Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.5433/2176-6665.2021v26n3p519
S. Gomes, R. Cavalcanti, Carlos de Jesús Gómez Abarca
Este artigo examina a relação entre Estados e movimentos sociais, com o foco na criminalização dos protestos no Brasil e no México. A criminalização dos protestos é um processo polissêmico, que pode ser observado nos últimos anos nos dois países, por meio de estratégias de controle implantadas pela mídia e por instituições estatais, incluindo – ainda que não exclusivamente – o sistema de justiça criminal. Este artigo lança luz sobre a perseguição de jovens manifestantes, que ganharam visibilidade nos movimentos recentes da América Latina como atores de movimentos estudantis e de movimentos sem foco geracional. O artigo analisa os protestos como eventos, enfocando a relação entre movimentos sociais, regimes democráticos e violência, que se sustenta na utilização recorrente de métodos de criminalização dos movimentos sociais em ambos os países. Esse fenômeno, concluímos, expressa a persistência de características dos regimes coloniais, ditatoriais e autoritários.
{"title":"Notes on the criminalization of social movements in Latin America: examples from Brazil and Mexico","authors":"S. Gomes, R. Cavalcanti, Carlos de Jesús Gómez Abarca","doi":"10.5433/2176-6665.2021v26n3p519","DOIUrl":"https://doi.org/10.5433/2176-6665.2021v26n3p519","url":null,"abstract":"Este artigo examina a relação entre Estados e movimentos sociais, com o foco na criminalização dos protestos no Brasil e no México. A criminalização dos protestos é um processo polissêmico, que pode ser observado nos últimos anos nos dois países, por meio de estratégias de controle implantadas pela mídia e por instituições estatais, incluindo – ainda que não exclusivamente – o sistema de justiça criminal. Este artigo lança luz sobre a perseguição de jovens manifestantes, que ganharam visibilidade nos movimentos recentes da América Latina como atores de movimentos estudantis e de movimentos sem foco geracional. O artigo analisa os protestos como eventos, enfocando a relação entre movimentos sociais, regimes democráticos e violência, que se sustenta na utilização recorrente de métodos de criminalização dos movimentos sociais em ambos os países. Esse fenômeno, concluímos, expressa a persistência de características dos regimes coloniais, ditatoriais e autoritários.","PeriodicalId":127120,"journal":{"name":"Mediações - Revista de Ciências Sociais","volume":"29 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"121663593","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.5433/2176-6665.2021v26n3p567
André Luiz Maranhão Agostinho Dos Santos
Este artigo destaca duas leituras influenciadas pelo texto Politik, do historiador Alemão Heinrich von Treitschke (1834-1896). A primeira é encontrada na publicação “L’Allemagne au-dessus de tout: la mentalité allemande et la guerre”, da autoria de Émile Durkheim (1858-1917) em 1915. Já a segunda leitura aparece no livro Paix et Guerre Entre les Nations, assinado por Raymond Aron (1905-1983) em 1962. O artigo se volta para os principais pontos de Treitschke, destacados nas abordagens de Durkheim e Aron, e tem como objetivo analisar em que medida as diferenças das visões durkheimianas e aronianas respondem satisfatoriamente à perspectiva de Treitschke. Como leitores peculiares, Durkheim e o Aron da Guerra Fria oferecem duas chaves importantes, uma vez que o poder político, suas configurações e possibilidades, também emergem como pontos de discussão bibliográfica e reflexões sobre os riscos, acertos e imposturas intelectuais, diante da diplomacia, relações internacionais e sociologia.
本文强调了受德国历史学家海因里希·冯·特雷茨克(1834-1896)的《政治》文本影响的两种解读。第一个是在emile迪尔凯姆(1858-1917)1915年出版的《L ' Allemagne au dessus de tout: la mentalite allemande et la guerre》一书中发现的。第二种解读出现在雷蒙德·阿隆(1905-1983)1962年出版的《国家之间的和平与战争》一书中。本文回顾了迪尔凯姆和阿伦方法中强调的特雷茨克的主要观点,旨在分析迪尔凯姆和阿伦的观点在多大程度上对特雷茨克的观点作出了令人满意的回应。作为特殊的读者,迪尔凯姆和冷战时期的阿伦提供了两个重要的关键,因为政治权力,它的配置和可能性,也出现在文献讨论和反思的点,在外交,国际关系和社会学之前的风险,知识的成功和错误。
{"title":"Heinrich von Treitschke: Entre as Leituras de Émile Durkheim e Raymond Aron","authors":"André Luiz Maranhão Agostinho Dos Santos","doi":"10.5433/2176-6665.2021v26n3p567","DOIUrl":"https://doi.org/10.5433/2176-6665.2021v26n3p567","url":null,"abstract":"Este artigo destaca duas leituras influenciadas pelo texto Politik, do historiador Alemão Heinrich von Treitschke (1834-1896). A primeira é encontrada na publicação “L’Allemagne au-dessus de tout: la mentalité allemande et la guerre”, da autoria de Émile Durkheim (1858-1917) em 1915. Já a segunda leitura aparece no livro Paix et Guerre Entre les Nations, assinado por Raymond Aron (1905-1983) em 1962. O artigo se volta para os principais pontos de Treitschke, destacados nas abordagens de Durkheim e Aron, e tem como objetivo analisar em que medida as diferenças das visões durkheimianas e aronianas respondem satisfatoriamente à perspectiva de Treitschke. Como leitores peculiares, Durkheim e o Aron da Guerra Fria oferecem duas chaves importantes, uma vez que o poder político, suas configurações e possibilidades, também emergem como pontos de discussão bibliográfica e reflexões sobre os riscos, acertos e imposturas intelectuais, diante da diplomacia, relações internacionais e sociologia.","PeriodicalId":127120,"journal":{"name":"Mediações - Revista de Ciências Sociais","volume":"20 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"130085722","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.5433/2176-6665.2021v26n3p551
Sergio Silva
Este ensaio fotográfico aborda minha trajetória no fotojornalismo, com particular ênfase nos duros episódios de violência policial de junho de 2013, os quais vêm, desde então, compondo a paisagem urbana das manifestações de rua no país. A manifestação de 13 de junho de 2013, duramente reprimida pela polícia militar de São Paulo, pode ser compreendida como um ponto de inflexão não apenas na minha vida, mas como um exemplo da escalada autoritária que já começava a dar sinais claros na direção da consolidação do Estado policial. Desde então, dedico-me a registrar e a combater das mais variadas maneiras todas as formas de violência policial e, de modo muito especial, por meio de imagens, como se pode depreender deste ensaio fotográfico.
{"title":"Manifestações e o Estado Policial","authors":"Sergio Silva","doi":"10.5433/2176-6665.2021v26n3p551","DOIUrl":"https://doi.org/10.5433/2176-6665.2021v26n3p551","url":null,"abstract":"Este ensaio fotográfico aborda minha trajetória no fotojornalismo, com particular ênfase nos duros episódios de violência policial de junho de 2013, os quais vêm, desde então, compondo a paisagem urbana das manifestações de rua no país. A manifestação de 13 de junho de 2013, duramente reprimida pela polícia militar de São Paulo, pode ser compreendida como um ponto de inflexão não apenas na minha vida, mas como um exemplo da escalada autoritária que já começava a dar sinais claros na direção da consolidação do Estado policial. Desde então, dedico-me a registrar e a combater das mais variadas maneiras todas as formas de violência policial e, de modo muito especial, por meio de imagens, como se pode depreender deste ensaio fotográfico.","PeriodicalId":127120,"journal":{"name":"Mediações - Revista de Ciências Sociais","volume":"21 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"127871773","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.5433/2176-6665.2021v26n3p568
H. Wilke
O presente artigo tratará de alguns dos atuais equacionamentos e efeitos da chamada Justiça Restaurativa (JR) em crianças e jovens. Em primeiro lugar, questiona-se como opera a seletividade do sistema penal no contínuo produzido pela JR, que articula a prevenção de conflitos e novas penalizações, transitando entre Varas da Infância e da Juventude, escolas, bairros e comunidades em prol da construção de ambientes seguros. Em segundo lugar, o artigo se concentra nas diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a JR no Brasil. Uma vez que a abordagem do desenvolvimento humano da ONU estabelece que os investimentos em capital humano devem ser aplicados desde a infância, também por meio da promoção de resiliência e do combate às chamadas vulnerabilidades – conceitos-chave para a metodologia restaurativa conforme formulada pela ONU –, problematiza-se em que medida este formato de JR apresenta-se em consonância com a racionalidade neoliberal assentada em uma abordagem securitária de vida.
{"title":"Racionalidade neoliberal e uma abordagem segura de vida: práticas restaurativas para a formação do humano resiliente e o combate às vulnerabilidades","authors":"H. Wilke","doi":"10.5433/2176-6665.2021v26n3p568","DOIUrl":"https://doi.org/10.5433/2176-6665.2021v26n3p568","url":null,"abstract":"O presente artigo tratará de alguns dos atuais equacionamentos e efeitos da chamada Justiça Restaurativa (JR) em crianças e jovens. Em primeiro lugar, questiona-se como opera a seletividade do sistema penal no contínuo produzido pela JR, que articula a prevenção de conflitos e novas penalizações, transitando entre Varas da Infância e da Juventude, escolas, bairros e comunidades em prol da construção de ambientes seguros. Em segundo lugar, o artigo se concentra nas diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a JR no Brasil. Uma vez que a abordagem do desenvolvimento humano da ONU estabelece que os investimentos em capital humano devem ser aplicados desde a infância, também por meio da promoção de resiliência e do combate às chamadas vulnerabilidades – conceitos-chave para a metodologia restaurativa conforme formulada pela ONU –, problematiza-se em que medida este formato de JR apresenta-se em consonância com a racionalidade neoliberal assentada em uma abordagem securitária de vida.","PeriodicalId":127120,"journal":{"name":"Mediações - Revista de Ciências Sociais","volume":"6 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"127401105","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.5433/2176-6665.2021v26n3p620
J. Santos
A última década tem sido marcada por uma intensa diversificação das formas de ação coletiva e do perfil dos atores engajados em mobilizações de rua. Diante disso, este artigo analisa os protestos, ocorridos em Sergipe, contra as reformas fiscais implementadas pelos governos Michel Temer (2016-2018) e Jair Bolsonaro (2019 – atual). Especificamente, o objetivo desse artigo consiste em investigar os enquadramentos, as redes de mobilização e a dinâmica dos protestos em torno da luta contra as reformas fiscais em Sergipe. Para isso,o recorte empírico consiste em 92 protestos catalogados no banco de dados Mobilizações de Rua em Sergipe (2010-2020) e a metodologia utilizada foi a análise de eventos de protestos. Os resultados apontam para a construção de três redes de mobilizações em torno das quais partidos políticos, sindicados movimentos sociais e coletivos construíram uma dinâmica contestatória que se caracteriza pela heterogeneidade dos repertórios de ação e pelo uso da greve enquanto ação tática.
{"title":"“Greve Geral! Greve Geral!”: Austeridade e Protestos Contra as Reformas Fiscais (2016-2019)","authors":"J. Santos","doi":"10.5433/2176-6665.2021v26n3p620","DOIUrl":"https://doi.org/10.5433/2176-6665.2021v26n3p620","url":null,"abstract":"A última década tem sido marcada por uma intensa diversificação das formas de ação coletiva e do perfil dos atores engajados em mobilizações de rua. Diante disso, este artigo analisa os protestos, ocorridos em Sergipe, contra as reformas fiscais implementadas pelos governos Michel Temer (2016-2018) e Jair Bolsonaro (2019 – atual). Especificamente, o objetivo desse artigo consiste em investigar os enquadramentos, as redes de mobilização e a dinâmica dos protestos em torno da luta contra as reformas fiscais em Sergipe. Para isso,o recorte empírico consiste em 92 protestos catalogados no banco de dados Mobilizações de Rua em Sergipe (2010-2020) e a metodologia utilizada foi a análise de eventos de protestos. Os resultados apontam para a construção de três redes de mobilizações em torno das quais partidos políticos, sindicados movimentos sociais e coletivos construíram uma dinâmica contestatória que se caracteriza pela heterogeneidade dos repertórios de ação e pelo uso da greve enquanto ação tática.","PeriodicalId":127120,"journal":{"name":"Mediações - Revista de Ciências Sociais","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"131364536","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5433/2176-6665.2021v26n2p380
Likem Edson Silva de Jesus
O objetivo do presente artigo é analisar o papel da escola frente às experiências de negação do reconhecimento social vivenciadas por estudantes periféricos, bem como na superação dos desafios existentes na relação subalternizada deste grupo com o Estado, ancorando-se, notadamente, na teoria crítico-normativa de Axel Honneth. A base empírica da pesquisa consistiu na aplicação de questionários e rodas de conversa com estudantes periféricos de ensino médio de uma escola estadual pública. Observou-se que morar na periferia é um marcador de diferença nas cidades que favorece a associação com a pobreza e o crime e que a individualidade dos estudantes é maculada, na medida em que são impossibilitados de se perceberem dotados de capacidades consideradas relevantes para a vida social. Para promover o reconhecimento, a experiência periférica deve ser problematizada na escola, apostando-se que a “leitura de mundo” pode desfazer os estigmas e a marginalização.
{"title":"A Periferia urbana e o reconhecimento social: uma análise a partir da escola","authors":"Likem Edson Silva de Jesus","doi":"10.5433/2176-6665.2021v26n2p380","DOIUrl":"https://doi.org/10.5433/2176-6665.2021v26n2p380","url":null,"abstract":"O objetivo do presente artigo é analisar o papel da escola frente às experiências de negação do reconhecimento social vivenciadas por estudantes periféricos, bem como na superação dos desafios existentes na relação subalternizada deste grupo com o Estado, ancorando-se, notadamente, na teoria crítico-normativa de Axel Honneth. A base empírica da pesquisa consistiu na aplicação de questionários e rodas de conversa com estudantes periféricos de ensino médio de uma escola estadual pública. Observou-se que morar na periferia é um marcador de diferença nas cidades que favorece a associação com a pobreza e o crime e que a individualidade dos estudantes é maculada, na medida em que são impossibilitados de se perceberem dotados de capacidades consideradas relevantes para a vida social. Para promover o reconhecimento, a experiência periférica deve ser problematizada na escola, apostando-se que a “leitura de mundo” pode desfazer os estigmas e a marginalização.","PeriodicalId":127120,"journal":{"name":"Mediações - Revista de Ciências Sociais","volume":"49 1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124179676","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5433/2176-6665.2021v26n2p362
J. Torres, Juan Manuel Reynares
Neste artigo, argumentaremos que a definição do caso Bolsonaro como um populismo de “direita” não leva em conta uma dinâmica subjetiva subjacente que implique transformações ideológicas estruturais contemporâneas. Analisando um spot publicitário de sua campanha eleitoral, postularemos que o fenômeno coletivo em torno de sua figura é sintomático de uma nova forma política, autoritária e narcisista, que se torna inteligível à luz da categoria Discurso Capitalista, postulada por Jacques Lacan. A partir dessa composição teórica, proporemos que, no bolsonarismo, mais do que um populismo, encontremos uma articulação imposta, onde há uma repressão radical da diferença e um impulso ao gozo que bloqueia o sujeito.
{"title":"Autoritarismo narcisista y articulación impostada en el caso Bolsonaro. distinciones (necesarias) entre populismo y discurso capitalista","authors":"J. Torres, Juan Manuel Reynares","doi":"10.5433/2176-6665.2021v26n2p362","DOIUrl":"https://doi.org/10.5433/2176-6665.2021v26n2p362","url":null,"abstract":"Neste artigo, argumentaremos que a definição do caso Bolsonaro como um populismo de “direita” não leva em conta uma dinâmica subjetiva subjacente que implique transformações ideológicas estruturais contemporâneas. Analisando um spot publicitário de sua campanha eleitoral, postularemos que o fenômeno coletivo em torno de sua figura é sintomático de uma nova forma política, autoritária e narcisista, que se torna inteligível à luz da categoria Discurso Capitalista, postulada por Jacques Lacan. A partir dessa composição teórica, proporemos que, no bolsonarismo, mais do que um populismo, encontremos uma articulação imposta, onde há uma repressão radical da diferença e um impulso ao gozo que bloqueia o sujeito.","PeriodicalId":127120,"journal":{"name":"Mediações - Revista de Ciências Sociais","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129673417","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5433/2176-6665.2021v26n2p347
Rafael Rezende Borges de Araújo
Neste artigo, pretendemos analisar as ideias de populismo e democracia no pensamento de Ernesto Laclau e Chantau Mouffe. Apresentaremos a hipótese de que o populismo, para ambos autores, longe de ser um regime ou um modo de governo anti-democrático, é uma lógica política constitutiva da democracia. Para tal, vamos apresentar o conceito de populismo dos dois autores recém-citados, buscando diferenciar do emprego dado por outros cientistas sociais. Ademais, iremos explorar a noção de democracia por eles admitida e suas diferenças em relação à noção liberal.
{"title":"Reflexões sobre populismo e democracia no pensamento de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe","authors":"Rafael Rezende Borges de Araújo","doi":"10.5433/2176-6665.2021v26n2p347","DOIUrl":"https://doi.org/10.5433/2176-6665.2021v26n2p347","url":null,"abstract":"Neste artigo, pretendemos analisar as ideias de populismo e democracia no pensamento de Ernesto Laclau e Chantau Mouffe. Apresentaremos a hipótese de que o populismo, para ambos autores, longe de ser um regime ou um modo de governo anti-democrático, é uma lógica política constitutiva da democracia. Para tal, vamos apresentar o conceito de populismo dos dois autores recém-citados, buscando diferenciar do emprego dado por outros cientistas sociais. Ademais, iremos explorar a noção de democracia por eles admitida e suas diferenças em relação à noção liberal.","PeriodicalId":127120,"journal":{"name":"Mediações - Revista de Ciências Sociais","volume":"39 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116871013","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5433/2176-6665.2021v26n2p241
Glaucia Maricato, V. Richter
A deflagração da pandemia da Covid-19 casou uma intensa circulação de tabelas, gráficos, estatísticas e rankings que buscam narrar o comportamento das infecções e mortes pelo novo vírus. Tais ‘dados’ se tornaram o cerne de disputas e negociações, evidenciando a centralidade e efeitos políticos das narrativas numéricas. Há muito pesquisadores e pesquisadoras têm abordado processos de mensuração de populações e de fenômenos sociais como instrumentos de poder e, mais recentemente, pesquisas têm avançado a discussão sobre os efeitos políticos da redução de processos sociais complexos a números. Nessa apresentação, introduzimos alguns dos problemas e subtópicos que povoam os debates contemporâneos sobre processos de quantificação no campo das ciências sociais e dos estudos sociais da ciência e tecnologia. Em específico, abordamos alguns dos problemas que estariam no cerne das discussões sobre os números na produção de narrativas oficiais e introduzimos debates em torno do papel das classificações, dos efeitos de escala e da linguagem dos números nas tecnologias de governo.
{"title":"O que fazem os números? produções, usos e efeitos da quantificação da vida cotidiana","authors":"Glaucia Maricato, V. Richter","doi":"10.5433/2176-6665.2021v26n2p241","DOIUrl":"https://doi.org/10.5433/2176-6665.2021v26n2p241","url":null,"abstract":"A deflagração da pandemia da Covid-19 casou uma intensa circulação de tabelas, gráficos, estatísticas e rankings que buscam narrar o comportamento das infecções e mortes pelo novo vírus. Tais ‘dados’ se tornaram o cerne de disputas e negociações, evidenciando a centralidade e efeitos políticos das narrativas numéricas. Há muito pesquisadores e pesquisadoras têm abordado processos de mensuração de populações e de fenômenos sociais como instrumentos de poder e, mais recentemente, pesquisas têm avançado a discussão sobre os efeitos políticos da redução de processos sociais complexos a números. Nessa apresentação, introduzimos alguns dos problemas e subtópicos que povoam os debates contemporâneos sobre processos de quantificação no campo das ciências sociais e dos estudos sociais da ciência e tecnologia. Em específico, abordamos alguns dos problemas que estariam no cerne das discussões sobre os números na produção de narrativas oficiais e introduzimos debates em torno do papel das classificações, dos efeitos de escala e da linguagem dos números nas tecnologias de governo.","PeriodicalId":127120,"journal":{"name":"Mediações - Revista de Ciências Sociais","volume":"2 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129714158","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5433/2176-6665.2021v26n2p272
J. Estupiñan
Este artigo analisa como a inclusão ou omissão de classificações de raça/etnia nos censos colombianos contribuíram para criar, legitimar e atualizar representações sobre as populações afro-colombianas, sobre o lugar da raça na sociedade e a natureza das relações sociais. Além de serem instrumentos da ciência estatística, os censos têm sido poderosos mecanismos estatais para apoiar projetos políticos onde a raça - com seus correlatos de etnicidade - tem sido central na construção da ordem social. Nas últimas décadas, os censos e as classificações raciais/étnicas deixaram o domínio exclusivo do Estado, para se tornarem um campo de disputa entre diversos atores sociais que os entendem como um instrumento político para orientar políticas multiculturais a favor dos afro-colombianos e construir novas narrativas sobre a nação colombiana.
{"title":"¿Negro o Afrocolombiano? disputas por las clasificaciones raciales/étnicas en los censos colombianos","authors":"J. Estupiñan","doi":"10.5433/2176-6665.2021v26n2p272","DOIUrl":"https://doi.org/10.5433/2176-6665.2021v26n2p272","url":null,"abstract":"Este artigo analisa como a inclusão ou omissão de classificações de raça/etnia nos censos colombianos contribuíram para criar, legitimar e atualizar representações sobre as populações afro-colombianas, sobre o lugar da raça na sociedade e a natureza das relações sociais. Além de serem instrumentos da ciência estatística, os censos têm sido poderosos mecanismos estatais para apoiar projetos políticos onde a raça - com seus correlatos de etnicidade - tem sido central na construção da ordem social. Nas últimas décadas, os censos e as classificações raciais/étnicas deixaram o domínio exclusivo do Estado, para se tornarem um campo de disputa entre diversos atores sociais que os entendem como um instrumento político para orientar políticas multiculturais a favor dos afro-colombianos e construir novas narrativas sobre a nação colombiana.","PeriodicalId":127120,"journal":{"name":"Mediações - Revista de Ciências Sociais","volume":"26 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126877855","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}