Pub Date : 2021-11-23DOI: 10.5007/1808-1711.2021.e79698
Alyne De Castro Costa
Os debates públicos sobre o fenômeno do negacionismo parecem se pautar sobre a ambiguidade da noção de engano: os “negacionistas profissionais” seriam aqueles que enganam, os cientistas seriam os que não (se) enganam e as “pessoas comuns” seriam as mais suscetíveis a se enganarem ou serem enganadas. Porém, estudos mostram que os negacionistas consideram sua própria atitude como uma precaução contra o engano; por isso, explicações que os tratam como anticientificistas, antidemocráticos e ignorantes não dão conta do fenômeno em toda sua complexidade. Neste artigo, recorro à noção nietzschiana de “vontade de verdade” para pensar o negacionismo como um efeito deletério da imagem da ciência como um escudo desinteressado contra o engano. Mais que isso, examino a hipótese de que a oposição verdade/engano nos torna a todos potenciais negacionistas, e proponho, como proteção contra esse risco, admitir os interesses que levam as pessoas a disputar os fatos científicos. Discuto também o contexto sociopolítico no qual o negacionismo pôde emergir e apresento alguns caminhos para uma noção de verdade mais condizente com as “questões de preocupação” (matters of concern) atuais.
{"title":"Negacionistas são os outros? Verdade, engano e interesse na era da pós-verdade","authors":"Alyne De Castro Costa","doi":"10.5007/1808-1711.2021.e79698","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/1808-1711.2021.e79698","url":null,"abstract":"Os debates públicos sobre o fenômeno do negacionismo parecem se pautar sobre a ambiguidade da noção de engano: os “negacionistas profissionais” seriam aqueles que enganam, os cientistas seriam os que não (se) enganam e as “pessoas comuns” seriam as mais suscetíveis a se enganarem ou serem enganadas. Porém, estudos mostram que os negacionistas consideram sua própria atitude como uma precaução contra o engano; por isso, explicações que os tratam como anticientificistas, antidemocráticos e ignorantes não dão conta do fenômeno em toda sua complexidade. Neste artigo, recorro à noção nietzschiana de “vontade de verdade” para pensar o negacionismo como um efeito deletério da imagem da ciência como um escudo desinteressado contra o engano. Mais que isso, examino a hipótese de que a oposição verdade/engano nos torna a todos potenciais negacionistas, e proponho, como proteção contra esse risco, admitir os interesses que levam as pessoas a disputar os fatos científicos. Discuto também o contexto sociopolítico no qual o negacionismo pôde emergir e apresento alguns caminhos para uma noção de verdade mais condizente com as “questões de preocupação” (matters of concern) atuais.","PeriodicalId":38561,"journal":{"name":"Principia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42733300","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-11-23DOI: 10.5007/1808-1711.2021.e80514
F. Pinheiro
Este texto é uma resenha do livro “Sobre a Ciência: Estudos de Filosofia da Ciência” de Alberto Cupani (2018).
本文是对Alberto Cupani（2018）的著作《Sobre a Ciência:Estudos de Filosofia da Ciència》的评论。
{"title":"Um Norte entre a Confusão Coletiva e a Bagunça: Uma resenha de Cupani, Alberto. Sobre a Ciência: Estudos de Filosofia da Ciência. Florianópolis: Editora da UFSC, 2018","authors":"F. Pinheiro","doi":"10.5007/1808-1711.2021.e80514","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/1808-1711.2021.e80514","url":null,"abstract":"Este texto é uma resenha do livro “Sobre a Ciência: Estudos de Filosofia da Ciência” de Alberto Cupani (2018).","PeriodicalId":38561,"journal":{"name":"Principia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44162286","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-11-23DOI: 10.5007/1808-1711.2021.e80338
Gabriel Bianconi Fernandes
Dados do Censo Agropecuário revelam que os conhecimentos da ciência agrícola moderna não são utilizados por parcela significativa dos agricultores brasileiros. Este setor é, entretanto, responsável pelo desenvolvimento de complexos sistemas de conhecimento da natureza, da gestão dos ecossistemas e da produção de alimentos. Tal distanciamento vai além da simples questão de barreiras à adoção de novas tecnologias, situando-se no campo dos valores éticos e sociais nos quais a pesquisa científica é majoritariamente desenvolvida. O presente artigo fundamenta-se no modelo da interação entre as atividades científicas e valores (M-CV) de Hugh Lacey para argumentar que a pesquisa em Agroecologia, ao inserir-se num universo de valores distinto daquele da ciência comercialmente orientada, contribui para fortalecer os setores sociais que não têm suas perspectivas priorizadas pela ciência agrícola dominante.
{"title":"O papel dos valores na pesquisa em Agroecologia","authors":"Gabriel Bianconi Fernandes","doi":"10.5007/1808-1711.2021.e80338","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/1808-1711.2021.e80338","url":null,"abstract":"Dados do Censo Agropecuário revelam que os conhecimentos da ciência agrícola moderna não são utilizados por parcela significativa dos agricultores brasileiros. Este setor é, entretanto, responsável pelo desenvolvimento de complexos sistemas de conhecimento da natureza, da gestão dos ecossistemas e da produção de alimentos. Tal distanciamento vai além da simples questão de barreiras à adoção de novas tecnologias, situando-se no campo dos valores éticos e sociais nos quais a pesquisa científica é majoritariamente desenvolvida. O presente artigo fundamenta-se no modelo da interação entre as atividades científicas e valores (M-CV) de Hugh Lacey para argumentar que a pesquisa em Agroecologia, ao inserir-se num universo de valores distinto daquele da ciência comercialmente orientada, contribui para fortalecer os setores sociais que não têm suas perspectivas priorizadas pela ciência agrícola dominante.","PeriodicalId":38561,"journal":{"name":"Principia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45661773","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-11-23DOI: 10.5007/1808-1711.2021.e80461
Pedro Bravo de Souza
O objetivo deste artigo é analisar as relações entre agnotologia (construção social da ignorância) e o princípio da precaução (PP) sob dois aspectos. O primeiro diz respeito à crítica de que parcela dos defensores do PP teria utilizado estratégias de construção de ignorância. A partir do trabalho do filósofo Daniel Steel, mostro como elas enfraquecem um critério interno ao próprio princípio: a proporcionalidade. Sob o segundo aspecto, comento documentos tornados públicos que evidenciam estratégias de agnotologia por setores da indústria tanto sobre o PP como sobre resultados científicos para que ele não fosse aplicado. Semelhante exposição ainda não foi realizada na literatura especializada no PP. A partir dessa análise, busco contribuir para identificar estratégias de agnotologia em debates sobre o PP.
{"title":"Agnotologia e o Princípio da Precaução","authors":"Pedro Bravo de Souza","doi":"10.5007/1808-1711.2021.e80461","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/1808-1711.2021.e80461","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é analisar as relações entre agnotologia (construção social da ignorância) e o princípio da precaução (PP) sob dois aspectos. O primeiro diz respeito à crítica de que parcela dos defensores do PP teria utilizado estratégias de construção de ignorância. A partir do trabalho do filósofo Daniel Steel, mostro como elas enfraquecem um critério interno ao próprio princípio: a proporcionalidade. Sob o segundo aspecto, comento documentos tornados públicos que evidenciam estratégias de agnotologia por setores da indústria tanto sobre o PP como sobre resultados científicos para que ele não fosse aplicado. Semelhante exposição ainda não foi realizada na literatura especializada no PP. A partir dessa análise, busco contribuir para identificar estratégias de agnotologia em debates sobre o PP.","PeriodicalId":38561,"journal":{"name":"Principia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47253922","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-11-23DOI: 10.5007/1808-1711.2021.e80535
Alberto Oscar Cupani
Este artículo cuestiona la propuesta de Matthew J. Brown para entender la relación entre la ciencia y los valores sociales en lo que respecta, principalmente, a dos puntos: que el ideal de ciencia libre de valores debe ser abandonado, y que valores no epistémicos pueden tener estatuto cognitivo. Rescata, sin embargo, el destaque que el autor da al carácter continuamente contingente de la investigación y a la posibilidad de resolver racionalmente conflictos de valor, así como la relevancia de los proyectos pedagógico-sociales que Brown promueve.
{"title":"Ciencia y Valores, Otra Vez: sobre la incorporación de valores no epistémicos en las prácticas científicas","authors":"Alberto Oscar Cupani","doi":"10.5007/1808-1711.2021.e80535","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/1808-1711.2021.e80535","url":null,"abstract":"Este artículo cuestiona la propuesta de Matthew J. Brown para entender la relación entre la ciencia y los valores sociales en lo que respecta, principalmente, a dos puntos: que el ideal de ciencia libre de valores debe ser abandonado, y que valores no epistémicos pueden tener estatuto cognitivo. Rescata, sin embargo, el destaque que el autor da al carácter continuamente contingente de la investigación y a la posibilidad de resolver racionalmente conflictos de valor, así como la relevancia de los proyectos pedagógico-sociales que Brown promueve.\u0000 ","PeriodicalId":38561,"journal":{"name":"Principia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46386256","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-11-23DOI: 10.5007/1808-1711.2021.e84901
Débora Aymoré, Ivane Gonçalves da Cunha
Introdução à edição especial. Ciência e valores: a interação entre ciência, tecnologia e sociedade
特别版介绍。科学与价值:科学、技术与社会的互动
{"title":"Introdução à edição especial. Ciência e valores: a interação entre ciência, tecnologia e sociedade","authors":"Débora Aymoré, Ivane Gonçalves da Cunha","doi":"10.5007/1808-1711.2021.e84901","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/1808-1711.2021.e84901","url":null,"abstract":"Introdução à edição especial. Ciência e valores: a interação entre ciência, tecnologia e sociedade","PeriodicalId":38561,"journal":{"name":"Principia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46834381","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-11-23DOI: 10.5007/1808-1711.2021.e80238
Livio Mattarollo
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{"title":"La integración entre ciencia, opinión pública y democracia: Aportes de John Dewey y Heather Douglas a la discusión contemporánea","authors":"Livio Mattarollo","doi":"10.5007/1808-1711.2021.e80238","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/1808-1711.2021.e80238","url":null,"abstract":"<jats:p>.</jats:p>","PeriodicalId":38561,"journal":{"name":"Principia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44417555","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-11-23DOI: 10.5007/1808-1711.2021.e80526
C. Reis
Na primeira metade do século XX, os filósofos da ciência costumavam sustentar que a aceitação correta de teorias na ciência derivava de sua conformação a certas regras. Porém, a partir da virada historicista e prática na filosofia da ciência, a aceitação de teorias passou a ser analisada com base em valores, em vez de regras estabelecidas a priori. Neste artigo, analisarei quatro posições paradigmáticas sobre o papel dos valores na ciência. A primeira posição, articulada por Hugh Lacey, defende um ideal regulador de ‘imparcialidade’ na aceitação de teorias científicas como estabelecidas. As outras posições veiculam argumentos que parecem conflitar com esse ideal. Caracterizo-os como ‘argumento dos pontos cegos’, ‘argumento do risco indutivo’ e ‘argumento da aceitação baseada na confiança’. A partir dessa análise, defenderei duas teses principais. Minha primeira tese é de que o ideal de imparcialidade é compatível com os argumentos recém-mencionados. Minha segunda tese é de que a defesa da imparcialidade tem a vantagem de fornecer um suporte para a autoridade epistêmica do conhecimento científico adequadamente estabelecido. Seguindo Lacey, argumentarei que as teorias só podem ser aceitas como estabelecidas sob domínios específicos de fenômenos. Mas teorias também são aceitas com outros fins, por exemplo, quando são adotadas para desenvolver a pesquisa ou quando são endossadas para informar a legitimidade de uma ação. Em tais casos de aceitação de teorias, a imparcialidade não é possível nem desejável, o que exige o suporte de outros ideais.
{"title":"Valores na ciência: devemos dar adeus à imparcialidade?","authors":"C. Reis","doi":"10.5007/1808-1711.2021.e80526","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/1808-1711.2021.e80526","url":null,"abstract":"Na primeira metade do século XX, os filósofos da ciência costumavam sustentar que a aceitação correta de teorias na ciência derivava de sua conformação a certas regras. Porém, a partir da virada historicista e prática na filosofia da ciência, a aceitação de teorias passou a ser analisada com base em valores, em vez de regras estabelecidas a priori. Neste artigo, analisarei quatro posições paradigmáticas sobre o papel dos valores na ciência. A primeira posição, articulada por Hugh Lacey, defende um ideal regulador de ‘imparcialidade’ na aceitação de teorias científicas como estabelecidas. As outras posições veiculam argumentos que parecem conflitar com esse ideal. Caracterizo-os como ‘argumento dos pontos cegos’, ‘argumento do risco indutivo’ e ‘argumento da aceitação baseada na confiança’. A partir dessa análise, defenderei duas teses principais. Minha primeira tese é de que o ideal de imparcialidade é compatível com os argumentos recém-mencionados. Minha segunda tese é de que a defesa da imparcialidade tem a vantagem de fornecer um suporte para a autoridade epistêmica do conhecimento científico adequadamente estabelecido. Seguindo Lacey, argumentarei que as teorias só podem ser aceitas como estabelecidas sob domínios específicos de fenômenos. Mas teorias também são aceitas com outros fins, por exemplo, quando são adotadas para desenvolver a pesquisa ou quando são endossadas para informar a legitimidade de uma ação. Em tais casos de aceitação de teorias, a imparcialidade não é possível nem desejável, o que exige o suporte de outros ideais.","PeriodicalId":38561,"journal":{"name":"Principia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49167492","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-11-23DOI: 10.5007/1808-1711.2021.e80502
Mariana Córdoba, María J. Ferreira Ruiz, Fiorela Alassia
In this paper we will briefly explain the context in which the appropriation of 500 children occurred during the most recent Argentinian dictatorship, in order to analyze the political demand of identity restitution of these people. We will describe the phenomenon of restitution that took place thanks to the strategy of Abuelas de Plaza de Mayo, and we will analyze both the role of genetics on the restitution as well as some criticisms to a notion of biological identity considered to emerge from it. We will situate those criticisms in the philosophical debate over personal identity. The main purpose of this paper is to offer two arguments against an alleged genetic notion of personal identity. Firstly, a theoretical argument presents reasons on the basis of contemporary biological knowledge and, secondly, a practical argument refers to the productive role of biotechnologies. Finally, we will discuss some problems that arise from the criticisms themselves in order to give reasons for a defense of the restitution demand.
在本文中，我们将简要解释在最近的阿根廷独裁统治期间发生的500名儿童被侵占的背景，以分析这些人恢复身份的政治要求。我们将描述由于Abuelas de Plaza de Mayo的策略而发生的归还现象，我们将分析遗传学在归还中的作用，以及对由此产生的生物身份概念的一些批评。我们将把这些批评置于关于个人身份的哲学辩论中。本文的主要目的是针对所谓的个人身份的基因概念提出两个论点。首先，一个理论论点提出了基于当代生物学知识的理由，其次，一个实践论点提到了生物技术的生产作用。最后，我们将讨论批评本身产生的一些问题，以便为赔偿要求辩护。
{"title":"Biological identity and ‘restitution’ in Argentina. Further critical arguments","authors":"Mariana Córdoba, María J. Ferreira Ruiz, Fiorela Alassia","doi":"10.5007/1808-1711.2021.e80502","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/1808-1711.2021.e80502","url":null,"abstract":"In this paper we will briefly explain the context in which the appropriation of 500 children occurred during the most recent Argentinian dictatorship, in order to analyze the political demand of identity restitution of these people. We will describe the phenomenon of restitution that took place thanks to the strategy of Abuelas de Plaza de Mayo, and we will analyze both the role of genetics on the restitution as well as some criticisms to a notion of biological identity considered to emerge from it. We will situate those criticisms in the philosophical debate over personal identity. The main purpose of this paper is to offer two arguments against an alleged genetic notion of personal identity. Firstly, a theoretical argument presents reasons on the basis of contemporary biological knowledge and, secondly, a practical argument refers to the productive role of biotechnologies. Finally, we will discuss some problems that arise from the criticisms themselves in order to give reasons for a defense of the restitution demand.","PeriodicalId":38561,"journal":{"name":"Principia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49439578","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-07-08DOI: 10.5007/1808-1711.2021.E80108
Acácio Ferreira, M. Silva
Em sua obra, Robert Brandom apresenta uma teoria expressivista da lógica. Segundo o autor, a lógica tem o papel expressivo de tornar explı́citas as relações inferenciais implı́citas em nossas práticas linguı́sticas. Estas relações inferenciais conferem conteúdo aos conceitos. Neste artigo, exploraremos a tese de que o expressivismo lógico de Brandom é uma teoria antirrealista acerca da lógica. Realistas lógicos costumam defender a existência independente de fatos lógicos em relação a nossas práticas cognitivas e linguı́sticas, de modo que a lógica, uma vez que seria capaz de representar estes fatos, descreveria verdadeiramente a estrutura da realidade. Por contraste, antirrealistas lógicos não se comprometem com a existência independente de fatos lógicos para entenderem a natureza da lógica. Em contraste com uma visão realista, mostramos que o antirrealismo de Brandom tem como consequências uma ontologia simples e econômica e a fundação de uma alternativa pragmatista para se examinar a normatividade da lógica, o fenômeno da pluralidade de lógicas rivais e a natureza de nossa racionalidade.
{"title":"Antirrealismo e Expressivismo Lógico","authors":"Acácio Ferreira, M. Silva","doi":"10.5007/1808-1711.2021.E80108","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/1808-1711.2021.E80108","url":null,"abstract":"Em sua obra, Robert Brandom apresenta uma teoria expressivista da lógica. Segundo o autor, a lógica tem o papel expressivo de tornar explı́citas as relações inferenciais implı́citas em nossas práticas linguı́sticas. Estas relações inferenciais conferem conteúdo aos conceitos. Neste artigo, exploraremos a tese de que o expressivismo lógico de Brandom é uma teoria antirrealista acerca da lógica. Realistas lógicos costumam defender a existência independente de fatos lógicos em relação a nossas práticas cognitivas e linguı́sticas, de modo que a lógica, uma vez que seria capaz de representar estes fatos, descreveria verdadeiramente a estrutura da realidade. Por contraste, antirrealistas lógicos não se comprometem com a existência independente de fatos lógicos para entenderem a natureza da lógica. Em contraste com uma visão realista, mostramos que o antirrealismo de Brandom tem como consequências uma ontologia simples e econômica e a fundação de uma alternativa pragmatista para se examinar a normatividade da lógica, o fenômeno da pluralidade de lógicas rivais e a natureza de nossa racionalidade.","PeriodicalId":38561,"journal":{"name":"Principia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-07-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45151148","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
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