas entraram em estado de paralisia e entristecimento. Esse acolhimento foi seguido de busca de informações e de atendimento especializado. A proteção ocorreu, ainda, por meio do afastamento dos agressores e monitoramento da rotina dos filhos. Nesse sentido, é fundamental que haja investimento em ações de conscientização sobre os serviços disponíveis para que cuidadores possam proteger crianças e adolescentes em risco. Além disso, são necessárias intervenções que visem auxiliá-los no manejo de seus sentimentos diante da revelação, bem como em relação às consequências da violência para crianças e adolescentes.","PeriodicalId":35369,"journal":{"name":"Psicologia em Estudo","volume":"56 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-03-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136005979","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-10-24DOI: 10.4025/psicolestud.v28i0.50881
Rafael Kalaf Cossi
O objetivo deste artigo é defender a tese de que o sexo em psicanálise apresenta caráter ontologicamente negativo. Desde Freud, sabemos que sexo não se restringe a práticas específicas nem se aferra a objetos predeterminados – sexo é encarado como pulsional; sendo assim, perverso, polimorfo e infantil. Desta feita, trata-se de um objeto não positivado e que se manifesta em fenômenos negativos, como as formações do inconsciente – sexo, inconsciente e não saber estão intimamente associados. O impasse ontológico radical concernente ao sexo compõe os desenvolvimentos lacanianos referentes ao desejo e ao gozo. Ater-se à espécie de negatividade que lhe é própria permite extrair outras consequências do aforismo ‘não há relação sexual’ – para além da ideia de obstáculo ou impedimento, problematiza-se a face ontológica negativa da não relação, correspondente à ligação entre simbólico e real e que pode ser formalizada no matema S (Ⱥ). O artigo também põe em destaque incidências clínicas desta proposta – reconhecer a irredutibilidade ontológica da negação nos desvia das determinações positivas que sustentam normatizações identitárias em horizonte clínico.
{"title":"O SEXO EM PSICANÁLISE COMO ONTOLOGIA NEGATIVA","authors":"Rafael Kalaf Cossi","doi":"10.4025/psicolestud.v28i0.50881","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/psicolestud.v28i0.50881","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é defender a tese de que o sexo em psicanálise apresenta caráter ontologicamente negativo. Desde Freud, sabemos que sexo não se restringe a práticas específicas nem se aferra a objetos predeterminados – sexo é encarado como pulsional; sendo assim, perverso, polimorfo e infantil. Desta feita, trata-se de um objeto não positivado e que se manifesta em fenômenos negativos, como as formações do inconsciente – sexo, inconsciente e não saber estão intimamente associados. O impasse ontológico radical concernente ao sexo compõe os desenvolvimentos lacanianos referentes ao desejo e ao gozo. Ater-se à espécie de negatividade que lhe é própria permite extrair outras consequências do aforismo ‘não há relação sexual’ – para além da ideia de obstáculo ou impedimento, problematiza-se a face ontológica negativa da não relação, correspondente à ligação entre simbólico e real e que pode ser formalizada no matema S (Ⱥ). O artigo também põe em destaque incidências clínicas desta proposta – reconhecer a irredutibilidade ontológica da negação nos desvia das determinações positivas que sustentam normatizações identitárias em horizonte clínico.","PeriodicalId":35369,"journal":{"name":"Psicologia em Estudo","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-10-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47895147","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-10-24DOI: 10.4025/psicolestud.v28i0.47288
Caroline Polizeli, Hélio Honda
Fenômenos associados à compulsão à repetição apresentam-se na clínica psicanalítica como reveladores de uma dor da qual o paciente nada sabe dizer, mas que se impõe como um destino implacável. Partilhando da opinião de alguns psicanalistas sobre as potencialidades terapêuticas inscritas na compulsão à repetição e cientes das dificuldades que envolvem a sua justificação teórica, este artigo busca aclarar a trama conceitual da metapsicologia que pode vir a embasar tal compreensão. Desse modo, partindo de uma pesquisa conceitual, objetivamos explicitar os fenômenos metapsicológicos que estão inscritos na repetição, propiciando uma releitura de aspectos importantes da obra freudiana. Assim, o artigo desenvolve a ideia de que as energias disruptivas presentes na compulsão à repetição, ao serem submetidas ao trabalho de ligação realizado pelo ‘Eu’, um processo secundário por excelência, articulado às noções de fusão e desfusão pulsionais, presentes em textos da etapa madura das reflexões de Freud, permite lançar alguma luz sobre processos obscuros subjacentes aos fenômenos em tela.
{"title":"UMA LEITURA METAPSICOLÓGICA SOBRE A COMPULSÃO À REPETIÇÃO E SUAS POTENCIALIDADES TERAPÊUTICAS","authors":"Caroline Polizeli, Hélio Honda","doi":"10.4025/psicolestud.v28i0.47288","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/psicolestud.v28i0.47288","url":null,"abstract":"Fenômenos associados à compulsão à repetição apresentam-se na clínica psicanalítica como reveladores de uma dor da qual o paciente nada sabe dizer, mas que se impõe como um destino implacável. Partilhando da opinião de alguns psicanalistas sobre as potencialidades terapêuticas inscritas na compulsão à repetição e cientes das dificuldades que envolvem a sua justificação teórica, este artigo busca aclarar a trama conceitual da metapsicologia que pode vir a embasar tal compreensão. Desse modo, partindo de uma pesquisa conceitual, objetivamos explicitar os fenômenos metapsicológicos que estão inscritos na repetição, propiciando uma releitura de aspectos importantes da obra freudiana. Assim, o artigo desenvolve a ideia de que as energias disruptivas presentes na compulsão à repetição, ao serem submetidas ao trabalho de ligação realizado pelo ‘Eu’, um processo secundário por excelência, articulado às noções de fusão e desfusão pulsionais, presentes em textos da etapa madura das reflexões de Freud, permite lançar alguma luz sobre processos obscuros subjacentes aos fenômenos em tela.","PeriodicalId":35369,"journal":{"name":"Psicologia em Estudo","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-10-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41524230","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-10-24DOI: 10.4025/psicolestud.v28i0.52917
Daniel Magalhães Goulart, Daniela Viecili Costa Masini
Considerando as atuais dificuldades enfrentadas em serviços de saúde mental e suas possíveis relações com a formação de profissionais de saúde, este artigo visa discutir como o ensino de medicina foi configurado subjetivamente por uma estudante universitária e as possíveis relações desse processo com alguns dos atuais desafios da reforma psiquiátrica brasileira. Este trabalho baseou-se num estudo de caso realizado ao longo de quatro meses com uma estudante de medicina de uma faculdade pública do Distrito Federal, onde se faz uso de metodologias ativas de aprendizagem. Foram utilizadas como referenciais a Teoria da Subjetividade, a Epistemologia Qualitativa e a metodologia construtivo-interpretativa de González Rey. Os resultados da pesquisa apontam para a organização de uma subjetividade social do ensino de medicina marcada por processos relacionados ao modelo biomédico, apesar das mudanças institucionais que visam promover um ensino pautado num modelo de atenção biopsicossocial. A participante expressa uma configuração subjetiva em que o cuidado articula-se ao controle e à medicalização, cujo desenvolvimento parece ter sido favorecido pela subjetividade social de seu contexto de ensino. Além disso, pode-se dizer que a subjetividade social do ensino de medicina está possivelmente relacionada a uma subjetividade social manicomial, ainda presente em serviços substitutivos, como os Centros de Atenção Psicossocial, dificultando as mudanças propostas pela reforma psiquiátrica. Por fim, este trabalho enfatiza o caráter subjetivo da aprendizagem, por meio do qual se articulam processos relacionados a diferentes âmbitos de vida da pessoa, como o educacional, o familiar e o cultural.
{"title":"ENSINO, CUIDADO E SUBJETIVIDADE NO CAMPO DA MEDICINA: UM ESTUDO DE CASO","authors":"Daniel Magalhães Goulart, Daniela Viecili Costa Masini","doi":"10.4025/psicolestud.v28i0.52917","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/psicolestud.v28i0.52917","url":null,"abstract":"Considerando as atuais dificuldades enfrentadas em serviços de saúde mental e suas possíveis relações com a formação de profissionais de saúde, este artigo visa discutir como o ensino de medicina foi configurado subjetivamente por uma estudante universitária e as possíveis relações desse processo com alguns dos atuais desafios da reforma psiquiátrica brasileira. Este trabalho baseou-se num estudo de caso realizado ao longo de quatro meses com uma estudante de medicina de uma faculdade pública do Distrito Federal, onde se faz uso de metodologias ativas de aprendizagem. Foram utilizadas como referenciais a Teoria da Subjetividade, a Epistemologia Qualitativa e a metodologia construtivo-interpretativa de González Rey. Os resultados da pesquisa apontam para a organização de uma subjetividade social do ensino de medicina marcada por processos relacionados ao modelo biomédico, apesar das mudanças institucionais que visam promover um ensino pautado num modelo de atenção biopsicossocial. A participante expressa uma configuração subjetiva em que o cuidado articula-se ao controle e à medicalização, cujo desenvolvimento parece ter sido favorecido pela subjetividade social de seu contexto de ensino. Além disso, pode-se dizer que a subjetividade social do ensino de medicina está possivelmente relacionada a uma subjetividade social manicomial, ainda presente em serviços substitutivos, como os Centros de Atenção Psicossocial, dificultando as mudanças propostas pela reforma psiquiátrica. Por fim, este trabalho enfatiza o caráter subjetivo da aprendizagem, por meio do qual se articulam processos relacionados a diferentes âmbitos de vida da pessoa, como o educacional, o familiar e o cultural.","PeriodicalId":35369,"journal":{"name":"Psicologia em Estudo","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-10-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42856746","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-10-24DOI: 10.4025/psicolestud.v28i0.51583
Cristiane Moreira da Silva, Daniela Roberta de Paula Pereira, Francyne Dos Santos Andrade
O presente artigo apresenta um recorte dos dados coletados em entrevistas durante pesquisa etnográfica on-line acerca da exposição das vivências de vítimas de violência sexual em grupo no Facebook intitulado ‘Luta contra o abuso sexual infantil’. Entendemos que os relatos funcionam como uma possibilidade de quebra do pacto de silêncio e se constituem como o início da elaboração do trauma psíquico. As interações no grupo foram registradas em diário de campo durante o período de quatro meses de acompanhamento e os dados aprofundados em dez entrevistas semiestruturadas com participantes contactadas por meio de convite postado no grupo. As entrevistas aconteceram por vídeochamada e perguntavam sobre o sentido que elas produzem ao utilizar o grupo, refletindo sobre a possibilidade de ultrapassar a condição de vítimas. Verifica-se que o uso da plataforma surge como uma possibilidade de fazer algo que ajude outras vítimas, seja por meio do compartilhamento de histórias ou do fornecimento de informações que auxiliem a romper com o ciclo abusivo. Observa-se que cada vítima lida de forma única com o evento traumático, enfrentando impactos psíquicos da agressão e do momento de revelação permeado pela dinâmica familiar e pela assimetria de poder. Desta forma, fica evidenciada a necessidade de uma escuta qualificada que viabilize a reconstrução subjetiva facilitada por um processo de elaboração do ocorrido.
{"title":"QUEBRA DO SILÊNCIO EM GRUPO ON-LINE DE ENFRENTAMENTO AO ABUSO SEXUAL INFANTIL","authors":"Cristiane Moreira da Silva, Daniela Roberta de Paula Pereira, Francyne Dos Santos Andrade","doi":"10.4025/psicolestud.v28i0.51583","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/psicolestud.v28i0.51583","url":null,"abstract":"O presente artigo apresenta um recorte dos dados coletados em entrevistas durante pesquisa etnográfica on-line acerca da exposição das vivências de vítimas de violência sexual em grupo no Facebook intitulado ‘Luta contra o abuso sexual infantil’. Entendemos que os relatos funcionam como uma possibilidade de quebra do pacto de silêncio e se constituem como o início da elaboração do trauma psíquico. As interações no grupo foram registradas em diário de campo durante o período de quatro meses de acompanhamento e os dados aprofundados em dez entrevistas semiestruturadas com participantes contactadas por meio de convite postado no grupo. As entrevistas aconteceram por vídeochamada e perguntavam sobre o sentido que elas produzem ao utilizar o grupo, refletindo sobre a possibilidade de ultrapassar a condição de vítimas. Verifica-se que o uso da plataforma surge como uma possibilidade de fazer algo que ajude outras vítimas, seja por meio do compartilhamento de histórias ou do fornecimento de informações que auxiliem a romper com o ciclo abusivo. Observa-se que cada vítima lida de forma única com o evento traumático, enfrentando impactos psíquicos da agressão e do momento de revelação permeado pela dinâmica familiar e pela assimetria de poder. Desta forma, fica evidenciada a necessidade de uma escuta qualificada que viabilize a reconstrução subjetiva facilitada por um processo de elaboração do ocorrido.","PeriodicalId":35369,"journal":{"name":"Psicologia em Estudo","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-10-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46955744","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-10-24DOI: 10.4025/psicolestud.v28i0.53035
T. Marques
Talvez, o homem seja o único dos entes a ter e a estabelecer relações com certos ‘objetos’ que ultrapassam a sua realidade material transcendendo-a para designar outra realidade para além da física. Dentre eles, poderíamos caracterizar como sendo ‘Objetos Transcendentes’ (e. g. Deus, por excelência, assim como o Demônio e outras entidades deste universo, quer passíveis de aceitação, aversão ou rejeição) aqueles que constituem a base para o desenvolvimento de sentimentos e de ideias religiosas e podem, também, ser entendidos (na sua origem, sentido e função) sob perspectiva da psicanálise. Nesse sentido, delimitando nossa proposta de análise, este artigo se propõe a analisar estes objetos a partir do ponto de vista de Sigmund Freud almejando e, com isto, analisar sua origem nos processos de sublimação da sexualidade e nos processos projetivos e identificatórios que caracterizam o desenvolvimento emocional do ser humano. Tal compreensão pode auxiliar na compreensão e intervenção clínica com aqueles que se relacionam com esses objetos ocupam um lugar central em seus modos de ser e estar no mundo, bem como com área da psicologia da religião em suas investigações.
{"title":"O DESENVOLVIMENTO DOS OBJETOS TRANSCENDENTES E DA RELIGIÃO FUNDAMENTADO NA TEORIA FREUDIANA","authors":"T. Marques","doi":"10.4025/psicolestud.v28i0.53035","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/psicolestud.v28i0.53035","url":null,"abstract":"Talvez, o homem seja o único dos entes a ter e a estabelecer relações com certos ‘objetos’ que ultrapassam a sua realidade material transcendendo-a para designar outra realidade para além da física. Dentre eles, poderíamos caracterizar como sendo ‘Objetos Transcendentes’ (e. g. Deus, por excelência, assim como o Demônio e outras entidades deste universo, quer passíveis de aceitação, aversão ou rejeição) aqueles que constituem a base para o desenvolvimento de sentimentos e de ideias religiosas e podem, também, ser entendidos (na sua origem, sentido e função) sob perspectiva da psicanálise. Nesse sentido, delimitando nossa proposta de análise, este artigo se propõe a analisar estes objetos a partir do ponto de vista de Sigmund Freud almejando e, com isto, analisar sua origem nos processos de sublimação da sexualidade e nos processos projetivos e identificatórios que caracterizam o desenvolvimento emocional do ser humano. Tal compreensão pode auxiliar na compreensão e intervenção clínica com aqueles que se relacionam com esses objetos ocupam um lugar central em seus modos de ser e estar no mundo, bem como com área da psicologia da religião em suas investigações.","PeriodicalId":35369,"journal":{"name":"Psicologia em Estudo","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-10-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47976025","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-09-15DOI: 10.4025/psicolestud.v28i0.45268
Karla Maria Siqueira Coelho Aita, Airle Miranda de Souza, Guilhermo Aita, Leonardo Davi Pinheiro Bernardo, Victor Augusto Cavaleiro Corrêa
A autonomia privada existencial, como expressão da dignidade da pessoa humana, representa para o indivíduo a possibilidade de agir em conformidade com valores e significados eleitos essenciais na elaboração do seu projeto de vida. Neste estudo, seus autores, dois terapeutas ocupacionais, dois advogados e uma psicóloga, somam saberes e dialogam com intuito de demarcar a relevância da autonomia privada existencial nas condições de demência avançada, nos estados vegetativos permanentes e na iminência de morte. Na tarefa a que se propõem, os autores ponderam sobre suas experimentações e interlocuções enquanto profissionais de formação acadêmica diversificada, inclinados a ofertar espaços para comunicar vida e acolher dores. São apresentadas e discutidas as bases jurídicas da autonomia privada, assim como os pressupostos da Logoterapia de Viktor Frankl em defesa da liberdade de vontade e da dignidade no final da vida.
{"title":"AUTONOMIA EM DEMÊNCIA AVANÇADA E ESTADOS VEGETATIVOS PERMANENTES NA IMINÊNCIA DE MORTE","authors":"Karla Maria Siqueira Coelho Aita, Airle Miranda de Souza, Guilhermo Aita, Leonardo Davi Pinheiro Bernardo, Victor Augusto Cavaleiro Corrêa","doi":"10.4025/psicolestud.v28i0.45268","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/psicolestud.v28i0.45268","url":null,"abstract":"A autonomia privada existencial, como expressão da dignidade da pessoa humana, representa para o indivíduo a possibilidade de agir em conformidade com valores e significados eleitos essenciais na elaboração do seu projeto de vida. Neste estudo, seus autores, dois terapeutas ocupacionais, dois advogados e uma psicóloga, somam saberes e dialogam com intuito de demarcar a relevância da autonomia privada existencial nas condições de demência avançada, nos estados vegetativos permanentes e na iminência de morte. Na tarefa a que se propõem, os autores ponderam sobre suas experimentações e interlocuções enquanto profissionais de formação acadêmica diversificada, inclinados a ofertar espaços para comunicar vida e acolher dores. São apresentadas e discutidas as bases jurídicas da autonomia privada, assim como os pressupostos da Logoterapia de Viktor Frankl em defesa da liberdade de vontade e da dignidade no final da vida.","PeriodicalId":35369,"journal":{"name":"Psicologia em Estudo","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-09-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44820299","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-08-25DOI: 10.4025/psicolestud.v28i0.50440
Fábio Scorsolini-Comin
O objetivo deste estudo teórico é problematizar a presença do cachorro Ulisses como alter ego de Clarice Lispector no livro infantil Quase de verdade (1978). Ulisses era também o cachorro da autora, mencionado por ela em diversas entrevistas e no livro Um sopro de vida (1999) em termos de sua humanidade, que o habilitaria a compreender Clarice de um modo particular e mais próximo, quase cúmplice. Essa humanidade se concretiza quando ele assume a narração em Quase de verdade, posicionando Clarice como sua intérprete. A relação com o bicho revela-se de modo simbiótico, recuperando tanto uma experiência mais instintiva da autora como permitindo a fruição das emoções presentes no animal, em um processo de complementaridade. Como vértices de um mesmo eu, discute-se em que medida Ulisses também funciona como um intérprete de Clarice, propondo a ela uma experiência concreta de viver que ultrapassaria a construção de uma inteligibilidade racional. A dimensão do viver, sensorial e corpóreo, desse modo, apresenta-se como superior à atividade compreensiva, aproximando Clarice do universo íntimo, básico e igualmente selvagem tão bem vivido e corporificado por Ulisses, capitaneado à posição de um alter ego puro capaz de ensiná-la a viver com a sua própria animalidade.
这项理论研究的目的是质疑小狗尤利西斯作为克拉丽斯·利斯佩克特的另一个自我在儿童书籍casi de verdade(1978)中的存在。尤利西斯也是作者的狗,她在几次采访和《Um sopro de vida》(1999)中提到了它的人性,这使他能够以一种特殊的、更亲密的方式理解克拉丽斯,几乎是同谋。当他以近乎真实的叙述,将克拉丽斯定位为他的翻译时,这种人性就具体化了。与动物的关系以一种共生的方式被揭示出来,既恢复了作者更本能的体验,又允许在一个互补的过程中享受动物的情感。作为同一自我的顶点,我们讨论了尤利西斯在多大程度上也作为克拉丽斯的诠释者,提出了一种超越理性可理解性构建的具体生活体验。生活的维度,感官的和身体的,因此,呈现自己优越的综合活动,使克拉丽斯更接近亲密的,基本的和同样狂野的宇宙,如此生动和体现的尤利西斯,领导到一个纯粹的另一个自我的位置,能够教她与自己的兽性生活。
{"title":"A AUTORA E OS BICHOS: A VIDA ÍNTIMA DE ULISSES","authors":"Fábio Scorsolini-Comin","doi":"10.4025/psicolestud.v28i0.50440","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/psicolestud.v28i0.50440","url":null,"abstract":"O objetivo deste estudo teórico é problematizar a presença do cachorro Ulisses como alter ego de Clarice Lispector no livro infantil Quase de verdade (1978). Ulisses era também o cachorro da autora, mencionado por ela em diversas entrevistas e no livro Um sopro de vida (1999) em termos de sua humanidade, que o habilitaria a compreender Clarice de um modo particular e mais próximo, quase cúmplice. Essa humanidade se concretiza quando ele assume a narração em Quase de verdade, posicionando Clarice como sua intérprete. A relação com o bicho revela-se de modo simbiótico, recuperando tanto uma experiência mais instintiva da autora como permitindo a fruição das emoções presentes no animal, em um processo de complementaridade. Como vértices de um mesmo eu, discute-se em que medida Ulisses também funciona como um intérprete de Clarice, propondo a ela uma experiência concreta de viver que ultrapassaria a construção de uma inteligibilidade racional. A dimensão do viver, sensorial e corpóreo, desse modo, apresenta-se como superior à atividade compreensiva, aproximando Clarice do universo íntimo, básico e igualmente selvagem tão bem vivido e corporificado por Ulisses, capitaneado à posição de um alter ego puro capaz de ensiná-la a viver com a sua própria animalidade.","PeriodicalId":35369,"journal":{"name":"Psicologia em Estudo","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-08-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43013049","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-08-25DOI: 10.4025/psicolestud.v28i0.49085
Patrício Câmara Araújo, Fabrícia Teixeira Borges
A presente pesquisa tem como objetivo investigar o processo de constituição identitária docente de licenciandos através da dinâmica dos posicionamentos em conflito, nas narrativas e dramatizações. Esta pesquisa é qualitativa e tem como perspectiva a psicologia cultural em interface com o dialogismo bakhtiniano. Para a construção dos dados, utilizamos como procedimento metodológico entrevistas narrativas individuais e videogravações da elaboração e realização da dramatização pelos próprios estudantes, além da entrevista coletiva mediada pela dramatização. Para a organização dos dados, elaboramos tabelas de temas e subtemas e mapas semióticos individuais, articulados em um mapa coletivo. Em seguida, aplicamos a análise temática dialógica da conversação, com destaque para os temas das narrativas e dos processos dialógicos dos posicionamentos nos encontros conversacionais. Identificamos, na análise dos dados, que aconteceram conflitos na dinâmica dos posicionamentos e nas estéticas docentes, tradicional e progressista, dos participantes; o que implica no processo de constituição identitária docente dos licenciandos ao produzirem significados e sentidos que orientaram as suas atuações docentes. Palavras-chave: Identidade; posicionamento; conflito
{"title":"CONSTITUIÇÃO IDENTITÁRIA DOCENTE EM DRAMATIZAÇÃO: DINÂMICA DOS POSICIONAMENTOS EM CONFLITO","authors":"Patrício Câmara Araújo, Fabrícia Teixeira Borges","doi":"10.4025/psicolestud.v28i0.49085","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/psicolestud.v28i0.49085","url":null,"abstract":"A presente pesquisa tem como objetivo investigar o processo de constituição identitária docente de licenciandos através da dinâmica dos posicionamentos em conflito, nas narrativas e dramatizações. Esta pesquisa é qualitativa e tem como perspectiva a psicologia cultural em interface com o dialogismo bakhtiniano. Para a construção dos dados, utilizamos como procedimento metodológico entrevistas narrativas individuais e videogravações da elaboração e realização da dramatização pelos próprios estudantes, além da entrevista coletiva mediada pela dramatização. Para a organização dos dados, elaboramos tabelas de temas e subtemas e mapas semióticos individuais, articulados em um mapa coletivo. Em seguida, aplicamos a análise temática dialógica da conversação, com destaque para os temas das narrativas e dos processos dialógicos dos posicionamentos nos encontros conversacionais. Identificamos, na análise dos dados, que aconteceram conflitos na dinâmica dos posicionamentos e nas estéticas docentes, tradicional e progressista, dos participantes; o que implica no processo de constituição identitária docente dos licenciandos ao produzirem significados e sentidos que orientaram as suas atuações docentes. \u0000Palavras-chave: Identidade; posicionamento; conflito","PeriodicalId":35369,"journal":{"name":"Psicologia em Estudo","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-08-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41598705","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-08-22DOI: 10.4025/psicolestud.v27i0.44295
Thaís Blankenheim, Lisiane Machado de Oliveira Menegotto, Denise Regina Quaresma da Silva
Este estudo qualitativo objetiva discutir a homossexualidade e a homoparentalidade a partir de narrativas produzidas por 34 professoras atuantes em 17 diferentes escolas de educação infantil do município de Novo Hamburgo (RS). Metodologicamente, histórias narrativas foram usadas como procedimento para acesso a produções imaginativas e, posteriormente, os resultados foram analisados pelo processo de análise de conteúdo (Bardin, 2011). Esses resultados revelam os dilemas que atravessam a temática, como ideias de preconceito e desaceitação, estigmas remanescentes e a influência da patologização e da normatização relacionadas ao assunto. Embora os dilemas estejam presentes, as participantes abordam os significados de família com uma concepção de amor e diversidade. As narrativas das professoras nos possibilitam questionar a maneira como as temáticas elencadas são tratadas nas escolas. De acordo com essa assertiva, sugerem-se novos estudos que investiguem a forma pela qual essas concepções interferem na prática diária das professoras e professores de nosso país.
{"title":"A HOMOSSEXUALIDADE E A HOMOPARENTALIDADE EM CENA: NARRATIVAS DE PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL","authors":"Thaís Blankenheim, Lisiane Machado de Oliveira Menegotto, Denise Regina Quaresma da Silva","doi":"10.4025/psicolestud.v27i0.44295","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/psicolestud.v27i0.44295","url":null,"abstract":"Este estudo qualitativo objetiva discutir a homossexualidade e a homoparentalidade a partir de narrativas produzidas por 34 professoras atuantes em 17 diferentes escolas de educação infantil do município de Novo Hamburgo (RS). Metodologicamente, histórias narrativas foram usadas como procedimento para acesso a produções imaginativas e, posteriormente, os resultados foram analisados pelo processo de análise de conteúdo (Bardin, 2011). Esses resultados revelam os dilemas que atravessam a temática, como ideias de preconceito e desaceitação, estigmas remanescentes e a influência da patologização e da normatização relacionadas ao assunto. Embora os dilemas estejam presentes, as participantes abordam os significados de família com uma concepção de amor e diversidade. As narrativas das professoras nos possibilitam questionar a maneira como as temáticas elencadas são tratadas nas escolas. De acordo com essa assertiva, sugerem-se novos estudos que investiguem a forma pela qual essas concepções interferem na prática diária das professoras e professores de nosso país.","PeriodicalId":35369,"journal":{"name":"Psicologia em Estudo","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-08-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42904791","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}