Pub Date : 2023-04-10DOI: 10.5965/2175180315382023e0108
Everton de Oliveira Moraes, Murilo Prado Cleto
O objetivo deste artigo é analisar as experiências do tempo e as formas de historicidade implicadas na produção da série “Brasil: A Última Cruzada”, da empresa Brasil Paralelo. Criada em 2016 com o objetivo de oferecer um discurso com pretensões intelectuais às novas direitas brasileiras, a produtora tem na elaboração de uma narrativa negacionista da História do Brasil um dos seus campos de atuação mais destacados. Trata-se aqui de investigar o modo como esse discurso audiovisual manipula as experiências temporais disponíveis na contemporaneidade, articulando um discurso marcado pelo cronotopo historicista, que aponta para uma filosofia da história de matriz cristã e eurocêntrica, e para uma conduta atualista, pautada por uma experiência temporal autocentrada e uma retórica empreendedora que reduz a multiplicidade dos tempos a uma busca pelos empreendedores do passado. Palavras-chave: negacionismo; historicidade; historicismo; atualismo; história do Brasil.
{"title":"A última cruzada: tempo e historicidade na série da produtora Brasil Paralelo","authors":"Everton de Oliveira Moraes, Murilo Prado Cleto","doi":"10.5965/2175180315382023e0108","DOIUrl":"https://doi.org/10.5965/2175180315382023e0108","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é analisar as experiências do tempo e as formas de historicidade implicadas na produção da série “Brasil: A Última Cruzada”, da empresa Brasil Paralelo. Criada em 2016 com o objetivo de oferecer um discurso com pretensões intelectuais às novas direitas brasileiras, a produtora tem na elaboração de uma narrativa negacionista da História do Brasil um dos seus campos de atuação mais destacados. Trata-se aqui de investigar o modo como esse discurso audiovisual manipula as experiências temporais disponíveis na contemporaneidade, articulando um discurso marcado pelo cronotopo historicista, que aponta para uma filosofia da história de matriz cristã e eurocêntrica, e para uma conduta atualista, pautada por uma experiência temporal autocentrada e uma retórica empreendedora que reduz a multiplicidade dos tempos a uma busca pelos empreendedores do passado.\u0000Palavras-chave: negacionismo; historicidade; historicismo; atualismo; história do Brasil.","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"79 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"77529120","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-03-26DOI: 10.5965/2175180315382023e0104
Daniel Pinha
O artigo analisa os efeitos da crise democrática brasileira do tempo presente na historiografia e no ensino de história no Brasil. Partindo da hipótese de que a crise é expressão de uma ambivalência entre movimentos de corrosão e alargamento do conceito de democracia forjado nos termos do processo de redemocratização sintetizados na Constituição de 1988, sugere que o ambiente contemporâneo em crise remodela as formas de narrar a história por seus especialistas – historiadores e professores –, trazendo à tona a necessidade de alargamento das fronteiras disciplinares em função das demandas do tempo presente. Examina as táticas discursivas negacionistas – associadas ao projeto político de corrosão democrática – e os movimentos por alargamento da democratização, desestabilizadores de estruturas de classe-raça-gênero, fundadoras das exclusões e hierarquizações das diferenças na formação social brasileira. Palavras-chave: história do tempo presente; crise democrática; historiografia e ensino de história.
{"title":"O tempo presente como desafio à historiografia e ao ensino de história em contexto de crise democrática","authors":"Daniel Pinha","doi":"10.5965/2175180315382023e0104","DOIUrl":"https://doi.org/10.5965/2175180315382023e0104","url":null,"abstract":"O artigo analisa os efeitos da crise democrática brasileira do tempo presente na historiografia e no ensino de história no Brasil. Partindo da hipótese de que a crise é expressão de uma ambivalência entre movimentos de corrosão e alargamento do conceito de democracia forjado nos termos do processo de redemocratização sintetizados na Constituição de 1988, sugere que o ambiente contemporâneo em crise remodela as formas de narrar a história por seus especialistas – historiadores e professores –, trazendo à tona a necessidade de alargamento das fronteiras disciplinares em função das demandas do tempo presente. Examina as táticas discursivas negacionistas – associadas ao projeto político de corrosão democrática – e os movimentos por alargamento da democratização, desestabilizadores de estruturas de classe-raça-gênero, fundadoras das exclusões e hierarquizações das diferenças na formação social brasileira.\u0000Palavras-chave: história do tempo presente; crise democrática; historiografia e ensino de história.","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"65 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-03-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81474613","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-03-26DOI: 10.5965/2175180315382023e0102
Francisco Egberto Martins Melo
O artigo tem o filme “Bacurau” como possibilidade de uso para o ensino de História partindo de um tempo distópico para pensar uma história do tempo presente, não desvinculado de seu passado. Entendemos que essas dimensões de tempo que se intercruzam podem ser trabalhadas nas práticas de ensino e de aprendizagem a partir do conceito de letramento histórico. Compreendendo-se a trama do filme como um artefato cultural, entende-se que, a partir de suas diversas narrativas, tempos e espaços interseccionados pelos habitantes e forasteiros de Bacurau, é possível identificar e problematizar os fios que conduzem a uma compreensão de conceitos historiográficos que favoreçam uma aprendizagem histórica fundada na complexidade do pensamento e da consciência histórica para estudantes da Educação Básica. Entendemos esses estudantes como parceiros de sala de aula que podem partilhar entre si e com o professor conhecimentos prévios identificados na vida prática dos personagens do filme e refletir sobre suas próprias identidades, sobre o exercício de cidadania e sobre as experiências cotidianas historicamente constituídas para construir novas estratégias de vida e resistência ao pensamento histórico eurocêntrico que continua a nos colonizar os corpos, mentes e hábitos. Espera-se que, ao trabalhar com o filme, professores e seus parceiros de sala de aula assumam uma condição de investigadores da história com vistas a elaboração de um conhecimento histórico próprio relacionado à cognição histórica. Palavras-chave: saber e poder; ensino de história; Bacurau; literacia histórica.
{"title":"A história que Bacurau nos ensina a ensinar para ser “gente”","authors":"Francisco Egberto Martins Melo","doi":"10.5965/2175180315382023e0102","DOIUrl":"https://doi.org/10.5965/2175180315382023e0102","url":null,"abstract":"O artigo tem o filme “Bacurau” como possibilidade de uso para o ensino de História partindo de um tempo distópico para pensar uma história do tempo presente, não desvinculado de seu passado. Entendemos que essas dimensões de tempo que se intercruzam podem ser trabalhadas nas práticas de ensino e de aprendizagem a partir do conceito de letramento histórico. Compreendendo-se a trama do filme como um artefato cultural, entende-se que, a partir de suas diversas narrativas, tempos e espaços interseccionados pelos habitantes e forasteiros de Bacurau, é possível identificar e problematizar os fios que conduzem a uma compreensão de conceitos historiográficos que favoreçam uma aprendizagem histórica fundada na complexidade do pensamento e da consciência histórica para estudantes da Educação Básica. Entendemos esses estudantes como parceiros de sala de aula que podem partilhar entre si e com o professor conhecimentos prévios identificados na vida prática dos personagens do filme e refletir sobre suas próprias identidades, sobre o exercício de cidadania e sobre as experiências cotidianas historicamente constituídas para construir novas estratégias de vida e resistência ao pensamento histórico eurocêntrico que continua a nos colonizar os corpos, mentes e hábitos. Espera-se que, ao trabalhar com o filme, professores e seus parceiros de sala de aula assumam uma condição de investigadores da história com vistas a elaboração de um conhecimento histórico próprio relacionado à cognição histórica.\u0000 \u0000Palavras-chave: saber e poder; ensino de história; Bacurau; literacia histórica.","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"30 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-03-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"85416033","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-03-26DOI: 10.5965/2175180315382023e0103
Graciela Rubio Soto, Fabián González Calderón
Este artículo presenta los resultados de una investigación sobre las configuraciones de la memoria en estudiantes de enseñanza media de la ciudad de Valparaíso. Las concepciones de la historia, la memoria y las narrativas históricas de los conflictos políticos en la historia reciente de Chile (1965-2017) fueron abordadas a través de una metodología de estudio de casos y grupos focales en los que participaron estudiantes de cinco escuelas públicas que terminan su educación secundaria. El análisis discursivo de las elaboraciones de memoria muestra patrones narrativos históricos sobre el pasado reciente conformados por visiones deshistorizadas, fragmentadas, polarizadas y románticas de la historia, fuertemente influenciadas por el poder, las desigualdades y la memoria popular. En la parte final, reflexionamos sobre la incidencia de estas configuraciones narrativas en la relación con el pasado en las nuevas generaciones y sus efectos en sus disposiciones políticas. Palabras clave: historia reciente; memoria; patrones narrativos; jóvenes.
{"title":"Narrativas históricas de jóvenes e historia reciente en Chile: aproximaciones deshistorizadas, fragmentadas y polarizadas en la escuela pública","authors":"Graciela Rubio Soto, Fabián González Calderón","doi":"10.5965/2175180315382023e0103","DOIUrl":"https://doi.org/10.5965/2175180315382023e0103","url":null,"abstract":"Este artículo presenta los resultados de una investigación sobre las configuraciones de la memoria en estudiantes de enseñanza media de la ciudad de Valparaíso. Las concepciones de la historia, la memoria y las narrativas históricas de los conflictos políticos en la historia reciente de Chile (1965-2017) fueron abordadas a través de una metodología de estudio de casos y grupos focales en los que participaron estudiantes de cinco escuelas públicas que terminan su educación secundaria. El análisis discursivo de las elaboraciones de memoria muestra patrones narrativos históricos sobre el pasado reciente conformados por visiones deshistorizadas, fragmentadas, polarizadas y románticas de la historia, fuertemente influenciadas por el poder, las desigualdades y la memoria popular. En la parte final, reflexionamos sobre la incidencia de estas configuraciones narrativas en la relación con el pasado en las nuevas generaciones y sus efectos en sus disposiciones políticas.\u0000Palabras clave: historia reciente; memoria; patrones narrativos; jóvenes.","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-03-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"86315407","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-22DOI: 10.5965/2175180314372022e0305
F. Brzozowski
O objetivo deste artigo é analisar em perspectiva histórica os diferentes usos atribuídos à Ritalina (metilfenidato), desde a sua descoberta, na década de 1950, até hoje. Analisamos também como as explicações sobre supostos substratos neurais para os transtornos mentais possibilitou e legitimou o atual uso da droga para “tratar” problemas de comportamento e para melhorar o desempenho acadêmico. São abordados o diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que permitiu o uso de metilfenidato e de outros estimulantes em crianças; como esse medicamento foi usado ao longo do tempo, desde sua entrada no mercado na década de 1950; o papel das explicações biológicas cerebrais na consolidação do TDAH como diagnóstico psiquiátrico tratável com medicamentos; e como tudo isso resulta no metilfenidato como um medicamento prescrito e utilizado para melhorar o desempenho cognitivo. Argumentamos, ao final, que a crença nos substratos neurais de transtornos mentais pode gerar consequências sociais relevantes: a relativização da influência de questões sociais nos sofrimentos; a tentativa de prevenção de “perigos” por meio do tratamento e estigmatização de indivíduos considerados em risco; danos físicos e neurais decorrentes do uso exagerado e/ou a longo prazo de medicamentos psicotrópicos, dentre outras. Palavras-chave: Ritalina; metilfenidato; TDAH; smart drugs; medicalização; farmaceuticalização.
{"title":"De tônico para idosos a melhorador de desempenho em crianças: os usos da Ritalina e as explicações cerebrais para transtornos mentais","authors":"F. Brzozowski","doi":"10.5965/2175180314372022e0305","DOIUrl":"https://doi.org/10.5965/2175180314372022e0305","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é analisar em perspectiva histórica os diferentes usos atribuídos à Ritalina (metilfenidato), desde a sua descoberta, na década de 1950, até hoje. Analisamos também como as explicações sobre supostos substratos neurais para os transtornos mentais possibilitou e legitimou o atual uso da droga para “tratar” problemas de comportamento e para melhorar o desempenho acadêmico. São abordados o diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que permitiu o uso de metilfenidato e de outros estimulantes em crianças; como esse medicamento foi usado ao longo do tempo, desde sua entrada no mercado na década de 1950; o papel das explicações biológicas cerebrais na consolidação do TDAH como diagnóstico psiquiátrico tratável com medicamentos; e como tudo isso resulta no metilfenidato como um medicamento prescrito e utilizado para melhorar o desempenho cognitivo. Argumentamos, ao final, que a crença nos substratos neurais de transtornos mentais pode gerar consequências sociais relevantes: a relativização da influência de questões sociais nos sofrimentos; a tentativa de prevenção de “perigos” por meio do tratamento e estigmatização de indivíduos considerados em risco; danos físicos e neurais decorrentes do uso exagerado e/ou a longo prazo de medicamentos psicotrópicos, dentre outras. Palavras-chave: Ritalina; metilfenidato; TDAH; smart drugs; medicalização; farmaceuticalização.","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"20 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81328308","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-20DOI: 10.5965/2175180314372022e0103
Mélanie Toulhoat
Este artigo propõe uma reflexão sobre as motivações híbridas e complexas da censura imposta à imprensa independente e ao humor gráfico sob o regime militar brasileiro, com base na análise de fontes visuais inéditas. Os documentos estudados são um conjunto de desenhos feitos pelo cartunista Nani (Ernani Diniz Lucas) enquanto trabalhava na redação do semanário satírico Pasquim nos anos 70. Enviadas para Brasília para serem censuradas previamente, as produções ficaram retidas por anos antes de serem devolvidas ao artista, marcadas com cruzes e outros traços das proibições. Os desenhos permitem assim entrar no mundo dos censores, tornando as categorias e a própria definição do político mais complexas: atestam uma preocupação global por parte das autoridades em relação a todos os temas suscetíveis de minar a imagem de uma sociedade harmoniosa e moderna, e assim contrariar a visão política do regime e de seu imaginário autoritário. Palavras-chave: charge; censura; Nani; ditadura militar brasileira.
{"title":"“Alguns desenhos guardados aí...” A censura ao humor gráfico durante o regime militar brasileiro. Um estudo de caso","authors":"Mélanie Toulhoat","doi":"10.5965/2175180314372022e0103","DOIUrl":"https://doi.org/10.5965/2175180314372022e0103","url":null,"abstract":"Este artigo propõe uma reflexão sobre as motivações híbridas e complexas da censura imposta à imprensa independente e ao humor gráfico sob o regime militar brasileiro, com base na análise de fontes visuais inéditas. Os documentos estudados são um conjunto de desenhos feitos pelo cartunista Nani (Ernani Diniz Lucas) enquanto trabalhava na redação do semanário satírico Pasquim nos anos 70. Enviadas para Brasília para serem censuradas previamente, as produções ficaram retidas por anos antes de serem devolvidas ao artista, marcadas com cruzes e outros traços das proibições. Os desenhos permitem assim entrar no mundo dos censores, tornando as categorias e a própria definição do político mais complexas: atestam uma preocupação global por parte das autoridades em relação a todos os temas suscetíveis de minar a imagem de uma sociedade harmoniosa e moderna, e assim contrariar a visão política do regime e de seu imaginário autoritário. \u0000Palavras-chave: charge; censura; Nani; ditadura militar brasileira.","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"196 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"78996544","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-20DOI: 10.5965/2175180314372022e0104
N. Batista
Este artigo tem como objetivo analisar o espetáculo Liberdade, liberdade através das relações entre o teatro e humor gráfico durante o contexto ditatorial brasileiro. A peça estreou no Rio de Janeiro em 1965, com autoria de Flávio Rangel e Millôr Fernandes. Ela foi produzida pelo Grupo Opinião e em sua primeira temporada contou com a participação de importantes nomes do cenário artístico cultural brasileiro: Paulo Autran, Nara Leão, Oduvaldo Viana Filho e Tereza Raquel. Durante toda a sua trajetória enfrentou problemas com a censura, as forças paramilitares e o alto escalão do governo ditatorial. O objetivo deste artigo será compreender alguns aspectos do espetáculo através da relação da montagem com o campo do humor gráfico, na própria montagem e na imprensa. A partir da análise da caricatura contida no programa da montagem e de duas charges publicadas nos jornais Correio da Manhã e Última Hora, busca-se demonstrar como cartunistas se apropriaram da peça para tecer contundentes críticas ao regime militar. Através dessas fontes, pretende-se analisar pelo menos três eixos temáticos: i. a utilização do humor como estratégia visual e narrativa; ii. as dificuldades enfrentadas pelo Estado para estabelecer os critérios de censura; iii. a denúncia das ações paramilitares sofridas pela montagem. A hipótese aqui sustentada é que através deste tipo documental será possível investigar o impacto da montagem dentro do campo cultural de resistência ao regime e seus desdobramentos na imprensa e no governo. Palavras-chave: ditadura militar; teatro; humor político; caricatura.
{"title":"Para além da cena: humor gráfico, censura e repressão na peça Liberdade, liberdade","authors":"N. Batista","doi":"10.5965/2175180314372022e0104","DOIUrl":"https://doi.org/10.5965/2175180314372022e0104","url":null,"abstract":"Este artigo tem como objetivo analisar o espetáculo Liberdade, liberdade através das relações entre o teatro e humor gráfico durante o contexto ditatorial brasileiro. A peça estreou no Rio de Janeiro em 1965, com autoria de Flávio Rangel e Millôr Fernandes. Ela foi produzida pelo Grupo Opinião e em sua primeira temporada contou com a participação de importantes nomes do cenário artístico cultural brasileiro: Paulo Autran, Nara Leão, Oduvaldo Viana Filho e Tereza Raquel. Durante toda a sua trajetória enfrentou problemas com a censura, as forças paramilitares e o alto escalão do governo ditatorial. O objetivo deste artigo será compreender alguns aspectos do espetáculo através da relação da montagem com o campo do humor gráfico, na própria montagem e na imprensa. A partir da análise da caricatura contida no programa da montagem e de duas charges publicadas nos jornais Correio da Manhã e Última Hora, busca-se demonstrar como cartunistas se apropriaram da peça para tecer contundentes críticas ao regime militar. Através dessas fontes, pretende-se analisar pelo menos três eixos temáticos: i. a utilização do humor como estratégia visual e narrativa; ii. as dificuldades enfrentadas pelo Estado para estabelecer os critérios de censura; iii. a denúncia das ações paramilitares sofridas pela montagem. A hipótese aqui sustentada é que através deste tipo documental será possível investigar o impacto da montagem dentro do campo cultural de resistência ao regime e seus desdobramentos na imprensa e no governo.\u0000Palavras-chave: ditadura militar; teatro; humor político; caricatura.","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"76 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"90712478","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-20DOI: 10.5965/2175180314372022e0105
R. Miani
Durante a segunda metade do século XX, a América Latina viveu períodos de grande tensão e turbulência política em razão de inúmeros golpes de Estado orquestrados na sua grande maioria por setores militares apoiados, dentre outros, pelos respectivos governos estadunidenses. Esse ciclo foi se esgotando e, na última década do século XX, o ambiente que predominava na região latino-americana era o da retomada da democracia. Porém, já no final da primeira década do século XXI, o espectro do golpismo voltou a rondar a América Latina após a consecução de um golpe de Estado em Honduras, com a deposição do então presidente Manuel Zelaya em 28 de junho de 2009. Esse episódio – e demais golpes que se sucederam em outros países da região desde então –, que tem suscitado a necessidade de uma ampla reflexão em relação à atual forma de dominação imperialista na ordem da mundialização do capital, foi pauta importante do noticiário internacional dos veículos da imprensa popular alternativa e gerou uma significativa produção iconográfica, principalmente, de charges. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é analisar as charges produzidas por Carlos Latuff sobre o golpe de Estado em Honduras, por meio da análise do discurso chárgico. Marcadas por uma denúncia à violação da democracia naquele país, bem como por uma crítica à postura parcial da mídia brasileira em defesa dos interesses dos golpistas, as charges de Carlos Latuff sobre o episódio documentaram e denunciaram com contundência a aliança entre o Congresso, o Judiciário e o Exército hondurenho na consecução do referido golpe de Estado. Palavras-chave: golpe de Estado; Honduras; charge; Carlos Latuff.
{"title":"A representação do golpe de Estado em Honduras em 2009 por meio da charge de Carlos Latuff","authors":"R. Miani","doi":"10.5965/2175180314372022e0105","DOIUrl":"https://doi.org/10.5965/2175180314372022e0105","url":null,"abstract":"Durante a segunda metade do século XX, a América Latina viveu períodos de grande tensão e turbulência política em razão de inúmeros golpes de Estado orquestrados na sua grande maioria por setores militares apoiados, dentre outros, pelos respectivos governos estadunidenses. Esse ciclo foi se esgotando e, na última década do século XX, o ambiente que predominava na região latino-americana era o da retomada da democracia. Porém, já no final da primeira década do século XXI, o espectro do golpismo voltou a rondar a América Latina após a consecução de um golpe de Estado em Honduras, com a deposição do então presidente Manuel Zelaya em 28 de junho de 2009. Esse episódio – e demais golpes que se sucederam em outros países da região desde então –, que tem suscitado a necessidade de uma ampla reflexão em relação à atual forma de dominação imperialista na ordem da mundialização do capital, foi pauta importante do noticiário internacional dos veículos da imprensa popular alternativa e gerou uma significativa produção iconográfica, principalmente, de charges. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é analisar as charges produzidas por Carlos Latuff sobre o golpe de Estado em Honduras, por meio da análise do discurso chárgico. Marcadas por uma denúncia à violação da democracia naquele país, bem como por uma crítica à postura parcial da mídia brasileira em defesa dos interesses dos golpistas, as charges de Carlos Latuff sobre o episódio documentaram e denunciaram com contundência a aliança entre o Congresso, o Judiciário e o Exército hondurenho na consecução do referido golpe de Estado.\u0000Palavras-chave: golpe de Estado; Honduras; charge; Carlos Latuff.","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"18 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"82656094","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-20DOI: 10.5965/2175180314372022e0101
J. Freitas, Flaviano Bugatti Isolan
O presente artigo tem por objetivo analisar um conjunto de charges publicadas na revista Cadernos do Terceiro Mundo entre os anos de 1977 e 1979. A proposta é fazer uma introdução ao debate da charge enquanto fonte e objeto para uma pesquisa histórica, considerando o humor e a ironia como elementos constitutivos para análises históricas, a partir de uma revista que tinha uma circulação em vários países do continente e com forte caráter político. Como estudo de caso, será analisada a abordagem das charges da Cadernos acerca da política dos direitos humanos do governo de Jimmy Carter (1977-1981) para os países da América Latina. Palavras-chave: Cadernos do Terceiro Mundo; charge; governo Carter; política de direitos humanos.
{"title":"Representando a hipocrisia: a revista Cadernos do Terceiro Mundo e a política dos direitos humanos","authors":"J. Freitas, Flaviano Bugatti Isolan","doi":"10.5965/2175180314372022e0101","DOIUrl":"https://doi.org/10.5965/2175180314372022e0101","url":null,"abstract":"O presente artigo tem por objetivo analisar um conjunto de charges publicadas na revista Cadernos do Terceiro Mundo entre os anos de 1977 e 1979. A proposta é fazer uma introdução ao debate da charge enquanto fonte e objeto para uma pesquisa histórica, considerando o humor e a ironia como elementos constitutivos para análises históricas, a partir de uma revista que tinha uma circulação em vários países do continente e com forte caráter político. Como estudo de caso, será analisada a abordagem das charges da Cadernos acerca da política dos direitos humanos do governo de Jimmy Carter (1977-1981) para os países da América Latina.\u0000Palavras-chave: Cadernos do Terceiro Mundo; charge; governo Carter; política de direitos humanos.","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"15 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"82040273","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-20DOI: 10.5965/2175180314372022e0100
Rodrigo Patto Sá Motta, Mélanie Toulhoat
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{"title":"Apresentação do Dossiê \"Resistência, adesão e acomodação na América Latina: Imprensa e humor em contextos autoritários\"","authors":"Rodrigo Patto Sá Motta, Mélanie Toulhoat","doi":"10.5965/2175180314372022e0100","DOIUrl":"https://doi.org/10.5965/2175180314372022e0100","url":null,"abstract":"Apresentação","PeriodicalId":21251,"journal":{"name":"Revista Tempo e Argumento","volume":"268 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"75389290","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}