Pub Date : 2024-07-09DOI: 10.23925/1983-4373.2024i32p42-61
Carlos Eduardo Souza
Neste artigo, propõe-se uma releitura da poesia de Pedro Kilkerry, no intuito de se verificar o caráter moderno de sua obra, caracterizada pela refinada plasticidade do plano imagético. A partir da perspectiva fenomenológica de Husserl e Merleau-Ponty que fundamenta os estudos realizados por Michel Collot sobre a poesia francesa moderna, analisa-se o poema “Harpa esquisita”, espécie de arte poética de Kilkerry. À luz das noções de alteridade poética e estrutura de horizonte, a leitura do poema confirma o caráter moderno da lírica do simbolista baiano, haja vista a manifestação de modos de subjetivação lírica fundados na alteridade e a emergência de um mundo que, embora associado à dimensão onírica, não se afasta da realidade concreta, aproximando-se do mundo da percepção.
{"title":"poética de Pedro Kilkerry","authors":"Carlos Eduardo Souza","doi":"10.23925/1983-4373.2024i32p42-61","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i32p42-61","url":null,"abstract":"Neste artigo, propõe-se uma releitura da poesia de Pedro Kilkerry, no intuito de se verificar o caráter moderno de sua obra, caracterizada pela refinada plasticidade do plano imagético. A partir da perspectiva fenomenológica de Husserl e Merleau-Ponty que fundamenta os estudos realizados por Michel Collot sobre a poesia francesa moderna, analisa-se o poema “Harpa esquisita”, espécie de arte poética de Kilkerry. À luz das noções de alteridade poética e estrutura de horizonte, a leitura do poema confirma o caráter moderno da lírica do simbolista baiano, haja vista a manifestação de modos de subjetivação lírica fundados na alteridade e a emergência de um mundo que, embora associado à dimensão onírica, não se afasta da realidade concreta, aproximando-se do mundo da percepção.","PeriodicalId":503753,"journal":{"name":"FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária","volume":"4 7","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141835805","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-09DOI: 10.23925/1983-4373.2024i32p274-292
Jorge Francisco da Silva, Glória Maria Monteiro de Carvalho, Maria de Fátima Vilar de Melo
Este artigo explora ligações entre Literatura, Linguística e Psicanálise, a partir do seminário de Lacan (1995/1998) sobre o conto “A carta roubada”, de Edgar Allan Poe. Lacan recorre não apenas ao trabalho de Freud sobre a repetição como também à noção da ordem simbólica desenvolvida por Saussure e Jakobson. Lacan analisa a relação entre o automatismo de repetição, a insistência da cadeia significante, a ordem simbólica e as formações do inconsciente. Além de considerações sobre a arte da composição e da predominância das cadeias significantes na obra de Poe, também são discutidas a relação entre a noção lacaniana de inconsciente estruturado como uma linguagem e a determinação do sujeito pelo significante. Entendemos que a trama urdida por Poe funciona como uma analogia da autonomia das cadeias significantes sobre a significação, à medida que permite acompanhar a evolução da história mesmo sem informações acerca do conteúdo da carta.
{"title":"Poe na Psicanálise","authors":"Jorge Francisco da Silva, Glória Maria Monteiro de Carvalho, Maria de Fátima Vilar de Melo","doi":"10.23925/1983-4373.2024i32p274-292","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i32p274-292","url":null,"abstract":"Este artigo explora ligações entre Literatura, Linguística e Psicanálise, a partir do seminário de Lacan (1995/1998) sobre o conto “A carta roubada”, de Edgar Allan Poe. Lacan recorre não apenas ao trabalho de Freud sobre a repetição como também à noção da ordem simbólica desenvolvida por Saussure e Jakobson. Lacan analisa a relação entre o automatismo de repetição, a insistência da cadeia significante, a ordem simbólica e as formações do inconsciente. Além de considerações sobre a arte da composição e da predominância das cadeias significantes na obra de Poe, também são discutidas a relação entre a noção lacaniana de inconsciente estruturado como uma linguagem e a determinação do sujeito pelo significante. Entendemos que a trama urdida por Poe funciona como uma analogia da autonomia das cadeias significantes sobre a significação, à medida que permite acompanhar a evolução da história mesmo sem informações acerca do conteúdo da carta. ","PeriodicalId":503753,"journal":{"name":"FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária","volume":"21 15","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141835947","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-09DOI: 10.23925/1983-4373.2024i32p81-101
Roan Costa Cordeiro, Luiz Henrique Budant
Este artigo interpreta a imagem de Anna Csillag, personagem de anúncio de tônico capilar, bastante popular em meados do século XIX e começo do XX na região da Europa Central e Centro-Oriental, que se tornou objeto de experimentação poética. A análise parte de uma alusão tida por obscura à personagem nas Passagens (1982), de Walter Benjamin, e focaliza as suas figurações no conto “O Livro”, de Sanatório sob o signo da clepsidra (1937), de Bruno Schulz. Para tanto, abordaremos, na primeira parte do texto, as figuras conceituais benjaminianas da coleção e da montagem, bem como, na segunda, o trabalho schulziano com a imagem. Nesse percurso, evidenciaremos que o emprego das imagens permite estabelecer uma iluminadora reflexão poético-filosófica sobre a relação entre os fragmentos e os acontecimentos no âmbito do pensamento contemporâneo.
{"title":"fragmentos e o cristal do acontecimento","authors":"Roan Costa Cordeiro, Luiz Henrique Budant","doi":"10.23925/1983-4373.2024i32p81-101","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i32p81-101","url":null,"abstract":"Este artigo interpreta a imagem de Anna Csillag, personagem de anúncio de tônico capilar, bastante popular em meados do século XIX e começo do XX na região da Europa Central e Centro-Oriental, que se tornou objeto de experimentação poética. A análise parte de uma alusão tida por obscura à personagem nas Passagens (1982), de Walter Benjamin, e focaliza as suas figurações no conto “O Livro”, de Sanatório sob o signo da clepsidra (1937), de Bruno Schulz. Para tanto, abordaremos, na primeira parte do texto, as figuras conceituais benjaminianas da coleção e da montagem, bem como, na segunda, o trabalho schulziano com a imagem. Nesse percurso, evidenciaremos que o emprego das imagens permite estabelecer uma iluminadora reflexão poético-filosófica sobre a relação entre os fragmentos e os acontecimentos no âmbito do pensamento contemporâneo.","PeriodicalId":503753,"journal":{"name":"FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária","volume":"26 46","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141835978","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-09DOI: 10.23925/1983-4373.2024i32p196-215
Erica Martinelli Munhoz
Este trabalho tem por objetivo compreender como a imagem poética, a imaginação material e o complexo de cultura, conceitos bachelardianos fundamentais, podem ser produtivos na leitura da poesia de Fiama Hasse Pais Brandão, particularmente de seus poemas que reconfiguram e atualizam a relação entre a tradição poética e a temática do canto do cisne. Fundamental na revolução da poesia portuguesa a partir da Poesia 61, para a qual a imagem é um tema importante, a obra de Brandão “revolucionou o imaginismo primitivo” (Cruz, 2008). O potencial transformador da imagem poética em diálogo com topos literários por vezes desgastados (Bachelard, 2016) espelha-se na forma como a poeta portuguesa cria imagens poéticas originais que renovam sua relação com a tradição. Pretende-se contribuir, assim, para a atualização das leituras de uma poeta fundamental, bem como para o reconhecimento da atualidade do pensamento bachelardiano na crítica literária hoje.
{"title":"Imaginação poética e complexo de cultura","authors":"Erica Martinelli Munhoz","doi":"10.23925/1983-4373.2024i32p196-215","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i32p196-215","url":null,"abstract":"Este trabalho tem por objetivo compreender como a imagem poética, a imaginação material e o complexo de cultura, conceitos bachelardianos fundamentais, podem ser produtivos na leitura da poesia de Fiama Hasse Pais Brandão, particularmente de seus poemas que reconfiguram e atualizam a relação entre a tradição poética e a temática do canto do cisne. Fundamental na revolução da poesia portuguesa a partir da Poesia 61, para a qual a imagem é um tema importante, a obra de Brandão “revolucionou o imaginismo primitivo” (Cruz, 2008). O potencial transformador da imagem poética em diálogo com topos literários por vezes desgastados (Bachelard, 2016) espelha-se na forma como a poeta portuguesa cria imagens poéticas originais que renovam sua relação com a tradição. Pretende-se contribuir, assim, para a atualização das leituras de uma poeta fundamental, bem como para o reconhecimento da atualidade do pensamento bachelardiano na crítica literária hoje. ","PeriodicalId":503753,"journal":{"name":"FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária","volume":"31 15","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141835800","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-09DOI: 10.23925/1983-4373.2024i32p175-195
Maura Voltarelli Roque
Este artigo propõe outro modo de olhar a poesia de Drummond por meio da análise do poema “A loja feminina”. A partir de uma metodologia da montagem de tempos, gêneros e linguagens artísticas diversas, buscamos abrir, de maneira fantasmal e erótica (sem esquecer a ambiguidade do erotismo visto por Georges Bataille), um poema que, em um jogo cênico de espelhos, artifícios e ornamentos, explora a fascinação da palavra feita imagem, da imagem feita palavra. No desenlace da cena dramática, leitor e poeta se dissolvem no “enigma de formas permutantes”, a restar como mais um, entre tantos, nomes da Ninfa, essa singular personagem teórica de Aby Warburg, reproposta na contemporaneidade por Georges Didi-Huberman, presença espectral a invadir os versos. Eis que nos, movimentos tardios dessa obra poética movediça, descobrimos uma vida mais intensa – a vida das imagens, pensada por Baudelaire, Walter Benjamin, Giorgio Agamben e Emanuele Coccia.
{"title":"Fantasmas de vitrine","authors":"Maura Voltarelli Roque","doi":"10.23925/1983-4373.2024i32p175-195","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i32p175-195","url":null,"abstract":"Este artigo propõe outro modo de olhar a poesia de Drummond por meio da análise do poema “A loja feminina”. A partir de uma metodologia da montagem de tempos, gêneros e linguagens artísticas diversas, buscamos abrir, de maneira fantasmal e erótica (sem esquecer a ambiguidade do erotismo visto por Georges Bataille), um poema que, em um jogo cênico de espelhos, artifícios e ornamentos, explora a fascinação da palavra feita imagem, da imagem feita palavra. No desenlace da cena dramática, leitor e poeta se dissolvem no “enigma de formas permutantes”, a restar como mais um, entre tantos, nomes da Ninfa, essa singular personagem teórica de Aby Warburg, reproposta na contemporaneidade por Georges Didi-Huberman, presença espectral a invadir os versos. Eis que nos, movimentos tardios dessa obra poética movediça, descobrimos uma vida mais intensa – a vida das imagens, pensada por Baudelaire, Walter Benjamin, Giorgio Agamben e Emanuele Coccia.","PeriodicalId":503753,"journal":{"name":"FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária","volume":"5 17","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141836125","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-09DOI: 10.23925/1983-4373.2024i32p256-273
Rogério Caetano de Almeida, Edson Lucas Cardozo
Este trabalho tem por objetivo observar as flutuações imagéticas, estéticas e estruturais na produção de poemas do gênero oriki fora dos espaços da oralidade afrorreligiosa, compreendendo as reconfigurações do gênero poético em obras contemporâneas na relação com os modelos tradicionais registrados em território iorubá. Para tanto, serão evocadas as produções de Pierre Verger (1999), Antonio Risério (1992; 1996) e Sìkírù Sàlámi (1990) na investigação dos orikis produzidos por Cláudio Daniel (2020). Tal investigação observa que, com base nos registros de oralidade apresentados por Risério e Sàlámi, existem diferenças significativas na produção de sentidos estéticos nas obras puramente escritas do poeta analisado. A partir dos autores indicados e das reflexões pautadas na Teoria Literária, observa-se que a obra é uma criação poética e uma transposição intermidiática de um gênero oral para um gênero escrito.
这项工作的目的是观察在非洲宗教口头语言空间之外创作 oriki 体裁诗歌过程中的意象、美学和结构波动,了解当代作品中这种诗歌体裁相对于约鲁巴地区记录的传统模式的重新配置。为此,在研究 Cláudio Daniel(2020 年)创作的奥利基诗歌时,将参考 Pierre Verger(1999 年)、Antonio Risério(1992 年;1996 年)和 Sìkírù Sàlámi(1990 年)的作品。本研究认为,根据里塞里奥和萨米的口述记录,在所分析的诗人纯粹的书面作品中,审美意义的产生存在显著差异。根据作者的说明和基于文学理论的思考,可以看出作品是一种诗歌创作,是口头体裁向书面体裁的跨媒介移植。
{"title":"Efeitos Estéticos e Estruturais da Transposição da Oralidade para a Escrita nos Orikis de Cláudio Daniel","authors":"Rogério Caetano de Almeida, Edson Lucas Cardozo","doi":"10.23925/1983-4373.2024i32p256-273","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i32p256-273","url":null,"abstract":"Este trabalho tem por objetivo observar as flutuações imagéticas, estéticas e estruturais na produção de poemas do gênero oriki fora dos espaços da oralidade afrorreligiosa, compreendendo as reconfigurações do gênero poético em obras contemporâneas na relação com os modelos tradicionais registrados em território iorubá. Para tanto, serão evocadas as produções de Pierre Verger (1999), Antonio Risério (1992; 1996) e Sìkírù Sàlámi (1990) na investigação dos orikis produzidos por Cláudio Daniel (2020). Tal investigação observa que, com base nos registros de oralidade apresentados por Risério e Sàlámi, existem diferenças significativas na produção de sentidos estéticos nas obras puramente escritas do poeta analisado. A partir dos autores indicados e das reflexões pautadas na Teoria Literária, observa-se que a obra é uma criação poética e uma transposição intermidiática de um gênero oral para um gênero escrito.","PeriodicalId":503753,"journal":{"name":"FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária","volume":"8 30","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141835829","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-09DOI: 10.23925/1983-4373.2024i32p118-133
E. Costa
A fotografia, como metáfora da construção de imagens, constitui um dos nós estruturantes do campo do visível e de sua opacidade na poesia de Herberto Helder. A partir de seus livros Retrato em movimento (1967), Kodak (1968) e do poema “Retratíssimo ou narração / de um homem depois de maio” (1962), será investigada a articulação entre fotografia e poesia em Herberto Helder, explicitando-se o enlaçamento entre imagens fixas e palavras móveis. A fotografia será pensada como metáfora produtora do poema, dando a ver o que se dissipa em imagem. Teorias da fotografia e da imagem, de Derrida, Barthes e Blanchot, serão aproximadas aos poemas de Helder, a fim de verificar a reformulação do pensamento da imagem fotográfica em poesia. Por fim, serão delimitadas as categorias de visibilidade e opacidade, por meio das quais se estrutura um jogo entre presença e ausência, fazendo lembrar que “A beleza é cega e afastada” (Helder, 1973).
摄影,作为图像构建的隐喻,是赫伯托-赫尔德诗歌中可见领域及其不可见性的结构节点之一。根据他的著作《Retrato em movimento》(1967 年)、《Kodak》(1968 年)和诗歌《Retratíssimo ou narração / de um homem depois de maio》(1962 年),将对赫伯托-赫尔德的摄影与诗歌之间的衔接进行研究,强调固定图像与移动文字之间的联系。摄影将被视为产生诗歌的一种隐喻,展示了什么会消散在图像中。德里达(Derrida)、巴特(Barthes)和布朗肖(Blanchot)的摄影和图像理论将与赫尔德的诗歌结合起来,以验证诗歌中摄影图像思想的重新表述。最后,将划分可见性和不可见性的范畴,并通过这些范畴构建存在与不存在之间的游戏,提醒我们 "美是盲目而遥远的"(赫尔德,1973 年)。
{"title":"beleza é cega e afastada","authors":"E. Costa","doi":"10.23925/1983-4373.2024i32p118-133","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i32p118-133","url":null,"abstract":"A fotografia, como metáfora da construção de imagens, constitui um dos nós estruturantes do campo do visível e de sua opacidade na poesia de Herberto Helder. A partir de seus livros Retrato em movimento (1967), Kodak (1968) e do poema “Retratíssimo ou narração / de um homem depois de maio” (1962), será investigada a articulação entre fotografia e poesia em Herberto Helder, explicitando-se o enlaçamento entre imagens fixas e palavras móveis. A fotografia será pensada como metáfora produtora do poema, dando a ver o que se dissipa em imagem. Teorias da fotografia e da imagem, de Derrida, Barthes e Blanchot, serão aproximadas aos poemas de Helder, a fim de verificar a reformulação do pensamento da imagem fotográfica em poesia. Por fim, serão delimitadas as categorias de visibilidade e opacidade, por meio das quais se estrutura um jogo entre presença e ausência, fazendo lembrar que “A beleza é cega e afastada” (Helder, 1973).","PeriodicalId":503753,"journal":{"name":"FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária","volume":"9 13","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141835966","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-09DOI: 10.23925/1983-4373.2024i32p24-41
Erivoneide Marlene de Barros Pereira
O objetivo deste artigo é discutir o conceito de imagicidade explorado pelo cineasta Serguei Eisenstein, em que reflete sobre os processos de construção da imagem artística e suas especificidades. Nessa perspectiva, o exame atento de estruturas literárias estabelece a relevância da construção poética na compreensão da imagem artística como um complexo sistema emocional e intelectual. A base do conceito e sua relação com a linguagem poética são discutidas a partir dos estudos de Serguei Eisenstein, Boris Eikhenbaum, Iúri Lotman, Boris Kazanski e Leonid Timoféev. Por meio da análise de procedimentos imagéticos extraídos de “Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor”, de Hilda Hilst, pretende-se verificar de que modo a imagicidade compõe a estrutura profunda do poema, demonstrando que a experiência de construção imagética no campo da poesia observada por Eisenstein possui um modus operandi que pode contribuir para o fortalecimento dos estudos intermídias da imagem artística na atualidade.
{"title":"terceira coisa","authors":"Erivoneide Marlene de Barros Pereira","doi":"10.23925/1983-4373.2024i32p24-41","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i32p24-41","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é discutir o conceito de imagicidade explorado pelo cineasta Serguei Eisenstein, em que reflete sobre os processos de construção da imagem artística e suas especificidades. Nessa perspectiva, o exame atento de estruturas literárias estabelece a relevância da construção poética na compreensão da imagem artística como um complexo sistema emocional e intelectual. A base do conceito e sua relação com a linguagem poética são discutidas a partir dos estudos de Serguei Eisenstein, Boris Eikhenbaum, Iúri Lotman, Boris Kazanski e Leonid Timoféev. Por meio da análise de procedimentos imagéticos extraídos de “Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor”, de Hilda Hilst, pretende-se verificar de que modo a imagicidade compõe a estrutura profunda do poema, demonstrando que a experiência de construção imagética no campo da poesia observada por Eisenstein possui um modus operandi que pode contribuir para o fortalecimento dos estudos intermídias da imagem artística na atualidade.","PeriodicalId":503753,"journal":{"name":"FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária","volume":"14 5","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141836086","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-09DOI: 10.23925/1983-4373.2024i32vml3
Eduardo Sterzi
Entrevista com o professor Eduardo Sterzi, mestre em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS, 2000) e doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 2006). Realizou pesquisas de pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e na Università degli Studi di Roma "La Sapienza". Desde 2012, é professor de Teoria Literária no Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP e, entre 2016 e 2020, foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Teoria e História Literária da mesma universidade. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria da Literatura, assim como em relações entre literatura e as outras artes, especialmente fotografia, desenho e pintura, além de relações entre filologia e história da arte. É autor do livro de poemas Aleijão (7Letras, 2009), além de diversos livros de crítica literária, dentre os quais destacamos, Saudades do mundo: notícias da Antropofagia. (Todavia, 2022). Edição: Ana Paula Rodrigues da Silva (USP), Thiago Fonseca (TV-PUC)Música: PIPA estúdio Revista FronteiraZ 32 – julho/2024
爱德华多-斯特尔齐教授拥有南里奥格兰德天主教大学文学理论硕士学位(PUCRS,2000 年)和坎皮纳斯州立大学文学理论与历史博士学位(UNICAMP,2006 年)。他曾在圣保罗大学(USP)和罗马萨皮恩扎大学(Università degli Studi di Roma "La Sapienza")从事博士后研究。自 2012 年起,他担任联合国海洋学和海洋研究所(UNICAMP)语言研究所的文学理论教授,并在 2016 年至 2020 年间担任该大学文学理论和历史研究生课程的协调员。他在文学领域(重点是文学理论)以及文学与其他艺术(尤其是摄影、绘画和油画)之间的关系、语言学与艺术史之间的关系方面拥有丰富的经验。他著有诗集《Aleijão》(7Letras,2009 年),以及多本文学评论集,包括《Saudades do mundo: notícias da Antropofagia》(Todavia,2022 年)。编辑:Ana Paula Rodrigues da Silva(南太平洋大学)、Thiago Fonseca(TV-PUC)音乐:PIPA studio Revista FronteiraZ 32 - July/2024
{"title":"instabilidade das imagens","authors":"Eduardo Sterzi","doi":"10.23925/1983-4373.2024i32vml3","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i32vml3","url":null,"abstract":"Entrevista com o professor Eduardo Sterzi, mestre em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS, 2000) e doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 2006). Realizou pesquisas de pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e na Università degli Studi di Roma \"La Sapienza\". Desde 2012, é professor de Teoria Literária no Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP e, entre 2016 e 2020, foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Teoria e História Literária da mesma universidade. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria da Literatura, assim como em relações entre literatura e as outras artes, especialmente fotografia, desenho e pintura, além de relações entre filologia e história da arte. É autor do livro de poemas Aleijão (7Letras, 2009), além de diversos livros de crítica literária, dentre os quais destacamos, Saudades do mundo: notícias da Antropofagia. (Todavia, 2022). \u0000Edição: Ana Paula Rodrigues da Silva (USP), Thiago Fonseca (TV-PUC)Música: PIPA estúdio \u0000Revista FronteiraZ 32 – julho/2024","PeriodicalId":503753,"journal":{"name":"FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária","volume":"9 9","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141835887","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-09DOI: 10.23925/1983-4373.2024i32p236-255
E. Araújo, Mateus de Novaes Maia
Neste artigo, são apresentados os poemas “I Sit and Sew” (1918), “You! Inez!” (1921) e “Violets” (1917), de autoria de Alice-Dunbar Nelson, vertidos para o português. Os textos são fruto de traduções coletivas, dialogadas e compartilhadas. Apresentamos aspectos biográficos de Dunbar-Nelson que são importantes para o estudo crítico de seus textos e para o objetivo de preservação da crítica literária produzida acerca da escrita de mulheres negras da diáspora (Hull, 1980; 1988). Observamos, ainda, o contexto de publicação e escrita dos poemas, discutindo a interpretação destes e os desafios enfrentados ao longo do processo tradutório. Discorremos sobre as teorias da tradução que embasam o trabalho aqui apresentado (Britto, 2012; 2017) e pensamos a tradução como um projeto de importância política, na medida em que amplia a possibilidade de leitura de autoras negras de língua inglesa no contexto brasileiro.
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