O artigo oferece um estudo canônico e estrutural do Sal 85, colocando-o no contexto do terceiro livro dos Salmos (Sal 73-89). O salmo não é propriamente uma lamentação nem supõe uma moldura cultual. Ele é mais uma reflexão sapiencial sobre a palavra de Deus num momento de crise, que se identifica com as circunstâncias históricas do retorno do exílio (sec. VI a. C.), e tem no Sal 126 um paralelo. O salmo está dividido em 2 cânticos (vv. 2-8 e 9-14), cada qual composto de duas estrofes (vv. 2-4.5-8 e 9-10.11-14). O primeiro cântico exprime a queixa de Israel, confrontando a alegria do retorno em pátria (vv. 2-4) como a presente situação de sofrimento, em que parece que Deus esteja ainda encolerizado com o seu povo (vv. 5-8). O segundo cântico apresenta a resposta de Deus, pela voz do salmista. A terceira estrofe (vv. 9-10) ressalta a responsabilidade de Israel, que pode anular o projeto de paz que Deus tem para o seu povo por causa de sua teimosia. A quarta e última estrofe (vv. 11-14) prospecta, apesar de tudo, um futuro de paz em que o amor de Deus se encontrará, um dia, com o amor do homem. Para um cristão, esse encontro se realizou no nascimento de Jesus, mas precisa ainda ser realizado, pois ainda há guerra no mundo.
{"title":"LA PACE COME INCONTRO","authors":"Gianguerrino Barbiero","doi":"10.23925/rct.i105.62891","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/rct.i105.62891","url":null,"abstract":"O artigo oferece um estudo canônico e estrutural do Sal 85, colocando-o no contexto do terceiro livro dos Salmos (Sal 73-89). O salmo não é propriamente uma lamentação nem supõe uma moldura cultual. Ele é mais uma reflexão sapiencial sobre a palavra de Deus num momento de crise, que se identifica com as circunstâncias históricas do retorno do exílio (sec. VI a. C.), e tem no Sal 126 um paralelo. O salmo está dividido em 2 cânticos (vv. 2-8 e 9-14), cada qual composto de duas estrofes (vv. 2-4.5-8 e 9-10.11-14). O primeiro cântico exprime a queixa de Israel, confrontando a alegria do retorno em pátria (vv. 2-4) como a presente situação de sofrimento, em que parece que Deus esteja ainda encolerizado com o seu povo (vv. 5-8). O segundo cântico apresenta a resposta de Deus, pela voz do salmista. A terceira estrofe (vv. 9-10) ressalta a responsabilidade de Israel, que pode anular o projeto de paz que Deus tem para o seu povo por causa de sua teimosia. A quarta e última estrofe (vv. 11-14) prospecta, apesar de tudo, um futuro de paz em que o amor de Deus se encontrará, um dia, com o amor do homem. Para um cristão, esse encontro se realizou no nascimento de Jesus, mas precisa ainda ser realizado, pois ainda há guerra no mundo.","PeriodicalId":40681,"journal":{"name":"Revista de Cultura Teologica","volume":"61 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135353635","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O artigo tem como objetivo fazer uma análise do conceito de Kenosis bíblico e dada a centralidade de tal conceito para o cristianismo e toda a sua história dentro da teologia cristã, buscamos traçar de maneira panorâmica, a construção desse conceito no desenvolver do primeiro século do cristianismo a partir do texto bíblico.
{"title":"análise do conceito de Kenosis bíblico","authors":"Fabiano Veliq","doi":"10.23925/rct.i105.61099","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/rct.i105.61099","url":null,"abstract":"O artigo tem como objetivo fazer uma análise do conceito de Kenosis bíblico e dada a centralidade de tal conceito para o cristianismo e toda a sua história dentro da teologia cristã, buscamos traçar de maneira panorâmica, a construção desse conceito no desenvolver do primeiro século do cristianismo a partir do texto bíblico.","PeriodicalId":40681,"journal":{"name":"Revista de Cultura Teologica","volume":"17 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135353807","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
The research “Eucharistic dualism and juxtaposition of models” presents the thesis of Zeno Carra in the work Hoc Facite, to overcome the problem of Eucharistic dualism that runs through the history of fundamental theology, liturgy and the Eucharistic rite, that is, the question, in general, is how to recognize the presence of God today and how to experience, in particular, the presence of Christ in the Eucharist in contemporary times? The aim is to critically explicate the Eucharistic model of Thomas Aquinas and Sacrosanctum Concilium to show the need for a new ecclesial Eucharistic understanding and practice. Initially, Thomas inherits the controversy between “weak sign” and “em-pirical physicalism” over Christ’s presence in the eucharist. To resolve this dilemma, he turns to the Aristotelian philosophy of substance-accident categories and explains the change of the species of bread and wine into the body and blood of Christ through the theory of transubstantiation. Carra acknowledges the Thomasian effort; however, he points out epistemological deficits inherent in this theory, which lead to Eucharistic dua-lism in his model. Later, the Second Vatican Council, through Sacrosanctum Concilium , takes up the theological advances of the 20th century liturgical movement, yet the final text still juxtaposes two models: the Thomasian-Tridentine and the liturgical movement. Faced with this dual-justapositive challenge, Zeno Carra proposes the ontological-re-lational model of the Eucharistic event, that is, it is a matter of articulating a relational model that is constituted by a relational whole through the poles: Christ, human being, Church, rite, and species of bread and wine.
{"title":"Dualismo Eucarístico e justaposição de modelos","authors":"Agemir Bavaresco","doi":"10.23925/rct.i105.63052","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/rct.i105.63052","url":null,"abstract":"The research “Eucharistic dualism and juxtaposition of models” presents the thesis of Zeno Carra in the work Hoc Facite, to overcome the problem of Eucharistic dualism that runs through the history of fundamental theology, liturgy and the Eucharistic rite, that is, the question, in general, is how to recognize the presence of God today and how to experience, in particular, the presence of Christ in the Eucharist in contemporary times? The aim is to critically explicate the Eucharistic model of Thomas Aquinas and Sacrosanctum Concilium to show the need for a new ecclesial Eucharistic understanding and practice. Initially, Thomas inherits the controversy between “weak sign” and “em-pirical physicalism” over Christ’s presence in the eucharist. To resolve this dilemma, he turns to the Aristotelian philosophy of substance-accident categories and explains the change of the species of bread and wine into the body and blood of Christ through the theory of transubstantiation. Carra acknowledges the Thomasian effort; however, he points out epistemological deficits inherent in this theory, which lead to Eucharistic dua-lism in his model. Later, the Second Vatican Council, through Sacrosanctum Concilium , takes up the theological advances of the 20th century liturgical movement, yet the final text still juxtaposes two models: the Thomasian-Tridentine and the liturgical movement. Faced with this dual-justapositive challenge, Zeno Carra proposes the ontological-re-lational model of the Eucharistic event, that is, it is a matter of articulating a relational model that is constituted by a relational whole through the poles: Christ, human being, Church, rite, and species of bread and wine.","PeriodicalId":40681,"journal":{"name":"Revista de Cultura Teologica","volume":"20 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135353812","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Weiny César Freitas Pinto, Pedro Henrique Cristaldo Silva
Paul Ricœur, em seu livro A Simbólica do Mal de 1960, segundo volume de Finitude e Culpabilidade, inserida em A Filosofia da Vontade II, desenvolve uma descrição dos símbolos do mal mediante o método hermenêutico, extraindo a função simbólica do mito, e a reflexão fenomenológica, extraindo a experiência da crença por meio da imaginação à consciência religiosa. Sua investigação consiste em um exame histórico e exegético dos documentos da cultura helênica e da tradição judaico-cristã. Nossa comunicação, a partir dessa obra, se concentrará no capítulo intitulado A Culpabilidade, no qual o autor francês explora a diferença entre o realismo do pecado e o fenomenismo da culpabilidade nos símbolos das narrativas míticas e religiosas gregas e cristãs. O filósofo francês se concentra no simbolismo mítico, pois o mito é uma narrativa tradicional de eventos que constituem a ação ritual religiosa e instruem o pensamento na compreensão de si mesmo e do mundo. No mito, por meio da função simbólica, existe uma potencialidade de descoberta da relação entre o indivíduo e a divindade. Nosso objetivo com a presente comunicação é resumir de forma descritiva a argumentação investigativa que Ricœur elabora em A Simbólica do Mal sobre a culpabilidade, e então, apontar o valor do símbolo mítico para a constituição do imaginário humano manifesto na cultura.
{"title":"Penalidade, escrúpulo e o impasse entre condenação e justificação","authors":"Weiny César Freitas Pinto, Pedro Henrique Cristaldo Silva","doi":"10.23925/rct.i104.61181","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/rct.i104.61181","url":null,"abstract":"Paul Ricœur, em seu livro A Simbólica do Mal de 1960, segundo volume de Finitude e Culpabilidade, inserida em A Filosofia da Vontade II, desenvolve uma descrição dos símbolos do mal mediante o método hermenêutico, extraindo a função simbólica do mito, e a reflexão fenomenológica, extraindo a experiência da crença por meio da imaginação à consciência religiosa. Sua investigação consiste em um exame histórico e exegético dos documentos da cultura helênica e da tradição judaico-cristã. Nossa comunicação, a partir dessa obra, se concentrará no capítulo intitulado A Culpabilidade, no qual o autor francês explora a diferença entre o realismo do pecado e o fenomenismo da culpabilidade nos símbolos das narrativas míticas e religiosas gregas e cristãs. O filósofo francês se concentra no simbolismo mítico, pois o mito é uma narrativa tradicional de eventos que constituem a ação ritual religiosa e instruem o pensamento na compreensão de si mesmo e do mundo. No mito, por meio da função simbólica, existe uma potencialidade de descoberta da relação entre o indivíduo e a divindade. Nosso objetivo com a presente comunicação é resumir de forma descritiva a argumentação investigativa que Ricœur elabora em A Simbólica do Mal sobre a culpabilidade, e então, apontar o valor do símbolo mítico para a constituição do imaginário humano manifesto na cultura.","PeriodicalId":40681,"journal":{"name":"Revista de Cultura Teologica","volume":"91 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136084928","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O presente trabalho tem como objetivo analisar as noções de fé e razão no texto Carta a Diogneto. O estudo faz uma leitura comentada de cada um dos capítulos que compõem a obra procurando destacar os principais argumentos presentes no texto e observar como o autor utiliza uma argumentação racionalizada para explicar fé. Essa análise é importante para pensarmos a viabilidade dessa relação fé e razão num período de declínio da filosofia antiga ascensão do pensamento religioso nos primeiros séculos da era cristã.
{"title":"Fé e Razão na Carta a Diogneto","authors":"Felipe Gustavo Soares da Silva","doi":"10.23925/rct.i104.61127","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/rct.i104.61127","url":null,"abstract":"O presente trabalho tem como objetivo analisar as noções de fé e razão no texto Carta a Diogneto. O estudo faz uma leitura comentada de cada um dos capítulos que compõem a obra procurando destacar os principais argumentos presentes no texto e observar como o autor utiliza uma argumentação racionalizada para explicar fé. Essa análise é importante para pensarmos a viabilidade dessa relação fé e razão num período de declínio da filosofia antiga ascensão do pensamento religioso nos primeiros séculos da era cristã.","PeriodicalId":40681,"journal":{"name":"Revista de Cultura Teologica","volume":"3 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136084929","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O objetivo deste texto é compreender a relevância da ressurreição no âmbito da práxis dos cristãos. Como fato nuclear do cristianismo, a ressurreição de Jesus Cristo configura a totalidade da vida cristã, que abarca o assim na terra (realidade histórica) como no céu (realidade transcendente). Na perspectiva da Cristologia trata-se da relação entre o Jesus ressuscitado e o crucificado. A compreensão da ressurreição cristã, portanto, precisa salvaguardar ambas as dimensões dentro do mistério Pascal de Cristo. O imperativo desta reflexão tem seu ponto de sustentabilidade no Concílio Vaticano II que resgata a dimensão libertadora da ressurreição, imprimindo relevância à práxis cristã. Metodologicamente o estudo contempla três momentos. Tendo por base uma investigação bibliográfica, busca-se realçar os sinais de cruzes e mortes que atualizam hermeneuticamente a cruz do Crucificado Jesus de Nazaré. Em seguida, faz-se uma análise de como a Igreja, através do seu magistério responde às questões da vida, sob a luz dos conceitos de dignidade humana, bem-comum e justiça social, sinais de ressurreição. E, por fim, o estudo propõe uma reflexão de como os eventos, cruz e ressurreição, permitem abrir caminhos de salvação na história, pois não é algo do passado, mas contém uma força de vida que penetrou o mundo. É uma força sem igual (EG 276).
{"title":"ressurreição cristã","authors":"Rogério Zanini","doi":"10.23925/rct.i104.57521","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/rct.i104.57521","url":null,"abstract":"O objetivo deste texto é compreender a relevância da ressurreição no âmbito da práxis dos cristãos. Como fato nuclear do cristianismo, a ressurreição de Jesus Cristo configura a totalidade da vida cristã, que abarca o assim na terra (realidade histórica) como no céu (realidade transcendente). Na perspectiva da Cristologia trata-se da relação entre o Jesus ressuscitado e o crucificado. A compreensão da ressurreição cristã, portanto, precisa salvaguardar ambas as dimensões dentro do mistério Pascal de Cristo. O imperativo desta reflexão tem seu ponto de sustentabilidade no Concílio Vaticano II que resgata a dimensão libertadora da ressurreição, imprimindo relevância à práxis cristã. Metodologicamente o estudo contempla três momentos. Tendo por base uma investigação bibliográfica, busca-se realçar os sinais de cruzes e mortes que atualizam hermeneuticamente a cruz do Crucificado Jesus de Nazaré. Em seguida, faz-se uma análise de como a Igreja, através do seu magistério responde às questões da vida, sob a luz dos conceitos de dignidade humana, bem-comum e justiça social, sinais de ressurreição. E, por fim, o estudo propõe uma reflexão de como os eventos, cruz e ressurreição, permitem abrir caminhos de salvação na história, pois não é algo do passado, mas contém uma força de vida que penetrou o mundo. É uma força sem igual (EG 276).","PeriodicalId":40681,"journal":{"name":"Revista de Cultura Teologica","volume":"281 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136084930","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
É possível abordar o pensamento ricoeuriano em um diálogo com temas teológicos, embora cientes da advertência feita por ele a respeito do cuidado em se estabelecer os limites e aproximações entre a teologia e a filosofia. A propósito, Ricoeur sempre recusou a etiqueta de “filósofo cristão”, procurando manter equidistantes a sua confissão de fé e o procedimento filosófico. Como consequência, o grande fundamento da reflexão ricoeuriana é a filosofia, embora a teologia, sobretudo através de seus estudos de exegese bíblica, também ocupe um respeitável lugar em suas pesquisas. Alguns temas são “limítrofes” entre os dois saberes, notadamente o mal, a esperança e o perdão. Este é visto por ele como uma síntese entre a história, a memória e o esquecimento. No entanto, além disso, também não pode ser pensado sem o mal e a esperança. Ou seja, apesar de nosso autor não ter elaborado uma “vertente teológica” de seus estudos sobre o perdão, como o fez em relação ao mal e à esperança, não é possível estudar a temática sem levar em consideração sua inspiração e sua abordagem teológica. Ora, Ricoeur sempre esboçou, no âmbito de suas argumentações, a percepção do sagrado e os desdobramentos no campo da fé, inclusive como pregador ocasional na capela Rockefeller, da Universidade de Chicago.
{"title":"Redenção e Perdão pela Superabundância","authors":"René Dentz","doi":"10.23925/rct.i104.60605","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/rct.i104.60605","url":null,"abstract":"É possível abordar o pensamento ricoeuriano em um diálogo com temas teológicos, embora cientes da advertência feita por ele a respeito do cuidado em se estabelecer os limites e aproximações entre a teologia e a filosofia. A propósito, Ricoeur sempre recusou a etiqueta de “filósofo cristão”, procurando manter equidistantes a sua confissão de fé e o procedimento filosófico. Como consequência, o grande fundamento da reflexão ricoeuriana é a filosofia, embora a teologia, sobretudo através de seus estudos de exegese bíblica, também ocupe um respeitável lugar em suas pesquisas. Alguns temas são “limítrofes” entre os dois saberes, notadamente o mal, a esperança e o perdão. Este é visto por ele como uma síntese entre a história, a memória e o esquecimento. No entanto, além disso, também não pode ser pensado sem o mal e a esperança. Ou seja, apesar de nosso autor não ter elaborado uma “vertente teológica” de seus estudos sobre o perdão, como o fez em relação ao mal e à esperança, não é possível estudar a temática sem levar em consideração sua inspiração e sua abordagem teológica. Ora, Ricoeur sempre esboçou, no âmbito de suas argumentações, a percepção do sagrado e os desdobramentos no campo da fé, inclusive como pregador ocasional na capela Rockefeller, da Universidade de Chicago.","PeriodicalId":40681,"journal":{"name":"Revista de Cultura Teologica","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136084936","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Frederico Soares de Almeida, Daniel Ribeiro de Almeida Chacon
O presente artigo objetiva realizar uma primeira aproximação à hermenêutica dos símbolos desenvolvida pelo filósofo francês Paul Ricoeur. A problemática central deste escrito diz respeito à questão do mal e da liberdade humana. No decurso de sua proposta filosófica, Paul Ricoeur postula uma dualidade antropológica fundamental, qual seja: o ser humano como, simultaneamente, falível e capaz. Ora, mesmo diante da falibilidade, o ser humano é conclamado a assumir sua humanidade, a viver em liberdade, sendo-lhe facultado fazer o bem e o mal, mesmo sem intenção expressa ou involuntariamente. Dessa maneira, a partir da complexidade dos símbolos religiosos, Ricoeur encontrará pistas para pensar o mal e a liberdade num horizonte existencial, concreto e antropológico.
{"title":"mal e a liberdade humana","authors":"Frederico Soares de Almeida, Daniel Ribeiro de Almeida Chacon","doi":"10.23925/rct.i104.59850","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/rct.i104.59850","url":null,"abstract":"O presente artigo objetiva realizar uma primeira aproximação à hermenêutica dos símbolos desenvolvida pelo filósofo francês Paul Ricoeur. A problemática central deste escrito diz respeito à questão do mal e da liberdade humana. No decurso de sua proposta filosófica, Paul Ricoeur postula uma dualidade antropológica fundamental, qual seja: o ser humano como, simultaneamente, falível e capaz. Ora, mesmo diante da falibilidade, o ser humano é conclamado a assumir sua humanidade, a viver em liberdade, sendo-lhe facultado fazer o bem e o mal, mesmo sem intenção expressa ou involuntariamente. Dessa maneira, a partir da complexidade dos símbolos religiosos, Ricoeur encontrará pistas para pensar o mal e a liberdade num horizonte existencial, concreto e antropológico.","PeriodicalId":40681,"journal":{"name":"Revista de Cultura Teologica","volume":"121 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136084937","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
This paper aims to trace a brief history of Armenian Catholics in Brazil, highlighting religious and lay leaders who helped to create an Armenian Catholic community in the city of São Paulo. It starts from the plane to set up a Mission in the city to the difficult task to build a church for the small but very committed community of Armenian Catholics in the city. The challenges, the discussions, the events and also a problematization of the role of the São Gregorio Illuminator’s Church nowadays are all aspects commented on throughout this paper. The is there to analyze the history but also to incite the dialogue regarding the Church’s future.
{"title":"Armenian Catholics in Brazil","authors":"Heitor Loureiro, Daniel Scandolara","doi":"10.23925/rct.i104.58612","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/rct.i104.58612","url":null,"abstract":"This paper aims to trace a brief history of Armenian Catholics in Brazil, highlighting religious and lay leaders who helped to create an Armenian Catholic community in the city of São Paulo. It starts from the plane to set up a Mission in the city to the difficult task to build a church for the small but very committed community of Armenian Catholics in the city. The challenges, the discussions, the events and also a problematization of the role of the São Gregorio Illuminator’s Church nowadays are all aspects commented on throughout this paper. The is there to analyze the history but also to incite the dialogue regarding the Church’s future.","PeriodicalId":40681,"journal":{"name":"Revista de Cultura Teologica","volume":"44 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136084941","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Ceci Maria Costa Baptista Mariani, Rafael Beck Ferreira
Objetiva-se compreender a relação entre Igreja e modernidade a partir do pensamento de Joseph Ratzinger/Papa Bento XVI, na esteira do Concílio Vaticano II, que propôs uma postura renovada da Igreja perante o mundo moderno, pautada pelo diálogo, abertura, esperança e reconciliação. Joseph Ratzinger defende a compatibilidade entre fé cristã e racionalidade ocidental, recorrendo ao cristianismo primitivo para explicar a novidade da fé cristã quando comparada às religiões pagãs. Ratzinger reafirma a pretensão de verdade do cristianismo como um aspecto originário, que não pode ser abandonado e que se contrapõe ao relativismo. No pensamento de Joseph Ratzinger, há uma dupla relação entre Igreja e modernidade: por um lado, de abertura, a Igreja considerando-se ainda herdeira legítima da racionalidade ocidental (a fides et ratio, duas asas de um único pássaro); por outra via, de tensão, separação e estranhamento. Numa época pós-metafísica, Bento XVI apresenta a doutrina cristã com realismo, defendendo a liberdade religiosa como herança positiva da modernidade e afirmando a necessidade de a liberdade individual estar associada à compreensão mais profunda da vocação de cada pessoa e à responsabilidade social. Joseph Ratzinger/Bento XVI, afirma o papel público da fé cristã e sua importância na construção de um verdadeiro desenvolvimento humano integral. Mais uma vez o cristianismo ocupa seu espaço como ator relevante e profético do processo de secularização, apontando as ambivalências e as contradições da sociedade e marcando sua posição. Desse modo, a sadia secularização ajuda a Igreja para que encontre “a verdadeira separação do mundo”, sem negá-lo ou alienar-se.
目的是从约瑟夫·拉辛格/教皇本笃十六世的思想中理解教会与现代性之间的关系,在第二次梵蒂冈会议之后,他提出了教会在现代世界面前的新立场,以对话、开放、希望和和解为指导。约瑟夫·拉辛格(Joseph Ratzinger)为基督教信仰和西方理性之间的兼容性辩护,他利用早期基督教来解释基督教信仰与异教相比的新性。拉辛格重申基督教的真理主张是一个原始的方面,不能被抛弃,这是相对主义的对立面。在约瑟夫·拉辛格的思想中,教会和现代性之间存在着双重关系:一方面,开放,教会仍然认为自己是西方理性的合法继承人(fides et ratio,一只鸟的两个翅膀);另一方面,紧张、分离和疏远。在后形而上学时代,本笃十六世以现实主义的方式呈现基督教教义,捍卫宗教自由作为现代性的积极遗产,并肯定个人自由的必要性与对每个人的使命和社会责任的更深层次的理解相联系。约瑟夫·拉辛格/本笃十六世,肯定了基督教信仰的公共角色及其在构建真正完整的人类发展中的重要性。再一次,基督教占据了它作为世俗化过程中相关的和预言性的行动者的空间,指出了社会的矛盾和矛盾,并标记了它的地位。因此,健康的世俗化帮助教会找到“与世界的真正分离”,而不否认它或疏远它。
{"title":"Fé e modernidade no pensamento de Joseph Ratzinger/Bento XVI","authors":"Ceci Maria Costa Baptista Mariani, Rafael Beck Ferreira","doi":"10.23925/rct.i104.60470","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/rct.i104.60470","url":null,"abstract":"Objetiva-se compreender a relação entre Igreja e modernidade a partir do pensamento de Joseph Ratzinger/Papa Bento XVI, na esteira do Concílio Vaticano II, que propôs uma postura renovada da Igreja perante o mundo moderno, pautada pelo diálogo, abertura, esperança e reconciliação. Joseph Ratzinger defende a compatibilidade entre fé cristã e racionalidade ocidental, recorrendo ao cristianismo primitivo para explicar a novidade da fé cristã quando comparada às religiões pagãs. Ratzinger reafirma a pretensão de verdade do cristianismo como um aspecto originário, que não pode ser abandonado e que se contrapõe ao relativismo. No pensamento de Joseph Ratzinger, há uma dupla relação entre Igreja e modernidade: por um lado, de abertura, a Igreja considerando-se ainda herdeira legítima da racionalidade ocidental (a fides et ratio, duas asas de um único pássaro); por outra via, de tensão, separação e estranhamento. Numa época pós-metafísica, Bento XVI apresenta a doutrina cristã com realismo, defendendo a liberdade religiosa como herança positiva da modernidade e afirmando a necessidade de a liberdade individual estar associada à compreensão mais profunda da vocação de cada pessoa e à responsabilidade social. Joseph Ratzinger/Bento XVI, afirma o papel público da fé cristã e sua importância na construção de um verdadeiro desenvolvimento humano integral. Mais uma vez o cristianismo ocupa seu espaço como ator relevante e profético do processo de secularização, apontando as ambivalências e as contradições da sociedade e marcando sua posição. Desse modo, a sadia secularização ajuda a Igreja para que encontre “a verdadeira separação do mundo”, sem negá-lo ou alienar-se.","PeriodicalId":40681,"journal":{"name":"Revista de Cultura Teologica","volume":"64 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136085107","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}